Bem, pessoal, as aulas começaram e tenho serviço pra fazer, então é melhor eu terminar o assunto que desejava. Já houve quem admitiu aqui que o Polidoro mentiu, postei o que Crookes bolou com o galvanômetro e os testes mostraram que ele não podia ser burlado com tira de pano.
Continuando com o Polidoro:
"Nos onze anos seguintes ela continuou a atrair multidões onde quer que atuasse. Devido a um acidente, fez sua apresentação final em Milwaukee em 1924. Em julho do mesmo ano ela recebeu uma visita de Harry Houdini.
Houdini a considerou “uma das mais inteligentes médiuns da história” e a apresentou como “um straw diamond white(alguém sabe a tradução disso?)” cabelo e olhos penetrantes, dos quais “grandes raias de inteligência relampejariam dentro e fora.” “É uma pequena maravilha,” ele observou, “que com sua personalidade ela podia enganar os gigantes mentais da nossa época e das passadas” (Silverman 1996).
Eles conversaram por horas e ela revelou-lhe todos os seus segredos. “Ela falou livremente de seus métodos,” registrou Houdini. “Nunca em qualquer momento deu a entender que acreditou em espiritualismo.” Ela lhe disse como enganou Crookes no teste de elétrico: simplesmente colocou uma das manivelas da bateria na dobra do joelho, mantendo o circuito fechado, mas liberando uma mão para fazer como ele pediu.
(...)
A revelação de Annie Eva Fay a Houdini do modo de como ela enganou Crookes foi confirmado anos mais tarde, quando o investigador psíquico Colin Brooks-Smith encontrou um dos galvanômetros usados por Crookes no Museu de Ciência em Londres. A máquina foi consertada e posta a trabalhar.
Brooks-Smith relata o seguinte: “não há nenhuma dificuldade em deslizar um pulso e antebraço através de uma manivela e segurar a outra manivela, mantendo assim o circuito fechado através do antebraço, e então liberando a outra mão, sem produzir qualquer grande movimento no indicador do galvanômetro.” Num segundo teste, ele diz: “virei ambos os elétrodos para baixo e os introduzi em minhas meias, de forma que minhas mãos ficaram livres, sem produzir quaisquer grandes oscilações no indicador do galvanômetro.” Deste modo, não só se confirmou a revelação de Eva, mas também a nota de rodapé explicativa de Houdini de 1924 (pág. 102) que em 1874 Florence Cook podia ter destacado um dos eletrodos, que constituíam-se de soberanos de ouro e papel salino presos aos pulsos e o segurado na dobra de seu joelho” (Brooks-Smith 1965).
Não existe mais dúvida, agora, de que aquele truque aconteceu de fato durante os testes de Crookes, exatamente como descrito por Annie Eva Fay; o que ainda não fica claro é se ele era um imbecil total (improvável) ou um cúmplice voluntário. Em todo caso, uma coisa não pode ser negada: o grande William Crookes teve um interesse especial em médiuns jovens, atraentes, pretextando um interesse científico, e estava dispostos a testar todos elas, ainda que fossem fraudes descaradas como Eva Fay, em sua própria casa, bem debaixo de nariz da sua esposa."
E para quem quer saber do Polidoro, ao menos no ano 2000:
Massimo Polidoro é Diretor de Executivo de CICAP (o Comitê italiano para a Investigação de Reivindicações do Paranormal), representante europeu para a Fundação de James Randi Educacional, autor de vários livros que lida com exame crítico de reivindicações paranormais e um estudante diplomado em psicologia na Universidade de Pádua. Ele está trabalhando atualmente em um projeto para Prometheus Books sobre a estranha amizade entre Harry Houdini e Senhor Arthur Conan Doyle.
