Juca, acho que a coisa não é tão simples assim, nem contra o Irã, nem contra a grande mídia.
Isso é um tema recorrente aqui..
O Irã acaba de sair de um ciclo fortíssimo de repressão por parte da polícia devido a reclamações sobre fraudes e pedindo uma sociedade mais aberta e menos teocrática.
Note uma coisa: Quando houve os incidentes em SP do PCC, claramente o mundo em que eu vivia não era o mundo que era visto pelas pessoas que assistiam televisão, mas isso é uma questão da mídia, não da grande ou pequena, mas simplesmente da midia.
Veja que pessoas que vêem a midia mais alternativa costumam ter uma visão que soa enviezada para muitos, como ver FHC como vendilhão do templo, os EUA como o demônio, a veja como ultra conservadora (quando na verdade são alinhados politicamente mas são a favor de gays, regulamentação, etc..), e assim vamos.
Voltando ao PCC. Quando vemos a noticia do que ocorria em SP, eu devo entender que a midia conta uma história sobre um fato relevante e que de maneira alguma EU deveria entender aquilo como retrato generalizado do mundo. Eu sei que a midia é assim, todas elas.
Então, quando vemos na verdade uma "grande midia" ou "midia petista" ou uma "midia revolucionaria" isso as vezes representa muito mais uma agressão à ideologia de quem está lendo do que a ideologia do conjunto de pessoas que estão escrevendo naquela midia específica.
A favor de jornais mais complexos e maiores como folha, estado, etc.., o que temos são muito mais pessoas de muito mais opiniões, é comum articulistas com visões bem distintas sobre um mesmo tema, e considero para, o bom leitor, esses são grandes jornais.
O que a autora com seu testemunho pessoal fez, foi ajudar a quebrar estereótipos que não correspondem a realidade de um povo, no caso o Irã. Quando olhamos para um país governado pela religião, que satanizam o ocidente e seu modo de vida, tendemos a achar que o povo de fato é assim, quando isso é retórica usada de forma estratégica pelos Aiátolas, para reunir o povo na idéia comum a todos, que autora mostrou, que é a aversão dos iranianos pela ingerência externa e à incoerência diplomática das grandes potências, no caso ela mostrou o fato de apoiarem, um dia, o Saddam.
Diante disso, existe uma crítica fundamental a mídia de um modo geral ( não só a grande a meu ver ), por não mostrar a verdadeira face de um povo e por aceitar um discurso de via única, que não ajuda as pessoas a compreender uma nação e uma cultura tão diversa, ocultando-nos o que poderia ser uma porta de compreensão e entendimento aos caminhos que uma nação toma ao longo da história. Tendo posse da realidade, do cotidiano natural que essa nação toma, as pessoas comuns no ocidente poderiam não aceitar a retórica deste lado do mundo, que tenta nos passar a versão de um povo bárbaro e intolerante com nossos costumes, nos levando a não aceitar o belicismo hipócrita que é imposto através da dicotomia deste e do outro lado.
Quanto ao jornalões, eu os leio diariamente, sempre tentando manter uma distância crítica em relação ao que leio. Não necessariamente sendo do contra, mas com o meu entendimento que os grandes jornais tem sim interesses específicos, que transcendem aqueles pessoais de seus jornalistas, e que podem ou não ser o seu em particular. No caso dos estereótipos formados pelas notícias que se repetem por anos, as vezes décadas a fio, mostrando apenas o lado mais conveniente, fazendo muitos de seus leitores cair nessa armadilha do preconceito e intolerância, acho válido e muito importante que a crítica se faça presente, desconstruindo uma imagem gerada por uma visão que se formou míope.