Ângelo Melo-------------
Administrador
Mas entretanto - se o que de facto tentamos averiguar, é se o ser humano é um espírito metafísico ou não - então a ênfase persistente, que certos "cépticos" incluindo você, dão à suposição que Kardec foi racista, é uma forma óbvia de nos desviarmos do assunto principal. (O que se discute aqui, é a existência de espíritos.)
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Não é um desvio. O racismo nos textos de Kardec é uma evidência contra a suposta autoria espiritual desses mesmos textos. Observe as seguintes afirmações:
1. Os espíritos que ditaram os textos a Kardec são supostamente dotados de uma visão moral e espiritual superior à época, portanto qualquer coisa que eles produzissem deveria refletir essa moral.
2. Kardec era fruto do seu tempo, ou seja, um europeu vivendo em uma sociedade racista e eurocentrista. Portanto, qualquer texto produzido somente por Kardec, sem qualquer "ajuda" deve refletir essa visão, do homem branco como superior e outras etnias, particularmente a negra, como inferior.
Posto isso, é só analisar o que foi escrito por Kardec. Sem fazer "malabarismos", "interpretações" e outros contorcionismos para tentar fazer parecer que "o que ele disse não foi bem exatamente o que ele quis dizer". O que os textos mostram? Uma visão moral superior à época ou uma visão moral que refletia a época? Analisando friamente, o que os textos retratam é uma moral cristã (a dominante no meio de Kardec) e ao mesmo tempo racista e eurocentrista (também dominante no meio de Kardec). Ou seja, fica claro que os textos são produtos de humanos bem "encarnados" de não de "espíritos desencarnados espiritualmente superiores".
Aliás, o objetivo em constatar o racismo nos textos não é achincalhar Kardec. É até compreensível que alguém, no século XIX, nascido e criado em uma sociedade racista e etnocentrista, se comporte como tal. O que é realmente problemático é que alguém, em pleno século XXI, continue, concorde e defenda a mesma visão de 200 anos atrás, achando que não há nada demais nela e que não é racista.
Muito bem, caro Ângelo Melo –
concordo inteiramente consigo – quando insiste na importância, de considerar pertinente para o tema em debate, que é necessário encarar como óbvio, que os escritos de Kardec, revelam a personalidade racista duma época histórica, além dele próprio o ser: o século XIX e a cultura cristã de então…
Concordo portanto -
que não é possível negar o que está escrito - e que a sua interpretação, de que Kardec, apenas formalizou literariamente, o pensamento dominante do seu tempo, é um facto indesfarçável.
Mas todavia pergunto -
apesar de você provar - segundo a sua óptica pessoal, a personalidade racista de Kardec, supõe sinceramente como plausível, que isso é o suficiente, para o levar a acreditar piamente, que desse modo demonstra em definitivo, a inexistência do espírito, dentro duma especulação metafísica?
Ora se efectivamente, como disse o camarada Fabrício, a discussão fundamental,
é se de facto existe o espírito, como algo passível de se evidenciar como uma realidade persistente, num nível mental ou psíquico dos fenómenos naturais, que hipoteticamente pode perdurar muito para além da decomposição física de um corpo biológico… Em que ponto é que ficamos?
A “evidência anedótica” -
experienciada por pessoas como eu – não tem qualquer valor em termos de conhecimento pragmático e filosófico, já que cientificamente parece não ter…?
Acha que perante estes factos pessoais, a melhor coisa a fazer, é considerar todas as pessoas que investigam esta realidade “ilusória”,
como destituídas de senso lógico ou “espírito crítico”? Pior ainda desconhecedoras ou desprezadoras do método científico? Ou até mesmo no limite, atrasadas mentais ou simplesmente psicóticas?
Eu pelo meu lado,
confesso-me não espírita kardecista; mas a análise dos meus sonhos, em termos de neurologia, psiquiatria e paralogismo comparados – levam-me a admitir como plausível - que o espírito,
como algo de espécie mais ou menos mística, é uma tentação fantasticamente sedutora, que eu de boa vontade, não posso facilmente desdenhar ou descartar…
Principalmente, quando existe na internet - um clube de “esquizofrénicos” - mais ou menos como eu, que praticam de forma sistemática, investigação onironautica. Entre os quais - “
os voadores” - do fórum criado pelos projeccionistas de consciência Lázaro Freire & Wagner Borges, que é corroborado indistintamente, tanto por “t(d)eístas como por ateus”.
http://www.voadores.com.br