Tópico: Alegações Paranormais
> > Assunto: Espiritismo
> >
> > O que me chama a atenção em obras pictografadas, em primeiro
> > lugar, é o objetivo da comunicação mediúnica. Não creio que um
> grande
> > pintor desencarnado utilize-se de um médium por puro
> diletantismo. O
> > que se quer demonstrar, está claro, é a imortalidade da alma. Um
> > Henri Matisse utiliza-se de um médium para dizer: a morte não
> existe!
> >
> > No entanto, esta afirmação termina por não ser dita. Se um
> > espírito - por uma razão ou outra - não tem condições de ser fiel
> a
> > si mesmo quando encarnado, melhor não levantar polêmicas. Obras
> > pictografadas têm sido objeto de estudo e não se revelaram a
> > impressão digital de seus autores, quando encarnados ( a história
> dos
> > contatos mediúnicos tem muito mais a depor contra o espiritismo,
> do
> > que a favor).
> >
> > Então, repito, qual o objetivo destas comunicações? Respondo:
> > provar que a morte não existe. Mas, se ocorrem problemas na
> > comunicação mediúnica ou no estado espiritual dos desencarnados,
> para
> > que insistir neste método? Não! Os espíritos superiores têm que
> se
> > valer de algo melhor do que foi mostrado até hoje. Uma prova
> > irrefutável, uma revelação que não apele ao "terror mortis" e que
> > resista ao exame científico.
> >
> > Os que crêem, não precisam de provas. Mas e os que duvidam?
> > Muitos querem viver para sempre. Eu adoraria rever o meu pai,
> > falecido em 92. Mas não tenho motivos para crer que isso seja
> > possível.
> >
> > Acredito que existam picaretas dentro do espiritismo, explorando
> > a fé dos incautos. Mas devo admitir não ser um privilégio do meio
> > espírita. Mistificadores há em outras religiões, como por
> exemplo, em
> > algumas Igrejas Pentecostais, onde são vendidas espadas de
> plástico
> > que possuem o poder de expulsar demônios (esta aberração baseia-
> se em
> > uma passagem bíblica de Paulo).
> >
> > Mas há pessoas bem intencionadas - algumas de maior
> > talento, outras, nem tanto - que realmente acreditam estar
> > pictografando. Particularmente, não tenho razões para crer na
> > comunicação dos mortos e explico os fenômenos mediúnicos como
> > animismo, produção inconsciente do "médium".
> >
> > Se tais fenômenos, no entanto, ficassem restritos aos eventos de
> > maior porte, a grandes pintores ou escritores, o dano seria
> menor. O
> > debate correria - como acontece - em torno da produção mediúnica,
> > estudo de técnicas, comparação de obras, etc e tal.
> >
> > O que acho mais preocupante é a mediunidade do dia-a-dia, aquela
> > espalhada pelos milhares de centros espíritas do Brasil. Vidas
> são
> > afetadas por revelações de guias, diagnósticos de obsessões,
> > tratamento de doenças à base de água fluidificada, passes
> magnéticos,
> > mensagens de espíritos, etc. Enfim, por uma infinidade de
> recursos
> > que nunca se provaram válidos, a não ser pelo poder da sugestão e
> > por "testemunhos" pessoais. E quem fiscaliza tudo isso? Quem
> denuncia
> > o desamparo a que as pessoas ficam entregues?
> >
> > Este misticismo desenfreado é a orgia que favorece a loucura e a
> > subjugação de doentes físicos e mentais à uma fantasia sem lastro
> na
> > Ciência e no bom-senso. Pessoas poderiam ser curadas por
> psicólogos,
> > psiquiatras e médicos de verdade. Mas a cultura espírita, miúda,
> do
> > dia-a-dia, posterga a medicação em troca do passe, da prece, da
> > sessão, da água fluidificada ou da vela acesa ao anjo da guarda.
> >
> > Kardec foi pródigo em suplicar o atrelamento da doutrina
> > espírita à Ciência. Mas isto nunca aconteceu. O Movimento
> Espírita
> > Brasileiro está divido em facções. Umas pregam a revisão do
> > Kardecismo, outras defendem a manutenção de seus princípios e
> outras,
> > ainda, fundaram movimentos independentes e ortodoxos.
> >
> > Realmente, não é possível haver consenso sobre uma doutrina
> > marcada - em seu início - por um método duvidoso, contradição,
> erros
> > crassos e - atualmente - por explicações ad-hoc que tentam
> explicar o
> > que não resistiria a um exame mais critico de suas alegações
> > paranormais.
> >
> > Marcelo Druyan