A resposta da questão número 1 é sim presto, mas veja, no cristianismo não vale a navalha de Occan. A opção mais óbvia e simples não será necessariamente a correta.
Em nenhuma situação a resposta mais óbvia e simples é
necessariamente a correta. Mas a probabilidade de se quebrar a cara sempre é menor quando se leva em conta o que é mais razoável.
Mas tudo bem, você admitiu,
enfim, que o razoável, o plausível, o verossímil não são de nenhuma importância para se escolher uma religião. Pode ser absolutamente plausível acreditar que o cristianismo só tenha chegado até nós por motivos histórico-político-econômico-culturais (você não respondeu, mesmo diante das minhas insistências, mas ao evitá-lo consentiu) mas isto não importa porque sua escolha é espiritual e não se prende a estes critérios humanos...
Ok, eu te entendo; aliás concordo completamente com o DBhor e o Amenemés sobre o que eles escreveram (a necessidade de conforto que alguns sentem; a questão da adequação social...)
Mas porque se cadastrar em um fórum ateu com a intenção clara de argumentar em defesa da sua fé se você admite que ela não é argumentável, Famado? Sim, porque argumentação é isso meu caro, é expor ao debate as opções mais plausíveis para que elas sejam selecionadas dentre as várias opções apresentadas. É por isso que um sinônimo de argumentar é ar
razoar. Mas se você diz que a razão pouco importa, que plausibilidade não é pauta religiosa...
Por exemplo, eu participo de um
fórum evangélico também. O Jeanious e o Jack Torrance daqui do CC são, inclusive, moderadores lá (sim, o fórum é evangélico e tem vários moderadores ateus). Mas eu não costumo abrir posts do tipo "Sobre os porquês da crença em deus ser absurda" e nem postar questionamentos sobre a fé deles nos tópicos sobre cristianismo. Então eu suponho que se você entrou aqui, e se com tantos tópicos sobre tantos assuntos você escolheu exatamente os sobre religião, você ache interessante argumentar em defesa da sua, então não escorregue dizendo que a fé transcende a qualquer argumentação. Argumente, mas lembre do significado da palavra
argumento
Via de regra, livros históricos devem obviamente ser entendidos literalmente. Porfecias não. E como tenho dito inúmeras vezes, o contexto mostrará se o relato é literal ou simbólico. Vamos lá, dê-me um texto para que eu interprete para vc e vc verá se é coerente ou não.
Pelo critério que você adota é possível interpretar qualquer texto religioso como infalível, desde o Corão, passando pelos Veda, livro dos mórmons, epopéia de Gilgamesh, etc...É só reinterpretar as partes conflitantes, crueldades e erros óbvios como "metáforas" ou "produtos da cultura da época".
Mas onde exatamente está a infalibilidade nisso? Porque até agora o que você mostrou foi um texto que ou revela a tradição e costumes de um povo primitivo (produtos da cultura da época) ou seus mitos, lendas e folclore (metáforas). Igualzinho a todos os outros "livros sagrados" dos outros povos, que foram inspirados por outros deuses...
Onde exatamente está o dedo de Deus que o torna infalível e produto da revelação divina?
O cristianismo tem três tipos de profecia (ou interpretações proféticas). Todos furados.
1- Aquele que eu chamo de profecia metafórica. O problema de escrever uma profecia em metáforas (ou tentar compreendê-la a luz de metáforas) é que ela permite que qualquer (mas qualquer mesmo) acontencimento seja perfeitamente interpretado como cumprimento da profecia.
Um exemplo claro e recorrente é a profecia de Daniel sobre os 10 chifres. Cara, você não tem noção de quantas interpretações absolutamente coerentes já apareceram sobre esta joça. Basta aparecer uma comunidade econômica transnacional aqui: os dez chifres; um governante de algum império divide sua casa civil em 10 ministérios: os 10 chifres; chegaram a dez as instituições relacionadas a um mecanismo internacional? o fim está próximo: eis os 10 chifres. Se eu fosse dar um chute sobre o número de interpretações diferentes para esta profecia eu diria que há 5 delas para cada denominação cristã existente...
Hoje em dia este tipo de profecia é muito comum nas igrejas pentecostais: uma mulher começa a gritar e rodopiar, se dirige a uma crédula enquanto a igreja batuca, canta e grita e diz, geralmente aos berros: "Eis que eu sou teu Deus e entrego uma
chave em suas mãos" (nas igrejas pentecostais os crentes incorporam, do mesmo modo que na umbanda, por exemplo). A partir daí o crédulo que recebeu a profecia vai acreditar que qualquer coisa é a tal chave: comprou uma casa? a chave da casa própria; arrumou uma namorada? a chave do coração; morreu? a chave das porta do céu...
2 - As profecias sobre todo o sempre. Estas são as preferidas das Testemunhas de Jeová, mas são utilizadas por qualquer seita cristã. Exemplos clássicos são aquelas sobre os últimos dias, escritas em Timóteo e em Mateus. Diziam Jesus e Paulo que nos últimos dias haveria guerra e fome e irmão matando irmão e avanço da ciência e homens maus. É como se eu dissesse que amanhã o açúcar será doce; o sal, salgado e a Taís Araújo, linda.
3- As profecias que perdem a credibilidade no momento em que são ditas. Está previsto no Antigo Testamento que da linhagem de Davi sairia o messias, que o messias adentraria em Jerusalém montado num jumentinho. Estes mitos eram populares em Israel. Não é de se adimirar que muita gente queisesse ver a profecia realizada em sí mesmo, e para prová-lo bastava segui a bula: dizer que era descendente de Davi, roubar um burrinho e entrar em Jerusalém com ele, pedir a uns amigos que o recebessem com palmas (ou simplesmente escrever isto tudo num livro sobre um sujeito qualquer a quem se quisesse atribuir a messianidade)
E não me fale em termos probabilisticos, não me venha com probabilidades menores que 1/infinito!
Acho que foi a sua melhor frase desde que começou a participar por aqui... estou até pensando em roubar como assinatura