Autor Tópico: Problemas do SUS  (Lida 155152 vezes)

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Offline Diegojaf

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #575 Online: 24 de Abril de 2014, 13:00:11 »
[...]
É nítido que faltam profissionais e clínicas e que as condições dos planos particulares estão piorando ano a ano.

O mais importante: Espero que você possa se recuperar o quanto antes deste problema de saúde.

O menos importante: Os planos particulares estão piorando também por causa da interferência do Estado que obriga-os a realizarem procedimentos que não constam do contrato original. Sim, isso mesmo, CONTRATO, porque a relação entre plano de saúde e o usuário é comercial.

Não iriam interferir tanto se as empresas não quebrassem tanto os contatos e utilizam cláusulas abusivas sombrias e de interpretação dúbia.

Imagino por extensão que você seja contra o código de defesa do consumidor e a favor do tratamento idêntico entre uma empresa gigante e uma pessoa com ensino fundamental incompleto de baixa renda.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Geotecton

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #576 Online: 24 de Abril de 2014, 13:27:37 »
[...]
É nítido que faltam profissionais e clínicas e que as condições dos planos particulares estão piorando ano a ano.

O mais importante: Espero que você possa se recuperar o quanto antes deste problema de saúde.

O menos importante: Os planos particulares estão piorando também por causa da interferência do Estado que obriga-os a realizarem procedimentos que não constam do contrato original. Sim, isso mesmo, CONTRATO, porque a relação entre plano de saúde e o usuário é comercial.
Não iriam interferir tanto se as empresas não quebrassem tanto os contatos e utilizam cláusulas abusivas sombrias e de interpretação dúbia.

As quebras de contrato devem ser resolvidas nas instâncias adequadas que são a Justiça ou nas câmaras arbitrais, se for possível. O meu contrato, por exemplo, é bem claro sobre o que pode ou o que não pode, lembrando apenas que ele é de 1998, ou seja, ocorreram mudanças em padrões de tratamento que foram (e estão sendo) resolvidos com a solicitação de aditivos.


Imagino por extensão que você seja contra o código de defesa do consumidor...
[...]

Em geral eu sou a favor mas há diversos aspectos em que critico, especialmente os trechos em que o consumidor é considerado 'sacrossanto' a priori.


e a favor do tratamento idêntico entre uma empresa gigante e uma pessoa com ensino fundamental incompleto de baixa renda.

Não entendi.
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Offline Derfel

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #577 Online: 24 de Abril de 2014, 14:14:48 »
Toda vez que comparam, eu lembro das poucas vezes que precisei ir a um hospital particular, mas que também atende o SUS. Toda vez que eu passei por lá, a parte do SUS estava COMPLETAMENTE lotada, com gente esperando em pé por sua vez de ser atendido, e quando eu chegava na parte particular, sempre fui atendido em menos de 5 minutos.
Não pode haver essa discriminação.  É o mesmo hospital,  que não é público,  mas privado, que recebe recursos para atender usuários do SUS.
http://www.conjur.com.br/2008-dez-08/hospital_mt_proibido_discriminar_paciente_sus


Derfel, por favor...

Nunca fui atendido pelo SUS, sempre fui por médico particular, pelo plano de saúde ou, em casos muito urgentes, pagando do meu bolso mesmo, e a situação é essa que o Gaúcho descreveu, sempre.

Na teoria pode ser que não poderia  haver a discriminação, mas na prática é rotina acontecer. Existe o SUS teórico e idealizado, um dos melhores sistemas do mundo, e o SUS real, inferno na terra para quem depende dele.

Não estou dizendo que não acontece. Estou dizendo que não é para acontecer. E ainda há um problema aí que acaba depondo contra o processo de terceirização. São hospitais privados que possuem um contrato ou um convênio com o SUS, com gestão privada. Cria-se duas alas: uma para particulares e outra para os egressos do SUS diferenciadas, sendo que os do SUS estão pagando de qualquer maneira, já que o estado já pagou ou irá pagar o procedimento, muitas vezes com um valor acima da tabela SUS (que realmente é baixa para a maioria dos procedimentos, mas estados e municípios costumam complementar esse valor). E a ala do SUS é mal administrada! (sendo que a administração é a mesma!).
Pior é quando, como no exemplo da reportagem, o SUS fornece recursos para reforma de um hospital PRIVADO que atende aos usuários e é reformada a ala particular. Será que não tem nada errado aqui? No passado isso foi muito comum, nos anos 70 e 80 construiu-se muitos hospitais privados com dinheiro público que depois vendiam seus serviços ao Estado.
O hospital que o Gaúcho colocou (e, pelo visto, o que você também coloca) é provavelmente um hospital de porta aberta, como um hospital geral ou PS, mas ainda assim, você considera correto que os usuários do SUS tenham um tratamento de terceira classe? O hospital não está sendo pago pelo atendimento? A discriminação dos pacientes é defendida pelo Conselho de Medicina do RS. Em SP, as OSCIP também queriam fazer discriminação, mas o Conselho de Medicina de SP se posicionou contra ( http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=NoticiasC&id=2495 ).
Essa discriminação também tem sido pauta no MP:
http://mpf.jusbrasil.com.br/noticias/3081525/mpf-rs-usuarios-do-sus-sofrem-discriminacao-em-hospitais

