Os aspectos físicos são secundários comparados aos aspectos mentais e intelectuais. Isso é válido na nossa espécie, nessas que mencionou os atributos físicos são destaques, mas perdem para os atributos intelectuais do homem. O intelecto é um atributo do cérebro, portanto um atributo natural e biológico.
E essa é uma avaliação exclusivamente humana, que só pode ser feita calcada num contexto cultural do qual qualquer ciência natural responsável, como a biologia, é isenta.
A ciência é uma instituição humana e passível dos valores humanos. Assim, a isenção responsável da biologia é uma característica da ciência humana. A ciência faz parte de um contexto natural, da comunidade científica. Por isso a sociologia é utilizada para complementar o entendimento de ciência atual. A comunidade científica é composta por homens cientístas que produzem a ciência dentro de certos parâmetros convencionados como tal.
Ninguém discute que a ciência é uma criação humana, mas acontece que seus resultados, pelo menos os das ciências naturais, são independentes dos contextos humanos, até por que não se referem à cultura, mas a algo do qual a cultura é um subconjunto (e não o contrário), a natureza. Por isso mesmo, não há nenhum resultado da biologia que apóie a tese de que o ser humano é superior ao resto das espécies.
E a sociologia não é necessária ao desenvolvimento de novas teorias ou ao entendimento de conceitos e resultados nas ciências naturais, como disse Feynman: "A filosofia da ciência é tão importante para o cientista quanto a ornitologia é para os pássaros".
"Perder" e "ganhar" da forma como você as pretende na sua argumentação, Adriano, não fazem o menor sentido, do ponto de vista exclusivamente biológico.
Essa é a sua interpretação do que eu escrevi. Estou defendendo que a complexidade e superioridade científica, ética e moral do homem, o faz ser responsável com as demais espécies de animais e com o meio ambiente. Prova disso é a própria biologia, que tem grandes avanços nas questões ecológicas e de preservação de diversas espécies.
Esse parágrafo não fez o menor sentido. E é de um antropocentrismo que, como já coloquei, é injustificado dentro de qualquer entendimento responsável da biologia.
A responsabilidade que você atribui ao homem pelo resto da natureza é louvável e recomendada, mas é tão somente cultural, não há nada na biologia que a exija. Até por que
não somos capazes de destruir toda a vida na Terra, muito menos o planeta em si, assim sendo não temos de (nem temos como) salvá-lo[1] de nós mesmos ou do que quer que seja.
[1]Mas não estou dizendo que devemos abandonar questões ambientais, apenas que se preocupar com elas não é uma exigência biológica, mas uma escolha cultural.
Que a capacidade intelectual do homem é maior que a de outras espécies é indiscutível, e que isso o torna cultural e sociologicamente superior é passível de avaliação, mas de forma alguma isso implica que o homem seja "mais evoluído", ou "biologicamente superior" do que qualquer outro ser vivo, até mesmo por que capacidade intelectual, do ponto de vista biológico/evolutivo, não ocupa qualquer lugar de mais destaque do que as adaptações evolutivas de qualquer outro ser vivo. Considerá-la melhor do que as outras é exclusivamente cultural, nada biológico.
Aqui você menospreza a cultura humana não a considerando como algo de origem biológica como a sociobiologia propõe. Natural diante do seu descaso comum com as ciências sociais. Emile Durkheim já demonstrou a cientificidade da sociologia, mas a biologia vai muito além e agrega a essa a biologia da vida social.
Não desconsiderei o fato de que a cultura humana tem uma origem biológica, mas isso de forma alguma implica que a biologia sugere a superioridade da cultura humana. Como coloquei antes é a cultura que está inserida num cenário muito maior, a natureza, e não o contrário, Adriano.
Da mesma forma, foi a biologia que fez com que as bactérias e artrópodes fossem as espécies com maior número de representantes no planeta, que ocupam muito mais ambientes na Terra do que nós mesmos (aliás, até dentro de nós mesmos), isso os faz superiores?
Não tenho descaso com as "ciências" sociais, acho que elas são tão importantes quanto as naturais, apenas não concordo que sejam, como um todo, chamadas de ciências. Isso não é descaso, é dar os nomes certos às coisas.
Isso ajuda a desfazer a distinção de homem e natureza, mostrando que nós também fazemos parte da natureza, inclusive a nossa cultura é um produto natural e portanto biológico, da vida.
Exatamente, Adriano, somos um produto da natureza, apenas um de muitos e não há argumentos biológicos que justifiquem selecionar a cultura como "superior" a diversos outros produtos tão bem sucedidos quanto.