Fato. Mas FHC conhecia muito bem as bases teóricas dos sistemas políticos e de produção, semelhante ao Serra, além de ter acompanhado casos reais sobre os mesmos sistemas.
A Dilma não passa nem perto desta bagagem teórica.
Como você sabe que ela não possui essa bagagem teórica?
Qual é a formação dela?
Qual é a base cultural dela?
Como foi a ascensão dela no PT? Egressa do meio acadêmico ou por única atividade de militância?
E quando ela era do PDT, como foi a ascesnão dela?
Quais foram as decisões efetivamente realizadas por ela em bases puramente técnicas?
Ela é autora ou co-autora de quantos livros, capítulos, artigos ou ensaios em sua área de formação? Ou de quaisquer outras áreas do conhecimento?
Qual é a experiência administrativa pregressa desta candidata?
São perguntas um pouco difíceis de responder, posso dar algumas respostas baseadas em fatos e outras em que apenas posso especular (o que faria mesmo no caso do Serra) em base de algum conhecimento que possa levar a alguma dedução.
O que vou dizer aqui baseia-se na sua biografia na Wikipedia. Sei que é economista e cursou os cursos de mestrado e doutadorado em economia da Unicamp (concluindo os créditos), mas não se titulou nem em um nem em outro porque assumiu um cargo político. Sei que a base teórica é definida durante a pesquisa e o curso dos créditos, sendo a defesa apenas o coroamento de um processo. É estranho que tenha iniciado o doutorado sem que tivesse defendido a dissertação, mas não é totalmente absurdo, já que já vi isso noutras vezes, onde, enquanto o aluno termina de escrever a dissertação, já imenda o doutorado pagando alguns créditos. Se foi possível é porque a coordenação e o orientador imaginavam que ela defenderia a dissertação e seria aprovada.
Ela parece ter tido uma educação clássica, estudando piano e francês. O pai é búlgaro, então talvez também fale o idioma. O pai também participou de círculos literários na Bulgária sendo correspondente da poetisa Elisaveta Bagriana, logo, pode ter estimulado o gosto pela literatura e estudos (ainda mais se contar que era de uma classe média-alta de Belo Horizonte, com acesso aos melhores colégios de então, além de vir de uma cultura que valorizava mais a educação que a brasileira de então).
Com certeza, grande parte da bagagem cultural dela é marxista, tanto por influência do pai (que era do Partido Comunista Búlgaro), quanto por influência dos movimentos que participou durante a juventude. O que não significa que hoje não faça uma leitura crítica.
A carreira política dela foi como quadro técnico e burocrata do PTB e do PDT, com o Leonel Brizola. Foi Secretária Municipal de Finanças em Porto Alegra, na gestão de Alceu Collares. Foi também secretária Estadual de Energia, Minas e Comunicações do RS, no governo de Alceu Collares. Na Fundação de Economia e Estatística do RS, foi editora da revista "Indicadores Econômicos". Voltou novamente como Secretária Estadual de Energia, Minas e Comunicações no governo de Olívio Dutra. Quando houve um racha entre o PT gaúcho e o PDT gaúcho, com a saída do PDT do governo, ela deixou a sigla e ingressou no PT (aí que começa sua história no PT). Parece que foi sob sua gestão que foram tomadas algumas medidas que impediram o apagão no RS, no final do governo FHC.
Foi Ministra da Minas e Energia, tendo já participado do grupo que discutia a área na campanha. Parece que o que contribuiu para sua escolha foram Palocci, Dutra e seu trânsito mais fácil junto ao setor privado. Algumas decisões dela como ministra acabou por ressuscitar a indústria naval. Foi também em sua gestão que houve uma aceleração de um programa que já existia da universalização do acesso à energia elétrica (que previa a universalização para 2015) para uma meta 1,4 milhões de domicílios atendidos até 2006. Não foi alcançada a meta, mas levou um acesso maior à energia elétrica no NE, a ponto de ultrapassar a região Sul no consumo de energia.
Foi também Ministra da casa Civil, e gerente do PAC.
Acho que isso responde mais ou menos o que você perguntou. Pessoalmente a considero mais uma administradora e uma técnica do que uma política (e isso me parece uma vantagem). Chamou-me a atenção o relatório sobre ela feito pelo Consulado dos EUA para o Departamento de Estado, quando ela assumiu a Casa Civil (no artigo da Wikipedia): "O Consulado dos Estados Unidos em São Paulo encaminhou ao Departamento de Estado, logo após a posse de Dilma na Casa Civil, um dossiê traçando seu perfil detalhado, falando de seu passado como guerrilheira, gostos e hábitos pessoais e características profissionais, sendo descrita como técnica prestigiada e detalhista, com fama de workaholic e com grande capacidade de ouvir, mas com falta de tato político, dirigindo-se às vezes, conforme relatos de um assessor graduado, diretamente aos técnicos ao invés de seus superiores".