Offline Gaúcho

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #578 Online: 24 de Abril de 2014, 14:42:34 »
Nunca. O que eu mais gostaria é que as pessoas atendidas pelo SUS tivessem um tratamento decente e digno. Eu só não vejo problemas em separar a parte que atende o SUS da parte que atende convênios, afinal, se eu estou pagando a mais, visto que eu também pago pelo SUS, é porque eu espero um atendimento diferenciado. Se fosse para pagar um plano de saúde particular e ser atendido junto a quem não paga, tendo que esperar com quem não paga e disputar marcação de exames com quem não paga, eu não pagaria pelo plano, ué.
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Offline Fabrício

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #579 Online: 24 de Abril de 2014, 14:53:09 »
Nunca. O que eu mais gostaria é que as pessoas atendidas pelo SUS tivessem um tratamento decente e digno. Eu só não vejo problemas em separar a parte que atende o SUS da parte que atende convênios, afinal, se eu estou pagando a mais, visto que eu também pago pelo SUS, é porque eu espero um atendimento diferenciado. Se fosse para pagar um plano de saúde particular e ser atendido junto a quem não paga, tendo que esperar com quem não paga e disputar marcação de exames com quem não paga, eu não pagaria pelo plano, ué.

Pois é, se as pessoas atendidas pelo SUS tivessem um tratamento decente, talvez eu até fosse uma delas. Ou, como tenho a enorme sorte de poder pagar um plano particular (agradeço diariamente por isso, nem quero imaginar ter que usar o SUS), pelo menos seria satisfatório para mim ver os mais necessitados bem atendidos.
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Offline Moro

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #580 Online: 24 de Abril de 2014, 14:57:00 »
óbvio. Ou o estado que remunere os hospitais de maneira competitiva, o que seria possível se não roubassem e tivessem uma gestão tão temerária.

“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Offline Derfel

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #581 Online: 24 de Abril de 2014, 16:16:51 »
Entenda, a gestão é privada, o estado apenas comprou o serviço do hospital. Ele vendeu o serviço porque quis e aceitou os valores do contrato, então deve entregar o contratado. E os valores nem sempre são tão discrepantes. Normalmente os valores da Tabela SUS são menores que os de  planos de saúde (lembrando que o estado não necessariamente paga a tabela SUS, muitas vezes paga a mais), porém em alguns casos pode ser maior ou similares:
http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2010/anais/arquivos/RE_0868_1096_01.pdf (na fisioterapia, comparando a tabela do conselho, Unimed e SUS).

Então, novamente, porque o usuário do SUS deve ser discriminado no hospital privado se está pagando também?

Offline Gaúcho

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #582 Online: 24 de Abril de 2014, 17:29:43 »
A discriminação só existe porque o serviço oferecido aos usuários do SUS é deprimente. Se o hospital oferecesse um bom atendimento aos usuários do SUS, independente de oferecer um atendimento em separado para os usuários de plano de saúde, não haveriam reclamações de discriminação. Se for isto que você está falando, eu concordo, o hospital deveria oferecer um serviço de melhor qualidade ao usuário do SUS, visto que está sendo pago para isso. Se isto não acontece, é um problema de gestão/cobrança/fiscalização do SUS, como sempre.

Agora, se você está falando que os serviços deviam ser juntos, tanto do plano privado, quanto do SUS, eu não concordo, visto meu post acima, pois, desta forma, simplesmente não existiriam motivos para se ter um plano de saúde, em primeiro lugar. Se eu vou ser atendido com o pessoal do SUS, vou agendar exames com o pessoal do SUS e vou ficar em uma fila com o pessoa do SUS, pra que diabos eu pago um plano privado?
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Skorpios

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #583 Online: 24 de Abril de 2014, 17:57:38 »
Derfel, só por curiosidade, você tem plano de saúde?

