Correio,
Só alguns pontos:
...algo do que você escreveu me fez lembrar essa tendência atual de mascarar a realidade com palavras menos "ásperas"... Gordo não é gordo... deficiente não é deficiente... feio não é feio... Nem me admira que Deus não seja mais Deus, apenas um conjunto de leis... Nos centros, a moda é dizer que Deus não castiga ninguém... suas leis é que se cumprem... assim, no "automático", ao estilo deísta independente, como se Deus tivesse criado as coisas, o meio como funcionam e depois se tivesse retirado...
Atenuar defeitos algumas vezes é caridade, não maldade. Alguém pode ser “fofinho” no lugar de “Gordo”, qual o problema? O Senhor sabe que a DE afirma que Deus não castiga, somos nós os próprios verdugos, pois ignoramos as leis de Deus, seu amigo radicalizou a idéia, note bem!
Atenuar defeitos não pode ser mudar a realidade. Gordo não é a mesma coisa que fofinho. Gordo pode ser obeso, por exemplo, e obeso é uma palavra mais branda. "Acima do Peso" é mais brando ainda, mas sem mudar a verdade. Chamar de "fofinho" pode ser simpático, pode ser usado em várias situações, eu mesmo uso às vezes (por exemplo, às vezes eu me refiro a mim mesmo como tendo "excesso de fofura" para dar a entender que estou um pouco acima do peso), mas não é a verdade. E em discussões aonde discutimos pontos de vista, o que importa é a verdade.
Eu não fico chamando as pessoas de "gordas" o tempo todo, me entenda bem. Mas eu não posso mascarar para mim mesmo a realidade e eu não posso renegá-la se for encostado contra a parede.
É a mais pura verdade e é por isso que o Movimento Espírita vai mal, porque é divulgada em conformidade com desejos pessoais e não como ela é de fato. Isso torna, sem meias palavras, o Movimento Espírita piegas.
É natural que conceitos fiquem em alta ou em baixa por períodos em sua existência, não seria diferente com a DE. Que a mesma reclama por reformas, isto não é novidade também! É bom que balance bastante, assim o que não esta firme cai.
Não é a isso que me refiro. Me refiro a tentativas conscientes de distorcer a realidade em função de desejos pessoais. E não penso que a DE precise de reformas, ainda. Alguns pontos que dizem que precisa de reformas na realidade estão é muito mal compreendidos.
Mas o fato é que eles têm um passado melhor ou pior. Se você não imagina, você não é capaz de perceber as más tendências que você, como Pai e Avô, tem obrigação de ajudar a corrigir. Então, sim, eu enxergo o mal nos meus filhos e uso da minha autoridade e influência de pai para corrigi-los. Eu não sou daqueles que espera somente filhos bons.
E é fato que eu não sei e ninguém sabe deste passado, bom ou ruim! Educar um filho, sei bem como é! Cortar logo suas más inclinações é uma tarefa das mais difíceis, como pai o Senhor também sabe! Podemos ser bons pais, ou não, isto não depende de religião e bato no mesmo ponto, sabendo ou não de um passado de glorias ou infortúnios, nosso filhos são educados com base no que temos hoje!
Eu também não digo para os meus filhos se eu os acho bons ou maus. Na realidade, eu valorizo as qualidades deles e tento corrigir os defeitos. Mas o fato de eu não dizer, não significa que eu não os observe e que não tenha uma opinião.
E antes de tudo, eu acredito na justiça de Deus. Se uma desgraça ocorre no meu meio eu considero tanta aplicação da justiça divina como quando se ocorresse fora do meu meio.
No fundo também penso assim, mas não acho correto sair por aí falando para todo mundo que estou feliz porque algo de ruim aconteceu com alguém que amo muito apenas para demonstrar como minha crença é poderosa! Isto sim é piegas!
Putz... eu não sugeri isso. Eu nunca fico feliz quando algo ruim me acontece. Eu fico triste e deprimido como todo mundo. Eu apenas não deixo de considerar uma justiça. E o fato de considerar justo já funciona como um bálsamo consolador. Quando você considera injusto, o primeiro sentimento que vem à mente é de revolta, que turba a razão e o bom-senso.
Na minha opinião, o que aconteceu com o João Hélio teve uma causa passada que justificasse. Senão, onde a justiça divina, que tanto eu como você dizemos defender?
Aí é que a porca torce o rabo, tanto pra mim quanto para o Senhor! Já não basta a dor que sentem os pais desta criança? Então chega um espírita idiota e diz para os pais se conformarem, afinal foi deus agindo, ou melhor, sua ‘JUSTIÇA”? Até que ponto nossa crença pode ajudar? Por isto luto contra isto, não conta a justiça de Deus, mas o quanto somos inconvenientes ao comentarmos sobre assuntos tão delicados. Ser espírita também é ser coerente e saber quando se pronunciar diante de algum fato, se não ajuda então não atrapalha!
Eu não saio correndo atrás das pessoas que sofreram desgraças para dizer "foi justiça". Não confunda as coisas. Mas o fato de eu não dizer, não significa que eu assim não pense. Eu sou 100% a favor da moderação ao comentar os casos, mas isso não muda o meu modo de pensar. O Espiritismo consola com o que considera a verdade. Se a pessoa não se consola com a verdade que o Espiritismo tráz, então que vire o rosto para o outro lado.
Mas há críticos que são levianos. Eu vivo defendendo a DE e a sua ideia de justiça. Então alguém que não concorda, para me colocar contra a parede num dilema moral, e fazer eu me contradizer, me pergunta: "por que você acha que aquilo aconteceu com o João Hélio?" Eu não posso mudar o discurso, ainda que os pais estivessem aqui na minha frente, senão é covardia. Posso até me abster de responder, mas não mudar o discurso.
