Eu não acho o Brasil um lugar melhor para se viver. Tanto que eu tive escolha e escolhi o Japão.
Eu não troco a sensação de segurança que eu tenho aqui por nada disso que voce citou. Aqui as crianças começam a ir sozinhas para a escola aos 4 anos de idade, voce não se preocupa em parar em semáfaro, não faz segiro contra roubo de veículos, quando existem muros, são bem baixo.... .....
A criminalidade no Brasil é um problema terrível. E nesse ponto específico não existe país melhor do que o Japão ( talvez só o Nepal... )
Mas a violência urbana não está associada a nenhuma característica culturalmente arraigada do brasileiro. Ela surgiu como um problema que vem se agravando, apenas dos anos 80 para cá. Quando era criança, no início dos anos 80, dormíamos de janela aberta e a criminalidade não era um problema que fizesse parte das preocupações cotidianas das pessoas, como hoje. Quando as pessoas falam do Rio de Janeiro dos anos 50 e 60 descrevem uma cidade maravilhosa, tranquila, de um povo alegre, cordial, onde se podia andar sozinho despreocupadamente a pé pelas madrugadas.
Infelizmente acho que ainda vamos conviver com isso por mais uma década, mas terá solução... O Fernando Henrique Cardoso disse que a inflação foi o grande problema da época dele, um problema que parecia sem solução, mas que hoje o grande dragão a ser vencido pela sociedade é a violência. Infelizmente acho que ainda vamos conviver com esse dragão por mais uma década, talvez, porém ele será vencido assim como a inflação também o foi. Não é uma questão endógena como o racismo na África do Sul e nos EUA, a disputa entre católicos e protestantes na Irlanda, ou as diferenças entre judeus e árabes.
Mas como aqui estamos discutindo diferenças culturais o meu comentário foi no sentido de que, mesmo com todos os problemas, é mais fácil ser feliz na nossa cultura do que na cultura japonesa.
se você tem algum dinheiro no Brasil, você pode comprar uma grande casa, tem empregadas, etc.. é o luxo que existe apenas por causa da nossa desigualdade. Mas para quem pode é bacana, um Japones teria que ser milionário para desfrutar disso.
Mas é aquele gostinho que não gostaríamos de ter, se pensarmos estruturalmente.
Mas eu não me referi ao aspecto econômico. Se por um lado somos culturalmente menos organizados, por outro somos culturalmente mais livres. Uma sociedade mais aberta, mais relaxada, onde as pessoas se relacionam com facilidade e têm também como objetivo aproveitar a vida, não apenas contribuir com seu esforço para a prosperidade do país ou da empresa.
[...]
Não tenho dúvidas de que japoneses aproveitam melhor cada centavo produzido ou investido que os brasileiros. Assim como também não tenho dúvidas de que aqui é um lugar muito melhor para se viver.
Como é que voce não tem qualquer dúvida quanto a isto?
Bom, existe gosto pra tudo.
Mas eu mesmo tenho um amigo que foi para o Japão por uma questão de oportunidade de trabalho ( ou de falta de oportunidades aqui. ) Assim como ele foram muitos nisseis e sanseis que jogavam vôlei com a gente no clube da colônia japonesa, mas a grande maioria deles preferia mesmo ter ficado aqui, e ficariam se pudessem ganhar a metade do que ganham fazendo qualquer serviço de peão lá no Japão.
Outra coisa: Há tempos que estamos discutindo assuntos que nada tem a ver com o tópico.
Devemos abrir um específico sobre a relação entre cultura popular e desenvolvimento.
Para juntar um assunto ao outro...
Me lembro do depoimento de um sobrevivente de Hiroshima: disse ele que o mais triste de tudo é que todos os seus coleguinhas de turma morreram no ataque. Perder todos os coleguinhas de classe por si só é muito triste mas para este homem foi ainda mais cruel porque, segundo ele, no Japão as pessoas não fazem amizade com facilidade e normalmente os seus amigos do jardim de infância são os amigos que você leva para a vida toda. Geralmente é com alguém da escola que o japonês se casa, portanto ele jamais se casou. Nunca fez novos amigos e viveu só por toda a vida, já que perdeu de uma só vez a família e os coleguinhas em Hiroshima.
Por isso não tenho dúvida, com toda a bagunça ( ou talvez por causa dela ) prefiro mil vezes ser brasileiro.