Offline Geotecton

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #584 Online: 24 de Abril de 2014, 18:17:42 »
Entenda, a gestão é privada, o estado apenas comprou o serviço do hospital. Ele vendeu o serviço porque quis e aceitou os valores do contrato, então deve entregar o contratado. E os valores nem sempre são tão discrepantes. Normalmente os valores da Tabela SUS são menores que os de  planos de saúde (lembrando que o estado não necessariamente paga a tabela SUS, muitas vezes paga a mais), porém em alguns casos pode ser maior ou similares:
http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2010/anais/arquivos/RE_0868_1096_01.pdf (na fisioterapia, comparando a tabela do conselho, Unimed e SUS).

Então, novamente, porque o usuário do SUS deve ser discriminado no hospital privado se está pagando também?

Porque ele não está desembolsando diretamente e sim via impostos.

Já quem tem plano de saúde tem que pagar duplamente.
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Offline João da Ega

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #585 Online: 24 de Abril de 2014, 18:56:34 »
Entenda, a gestão é privada, o estado apenas comprou o serviço do hospital. Ele vendeu o serviço porque quis e aceitou os valores do contrato, então deve entregar o contratado. E os valores nem sempre são tão discrepantes. Normalmente os valores da Tabela SUS são menores que os de  planos de saúde (lembrando que o estado não necessariamente paga a tabela SUS, muitas vezes paga a mais), porém em alguns casos pode ser maior ou similares:
http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2010/anais/arquivos/RE_0868_1096_01.pdf (na fisioterapia, comparando a tabela do conselho, Unimed e SUS).

Então, novamente, porque o usuário do SUS deve ser discriminado no hospital privado se está pagando também?

Porque ele não está desembolsando diretamente e sim via impostos.

Já quem tem plano de saúde tem que pagar duplamente.

Mas isso deve ser irrelevante para o hospital. Não importa - ou não deveria importar - se o dinheiro vem do usuário diretamente ou do SUS. Dinheiro é dinheiro, pombas. Isso não justifica o preconceito.

E os que temos plano de saúde pagamos "duplamente" entre aspas, porque uma parte é deduzida do imposto de renda. Pelo menos no meu IR eu deduzo.
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Offline Derfel

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #586 Online: 24 de Abril de 2014, 18:57:39 »
Derfel, só por curiosidade, você tem plano de saúde?
Durante boa parte fui funsa, depois fusex e hoje unimed. Mas também utilizo o SUS, talvez mais que a unimed (o que, não significa muito, já que meu acesso ao sistema é muito  facilitado, reconheço, já que trabalho em uma unidade de saúde, com colegas médicos, dentistas, fisioterapeutas... acabo me tratando com colegas).

Offline Geotecton

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #587 Online: 24 de Abril de 2014, 19:02:08 »
Entenda, a gestão é privada, o estado apenas comprou o serviço do hospital. Ele vendeu o serviço porque quis e aceitou os valores do contrato, então deve entregar o contratado. E os valores nem sempre são tão discrepantes. Normalmente os valores da Tabela SUS são menores que os de  planos de saúde (lembrando que o estado não necessariamente paga a tabela SUS, muitas vezes paga a mais), porém em alguns casos pode ser maior ou similares:
http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2010/anais/arquivos/RE_0868_1096_01.pdf (na fisioterapia, comparando a tabela do conselho, Unimed e SUS).

Então, novamente, porque o usuário do SUS deve ser discriminado no hospital privado se está pagando também?

Porque ele não está desembolsando diretamente e sim via impostos.

Já quem tem plano de saúde tem que pagar duplamente.

Mas isso deve ser irrelevante para o hospital. Não importa - ou não deveria importar - se o dinheiro vem do usuário diretamente ou do SUS. Dinheiro é dinheiro, pombas. Isso não justifica o preconceito.

E os que temos plano de saúde pagamos "duplamente" entre aspas, porque uma parte é deduzida do imposto de renda. Pelo menos no meu IR eu deduzo.

