Interessante fazer uma análise de porque o possível Jesus histórico morreu. Na verdade, sou levado a crer que ele provocou sua morte. Como eu disse inicialmente, Jesus desenvolveu sua vida na Galiléia (o território de Israel se dividia em Judéia ao sul e Galiléia ao norte). Ele teria nascido em Belém da Judéia, mas foi criado em Nazaré da Galiléia. Ali exerceu a profissão de carpinteiro ou pedreiro (em grego há uma só palavra para estas duas profissões) e teria começado a pregar aos 29 anos. Ficava por ali, nos arredores da Galiléia, atravessando o mar de um lado para o outro, discutindo com os fariseus e sendo assediado pelos zelotes para os liderar em uma insurreição contra os romanos, coisa que, como postulei num post anterior, nunca quis. Mas quando Jesus foi à Judéia? Ele teria ido quando criança, no episódio da discussão com os doutores da lei e no final da vida, apenas para morrer. E como foi isso? Ele planejou provocar os manda-chuvas do templo mexendo no seu bolso...
Tudo o que o Jesus histórico fez não deve ter sido muito diferente do que os demais profetas faziam. Ele não era muito diferente de João Batista e dos outros. Havia um movimento profetista em Israel. Havia profetas pregando o fim do mundo e coisas do gênero e Ele não passava de mais um. De vez em quando, um ou outro levava umas chibatadas e era expulso de Jerusalém e impedido de perturbar a ordem. Jesus então reuniu seus discípulos e perguntou quem as pessoas falavam que Ele era. Os discípulos responderam que alguns achavam que ele era Elias, outros, João batista ou alguns dos profetas (como eu disse, achavam que ela era apenas mais um). Daí ele pergunta “E vcs, quem acham que sou?” Ao que Pedro responde que achava que ele era o Messias. A partir daí Ele revela o seu plano “Eu sou mesmo e eis que nós subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes, e aos escribas, e o condenarão à morte”. Ele então vai a Jerusalém e derruba as barracas do comércio dos sacerdotes. O autor de Marcos fala de barracas de câmbio (onde auferiam lucro com a troca das moedas correntes por aquela utilizada no templo, que era a única aceita), barracas de pombas (não adiantava caçar pombas, pois só aquelas eram aceitas) e barracas de utensílios do templo (quinquilharias consideradas sagradas, tal como hoje temos crucifixos etc.). Os caras ficam furiosos e começaram a buscar ocasião para o matar. Ele mexeu no bolso dos caras e aquilo era inaceitável. Ele teria que morrer e assim foi.
Como se diz no jargão da obra civil, vc pode até xingar o peão, mas não mete a mão no bolso dele não que dá até morte...