Ernesto Renan, o maior dos cristólogos, que cometeu o erro de fazer a sua vie de Jesus uma biografia, quando só é um romance habilmente escrito, vê-se forçado a reconhecer o silêncio da história em torno do seu herói.
« - Os países gregos e romanos, diz Renam, não ouviram falar dele; o seu nome não aparece nos autores profanos até um século depois, e ainda indirectamente, a propósito dos movimentos sediciosos provocados pelas suas doutrinas, ou das perseguições de que foram objecto os seus discípulos. No próprio seio do judaísmo Jesus não deixou impressão duradoura. Filon, morto no ano 50, nada sabe dele. Josefo, nascido no ano 37 e que escreveu até fins do século, fala da sua condenação em algumas linhas[1] como um acontecimento vulgar, e, ao enumerar as seitas do seu tempo, omite a dos Cristãos. A Mischna não encerra rasto algum da nova escola; os personagens dos dois Gemasos, como se qualifica o fundador do Cristianismo, não nos levam mais além do quarto ou quinto século.»[2]
Um escritor hebreu, Justo de Tiberiades, que tinha composto uma história dos hebreus desde Moisés até fins do ano 50 da era Cristã, não cita, sequer, o nome de Jesus Cristo, segundo atesta Focio Juvenal, que fustigou com a sátira as superstições do seu tempo, fala extensivamente dos hebreus, mas nem uma só palavra diz dos Cristãos, como se não existissem.[3]
Plutarco, nascido cinquenta anos depois de Jesus Cristo, historiador eminente e consciencioso, que não podia ter ignorado a existência de Cristo e dos factos da sua vida, nem uma só passagem cita nas suas numerosas obras, que faça a mais leve alusão seja ao mestre da nova seita, seja aos seus discípulos. César Cantu, a quem a crença mais cega, indigna de um historiador, tapa os olhos com tão espesso véu, que chega a mesclar com factos históricos as mais absurdas invenções do Cristianismo, desilusionado na sua fé pelo silêncio de Plutarco, consola-se dizendo que «Plutarco é sincero na crença dos seus nomes, como se alguma voz houvesse ameaçado os altares..., e em tantas quantas obras de moral escreve, nunca dedica uma palavra aos cristãos.»[4]
Séneca, que, pelos seus escritos cheios de máximas perfeitamente cristãs, faz acreditar que tenha sido cristão ou tenha tido relações com os discipulos de Cristo, no seu livro sobre as superstições extraviado ou destruído, mas dado a conhecer por Santo Agostinho, não diz uma palavra acerca de Cristo, e, falando dos Cristão, já aparecidos em muitas partes da terra, não os distingue dos hebreus, aos quais chama raça abominável.[5]
Mas, sobre todos, o que é mais decisivo é o silêncio de Filon acerca de Jesus Cristo.
Filon, que contaria já 25 a 30 anos quando, dizem, nasceu Cristo e que morreu alguns anos depois dele, nada sabe, nada diz a seu respeito!
Como escritor doutíssimo, ocupou-se especialmente de estudos de filosofia e religião, e não teria certamente esquecido Jesus, seu compatriota de origem, se Jesus tivesse realmente aparecido sobre a face da terra e levado a cabo uma tão grande revolução do espirito humano.
Uma circunstancia de altíssima importância torna ainda mais eloquente o silêncio de Filon em torno de Jesus Cristo: é a de que todas as lições de Filon podem passar por cristãs, de tal sorte, que Havet não hesitou em chamar Filon um verdadeiro Padre da Igreja.
Os únicos autores profanos que falaram em seu nome – Flavio José, Tácito, Suectonio e Plínio – ou foram emendados ou falsificados, como os dois primeiros, ou, como os outros dois, falaram de Cristo só etimológicamente, para designar a superstição que tomou o seu nome, ou os sequazes da mesma; e, como quem quer que seja, escreveram sem tê-lo conhecido e sem garantir a sua existência, muito tempo depois, e por tal forma, que como demonstraremos, melhor servem para provar que, nunca existiu.
http://carbonaria.spaces.live.com/blog/cns!841B8CC94F4434ED!623.entryo interessante é que temos uma biografia comprovadíssima de tantos outros filósofos e pessoas menos chamativas que um messias nesta época. Se um messias, ou pretenso messias existiu, haveria sim relatos. Os povos da época não eram broncos iletrados como se quer fazer crer.