Sim, uma parte é reduzida na sua declaração.
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Offline Moro

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #588 Online: 24 de Abril de 2014, 19:53:19 »
Entenda, a gestão é privada, o estado apenas comprou o serviço do hospital. Ele vendeu o serviço porque quis e aceitou os valores do contrato, então deve entregar o contratado. E os valores nem sempre são tão discrepantes. Normalmente os valores da Tabela SUS são menores que os de  planos de saúde (lembrando que o estado não necessariamente paga a tabela SUS, muitas vezes paga a mais), porém em alguns casos pode ser maior ou similares:
http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2010/anais/arquivos/RE_0868_1096_01.pdf (na fisioterapia, comparando a tabela do conselho, Unimed e SUS).

Então, novamente, porque o usuário do SUS deve ser discriminado no hospital privado se está pagando também?

Imagino que o SUS deve ter feito um planejamento com previsão de demanda e capacidade de cada hospital ao invés de simplesmente dizer "te pago tanto por cliente".

E claro que ao fazer esse planejamento, avaliando cenários, etc.. ele viu que os hospitais não dariam conta e que simplesmente acreditar que existe oferta infinita é absurdo.. aí ele viu como aumentar a oferta junto à iniciativa privada baseado em um cronograma de investimentos e projetos bem definidos.

Só que não.. fizeram nas coxas porque não sabem planejar, e na verdade arrumaram um sócio privado para tentar apagar seu incêndio. É claro que o hospital vai priorizar.
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Offline Moro

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #589 Online: 24 de Abril de 2014, 19:58:11 »
Essa era pra estar no muro das lamentações, mas acho mais apropriado aqui. Estou com uma pubalgia há alguns meses, e o primeiro problema depois da dor, foi marcar uma consulta com o ortopedista, nada menos que 14 dias de espera. Consultado, o médico  me mandou tomar antiinflamatórios por alguns dias, já na saída marquei o retorno que so era possível dez dias depois. Tomei os antiinflamatórios, não resolveu, voltei e o médico me mandou num clínico geral, pois desconfiava de uma hérnia. Mais uma semana para a nova consulta, e não foi diagnosticado nada. Mais uma semana e pouco para voltar ao ortopedista, dessa vez ele pediu exame de ultra-som e raio x, no outro dia fiz o raio x, e o ultra som demorou 8 dias, o que deu o tempo certo de voltar ao ortopedista. Não deu nada nos exames e me mandou fazer fisioterapia, depois de 10 sessões, sem nenhuma melhora, voltei ao médico, me mandou para mais 10 sessões e me mandou fazer um ressonância, isso foi hoje. Também descobri que a autorização para o exame só sai dia 13 de maio, e pesquisando, demora em média mais de 15 dias para fazer o exame depois da aprovação.
Nisso meu diagnóstico deve ser dado lá pelo começo do mês de Junho, ou seja mais de 90 dias depois, se tudo der certo,

Não, não é muito, quando por exemplo uma consulta com um cardiologista pode demorar até 4 meses, se não for uma urgência. Já tive problemas parecidos no passado, devido aos esportes, mas nunca demorou mais de um mês nesses trâmites médicos, alguns mais complicados. É nítido que faltam profissionais e clínicas e que as condições dos planos particulares estão piorando ano a ano.
porque não foi ao SUS?  :biglol: Esperou sofrendo a toa e não buscou a melhor opção que é de longe o sus? Por que não?

Eu sou atendido no mesmo dia.

Você acha que a melhor opção de longe é o SUS, alguém acha isso aqui no fórum?  :confuso: Bem, talvez ao menos teria sido atendido mais rapidamente já que é por ordem de chegada e não por agendamento, só teria que acordar meia hora mais cedo e chegar os posto médico às 6:00.





Da maneira que você cita o SUS aí na sua cidade, imaginei que sua primeira opção fosse o SUS, e se você sofreu tudo isso no atendimento privado sem ir ao SUS, me parece que não é lá essas coisas, ou você gosta de sofrer.

Por outro lado, deixa te contar algo. Você tem uma escolha em planos de saúde particulares, diferentemente do SUS. Então, se não está bem, você pode denunciar, processar (processar o estado vira precatório, quando vira) e mais ainda, trocar de provedor.
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Offline Osler

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #590 Online: 25 de Abril de 2014, 00:58:22 »
Osler, aqui em São Paulo tem os hospitais de primeira linha que todo mundo conhece, é Sirio Libanês, é Albert Einstein e vários outros de primeira linha que são indiscutíveis,  óbvio,  até é covardia comparar, mas esses hospitais escolas, Hospital das Clínicas, Unifesp (Hospital São Paulo), Santa Casa de São Paulo dão um banho na maioria dos hospitais privados. Sou muito mais esses três do que a esmagadora maioria dos hospitais privados do país para doenças de mais difícil diagnóstico e tratamento, também porque os melhores profissionais do país trabalham neles.

