JucaviniEu sempre entendi que - política e religião - são duas faces da mesma moeda e ainda não mudei de opinião. Onde há grupos de pessoas, existe política, portanto religião.
...
Essa é uma falha grave de interpretação, desculpe. E também não vejo correlação entre elas. Relação existe, até na religião se faz política, mas uma não é sinônimo de outra, nem são iguais no que tangem ao significado.
Caríssimo: você terá a mais absoluta razão, se estiver a ser unilateral na compreensão e utilização das palavras "religião e superstição".
Só que no meu modesto entender actual, essas palavras tem uma razoável quantidade de ambiguidade na sua constituição semântica e hermenêutica.
Sem ser minha intenção fazer "finca-pé", sobre qual de nós os dois, utiliza melhor o rigor linguístico e gramatical, apresento-lhe a média das definições de significado e conceito, sobre o que é religião e superstição; contidos numa enciclopédia e num diccionário da língua portuguesa. Editados respectivamente pela "Porto editora e pelo "Diário de notícias".
Sobre religião:1.º - Culto prestado a divindades ou seres superiores.
2.º - Conjunto de práticas ou preceitos com que se comunica com seres superiores.
3.º - Doutrina ou crença religiosa.
4.º - Reverência ou respeito pelas coisas sagradas.
5.º - Temor de deus.
6.º - Ordem religiosa ou de cavalaria.
7.º - Observância dos preceitos religiosos.
8.º - Crença, devoção, fé.
9.º - Escrúpulos, rectidão, comportamento ético e moral.
É frequente utilizar-se conceitos vagos e pouco consistentes e muitas vezes erróneos, sobre um conceito, que está sujeito a má interpretação e utilização, devido a existirem as mais diversas religiões e algumas delas de facto, bastante "disparatadas".
Para alguns, trata-se de uma simples questão de crença. Para outros entretanto, não. Evidentemente, que se pode ser crente de algum modo e mesmo assim não ser religioso. Porque para ser religoso, é necessário exercer um certo tipo de prática social; isto é, tem de se comungar das opiniões dum determinado grupo humano.
Verifica-se entretanto, que há aqueles que afirmam a existência de "deus", sem terem um genuíno espírito religioso. Outros pelo contrário, afirmam que a religiosidade, é uma questão de sentimentalismo emocional, mais ou menos passional.
Conceitos equívocos: Não é lícito, nem legítimo - definir religião - pelas características aparentes de uma delas. Já que o conceito geral, é sempre mais amplo que particular.
O conceito de "deus", deu lugar a múltiplas interpretações segundo os povos e as suas culturas. A palavra deus, não é clara em si mesma e nenhuma definição, deve basear-se em termos obscuros.
Existem casos de povos, que reagiram religiosamente em face de conceitos, que em nada se pareciam com que habitualmente se tem como deus. Por exemplo, é o caso do budismo primitivo, do Jainismo, xintoísmo e do confucionismo.
Até à derrota do Japão na segunda guerra mundial, o imperador desse país, era uma divindade, legalmente aprovada e aceite pela maioria dos seus súbditos.
Numa definição geral, para podermos escapar aos referidos erros interpretativos, podemos ter o seguinte: Religião, é uma reacção vital do Homem, em face de tudo aquilo que considera grave e de ulterior transcendência. Nela está implicada a totalidade da pessoa e da sua actividade. Não se limita a nenhuma religião em particular.
Muito menos implica a bondade ou maldade dos costumes. Não necessita portanto de conter a noção de "deus".
Etc. e por aí além...
Sobre superstição:1.º - Desvio do sentimento religioso, que consiste em atribuir a certas práticas relativamente irracionais e a certos objectos, uma espécie de poder mágico; ou pelo menos, uma eficácia sem razão aparente.
2.º - O termo usa-se também frequentemente, para designar determinadas "sobrevivências" etnológicas e folclóricas antigas.
A vida moderna não acabou com a superstição. Milhares de pessoas acreditam nas pseudociências.