A seguir apresento um ensaio que refuta as afirmações contidas em uma página deste
link apresentado pelo forista Patrick ADP, em especial as numeradas de 1 a 12. Na presente postagem são refutadas as afirmações 1 e 2.
O termo Dilúvio vem do grego Kataklysmós. Esse termo, segundo o Dr. F. Wilbur e o Dr. Frederick W. Danker é traduzido como cataclisma, significando: catástrofe, efeito sísmico, transformação geológica. Exatamente como nos diz o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa para o significado de cataclisma: Transformação brusca e de grande amplitude da crosta terrestre.
A falácia já começa na introdução onde são citados supostos "doutores", como típico argumento de autoridade.
Todavia, atentando um pouco mais para o Aurélio encontra-se o significado de Dilúvio da seguinte maneira:
Dilúvio – Do Latim Diluviu. Significa: Inundação universal; cataclismo.
O termo cataclisma, oriundo do grego, foi traduzido para o português como Dilúvio, devido a sua origem do Latim, Diluviu.
O termo, traduzido como Dilúvio, aparece 4 vezes no Novo Testamento (Mateus 24:38, 39; Lucas 17:27 e 2 Pedro 2:5) e significa: uma catástrofe sísmica que causa transformação geológica.
O termo Dilúvio (Latim), que vem do grego (cataclisma), tem sua origem na expressão mabbul, em hebraico, que possui o mesmo significado: uma catástrofe sísmica que causa transformação geológica.
O mito do "dilúvio" bíblico não cita nada além de chuva. Nada.
É muita ingenuidade pensar que o Dilúvio se resumiu a uma simples e reles chuva.
O "dilúvio" não é a descrição de uma 'reles chuva' e sim um constructo mitológico baseado em algum evento de escala local ou regional na Idade do Bronze.
Durante a ação do Dilúvio os continentes (Américas, África e Europa) se separaram dando início a um enorme deslocamento de solo (movimento orogênico) até que encontraram ‘barreiras’, mas as várias camadas de solo existente umas sobre as outras continuaram a se locomover, impulsionadas pela água que se localizava entre tais camadas, até encontrarem, também, barreiras e iniciarem a formação das cadeias montanhosas e paralelamente as grandes fossas oceânicas.
A descrição supra é uma bobagem e foi refutada
aqui e
aqui.
É importante salientar que durante o Dilúvio um grande terremoto assolava o planeta.
Todos os anos um terremoto intenso (maior que 8) é produzido na crosta.
Em resumo, podemos definir o Dilúvio como: “UMA GRANDE INUNDAÇÃO (inundação universal, como diz o Aurélio) COM A PRESENÇA DE GRANDES DESLOCAMENTOS DE SOLO (como diz o hebraico) CAUSANDO TERREMOTOS DEVASTADORES (como diz o grego)”.
Eu incluiria no resumo: “PROVENIENTES DE MENTES IGNORANTES E QUE GERARAM UM MITO REPRODUZIDO POR MENTES IDEOLOGIZADAS”.
Algumas evidências ao redor do Globo apontam para a ocorrência do Dilúvio Bílblico Global. Por exemplo:
Não existe nenhuma evidência dada a impossibilidade física de tal evento.
Um dos maiores depósitos de madeira petrificada é vista próxima de Holbrook, Arizona, onde existem cerca de 10.000 árvores petrificadas naquele local. Devido à natureza catastrófica do Dilúvio, milhões de árvores foram varridas pelas águas furiosas. Algumas destas podem ser vistas, atualmente, como depósitos de carvão, outras como pântanos de turfa, e outras como madeira petrificada. O tamanho destas árvores petrificadas nos conta muito sobre a grandeza da floresta que havia no mundo antes do Dilúvio.
Sobre as árvores petrificadas, uma refutação completa da “interpretação criacionista” pode ser lida
aqui.
As evidências que possuímos, ao redor do Globo são bastante numerosas. Vejamos:
Não.
Elas simplesmente não existem.
1. Muitos pesquisadores afirmam que os sedimentos da Terra tenham sido depositados na água e pela água durante o Dilúvio, como é o caso de Derek Ager. (Derek V. Ager, The Nature of the Stratigraphical Record (Chichester, England: John Wiley & Sons, 1993), págs. 27, 33, 60 e 65).
