Suponha que eu queira estabelecer um programa de pesquisa alternativo que estabeleça que a Astrologia é uma ciência. Eu posso criar uma nova epistemologia, montar um novo núcleo duro e organizar grupos de discussão de resultados para cruzar informações de nascimento das pessoas com o Zodíaco ocidental e estabelecer parâmetros de personalidades.
Posso fazer isso tão bem, de fato, que muitas pessoas são atraídas para minha nova ciência e ficam maravilhadas com os meus métodos, não obstante eles não concordarem com, digamos, Astrologia Chinesa. Fundo uma escola nova com vários seguidores, publico livros na Barnes & Nobles e me declaro seguidor de Lakatos e Fayerabend. Não ligo a mínima para meus detratores, porque, afinal, ciência é um construto social.
Eu pergunto: para que serve declarar que a minha nova interpretação da Astrologia ocidental é uma ciência? Que nova informação produzi com isso? Qual foi a maior ou menor validade que obtive com isso? Quem é que pode dizer que estou certo ou errado usando apenas retórica e argumentos epistemológicos?
Ninguém. Acredita quem quer. Compra meus livros quem quiser.
* * *
Imagine agora que pretendo criar um outro programa de pesquisa e proponha uma teoria que substitui a Mecânica Quântica. Sigo os mesmos passos do astrólogo lá de cima e crio um novo paradigma. Bem, quem é que vai me dizer se estou certo ou errado? Será que eu posso fazer como o astrólogo e declarar o que eu quiser sem me preocupar?
Não, não posso. Porque, para substituir a MQ, eu preciso que a Natureza confirme que eu estou certo. E a Natureza não faz concessões e é imune a retórica.
* * *
não me veja como um aluno aqui, sou um interlocutor.
Se eu não visse você como interlocutor, teria simplesmente ignorado você