Você não viu aquele tópico aberto pelo Encosto, e que depois foi trancado? Qual era o objetivo daquilo? Fazer com que nos envergonhássemos e renegássemos nossas convicções em favor de uma conveniência ou um dilema moral e, assim, fazer-nos cair em contradição. Muitos espíritas caem nessa armadilha e respondem tipicamente: "não é bem assim", "cada caso é um caso", etc... Eu não faço isso. Ou eu concordo com o crítico e abandono o Espiritismo de vez, ou então eu sustento a opinião, mesmo diante desses dilemas.
Eu vou fazer o papel do crítico e lhe pergunto: qual é a sua opinião sobre o caso João Hélio? Lembre-se que você mesmo escreveu, nesse mesmo post:
E onde estamos de pleno acordo! Sofrimento tem sua causa, no passado ou no presente, não acontece por capricho....até aqui tudo bem.
No fundo também penso assim... (em se referindo ao que escrevi: E antes de tudo, eu acredito na justiça de Deus. Se uma desgraça ocorre no meu meio eu considero tanta aplicação da justiça divina como quando se ocorresse fora do meu meio.)Você vai sustentar ou vai recuar?
Discordo. Eu lamento os maus, porque terão que sofrer futuramente tudo o que hoje fazem sofrer. Segundo a DE, sem interpretações pessoais, não há como escapar desse destino, não se esqueça disso.
Se não há como escapar, então porque lamentar? A cada um segundo suas obras! Além do mais, o que sabemos sobre o que levou uma pessoa a agir assim ou assado? Não é muita pretensão de um espírita achar que sabe tudo sobre os mecanismos de reparações “reencarnatórias”?
Claro que há os atenuantes, assim como há os agravantes.[/quote]
Eu lamento porque meu coração não é feito de pedra. Ou você acha que eu sinta algum prazer em saber que alguém deverá expiar no futuro. Sentiria muito maior satisfação se o criminoso tivesse recuado e assim evitado a expiação futura.
E eu não tenho pretensão de saber nada. É o que o Espiritismo que fala sobre as expiações e reparações,
ipsis litteris:
262a) - Quando o Espírito goza do livre-arbítrio, a escolha da existência corporal dependerá sempre exclusivamente de sua vontade, ou essa existência lhe pode ser imposta, como expiação, pela vontade de Deus?
“Deus sabe esperar, não apressa a expiação. Todavia, pode impor certa existência a um Espírito, quando este, pela sua inferioridade ou má-vontade, não se mostra apto a compreender o que lhe seria mais útil, e quando vê que tal existência servirá para a purificação e o progresso do Espírito, ao mesmo tempo que lhe sirva de expiação.”
999. Basta o arrependimento durante a vida para que as faltas do Espírito se apaguem e ele ache graça diante de Deus?
“O arrependimento concorre para a melhoria do Espírito, mas ele tem que expiar o seu passado.”
764. Disse Jesus: Quem matou com a espada, pela espada perecerá. Estas palavras não consagram a pena de talião e, assim a morte dada ao assassino não constitui uma aplicação dessa pena?
“Tomai cuidado! Muito vos tendes enganado a respeito dessas palavras, como acerca de outras. A pena de talião é a justiça de Deus. É Deus quem a aplica. Todos vós sofreis essa pena a cada instante, pois que sois punidos naquilo em que haveis pecado, nesta existência ou em outra. Aquele que foi causa do sofrimento para seus semelhantes virá a achar-se numa condição em que sofrerá o que tenha feito sofrer. Este o sentido das palavras de Jesus. Mas, não vos disse ele também: Perdoai aos vossos inimigos? E não vos ensinou a pedir a Deus que vos perdoe as ofensas como houverdes vós mesmos perdoado, isto é, na mesma proporção em que houverdes perdoado, compreendei-o bem?”Não há margens para interpretações aqui.
O senhor vem escrevendo aqui já há algum tempo e agora vem me dizer que não devo aceitar porque está escrito.
Não aceitar tudo porque está escrito! O material espírita antes de tudo é humano!Não são espíritos que habitam os corpos terrenos? Estão sujeitos a erros e interpretações pessoais, sem duvida, não esqueça dos conselhos de Kardec!
Ok, o Espiritismo é sujeito à interpretações pessoais. Mas isso não significa que estejam todas certas. Na verdade, aonde há contradição interpretativa, no máximo uma opinião pode ser a verdadeira.
Ok. Então o senhor reconhece que está escrito lá, da mesma forma que falei? Cabe ao senhor decidir se vai querer divulgar a DE como ela é de fato, sem querer fazer discursos para agradar a céticos ou a quem quer que seja, ou se quer divulgar suas idéias e desejos pessoais. Se assim o for, pelo menos tome o cuidado de dizer que se expressa em seu próprio nome, e não em nome da DE.
Está escrito, não disse o contrario. O fato é que a divulgação da doutrina também necessita das palavras certas nos momentos certos! Soltar tudo como se fosse a mais pura verdade incontestável do universo, apenas choca e mostra sua maior falha: FALTA DE HUMILDADE EM RECONHECER QUE PODE ESTAR ERRADA! Caso contrario, seria regra e não apenas um crença, como é hoje em dia!
Ok. Não precisa chocar a todos com todas as verdades de uma vez. Aí eu concordo. Mas não se pode deixar de contá-las, ainda que bem devagarinho. Hoje você conta que o gato subiu no telhado, amanhã você conta que ele escorregou...., mas um dia você vai ter dizer que o gato morreu. Não tem como fugir disso quem tem um mínimo de coerência interna com as próprias idéias.
Um abraço.