PARTE 04/04Uma das mais rápidas reduções regionais de altitude registradas é de 19 metros a cada mil anos em um vulcão em Papua-Nova Guiné.[8]
O dublê de jornalista só “esqueceu” de informar que o vulcão supra é do tipo estrato (aquele que tem a forma cônica clássica), a sua estrutura e o seu entorno são constituídos principalmente de tufos pouco consolidados e que está em uma região de elevada precipitação pluviométrica.
Ou seja, é uma modalidade de “montanha” das mais fáceis de serem erodidas.
E ainda assim a taxa de erosão mencionada é a verificada
hoje e que pode perfeitamente variar ao longo do tempo em função do clima, por exemplo.
O rio Amarelo, na China, pode achatar uma montanha tão elevada como o Everest em 10 milhões anos.[9]
Sim, seria possível se esta cordilheira não estivesse em elevação; se a taxa de erosão se mantivesse constante; se as rochas fossem isotrópicas; se...
As cadeias de montanhas, como a Caledônias, na Europa ocidental, e os Apalaches, no leste da América do Norte, não são facilmente explicadas porque não são tão elevadas como o Everest, mas se supõe que tenham várias centenas de milhões de anos. Se a erosão tem ocorrido há tanto tempo, essas montanhas não deveriam mais existir.[10]
Elas não são tão elevadas
hoje porque já foram muito erodidas, situação indicada pelos tipos das rochas remanescentes, típicas das regiões basais das atuais montanhas. Apenas para constar: Os Apalaches são o resultado de uma colisão do tipo continente-continente.
A erosão é também um problema para os terrenos planos que são classificados como muito antigos. Essas superfícies se estendem por grandes áreas e ainda assim mostram pequeno ou nenhum sinal de erosão.
Muitas das superfícies planas são o supra-sumo de um tipo peculiar de erosão, conhecido como pediplanização, que se desenvolve melhor em áreas de clima árido a sub-árido. Então alegar que as áreas planas não podem ser antigas porque “não possuem erosão” é uma bobagem.
Além disso, as superfícies não têm evidência alguma de terem sido cobertas por outras camadas sobre elas.
As camadas foram erodidas na maioria dos casos.
Um exemplo é a Ilha Kangaroo (Austrália meridional), que tem cerca de 140 km de comprimento e 60 km de largura. É afirmado que sua superfície tem pelo menos 160 milhões de anos, com base nos fósseis e na datação radioativa. No entanto, a maior parte de sua área é extremamente plana.[11] O terreno é praticamente o mesmo de quando ela foi soerguida – a erosão quase não tocou na superfície exposta. Como ele pôde ficar tão plano sem ser corroído por 160 milhões de anos de chuva?
A ilha Kangaroo é constituída em sua base por rochas metamórficas com idade estimada em 1 bilhão de anos (MesoProterozóico). Sotopostas a elas ocorreram
derrames de basalto com idade estimada do final do Triássico. Por fim, há sedimentos quaternários recobrindo boa parte da ilha, em especial a porção leste e que formam belas planícies litorâneas, semelhantes às verificadas em alguns lugares da costa brasileira.
Procurando uma saída
Por que, então, os continentes e montanhas ainda subsistem se estão sendo erodidos tão rapidamente?
Basicamente por causa da inconstância local das taxas de erosão e porque as atuais montanhas não são as mesmas que existiram no passado, visto que as mais antigas estão bem mais erodidas. Veja o caso dos Apalaches, que já foram quase tão altas como os Himalaias, mas hoje não ultrapassam os 2.000 metros.
Por que tantos acidentes geográficos considerados velhos não mostram sinais de erosão?
Bobagem. Todo “acidente geográfico” (sic) apresenta algum grau de intemperismo e erosão, não importando nem as suas dimensões e nem a sua idade, embora, via de regra, o que se observa é que quanto mais antigo mais desgastado ele está.
A resposta é simples: eles não são tão antigos quanto se alega, mas são “jovens”, como está na Bíblia.
Sim, a “resposta é simples”: Muita ignorância científica misturada com muita doutrinação religiosa.
Porém, isso não é filosoficamente aceitável para os geólogos evolucionistas, logo, outras explicações são feitas inutilmente.
As conclusões sobre a idade da Terra baseiam-se em uma imensa quantidade de dados de campo e de laboratório e não em filosofia inútil, como é a metafísica, e nem em textos mitológicos de subculturas religiosas do final da Idade do Bronze.