Cada lugar do país tem suas peculiaridades, a história do arcabouço hospitalar do Rio é muito diferente de São Paulo.  De qualquer maneira não fui eu que quis comparar hospitais, só respondei a um post do Derfel.  Claro que existem hospitais privados muito ruins, os piores aqui do Rio atendem SUS :)
“Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas conseqüências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos fizeram muito bem ao inventar os deuses e a crença no castigo depois da morte”. – Políbio

Offline Osler

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #591 Online: 25 de Abril de 2014, 01:08:09 »
Essa é a realidade do Rio, Osler.
Sim, eu sei

Nas estradas com concessão,  quer dizer. Dentro do município e nas vias públicas é o samu. No RN é, basicamente, 100% samu e corpo de bombeiros.
Aqui no Rio o atendimento em vias públicas só começou a funcionar razoavelmente quando o corpo de bombeiros assumiu


Como disse, no Rio. Aqui, como na maioria dos estados, o ps é onde concentra a melhor equipe porque esses profissionais estão na rede pública e privada e muitas vezes são os professores das áreas. A propósito,  quem me disse isso da última vez foi o presidente do conselho de medicina.
Aqui os melhores médicos estão ou fora do sistema público ou estão nos dois sistemas ao mesmo tempo.  Falo porquê a maioria que conheço tem 40 horas e clinica regularmente no ambiente particular

Ou seja desvio?
Não sei, acredito que sim.  De maneira geral as unidades públicas nas raras vezes que são solicitadas para esse tipo de coisa ajudam, mas particularmente acidente com ofídeos é uma raridade na clínica privada, só ouvi falar de um caso há uns 20 anos e não era paciente meu, então não sei como conseguiram o soro.  Há uns 15 anos internei uma provável Difteria e um hospital universitário cedeu gentilmente o soro anti-diftérico.


No Rio, talvez. Mas de maneira geral, HIV possui o resultado na hora em qualquer unidade básica e o tratamento de referência é no hospital de referência para infectologia. Da mesma maneira tb e hanseníase.
O program de AIDS no Brasil é uma das referências mundiais, mas o diagnostico da doença é rapido tambem na clinica privada, que está muito mais equipada para tratar as complicações hospitalares da mesma. 
“Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas conseqüências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos fizeram muito bem ao inventar os deuses e a crença no castigo depois da morte”. – Políbio

Offline Osler

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #592 Online: 25 de Abril de 2014, 01:10:20 »
Mas em caso de urgência/emergência, por exemplo, fratura exposta, ficaria tranquilo em ser atendido no PS da Santa Casa de São Paulo, uma das melhores do país em ortopedia.

O Instituno Nacional de Ortopedia é aqui no Rio, um gigantesco elefante branco.  Seria mais barato pagar a passagem de ida e volta de vários pacientes, a hospedagem e a cirurgia em Boston (palavras literais dum chefe de serviço de lá).
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Offline Osler

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #593 Online: 25 de Abril de 2014, 01:13:46 »
Pasteur, eu só coloquei os links porque o SUS já estava virando "exemplo para o mundo". Se nem tudo no SUS é ruim, dizer que o sistema é exemplo para outros países já é demais, no geral o serviço é péssimo no setor de atendimento à população. E não quero perfeição, só que seja minimamente bom, o que hoje não ocorre. Quanto à verba, concordo com o Madiba, não adianta entupir o SUS de dinheiro enquanto a gestão for fraca como é hoje.

O sistema de saúde Inglês é admirado por quem trabalha no SUS, e pelo resto do mundo.  Somos admirados por termos, na teoria, os mesmos principios de atendimento universal e gratuito, mas nossa execução está looooooooonge.
“Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas conseqüências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos fizeram muito bem ao inventar os deuses e a crença no castigo depois da morte”. – Políbio

Skorpios

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #594 Online: 25 de Abril de 2014, 07:00:52 »


E os que temos plano de saúde pagamos "duplamente" entre aspas, porque uma parte é deduzida do imposto de renda. Pelo menos no meu IR eu deduzo.

Sim, uma parte é reduzida na sua declaração.

Isso quando a pessoa tem renda para declarar. Sou aposentado pelo INSS e não tenho essa renda no entanto se não pagasse um plano de saúde a situação em casa seria pior do que já é.

