churras fim de semana. A mãe do namorado de minha irmã demorou quase cinco meses para ser atendido por um clínico. Não sabia disso, mas me contaram que a espera por um cardiologista ainda é maior.
Qual critério eu posso usar para poder chamar isso de ruim e não de lixo?
Agnóstico, já tentei argumentar aqui em outras ocasiões, mas sempre acabo tendo de bater na mesma tecla: a gestão do SUS (em sua maior parte) é municipal. Sendo assim, se a mãe do namorado de sua irmã demorou cinco meses para conseguir uma consulta, isso é um problema de gestão municipal e não do SUS em si. Em grande parte dos municípios não haveria espera para consulta com o clínico.
Os posts das pessoas que moram no interior dizem que o atendimento para uma consulta é sempre ruim. Note que esse caso dos cinco meses não foi em SP, ela mora em Jundiaí.
O exemplo do cardiologista sim, foi baseado em SP.
Eu não estou nesse tópico para meter o pau no governo federal. Entendi (e obrigado pela explicação) que o SUS é municipal, mas não é por isso que ele deixa de ser ruim.
Me responda algo, Derfel, friamente. Acha que políticos sirvam para gerir empresas ou empreendimentos? Já geriram uma empresa? Sabem como fazer para torna-las mais eficientes? Qual a carreira deles?
Se te conheço bem, acho que você dirá que não podem fazer isso bem, salvo exceções. Então, o esperado é que seja ruim e caro, ou raramente que seja bom e muito caro. Bom e a custo justo deve ser quase um milagre.
Municípios grandes, como os são a maioria das capitais, possuem maiores dificuldades de assistência que municípios pequenos. Um dos problemas é justamente que a Atenção Básica e a Estratégia Saúde da Família não cobre boa parte da população (São Paulo, por exemplo, possui uma cobertura de 27% da população). Uma baixa cobertura da AB reflete em uma demanda maior em hospitais e clínicas (em torno de 80% dos problemas de saúde podem ser resolvidos na AB). Por outro lado, existem municípios com até 100% de cobertura, ou mais (a cobertura é definida por 1 equipe a cada 3.450 habitantes em média). Em muitos desses municípios não é você quem marca a consulta, é o agente de saúde que vai na sua casa e faz o acompanhamento e marca sua consulta. No caso da Atenção Especializada, da mesma maneira existem diferenças entre municípios e estados. Conseguir uma consulta com o cardiologista, em muitos lugares, é algo muito fácil (o que pode não ser para outras especialidades, depende da realidade de cada lugar). No RN, por exemplo, conseguir uma consulta e um procedimento na cardiologia e oftalmologia é muito mais fácil que um procedimento urológico (além de um problema crônico que temos com pediatras e anestesiologistas). Existem causas para isso, como formação, disponibilidade de RH e mesmo questões que considero éticas que não vou levantar aqui. De uma maneira geral, você vai observar que onde existe uma Atenção Básica bem estruturada os problemas na média e alta complexidade são reduzidos (ainda que passem também por outras questões como a regionalização dos serviços).
Isso só reforça o fato de que para municípios grandes a necessidade de mudança é ainda mais urgente. Se o SUS funciona em alguns lugares a preço justo, poderíamos deixa-los na mão do estado, sem problema algum. Mas há que se ter indicadores de qualidade e financeiros para julgar isso (por hospital, região, doenças, custo, espera, etc..)
O próprio ministro disse que é ruim, todas as pessoas que converso (simplesmente todas) que já tiveram contato com o sistema qualifica como catastrófico. E as notícias de desvios, mortes, espera e descaso são diários.
Na verdade, você provavelmente está enganado, olhando um conjunto de exceções (quer dizer que a população carente do RN pode se consultar com cardiologista... uhh.. é contra intuitivo), apaixonado pelo seu trabalho, ou correto em alguma situação específica apenas. Mas de novo, o SUS, em geral, é um lixo.