A realidade é caótica demais se comparada a qualquer coisa projetada e Deus teria que ser responsável por todos os defeitos e problemas. Desde vulcões e terremotos, até a hemofilia e todas as demais doenças congênitas.
Como será esta justiça, se houver...?
Não entendi. Não falei em Justiça.
O meu comentário foi a respeito do chamado "Design Inteligente", que é uma proposta de incluir Deus como hipótese na Ciência. Ou seja, para os promotores do DI, a intervenção de um poder inteligente e consciente - sobrenatural, é claro - deveria ser usada para explicar muitas coisas do mundo à nossa volta. Coisa que hoje a Ciência não admite, pois a Ciência parte do princípio que o universo é regido por leis fundamentais e fixas e que podem ser compreendidas pela razão humana, sem que a intervenção de nenhuma providência sobrenatural seja necessária como causa de qualquer efeito.
Mas os defensores do DI - de forma muito parecida com você - procuram enxergar falhas irreconciliáveis na Teoria da Evolução, e sustentam que a origem e diversidade das espécies, assim como a complexidade da vida, só poderia ter acontecido por um processo que houvesse sido guiado por este super poder sobrenatural.
Então meu comentário foi no sentido de que se isto for verdade eles teriam imensos problemas em conciliar o que observamos no mundo real com a idéia de que este poder sobrenatural fosse, ao mesmo tempo, ilimitado, perfeito e bom.
Porque a Evolução, ao contrário do que seria de se esperar de um processo projetado e controlado, produz não apenas maravilhas como você, mas também muitos erros, deformidades, anomalias e doenças congênitas. Olhando com mais atenção a natureza não é só bela, mas também brutal, imperfeita, repleta de dor, "erros", violência e caos. Poranto, se é obra de algum deus, é de um deus imperfeito, ou limitado, ou então, talvez, não tão amoroso assim.
Eu, se fosse teísta, acharia mais vantagem imaginar que deus apenas estabeleceu as leis fundamentais do universo, e depois deixou-o se desenvolver conforme estas leis, sem interferência, exceto por um milagrezinho ali ou aqui. Ainda assim seria um deus imperfeito, pois Suas leis deram origem a um universo onde a vida convive com o sofrimento, mas pelo menos poderiamos imagina-lo como um Deus muito bom e esforçado, que fez o melhor que pôde, e também espera o melhor da humanidade.
Talvez não fosse um Deus ilimitado, onipotente, mas ainda assim seria um Deus muito poderoso, e o mais importante: poderia ser amoroso.
Mas se O imagina onipotente e, como diz a bíblia, "nem uma folha de parreira cai sem a Sua permissão", então não há como não responsabiliza-Lo por todas as imperfeições de sua Criação.