....
E sim é necessário uma racionalização a não ser que você queira assumir o mesmo raciocínio para tudo: Faço algo que prejudica alguém, devo parar. Nesse caso, vá para o monastério. Não existe como ignorar que aumentamos o aquecimento global, que compramos produtos chineses com trabalho semi-escravo (você compra produtos eletrônicos, viu aquela empresa que os funcionários estavam se suicidando???)
Outra opção para a não racionalização é você dizer.. o que é legal é correto. Não é difícil derrubar essa assertiva, como você deve imaginar.
Então sim, é necessário e útil, a não ser que queiramos ser hipócritas, ao dizer que o mal que fazemos é melhor do que o mal que os outros fazem.
Não é "necessário", para nada além de fazer a pessoa que faz isso se sentir livre de qualquer responsabilidade pelas conseqüências de financiar gangues violentas, ou mesmo de eventuais problemas menores que as pessoas poderiam ter alguma preocupação em diminuir, mantendo as analogias. Isso é prejudicial, não "necessário".
E não há hipocrisia alguma na admissão de que há males maiores e menores, e em tentar minimizá-los sempre que possível, em vez de achar que é tudo binário, igual, então, tudo igualmente aceitável, comer carne ou ter um carro sendo coisas tão "criminosas" quanto ser "acionista" de redes de prostituição infantil -- não visando esse infortúnio, de maneira alguma; apenas um lucrinho beleza. O cara não investe tendo em mente a exploração sexual de crianças; não, ele investe pensando no lucro. Apenas alguém querendo melhorar a sua qualidade de vida e de sua família, acima de qualquer crítica moralista.
Bullshit, você não entendeu nada. A racionalização é um reconhecimento que existem diferenças entre o dano praticado, ponto.
A definição de racionalização é algo como "inventar uma desculpa para se sentir bem pelo quer que faça ou pense, quando confrontado com evidências contrárias".
Que não é o caso.
A racionalização é importante para ver até que ponto vai a hipocrisia das pessoas ao ver como mal apenas o que os outros fazem e ao comparar coisas que não são comparáveis. E ajuda a definir o que é realidade da utopia. veja abaixo.
Eu apenas dei a definição de dicionário de racionalização. Se "não é o caso", então não é "racionalização", nesse caso, mas alguma outra coisa.
E não simplesmente binário "mal e bom" como você quer colocar para os usuários de maconha mas não aceita que o façam para os males que todos cometemos.
Desde a primeira vez que você colocou essa analogia, se não me engano, eu nunca a rejeitei. Apenas enfatizei haver uma tremenda diferença de grau entre se comer carne ou andar de carro, e comprar coisas de gangues violentas, no que concerne ao mal que isso implica a outras pessoas, e a necessidade dos atos.
Existe sim, eu e você não consumimos droga.
E há tanta diferença entre a sua primeira associação de uso com assassinato do que com uso de carro e aquecimento global. A questão é que você insiste em colocar 100% da culpa da violência desses grupos na conta dos usuários, o que evidentemente é um engano. Mais uma vez, existe tráfico na espanha, portugal, etc.. e não existe a mesma violência que aqui.
Eu não coloco 100% da culpa da violência nos usuários.
Olha, já passamos por tudo isso antes. Não vai dar em nada, é simplesmente questão de opinião.
Eu acredito que há sim, muito mais responsabilidade direta envolvida em se pagar a uma gangue que sabidamente usa de violência para lhe fornecer algo, algo que nem precisa, para puro entretenimento, e comer carne ou andar de carro, e ser responsável por algum eventual problema relacionado ao aquecimento global. Para você não, "ok", não sei como "te convencer" de que a responsabilidade das pessoas não se limita ao que elas fazem diretamente, e que há essas diferenças de grau de responsabilização e gravidade naquilo que se causa indiretamente. Até porque, sinceramente, como já disse, esse raciocínio parece um espantalho. Mal se consegue exagerar a "lógica" para fazer uma caricatura, ele já é a caricatura em si. Você provavelmente deve até aceitar, arbitrariamente, que seja uma desculpa esfarrapada em outros casos, como transar com prostitutas escravizadas, comprar coisas roubadas, sei lá. Mas tudo isso segue a mesmíssima lógica, e poderíamos sempre "lavar as mãos" de quem paga aos criminosos da responsabilidade de contribuir com seus crimes, dizendo que quem paga a eles não tem em mente o mal que causam, mas apenas comprar uma coisa que vendem mais barato, que o sistema impede de ser fornecido por um preço melhor, ou só dar umazinha, com uma prostituta que, infelizmente, é escrava; "culpa do estado que não consegue combater isso... uma tragédia, tsc, tsc, tsc".