Por exemplo, sugere-se que as montanhas continuem a existir porque abaixo delas há um constante soerguimento tomando seu lugar.[12]
O quêêêê? O “soerguimento toma o lugar da montanha”? Que construção de frase horrível!!!
Não é uma sugestão: Algumas cordilheiras de montanhas continuam a aumentar de altura, ou seja, ainda estão sendo alçadas porque estão em zonas de convergências ativas, como são os casos das cordilheiras dos Andes e a dos Himalaias. Outras “cordilheiras” estão momentaneamente estáveis ou sendo fortemente atacadas por erosão, como é o caso da Serra do Mar e os Apalaches.
Consequentemente, as montanhas deveriam ter sido totalmente erodidas e soerguidas muitas vezes em 2,5 bilhões de anos.
E foi exatamente o que aconteceu (e está acontecendo) ao longo do tempo geológico. Diversas cadeias montanhosas, de dimensões variáveis, se formaram e foram erodidas desde que surgiu o primeiro par arco-de-ilhas/continente.
No entanto, apesar de o soerguimento estar ocorrendo em áreas montanhosas, tais processos de soerguimento e erosão não poderiam continuar por muito tempo sem que todas as camadas de sedimentos fossem removidas. Logo, não poderíamos ter a esperança de encontrar qualquer sedimento antigo em áreas montanhosas se por diversas vezes tivessem sido erodidas e soerguidas.
Já foi escrito
ad nauseam que as atuais montanhas não existiam nos continentes primordiais. Elas são o resultado de processos muito mais jovens que a tectônica do Arqueano e do Proterozóico.
E frequentemente as montanhas já formadas não passam por outro processo de orogenia, tendendo mesmo ao desaparecimento por erosão. O resultado final são terrenos arrasados, formando platôs e planaltos, como pode ser visto em diversos locais do Brasil, como é o caso do “Primeiro Planalto do Paraná”.
Entretanto, admiravelmente, há sedimentos de todas as idades nas regiões montanhosas, desde os mais jovens aos mais velhos (por métodos de “datação evolutiva”) são preservados. A ideia de renovação contínua por soerguimento não resolve o problema.
Nossa, que admirável mesmo. Só pode ser um erro da “datação evolutiva” (sic), alimentada pelos “cientistas materialistas ateus”. Esta afirmação é uma estupidez propositalmente vaga e ambígua, pois não fornece um só exemplo do que alega, além de ser conceitualmente errônea, pois agrupa rochas sedimentares com sedimentos inconsolidados.
Não existem “sedimentos de todas as idades” nas regiões montanhosas, pelo menos não nas que eu conheço um pouco melhor, como os Andes e as Rochosas. Nelas observam-se rochas sedimentares de idade cretácica e sotopostos a elas, há sedimentos inconsolidados muito mais recentes, de idade até pliocênica.
Outra ideia sugerida para se resolver o problema é que as atuais taxas de erosão que estão sendo medidas são deveras altas.[13] Segundo este argumento, a erosão era muito menor no passado, antes que seres humanos pudessem interferir. Presume-se que as atividades humanas, tais como o desmatamento e a agricultura, são as razões pelas quais estamos medindo as modernas taxas de erosão tão altas.
O dilema do tempo para a erosão simplesmente não existe, pois se sabe há mais de 40 anos que a combinação das dinâmicas interna e externa é capaz de produzir montanhas, erodi-las e sedimentá-las continuamente, como parte de um Ciclo de Wilson.
No entanto, as mensurações quantitativas sobre os efeitos da atividade humana descobriram que as taxas de erosão foram aumentadas em apenas 2 a 2,5 vezes.[14] Para que a explicação resolvesse o problema, o acréscimo teria que ser várias centenas de vezes maior. Mais uma vez, a explicação não funciona.
Mais uma vez o dublê de jornalista está escrevendo sobre ramos da Ciência dos quais não tem o menor conhecimento. A influência humana na modelagem do relevo tem relevância apenas em um ínfimo tempo geológico, ou seja, do final do Holoceno até o Recente.
Também foi proposto que o clima no passado teria sido bem mais seco (porque menos água significa menor erosão).[15] Porém, essa ideia vai contra as provas. Na verdade, o clima era mais úmido, como pode se deduzir pela abundância de vegetação nos registros fósseis.