Offline Pasteur

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #595 Online: 25 de Abril de 2014, 08:06:11 »
Pasteur, eu só coloquei os links porque o SUS já estava virando "exemplo para o mundo". Se nem tudo no SUS é ruim, dizer que o sistema é exemplo para outros países já é demais, no geral o serviço é péssimo no setor de atendimento à população. E não quero perfeição, só que seja minimamente bom, o que hoje não ocorre. Quanto à verba, concordo com o Madiba, não adianta entupir o SUS de dinheiro enquanto a gestão for fraca como é hoje.

O sistema de saúde Inglês é admirado por quem trabalha no SUS, e pelo resto do mundo.  Somos admirados por termos, na teoria, os mesmos principios de atendimento universal e gratuito, mas nossa execução está looooooooonge.

Verdade, também porque os nossos recursos estão looooooooonge se comparado com os deles.

Offline Derfel

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #596 Online: 25 de Abril de 2014, 08:06:20 »
Entenda, a gestão é privada, o estado apenas comprou o serviço do hospital. Ele vendeu o serviço porque quis e aceitou os valores do contrato, então deve entregar o contratado. E os valores nem sempre são tão discrepantes. Normalmente os valores da Tabela SUS são menores que os de  planos de saúde (lembrando que o estado não necessariamente paga a tabela SUS, muitas vezes paga a mais), porém em alguns casos pode ser maior ou similares:
http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2010/anais/arquivos/RE_0868_1096_01.pdf (na fisioterapia, comparando a tabela do conselho, Unimed e SUS).

Então, novamente, porque o usuário do SUS deve ser discriminado no hospital privado se está pagando também?

Imagino que o SUS deve ter feito um planejamento com previsão de demanda e capacidade de cada hospital ao invés de simplesmente dizer "te pago tanto por cliente".

E claro que ao fazer esse planejamento, avaliando cenários, etc.. ele viu que os hospitais não dariam conta e que simplesmente acreditar que existe oferta infinita é absurdo.. aí ele viu como aumentar a oferta junto à iniciativa privada baseado em um cronograma de investimentos e projetos bem definidos.
Não sei. Não sei como é feito o planejamento de Porto Alegre ou do RS. Esse hospital que o Gaúcho citou é conveniado com Porto Alegre ou RS? De qualquer forma, no caso da demanda aberta, provavelmente foi contratado por procedimento realizado. O planejamento é feito para 4 anos, no plano municipal de saúde, que você pode encontrar no site da secretaria de lá, considerando as bases epidemiológicas. Esse plano de 4 anos é feito de tal forma que  pegue a metade de uma gestão e a metade seguinte, para que não seja algo de um governo, mas uma política de estado. Além disso  existem os planos plurianuais, ppa, que são feitos a cada ano. Porém,  o município não atende apenas a sua demanda, mas também municípios vizinhos (ou do estado todo) e isso é definido na programação pactuada integrada (ppi), que acaba sendo executada, na prática de uma de duas formas: pela demanda (o que seria o ideal, jámque se sabe, epidemiologicamente, o que seria esperado no ano para cada agravo ou procedimento) ou pela oferta, onde acaba sendo utilizada a oferta de serviços pelo prestador (e é onde o prestador ganha mais). Não sei como se dá o processo em Porto Alegre.
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Só que não.. fizeram nas coxas porque não sabem planejar, e na verdade arrumaram um sócio privado para tentar apagar seu incêndio. É claro que o hospital vai priorizar.
O problema da demanda hospitalar não é tão simples assim de equacionar, já que, se a Atenção Básica do município estivesse funcionando adequadamente essa demanda deveria estar reduzida. Para se ter uma ideia do que se trata, em um município daqui havia uma média de 100 atendimentos mês de um território, depois que um médico cubano do Mais Médicos foi lotado lá, a média foi reduzida para 8/mês.
Para se ter uma ideia da AB no RS, a título de comparação,  o estado possui 1417 equipes da ESF, 52 NASF e 9207 Agentes Comunitários de saúde.  O RN possui 960 equipes da ESF, 152 NASF e 5768 Agentes Comunitários de saúde. A população do RS, contudo, é 10.770.703 contra 3.228.198 no RN. Claro que a atenção envolve muito mais que apenas o quantitativo,  mas isso já dá para se ter uma ideia dos problemas com a AB no RS.
Grande parte desses hospitais são conveniados há mais tempo que a existência do SUS e é prevista a atuação de hospitais conveniados no sistema (não é um sócio, mas um prestador de serviços).