Bem, isso aí é o que Polidoro diz para demonstrar que Crookes era um pateta e eu aqui vou postar o que de fato está no relatório que Crookes publicou, o que me levou a concluir que Polidoro é patético:
"Em seguida, a Sra. Fay foi convidada a descer até a biblioteca; ela sentou em sua cadeira de frente para as manivelas de metal, e os bicos de gás da biblioteca foram apagados, exceto por um deles, que foi diminuído. Anotamos a distância entre ela e os vários itens proeminentes. Uma caixa de música sobre a minha escrivaninha a uma distância de cerca de 1,20 metros dela; um violino sobre a mesa a uma distância de cerca de 2,4 metros; e a escada de mão da minha biblioteca estava apoiada contra as prateleiras de livros a uma distância de cerca de 3,7 metros dela. Então pedimos que ela umedecesse as mãos com a solução feita de sal, e segurasse os terminais. Isto foi feito, e de uma só vez uma deflexão foi produzida na escala do galvanômetro devido à resistência de seu corpo; então deixamos a biblioteca e entramos no laboratório, que estava iluminado o suficiente por gás para que pudéssemos observar tudo nitidamente.
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Começamos os testes às 8.55 da noite; o galvanômetro indicava uma deflexão de 211°, e a resistência do corpo da Sra. Fay correspondia a 6.600 unidades da British Association. Às 8.56 a deflexão era de 214°, e neste momento um sino de mão começou a tocar na biblioteca. Às 8.57, a deflexão era de 215°. Uma mão projetou-se para fora do gabinete no lado mais distante da Sra. Fay.
É importante que fique claro que eu estava em um lado da parede com o galvanômetro e que a Sra. Fay estava no lado oposto, segurando as manivelas, que foram soldadas aos pedaços de fios elétricos, e que ela as segurava tão firmemente que não podia mover suas mãos nem as manivelas dois centímetros à direita nem à esquerda, e que, sob aquelas condições, uma mão saiu da porta cortinada ao nosso lado, a uma distância de 90 cm da manivela de metal, e tudo isso aconteceu dois minutos depois que deixamos o quarto.
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Às 8.58 a deflexão era de 208°; às 8.59 era de 215°, e neste momento uma mão saiu do outro lado da cortina, e deu uma cópia do jornal The Spiritualist para o Sr. Harrison.
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Às 9 horas a deflexão era de 209°; neste momento uma mão foi vista novamente saindo e segurando uma cópia do livro de Serjeant Cox intitulado What am I? Às 9.1 a deflexão era de 209°, a mão apareceu novamente, e deu um pequeno livro Spectrum Analysis ao seu autor, que era um dos observadores.
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Às 9.2 a deflexão era de 214°; uma mão era novamente visível e deu a uma viajante famosa que estava presente um livro intitulado Art of Travel.
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Às 9.3, a mão jogou uma caixa de cigarros em outro cavalheiro que estava presente, e que era conhecido por ser inclinado ao uso da erva daninha. Eu posso afirmar que esta caixa de cigarros estava em uma gaveta trancada da minha escrivaninha quando a Sra. Fay entrou no quarto.
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Às 9.4 a deflexão era de 213°. Novamente medi a resistência de corpo da Sra. Fay, que então correspondia a 6.500 unidades da British Association. Neste momento um pequeno relógio ornamentado, que pendia de um pedaço de manto a 1,5 metros da médium, nos foi oferecido.
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Às 9.4, a deflexão era de 210°; Serjeant Cox, e alguns dos outros observadores, disseram que eles viram uma forma humana completa de pé na abertura da cortina.
Às 9.5, observei o circuito ser subitamente interrompido. Entrei na biblioteca imediatamente, seguido pelos outros, e encontramos a Sra. Fay desfalecida, ou em transe. Ela estava deitada inconsciente na cadeira, mas foi reavivada em cerca de meia hora. Sendo assim, esta notável sessão durou exatamente 10 minutos.