Isso porque você estereotipa o usário e na verdade não aceita o comportamento antes que suas consequencias. Isso é evidente.
Você deve estar confundindo minhas mensagens com as de algum outro forista então, ou, numa tremenda coincidência, eu devo ter dito um monte de coisas que podem ser mal interpretadas nesse sentido. Porque praticamente nada disse contra usuário de maconha especificamente.
Pode ser que tenha interpretado mal suas 120 mensagens no decorrer dos anos que estamos discutindo isso, mas para mim ficou a impressão que você tem o uso como um desvio de caráter, onde a pessoa está fazendo mal a si mesmo.
Isso pode ou não pode ser o caso. Tem maconheiros famosos que aparentemente não ficaram só largados no sofá relaxando e depois comendo, inutilizados, como o Carl Sagan e a Soninha Francine. Poderia bem ser uma coisa totalmente controlada e não prejudicial, ou não mais prejudicial do que a bebida para quem bebe com responsabilidade, ainda que, devido a uma série de coisas, o perfil dos usuários de drogas ilícitas não seja geralmente esse, em parte porque a ilegalidade acaba "filtrando" aqueles que já teriam uma tendência a serem os piores usuários.
Mas nem é esse o problema principal. Poderíamos estar falando de raquetes de ping-pong, inofensivas, estupidamente proibidas ou ultra sobretaxadas, e contrabandeadas por gangues violentas. Então podemos considerar que, o usuário, seja de raquetes de ping pong ou de qualquer droga ilegal, seja em todos os demais aspectos, até uma pessoa exemplar em todos sentidos. Cidadãos modelo. Continua havendo o problema, que é o único problema do qual tratei aqui, que é financiar o crime (para obter drogas ou raquetes), e então, apesar de serem pessoas formidáveis em todos outros aspectos, cometem um erro bastante sério.
Não que não haja o que se discutir sobre os efeitos das drogas em si (incluindo aqui as lícitas), mas isso é outro assunto completamente, mais um problema de saúde, informação/prevenção, e políticas que filtrem os usuários problemáticos, do que um caso de proibição generalizada, na maior parte do tempo.
E me responda a questão do alcool. Você ficaria com nhenhenhe se a cerveja fosse proibida? Até que ponto temos que aceitar os desmandos do estado em nossa liberdade de agir?
Novamente, parece que se dirige ou a um espantalho ou a algum outro forista cujas mensagens não li.
Não sugeri que devemos aceitar os desmandos do estado e achar tudo uma beleza. Sou apenas contra se financiar gangues violentas para se obter algo que não se consegue obter de outra forma, salvo raríssimas exceções, coisa de vida ou morte, nem sei o quê. Mas não maconha ou cerveja.
Pode ser contra, a favor, neutro, ficar bravo e chorar. Não se muda a natureza humana por um julgamento do Buckaroo, um julgamento errado que inclusive não leva os fatos de como nós somos para sim pensar sobre um paradigma de como deveríamos ser.
Da mesma maneira que o ser humano não vai deixar de comprar os eletrônicos e financiar a semi-escravidão na china porque ele não se sente diretamente responsável por isso, E NÃO É, ele não vai parar de usar drogas,e milhões de pessoas compram eletrônicos, carne do Mac, e maconha. E se você ficar com nhenhe porque não quer ver a REALIDADE e quer pensar UTÓPICAMENTE e julgar as pessoas com um PARADIGMA RELIGIOSO, que resmungue então.