Offline Diegojaf

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #597 Online: 25 de Abril de 2014, 08:27:49 »
As quebras de contrato devem ser resolvidas nas instâncias adequadas que são a Justiça ou nas câmaras arbitrais, se for possível. O meu contrato, por exemplo, é bem claro sobre o que pode ou o que não pode, lembrando apenas que ele é de 1998, ou seja, ocorreram mudanças em padrões de tratamento que foram (e estão sendo) resolvidos com a solicitação de aditivos.

Elas eram resolvidas nas instâncias da justiça comum, mas dado que o desrespeito aos contratos e as famosas "letras miúdas" passaram a ser tão frequentes, as empresas passaram a contar com a demora do judiciário e o cliente passou a ser lesado com a certeza absoluta de impunidade para a empresa. Dessa forma, uma lei específica que diz que o prestador de serviços não pode lesar o consumidor e se o fizer, vai ser punida, teve que ser criada e um tribunal específico para estes casos também.

A lei surgiu em decorrência de uma fato que passou a ser tão recorrente que mereceu uma lei e um procedimento particular a esses casos.

Em geral eu sou a favor mas há diversos aspectos em que critico, especialmente os trechos em que o consumidor é considerado 'sacrossanto' a priori.

Não é "sacrossanto", mas hipossuficiente. E essa desigualdade na relação é óbvia, gritante.

Não entendi.

Uma empresa prestadora de serviços de planos de saúde não é pequena, conta com uma setor jurídico próprio e ainda com um escritório de grande porte como suporte. Você acha que em um pleito judicial contra um cidadão comum, esse cidadão estaria em condições de igualdade contra uma empresa destas?
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Geotecton

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #598 Online: 25 de Abril de 2014, 09:49:12 »
As quebras de contrato devem ser resolvidas nas instâncias adequadas que são a Justiça ou nas câmaras arbitrais, se for possível. O meu contrato, por exemplo, é bem claro sobre o que pode ou o que não pode, lembrando apenas que ele é de 1998, ou seja, ocorreram mudanças em padrões de tratamento que foram (e estão sendo) resolvidos com a solicitação de aditivos.
Elas eram resolvidas nas instâncias da justiça comum, mas dado que o desrespeito aos contratos e as famosas "letras miúdas" passaram a ser tão frequentes, as empresas passaram a contar com a demora do judiciário e o cliente passou a ser lesado com a certeza absoluta de impunidade para a empresa. Dessa forma, uma lei específica que diz que o prestador de serviços não pode lesar o consumidor e se o fizer, vai ser punida, teve que ser criada e um tribunal específico para estes casos também.

Diego.

Um contrato é um contrato. Se ele foi feito entre duas (ou mais) partes de modo livre, deve ser válido sem restrições. Todo desrespeito a ele deve implicar em punição ao transgressor. Se o contrato da prestadora de saúde é incompleto, demonstrando incompetência do setor jurídico, esta deve arcar com ele. Mas se o contrato explicita claramente que certos tipos de procedimentos não estão cobertos, o Estado não deve interferir, especialmente obrigando o prestador a realizar serviços que não estavam previstos.


A lei surgiu em decorrência de uma fato que passou a ser tão recorrente que mereceu uma lei e um procedimento particular a esses casos.

Entendo. Mas não é tão simples assim. Eu conheço dois casos em que os usuários sabiam exatamente que uma dada doença não estava coberta mas ainda assim foram protegidos pelo Estado.

E, para que fique bem claro, eu acho que os planos de saúde não são "santos", especialmente aqueles que são cooperativas de médicos.


Em geral eu sou a favor mas há diversos aspectos em que critico, especialmente os trechos em que o consumidor é considerado 'sacrossanto' a priori.
Não é "sacrossanto", mas hipossuficiente. E essa desigualdade na relação é óbvia, gritante.

Todas as pessoas físicas são hipossuficientes diante de uma corporação.


Não entendi.
Uma empresa prestadora de serviços de planos de saúde não é pequena, conta com uma setor jurídico próprio e ainda com um escritório de grande porte como suporte. Você acha que em um pleito judicial contra um cidadão comum, esse cidadão estaria em condições de igualdade contra uma empresa destas?