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Uma peça de porcelana antiga, na forma de um prato, foi achado no topo de minha escrivaninha na biblioteca; ele não estava lá antes de as experiências começarem. Em minha sala de visitas de há uma moldura que circunda toda a parede, próximo ao teto, a mais ou menos 2,5 metros do chão; presos nesta moldura estão várias peças de porcelana antiga, inclusive alguns pratos pequenos. A Sra. Fay havia estado na sala de visitas talvez uma hora antes de a sessão começar, mas ela não esteve lá exceto na presença de várias testemunhas; o quarto estava bem iluminado, e ela teria que subir numa cadeira para alcançar um dos pratos próximos ao teto, e é claro que todos teriam visto se isto tivesse acontecido. Os pratos tinham estado naquelas molduras por semanas sem serem mexidos e nenhum membro de minha família tocou em nenhum deles. Um dos cavalheiros presentes disse que ele tinha certeza que o prato não estava na escrivaninha quando as experiências começaram porque ele observou a escrivaninha com a intenção livrar-se de um objeto colocando-o sobre ela. Muitos casos semelhantes de transporte de objetos sólidos de um lugar para outro por meio anormal estão registrados na literatura espiritualista.
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Antes de a Sra. Fay vir a esta casa naquela noite, ela só conhecia os nomes de dois dos convidados que estariam presentes, mas durante a noite a presença (espiritual) que estava em ação exibiu uma quantidade incomum de conhecimento sobre as testemunhas e o curso de suas vidas. O livro Spectrum Analysis ainda não tinha registro literário, mas foi removido de seu lugar e dado ao seu autor. Embora eu geralmente saiba a posição dos livros em minha biblioteca, certamente não poderia achá-los na escuridão, e não tenho nenhuma razão para supor que a Sra. Fay soubesse qualquer coisa sobre o tal livro recém escrito, ou sobre minha biblioteca, ou que o livro fora escrito por uma das pessoas presentes.
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Em ocasiões anteriores apliquei um teste elétrico durante as manifestações da Sra. Fay. Em 5 de fevereiro último nós tivemos uma sessão que começou às 9.15 da noite. Quando ela segurou as manivelas, a deflexão foi de 260°; oscilou — 266°, 190°, 220°, 240° e então permaneceu fixa em 237°; a resistência da médium às 920º (Evidentemente um erro de impressão, ou para 220° ou possivelmente para 9.20.) era de 5.800 unidades da British Association. Batidas foram ouvidas às 9.28, quando a deflexão oscilava entre 215° e 245°.
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Às 9.30, a luz tendia a se fixar em 230°; a resistência era de 5.900 unidades. Muitas batidas foram ouvidas, aparentemente na porta perto da médium, mas a luz não apresentava nenhum movimento, o que provava que as mãos da Sra. Fay estavam completamente imóveis.
Às 9.31 a deflexão era de 234°. Então ouvi a médium suspirar e soluçar. O indicador da luz estava fixo em 233°, embora vários instrumentos estivessem tocando ao mesmo tempo. Os movimentos passaram a ser ouvidos no quarto; vários itens foram lançados no laboratório pela abertura da cortina; o violino foi entregue a mim por uma mão visível, que também foi vista por outras pessoas presentes no quarto. Tudo isso enquanto o índice luminoso permanecia fixo, o que provava que a médium estava quieta enquanto estas coisas aconteciam. Às 9.34 a luz estava fixa em 236°, e o zero estava correto. Às 9.37 pudemos ouvir a caixa de música sendo tocada, a luz ainda mantinha-se fixa. Às 9.38 a deflexão era de 238°. Às 9.39 a médium interrompeu o circuito, soltando as manivelas. Ela só foi capaz de dizer, ‘Estou tão cansada de segurar estas coisas’. Então ela entrou em transe, mas se recuperou em pouco tempo.
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No sábado, 6 de fevereiro, uma outra sessão experimental foi feita em minha casa. Foi um pouco às pressas, para o benefício de um eminente F.R.S., que não pôde participar da sessão anterior. A Sra. Fay era a médium. Algumas precauções extras foram tomadas. A biblioteca foi completamente revistada, as portas e janelas foram trancadas e tiras de fitas engomadas foram colocadas nelas. Estas tiras foram seladas com um anel que pertencia a uma senhora que estava presente; em seguida o teste elétrico foi aplicado da mesma maneira que na noite anterior. Quase as mesmas coisas aconteceram, com os mesmos resultados, isto é, não notamos o mais leve movimento por parte da médium.