Eles não estão matando, eu não estou destruindo o planeta com meu carro, e os usários de maconha não são coniventes com assassinatos.
Eu nunca disse que as pessoas vão mudar a natureza por causa do meu julgamento apenas. Julgamento, que nem é só meu, no entanto. E as pessoas mudam sim, de atitude, de acordo com a forma como são julgadas pela sociedade. E você pode ficar bravo ou chorar, que haverão sempre aqueles que não aceitam desculpas como essa, que não engolem essa de que "se tenho culpa dos crimes de uma gangue por pagar para ela cometer esses crimes, o tataravô de Martinho Lutero é culpado pelo holocausto judeu então". Com sorte, haverão cada vez mais pessoas assim, que não aceitam essas desculpas esfarrapadas para financiar o crime, e que enxerguem as conseqüências de suas ações de modo geral, procurando mudar e promover a mudança no que trouxer alguma melhora ou ajudar a evitar algum problema mais tarde.
Isso não é utopia ou religião, é apenas responsabilidade (ou um pingo de vergonha na cara) e um mínimo de "inconformismo". É porque muita gente pensa assim que pressiona para formulação e aplicação de diferentes leis no que tocam a esses e outros assuntos, ou mesmo campanhas de mudança de comportamento a nível pessoal, individual, porque, felizmente, para muitos, não precisa que algo seja obrigatório/proibido ou certo de ser punido por lei para que a pessoa procure fazer algo diferente do que seria o mais cômodo, se for o melhor a se fazer. E isso tudo não é fútil, ainda que raramente tenha qualquer efeito "milagroso" de transformação. Em parte, justamente porque há uma vasta quantidade de pessoas que defendem o conformismo, o menor esforço, o lucro fácil, a irresponsabilidade, o "jeitinho brasileiro", ou o que for. Mas, independentemente das desculpas que tentem dar, estarão sempre erradas.
Não fazendo isso, estou pouco me lixando para o que as pessoas fumam, cheiram ou bebem, desde que, ao fazerem isso, não estejam prejudicando a outras pessoas (o que não é sempre o caso, infelizmente, ainda que aceite que muitos sejam capazes de fazer isso com responsabilidade). Mesmo que obtenham ou produzam ilegalmente, não financiando gangues violentas, não são realmente problema de ninguém.
Então cai na real. respondido..
Não.. a minha resposta é que o estado é sócio em suas decisões, estamos todos no mesmo barco. Se eles planejam a política com base em coisas que não são reais, eles estão pagando por isso. E não é uma coisa que eu quero Buck, não confunda desejo com a realidade.
Não entendi bulhufas do que falou. Possivelmente tem a ver com a sua idéia dos "meus desejos" não ser nada que eu tenha expresso aqui em momento algum.
tente ler de novo.. onde falo de utopia e julgar as pessoas pelo que elas são e não pelo que sua mente gostaria que fosse. Utopia é burrice, faz pessoas ficarem discutindo e pensando no sexo dos anjos .. algo como "Ohhh, como seria bom se as pessoas tivessem responsabilidade e não comprassem seu IPAD porque a empresa está matando funcionários e a concorrência desleal ferrando o comércio internacional". Sabe do comunismo?? É a mesma coisa, julgar as pessoas esquecendo um pequeno detalhes... a realidade.
Realmente, é muito babaca e utópico, religioso fanático, quem reclama de se jogar lixo na rua, de dirigir depois de beber, de comprar carteira de motorista, do caixa de mercado roubar um pouquinho de vez em quando de cada comprador, de gente que gosta pixar os muros das casas, de roubar carros, fazer rachas, de políticos corruptos, quem fica abismado quando uma vagabundinha sai com roupas curtas provocantes e é estuprada... isso vai sempre existir. Sonho imaginar que vá acabar e vá tudo ser como "San Angeles" do filme "demolition man".
