Os escritos ditos apócrifos, que a ICAR não aceita (tem um monte deles), os papiros e palimpsestos que descobriram
no século XIX e XX dizem alguma coisa acerca de Cristo?
Por dizer, entendo dizer algo sobre Cristo enquanto humano (=histórico) e não enquanto divino.
Fazendo um paralelo com a filosofia e religião chinesas, o famoso historiador Sīmǎ Qiān, que viveu na dinastia Han, teve o mérito
de tratar Kǒng Fūzǐ (Confúcio), Lǎozǐ e outros como pessoas humanas e não como deidades (algo que já era corrente na época
em que Sīmǎ viveu - infelizmente), o que dá certo suporte a existência daqueles filósofos como pessoas históricas.
Não aconteceu nada parecido com Cristo em relação aos historiadores, homens cultos e os escritos dos primeiros séculos?
Se não, só posso pensar em duas alternativas:
1)
Realmente Cristo não existiu e não passa de uma personagem fictícia.
Seria ele o resultado de alguma espécie de "
Euhemerismo"?
Especula-se que processo similar ao descrito por Snorri Sturlusson (vide link) tenha dado origem, na iconografia e
mitologia chinesas a figuras como o imperador amarelo e Shàngdì, heróis culturais e deidades do panteão chines, que teriam sido
resultado de uma Euhemerização de líderes tribais importantes que viveram antes da disnastia Shang, possivelmente no tempo e na
região ocupada pelas culturas èrlǐtóu e Lóngshān.
Assim, seria Cristo o resultado da Euhemerização de alguem mais ou menos importante que teria vivido naquela época
ou até mesmo em alguns séculos A.C.? Talvez algum lider Judeu culto e pouco ortodoxo?
Poderia até mesmo o processo de euhemerização atuar em uma personagem que já era fictícia tornando-a em outra personagem
fictícia de características distintas da primeira? Se sim, seria este o caso de Cristo e aí, novamente, poderíamos considera-lo
como sendo fictício?
2)
Cristo existiu, embora não exatamente como o descrito no NT. Porem o nível cultural e intelectual da palestina e arredores nos
primeiros séculos era tão baixo que não haviam ali figuras de homens cultos em número suficiente para documentar-lhe
a existência e vida como personagem histórica (A Palestina e o Levante eram regiões periféricas do império romano
e estava anos-luz de distância do nível cultural de uma Atenas do Seculo X A.C. ou de uma China no período dos estados guerreiros).