Que desfaçatez, mau-caratismo e ignorância. As massas continentais vêm crescendo em área desde a formação da primeira crosta continental estável e já estiveram agrupadas em pelo menos cinco oportunidades devido à deriva continental, sem contar que elas já ocuparam diversas latitudes e longitudes quando estavam isoladas, e que implicou em grandes diferenças climáticas e metereológicas.
Via de regra e simplificadamente, em super continentes as bordas são mais úmidas que a região interna, principalmente se existirem cordilheiras ou grupos de montanhas entre o litoral e o interior.
Os continentes são jovens
A história “lenta e gradual”, proposta pelo médico escocês há duzentos anos, não faz sentido. A alegação dos defensores da Terra velha é a de que os continentes têm mais de 2,5 bilhões de anos de idade, mas, usando seus próprios pressupostos, os continentes deveriam ter sido erodidos em apenas 10 milhões de anos.
Vou repetir pela enésima vez: Não se usa mais, há pelo menos 60 anos, o grau de erodibilidade de um local para se mensurar a idade da Terra.
Observe que os 10 milhões de anos não são a idade estimada dos continentes.[16] Pelo contrário, ela destaca a falência das ideias uniformitarianistas.
Falso. Ainda que a idade da Terra fosse de apenas 10 milhões de anos, as idéias criacionistas “terra jovem” não seriam validadas.
Os geólogos que creem na Bíblia consideram que as montanhas e os continentes que temos hoje foram formados como consequência da inundação dos dias de Noé.
Hahahahahahahaha.
Felizmente, os “geólogos” deste tipo são raros e não publicam trabalhos em revistas científicas especializadas.
Quando os continentes foram elevados no fim do dilúvio, a incrível energia das enchentes recuando esculpiu na paisagem.
Fácil não?
Um completo ignorante e apedeuta em Geologia tem a petulância de descrever de maneira simplória (e errada!!), um conjunto de processos da Geologia que são extremamente complexos apenas para impressionar o seu público cristão, que é muito mais ignorante que o próprio dublê de jornalista.
Não aconteceu muita coisa, geologicamente falando, nos 4.500 anos seguintes.
(Tas Walker; tradução de Rafael Resende Stival)
1. Hutton, J., “Theory of the Earth with Proof and Illustrations, discussed by Press, F. and Siever, R.”, In: Earth 4th ed., W.H. Freeman and Company, NY, USA, p. 33, 37, 40, 1986.
2. Roth, Ariel, Origins: Linking Science and Scripture, Review and Herald Publishing, Hagerstown, 1998. É citada uma série de referências sobre o crescimento e preservação da crosta continental. (Adquira este livro em português aqui.)
3. Parkinson, G., (ed.), Atlas of Australian Resources: Geology and Minerals. Auslig, Canberra, Australia, 1988.
4. Morris, J., The Young Earth, Creation-Life Publishers, Colorado Springs, USA, 1994. Explica uma série de processos geológicos que evidenciam a visão de que a Terra é jovem.
5. Ref. 2, p. 264, agrupa várias taxas de erosão a partir de certo número de fontes.
6. For example, Ref. 2, p. 271, quotes Dott & Batten, Evolution of the Earth, McGraw-Hill, NY, USA, p. 155, 1988, e vários outros.
7. Ref. 2, p. 266.8. Ollier, C.D. and Brown, M.J.F., “Erosion of a young volcano in New Guinea”, Zeitschrift für Geomorphologie 15:12–28, 1971, cited by Roth, Ref. 2, p. 272.
9. Sparks, B.W., “Geographies for advanced study”, In: Geomorphology 3rd ed., Beaver, S.H. (ed.), Longman Group, London and New York, p. 510, 1986, cited by Roth, Ref. 2, p. 272.
10. Ref. 2, p. 264.
11. Ref. 2, p. 266.
12. For example, Blatt, H., Middleton G. and Murray, R., Origin of Sedimentary Rocks, 2nd ed., Englewood Cliffs, Prentice Hall, p. 18, 1980, cited by Roth, Ref. 2, p. 266.
13. Ref. 2, p. 266.
14. Judson, S., “Erosion of the land – or what’s happening to our continents?” American Scientist 56:356–374, 1968.
15. Ref. 2, p. 266.
16. É o limite máximo de idade; a idade real não poderia ser menor, por exemplo, que a idade bíblica de cerca de 6.000 anos.
17. Adaptado de Roth, ref. 2, p. 264.
Os criacionistas adotam comumente a prática desonesta de misturar citações bibliográficas de cientistas
de fato com os textos pseudocientíficos dos seus supostos “cientistas” (sic). A relação supra é visceral.