Infelizmente eu não encontrei nenhum volume do livro supra, cuja primeira edição é de 1973, para verificar se houve realmente alguma citação do mito do "dilúvio". Mas, pelas resenhas que eu li, nenhuma menciona qualquer coisa sobre o "dilúvio" e todas elas destacam sobre os (então) algo inéditos estudos sobre eventos rápidos de sedimentação, incluindo a revisitação do magnífico trabalho dos anos 50 sobre as
Scabelands.
Eu avalio que a citação deste livro pelo
site criacionista ocorre justamente por causa destes estudos sobre episódios rápidos e intensos de sedimentação, sendo que a relação com o mito bíblico ocorre por conta da falta de ética científica dos criacionistas.
Por fim, o que o
site descreve no texto número 1 é simplesmente errado, porque há rochas sedimentares cujos componentes foram trazidos pelo vento, sem uma só gota de água presente no processo de transporte e sedimentação.
Ou seja, é um vergonhoso desconhecimento sobre aspectos básicos de Ambientes de Sedimentação e de Processos Deposicionais.
2. As evidências fósseis que a paleontologia encontra só se tornam possíveis se houver um rápido “enterramento” (Cemitério com milhares de fosseis no lugar mais seco da terra).
O texto em itálico apresenta um
link para um ensaio em um blog de informação científica e que não traz nenhuma menção sobre o mito bíblico, e que trata sobre uma descoberta, ainda não analisada (então) mais acuradamente, de muitos fósseis em uma caverna no deserto de Atacama. Os pesquisadores ainda trabalhavam com duas hipóteses como fato gerador, conforme denota o trecho infra, na parte em negrito
It's not clear if the animals were dumped into the cave by prehistoric people or if perhaps they were trapped by a flood. After all, the expedition is related to figuring out the thermal signatures of Mars caves, and the finding was made just this week.
Provavelmente o autor criacionista escolheu o
link supra porque ele faz menção a uma enxurrada (
flood) e que ele associou ao mito bíblico. Mas ao menos ele serve para demonstrar a mentalidade fixista do autor do
site porque ele acha que apontou uma contradição ("milhares de fósseis no lugar mais seco da terra") (sic), e que poria em xeque a tradicional explicação "evolucionista" (sic).
[Arvores que cortam varias camadas geológicas] Isso pode ser explicado através da “teoria de zoneamento ecológico”, desenvolvido por H. W. Clark.
O argumento sobre as árvores que "cortam várias camadas geológicas" foi refutado
aqui.
A teoria de zoneamento ecológico ensina que os organismos foram sepultados em seus habitats naturais enquanto as águas varriam a Terra, produzindo assim a sucessão de fósseis. (Ariel A. Roth, Origins: Linking Science and Scripture (Hagerstown, Maryland: Review and Herald Publ. Assn., 1998), págs. 170-175).
Esta "teoria" é um
nonsense, pura pseudociência, sem qualquer respaldo da comunidade científica. E, o mais irônico, é que ao afirmar que cada organismo foi soterrado em seu próprio hábitat (o que é incorreto), ela se opõe aos muitos
ad hocs do "dilúvio", que preconizam um evento catastrófico.
Assim cabe aos criacionistas responderem uma pergunta singela e constrangedora: Porquê que um evento que foi capaz de fragmentar e separar um supercontinente não conseguiu carrear animais e sepultá-los longe de seus hábitats?
Sobre a referência bibliográfica é desnecessário informar que se trata de mais um criacionista fazendo pseudociência.
Essa teoria explica a presença de amonites (invertebrados marinhos) em grandes altitudes, como na Cordilheira dos Andes, Cajón del Malpo (próximo a Santiago do Chile), e do outro lado dos Andes (Neuquén, Argentina); dentre outras montanhas como: Atlas no Marrocos, Himalaia, Everest, Montanhas da China [2].
Ou seja, o autor acha que os animais foram soterrados nas atuais montanhas por causa da elevação abrupta do nível das águas. E isto está errado, porque os organismos pereceram, foram recobertos e se fossilizaram quando os sedimentos (e mais tarde, rochas sedimentares) ainda faziam parte do fundo marinho. No caso dos Andes, tais fósseis ficaram acima do nível do mar quando ocorreu a colisão tipo continente-oceano e que lhe deu origem, o que possibilitou um alçamento crustal na ordem de mais de 10km das rochas sedimentares. Uma das maiores evidências desta colisão, são os ofiolitos, que se constituem de lascas de rochas basálticas ou peridotíticas da crosta oceânica em meio às rochas sedimentares.