Eu diria o contrário: o fato de nos entendermos como 'humanidade' é muito artificial e recente. O nazismo é uma atrocidade por ter acontecido numa época em que se imaginava que não mais ocorreriam fatos assim.
Muitas vezes o povo do vizinho foi nosso inimigo, ou bode expiatório, tanto faz. Muitas vezes passamos fome e nos alistamos em guerras inclusive guerras alheias, para sobreviver. Crueldade ou não, isso oscila entre um comportamento de manada, onde a hierarquia exagera na intolerância, então promove atos perversos por parte de grupos e indivíduos que tenham certo poder sobre uma minoria, e também um exagero justamente para intimidar o inimigo. Quando o nosso inimigo nos tem medo numa guerra, exacerbamos essa atitude por pura intimidação. Acontece que isso gerou um círculo vicioso, e depois foi utilizado pelos aliados para mostrar como os nazis eram maus. Mas o mesmo 'ou nós ou eles' foi a justificativa das bombas de Hiroshima e Nagasaki, o mesmo do extermínio dos armênios pelos jovens turcos, e assim por diante.
O fato é que o ser humano é uma espécie tão bem sucedida que somos nossos próprios inimigos, e isso vai nos perseguir até o fim. A valores éticos dos princípios de 'humanidade', além de serem recentes, precisam brigar toda vez que o item sobrevivência prevalece.