Vamos por partes.
Primeiro, não discordo inteiramente quando você diz que o Método Científico não é uma coisa imutável. No meu entender, o Método em si não muda (pelo menos não pra gente na Física): propõe-se um modelo, faz-se previsões, testa-se o modelo empiricamente, compara os resultados com as previsões.
O que não entendo em física é essa coisa de modelo. Eu interpleto como teoria e/ou hipótese, o que temos na literatura de filosofia da ciência.
Isso aí em cima foi o que eu chamei em outras ocasiões de protocolo, Método Científico tradicional, etc. Salvo engano, é o que Popper chamava de critério de falseabilidade. E embora ele funcione muito-bem-obrigado para a Física, não pode ser exatamente assim para as Ciências Humanas, por exemplo. Só que disso eu não posso falar; você está numa posição melhor que a minha para dizer.
Eu diria que os "modelos" são diferentes, é necessário modelar o método conforme cada área de pesquisa. Assim a econometria é um modelo matemático para análise econômica e social.
O que eu sei, entretanto, é que a base da produção científica é esta: se alguém faz uma alegação extraordinária do tipo:
* Espíritos existem;
* Homeopatia cura;
Acredito que exista uma mudança drástica entre o espiritismo e a consciênciologia. Esta se baseia na experimentação, que tem a projeciologia como área de pesquisa principal. Assim a comprovação da multidimensionalidade da consciência (espírito) é feita através da projeção da consciência para fora do corpo humano. Por isso a auto-experimentação é o fator principal nessa metodologia. Além disso tudo se mantem.
espera-se que algum critério de falseabilidade seja demonstrado.
E tem o critério da falseabilidade, desde que considerando a nova metodologia. O que eu quero dizer é que a prática e experimentação dessa auto-experimentação independe da sua aceitação ou não. Ou mesmo dos institudos tradicionais de pesquisa que utilizam a hetero-pesquisa, sempre na terceira pessoa, analisando sempre o cérebro alheio. As sensações e percepções são consideradas para a autopesquisa e são muito bem caracterizadas, distinguíveis.
Se espíritos existem, que se diga qual característica deles pode ser aferida em laboratório e que se faça algum tipo de medição baseada nessa característica. De outra forma é mais razoável supor que eles não existem.
Essa idéia de laboratório como prioridade é que não dá certo, embora acompanhe também essas pesquisas, tem muitos experimentos laboratoriais, ontem mesmo estava assistindo um vídeo do Globo Reporter, no site de viagem astral, sobre um experimento no instituto do sono.
Mas a premissão não é essa, é a de que somos consciências (espíritos) e portanto existismos. Com base nessa premissa temos a possibilidade de constatar a projeção da consciência, que faz com que experimentemos a multidimensionalidade.
Até aí tudo bem, mas o ataque e a guerra, do que eu até posso chamar de pseudo-ceticismo, é chamar isso de loucura, de alucinação ou de crença. Dessa maneira entra nas especulação psiquiátricas, de provar que uma pessoas ou milhares e até instituições estão pertubadas mentalmente, o que é difícil, considerando a liberdade de crença que existe.
Se for para uma abordagem filosófica sobre crença, normalmente não vai sair do cientificismo, alegando o método científico para justificar a posição de negação dos relatos dos indivíduos pesquisadores e das instituições de pesquisa. E tem muita gente gabaritada nisso, com qualificação.
Eu me considero bastante empírico - e tenho que ser, sou físico! O que seria o empirismo para você, no âmbito da Conscienciologia? Apenas a experimentação pessoal, subjetiva, interna?
Apenas não. Além da experimentação pessoal direta do pesquisador, existem todos os tramites tradicionais de ciência, e por isso digo que constitui não apenas um rompimento de pensamento, mas sim a contrução de um MPPC independente e atuante, com amplo crescimento.
Não seria possível criar uma metodologia que pudesse minimizar o efeito subjetivo para tentar determinar se espíritos (ou matéria espiritual) existem de fato ou não?
Na minha opinião isto já existe, com a autopesquisa. As relações de confiança entre os pesquisadores é que permite o avanço científico da consciênciologia. A parte que ainda vejo necessidade de avanço é da formatação socio-econômica das instituições conscienciológicas, algo que tenho interesse em pesquisas. E isso em conjunto com a melhoria do embasamento epistemológico, que é sustentado apenas pela perpectiva de paradgima, muito fraca.