Esta assimetria existe em quase todas as relações entre empresas e pessoas físicas. Mas acho ilógico considerar o cidadão como capaz e pleno no momento em que assina um contrato e, no caso de ocorrer algum problema mais grave, considerá-lo de modo automático como hipossuficiente (ou o equivalente a um 'incapaz' para o exemplo corrente).
« Última modificação: 25 de Abril de 2014, 13:29:38 por Geotecton »
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Offline Diegojaf

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Re:Problemas do SUS
« Resposta #599 Online: 25 de Abril de 2014, 11:40:29 »
As quebras de contrato devem ser resolvidas nas instâncias adequadas que são a Justiça ou nas câmaras arbitrais, se for possível. O meu contrato, por exemplo, é bem claro sobre o que pode ou o que não pode, lembrando apenas que ele é de 1998, ou seja, ocorreram mudanças em padrões de tratamento que foram (e estão sendo) resolvidos com a solicitação de aditivos.
Elas eram resolvidas nas instâncias da justiça comum, mas dado que o desrespeito aos contratos e as famosas "letras miúdas" passaram a ser tão frequentes, as empresas passaram a contar com a demora do judiciário e o cliente passou a ser lesado com a certeza absoluta de impunidade para a empresa. Dessa forma, uma lei específica que diz que o prestador de serviços não pode lesar o consumidor e se o fizer, vai ser punida, teve que ser criada e um tribunal específico para estes casos também.

Diego.

Um contrato é um contrato. Se ele foi feito entre duas (ou mais) partes de modo livre, deve ser válido sem restrições. Todo desrespeito a ele deve implicar em punição ao transgressor. Se o contrato da prestadora de saúde é incompleto, demonstrando incompetência do setor jurídico, esta deve arcar com ele. Mas se o contrato explicita claramente que certos tipos de procedimentos não estão cobertos, o Estado não deve interferir, especialmente obrigando o prestador a realizar serviços que não estavam previstos.

Você chama de "modo livre" um contrato entre uma pessoa de baixa instrução e uma empresa que oferece um contrato de adesão com cláusulas em linguagem extremamente técnica e dúbia? 

Pois um dos problemas mais recorrentes na área de Direito do Consumidor são promessas verbais feitas no momento da contratação que não são cumpridas no contrato escrito do tipo: "Nós podemos prometer o que quisermos verbalmente, mas neste contrato, não iremos cumprir nenhuma dessas promessas". Como o Estado vai se omitir se existia uma clara má fé de empresas?

A lei surgiu em decorrência de uma fato que passou a ser tão recorrente que mereceu uma lei e um procedimento particular a esses casos.

Entendo. Mas não é tão simples assim. Eu conheço dois casos em que os usuários sabiam exatamente que uma dada doença não estava coberta mas ainda assim foram protegidos pelo Estado.

E, para que fique bem claro, eu acho que os planos de saúde não são "santos", especialmente aqueles que são cooperativas de médicos.

Ninguém é santo. Mas é recorrente que empresas que trabalham na área de seguros de um modo geral fazem o possível pra se esquivar de obrigação contratuais. Se o fazem quanto a cláusulas claras, quando se referem a "casos omissos serão decididos pela parte contratada" então, nem se fala.

Esse tipo de cláusula chama o Art. 423 do CC, então sempre será oneroso ao Contratado. O que eles esperam é que um mínimo de pessoas corram atrás disso ou que a pessoa morra antes de fazê-lo.

Em geral eu sou a favor mas há diversos aspectos em que critico, especialmente os trechos em que o consumidor é considerado 'sacrossanto' a priori.
Não é "sacrossanto", mas hipossuficiente. E essa desigualdade na relação é óbvia, gritante.

Todas as pessoas físicas são hipossuficientes diante de uma corporação.
E por isso não merecem proteção especial?

Esta assimetria existe em quase todas as relações entre empresas e pessoas físicas. Mas acho ilógico considerar o cidadão como capaz e pleno no momento em que assina um contrato e, no caso de ocorrer algum problema mais grave, considerá-lo de modo automático como hipossuficiente (ou o equivalente a um 'incapaz' para o exemplo corrente).

Se por "problema mais grave" você quer dizer "desrespeito ao contrato", não tem nada de ilógico. Os dois casos que você diz conhecer, gostaria muito de ver a sentença e em que se baseou o juiz quando determinou a cobertura pela empresa. Será que foi mera bondade do juiz ou houve o embasamento em alguma cláusula obscura? Em um primeiro momento, eu votaria na opção nr. 2.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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