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Minha escrivaninha, que se fecha firmemente com uma fechadura Bramah, foi trancada cuidadosamente um pouco antes de a sessão começar e ainda assim foi encontrada aberta depois que a sessão terminou. Isto em muito pouco tempo. A sessão começou às 9.15 e terminou às 9.30 da noite.
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Inicialmente eu sempre permito aos novos médiuns que vêm a mim que trabalhem sob suas próprias condições; pois não sei quais fenômenos podem vir a ocorrer, não estando em posição de sugerir testes, e, possivelmente, eu não os testemunharia antes de os médiuns terem confiança em mim, sabendo que eu não os acusarei de quaisquer truques, depois disso eles sempre demonstram o desejo de me ajudar na medida do possível. Todas as manifestações dependem de condições delicadas, intimamente conectadas ao estado nervoso dos sensitivos, e a maioria das manifestações é interrompida quando qualquer coisa que acontece os incomoda."
Então pergunto: a Ana Eva Fay poderia ter feito tudo o que consta no relatório de Crookes com uma mão livre e a dobra do joelho no outro contato? Eles estavam fixos na parede e ela não tinha como sair dali. Isso Polidoro varreu para baixo do tapete. Mas e a confissão que ela fez a Houdini? Bem, o Eric Weiss, que adotou o nome Harry Houdini em homenagem ao grande mágico Robert Houdin escreveu isso no livro A magician among the spirits. E aqui está o trecho:
"Ela me disse que quando Maskelyne, o mágico, surgiu com uma exposição do trabalho dela, viu-se forçada a recorrer a uma estratégia. Indo à casa do Professor Crookes, ela se lançou aos seus cuidados e fez uma série de testes especiais. Com um lampejo nos olhos, ela disse que se aproveitaria dele. Parece que tinha apenas uma remota chance de passar no teste do galvanômetro* mas por um golpe de sorte para ela e de azar para o Professor Crookes, a luz elétrica falhou por um segundo no teatro em que ela estava se apresentando e ela aproveitou a oportunidade para enganá-lo.
* O ‘galvanômetro’ é um instrumento usado para controlar a médium. É um dispositivo elétrico composto de um sintonizador e duas manivelas, construído de modo que se o médium soltar qualquer uma das manivelas, o contato seria interrompido e o indicador registraria a falha. A médium, para enganar o assistente, simplesmente colocou uma das manivelas na dobra nua de seu joelho e a manteve presa lá e assim, com sua perna, manteve o circuito intacto e pôs a mão livre para fora e assim produziu o ‘espírito’. (Nota de rodapé de Houdini.)”
1 - Pois muito que bem. No relatório de Crookes dá para se ver que ela fez MUITO MAIS do que só por a mão para fora e acenar (mas obviamente a comunidade cética acredita que ela só fez isso porque confessou ao Houdini, certo?)
2 - A luz elétrica falhou no teatro por um segundo... O próprio Polidoro começa o seu artigo dizendo que os experimentos eram feitos na casa do Crookes. Não era no teatro portanto. Ei, xente, não notaram nada estranho não? A luz elétrica falhou... Mas o experimento foi feito em 1875, um ano antes de Edison fazer seu primeiro protótipo de lâmpada incandescente. Antes disso as lâmpadas elétrica eram de arco voltaico e consumiam uma barbaridade de energia. E de onde vinha essa energia elétrica? O Edison e o Westinghose nem haviam começado suas brigas por conta da corrente contínua x corrente alternada... Ou seja, não havia redes de energia elétrica.
E o galvanômetro funcionava a bateria e sua fonte de iluminação era uma chama de vela. No que é que uma (não existente) queda de força interferiria em seu funcionamento?
É isso aí, gente: o sábio cético militante Massimo Polidoro leu o relatório do Crookes e o livro do Houdini. Sabia que esse lance de substituir uma mão pela junta do joelho EM NADA AJUDARIA. Mas ele é obrigado a defender a fé cética. E assim concluo que o sábios céticos e os babacas crentelhos são tudo farinha do mesmo saco.