Sobre o site: ao que entendi, há diversos casos similares ao de Morzine. Há um livro do Huxley (Os Demônios de Loudon) que narra um, o Ceticismo Aberto (
http://www.ceticismoaberto.com/fortianismo/1127/mais-histerias-escolares ) fala de outro numa escola da Malásia, houve outro entre internas no México (
http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI1551428-EI8255,00.html )... com mais algum trabalho, pode-se encontrar mais outros tantos.
Note que há diversas similaridades entre os quatro casos citados:
* A esmagadora maioria dos afetados são mulheres. Em Morzine, como o texto que você passou, foram mocinhas; em Loudon, freiras; na Malásia e no México, estudantes de internato;
* As afetadas eram quase sempre jovens, solteiras, e não idosas ou de meia-idade;
* Em todos os casos acima, há algum tipo de reclusão (mesmo em Morzine, que é uma comuna pequena e alpina);
* A crença no sobrenatural é grossamente incentivada de alguma forma - no México, era um internato católico; Loudon, um convento; em Morzine (deduzo), pelo próprio fato de ser uma sociedade isolada e conservadora;
acho que o caso da Malásia entra nessa, também (a população lá é religiosa pacas, especialmente a muçulmana);
* A "possessão" (note as aspas) começa sempre por uma das garotas, sendo transmitida às outras assim que elas as vêem.
A minha hipótese, quanto a isso, é decepcionantemente mundana e testável...
Quem aqui já viu (nem que seja por vídeos) uma manada de bois, gnus ou bisões correndo? Sempre começa por uma das reses. Não importa o motivo dela começar a correr - outras imitam, e mais outras, e mais outras... tem-se um comportamento coletivo que se auto-alimenta - quanto mais as reses correm, mais as outras se sentem incentivadas a correr.
O mesmo ocorre com pombos, que antes reunidos no meio da praça (talvez comendo as pipocas que a velhinha joga), voam para longe só porque um ou dois voaram desesperados. Cães também fazem algo similar com os latidos - um começa a latir, os outros latem junto, e de repente a vizinhança inteira está latindo.
Vemos esse comportamento coletivo em diversas espécies de mamíferos e de aves, isso seria esperado ocorrer também em humanos, não acha? Da inofensiva "ola!" em jogos de futebol aos frenesis de guerra (que os vikings souberam aproveitar muito bem)...
Agora, reúna um grupo de mulheres adolescentes ou jovens adultas. Considere que todas as implicações e complicações hormonais que as afetam altera o comportamento e a psique delas (não é só TPM). Sobrecarregue-as com uma carga mitológica e um sentimento de culpa, conceitos como pecado e demônios. Deixe-as reclusas, sem poderem extravasar seus hormônios (seja no sexo ou em outras atividades). É pedir por histeria coletiva, não é?
Sua "evidência", por mais que você a preze, está longe de ser convincente.
[Sobre o último post]
A codificação de cores é conveniente

muitas vezes, no meio de uma discussão, alguns sarcasmos e ironias passam batidos.
Se você acha que a analogia do Sagan é um espantalho, vou recorrer a outros exemplos... esses sim, com muita gente dando crédito:
*Círculos em plantações;
*ETs engravidando mulheres (e depois retirando os fetos), implantando objetos em humanos, etc.;
*Bruxas (hoje não tem mais tanto crédito, mas na Idade Média era comum), que lançam feitiços nas pessoas e que só podem ser descobertas se jogadas na água - se boiar é bruxa, se morrer afogada não é;
*Entre outras.
Se você tem evidências que você considera convincentes, mostre-as. Ou ao menos fontes; entretanto, se forem no mesmo naipe que a histeria coletiva de Morzine, já aviso que existem explicações muito mais mundanas que expliquem eficientemente o ocorrido...
EDIT, 11.dez, 7h40min: mais umas coisas que pensei no meio-tempo.
Leafar, entenda: somos céticos. Somos extremamente exigentes quando alguém afirma que X, ou Y, ou Z. Não queremos respostas do tipo "todo mundo acredita nisso", "isso é sabido de tempos longos", ou "ah, é a idéia da moda" (aliás,
essa lista de falácias demonstra muito bem o tipo de resposta que
não queremos). A gente se regra pela ciência; e quando a afirmação a ser verificada se estranha com o que sabemos das ciência-base (como p.ex. a sua alegação de existirem espíritos é incompatível com o que sabemos de Física e Bio), as evidências precisam ser especialmente fortes pra que a gente se convença.
AVISO: o que passo abaixo é um tanto quanto off-topic, mas pertinente.
O exemplo não vale, pois não há os crentes em dragões. Isso é um outro espantalho criado pelo Sagan. Ele tinha que exemplificar com um caso real com crentes reais. Não há crentes em dragões como há crentes em espíritos.
Me desculpe a sinceridade, mas que tremendo tiro no pé essa frase.
Em primeiro lugar, espantalhos são falácias, e falácias são argumentos falhos. Sagan não falou do dragão na garagem como um
argumento, e sim como uma
analogia didática. Ele não o fez como um argumento, e portanto não pode ser uma falácia e, portanto, não pode ser um espantalho.
Em segundo lugar,
ainda que ele tivesse montado argumentos em cima disso neste texto (ele não o fez, mas eu fiz), continuariam sendo pertinentes:
o número de seguidores de dada hipótese não diz absolutamente nada sobre a veracidade/falsidade desta, e
evidências fracas e extremamente passíveis de fraude contam muito pouco para embasar uma hipótese.
Em terceiro lugar,
ainda que ele tivesse usado como argumento
e fosse falacioso, não seria um
espantalho e sim
analogia estendida.
Em quarto e último lugar, não contaria como
outro espantalho, pois não sei se você percebeu, o que eu postei e o link que eu te passei são partes diferentes do mesmo texto e da mesma linha de raciocínios.