Você pode ficar nervosinho por 25 posts aqui e eu vou seguir tendo os pontos válidos:
- Não importa que você queira chamar de FDP todos que consomem maconha. Eles vão seguir consumindo como é esperado e razoável que façam. Se chamá-los de FDP te faz bem, então chame. Não vai adiantar nada.
- Existe limites para a atuação do estado. Ele claramente comprou uma batalha desproporcional e sem sentido, onde ele é um dos sócios gerados do tráfico.
- Não se extingue alcool, prostituição, religião e drogas da socidade. Seja o mais inteligente possível para saber controlar esses componentes sem entrar em brigas infinitas.
Mais uma vez, parece que me confundiu com alguém. As pessoas podem muito bem se drogar, beber, transar com prostitutas, terem os melhores video-games, diamantes, etc, etc. Como quiserem. O problema está só em financiarem gangues violentas para que lhes forneçam essas coisas. As pessoas não podem fazer isso e não esperar que ninguém ache ruim, que não condenem. Provavelmente até elas mesmas condenam, quando não se trata da obtenção de algo que elas consomem por esses meios.
hehehe.. exatamente. O que eu consumo e fode os outros não tem problema.
leia o que já foi escrito sobre utopia e negação da identidade humana. E não, eles não são co-responsáveis pelo assassinato de ninguém.
E sim, a "guerra contra as drogas" é idiota e contraproducente. Políticas mais inteligentes deveriam levar em conta o fato de que as pessoas, por falta de escrúpulos ou desespero, como você disse, estão dispostas a financiar a violência para obter mais uma dose, sem se importar se são consideradas FDPs por isso ou não.
Ou porque querem comprar um eletrônicos??
Buck preste atenção. Seria falta de escrúpulos se comparativamente você tivesse uma minoria que age assim. Mas é o oposto, a grande maioria das pessoas separam o que fazem diretamente do que fazem indiretamente. Sabem a diferença entre escravizar alguém e comprar de alguém que escravizou alguém.
Não é maioria ou minoria que diz se algo é falta de escrúpulo.
Então não é que as pessoas não tem escrúpulos, é que você está criando um paradigma na cabeça que não é real e a partir desse paradigma dizendo essa besteira.
Há pessoas e pessoas, situações e situações. Simplesmente não cola a idéia de que comprar coisas supérfluas de criminosos violentos é tão inocente quanto ocmer carne ou comprar uma calculadora baratinha made in China. Eu não vou ficar pensando sobre diversas questões onde as pessoas possam estar sendo responsáveis por algum mal indireto e julgando cada uma individualmente aqui, nem por isso "são todos inocentes". O caso em questão é a compra de drogas -- ou qualquer outro ítem -- de gangues violentas. "Qualquer outro ítem", comprado de gangues que se sabe serem violentas, é a única analogia suficientemente próxima para que seja válida, e talvez até mais instrumental, justamente porque, parece que o fato de estar se falando de "droga", e não de pagar por um carro roubado ou um video-game, é um fator que contribui para a cegueira no julgamento sobre essa questão. As demais, como "andar de carro ou consumo de carne e eventuais futuras tragédias do aquecimento global", estão dentre aquelas que deixam difícil de se conseguir criar um espantalho para essa desculpa, de tão distantes que são em grau de responsabilidade, de proximidade, e de necessidade.
O que você chama de filha da putisse é o modus operandis da maior parte da população ao pensar como vai adquirir as coisas.
Mais uma razão para o livre mercado não funcionar, é necessário leis que estabeleçam limites e assimetrias na relação de trabalho internacional.
Ao final, se sou americano e estou comprando um Toyota e fodendo a industria nacional, já ficou provado que SIM as pessoas vão comprar e foder a industria nacional.
E por isso que falei sobre hipocrisia. Para esse raciocínio funcionar, você tem que ser hipócrita. E ficar achando que suas ações são direta e indiretamente a melhor possível.
Não é necessário hipocrisia para se aceitar que há distinções de grau, mas para negar. Você simplesmente não vai dizer que é defensável comprar bonecas infláveis ou camisinhas de uma fábrica que usa trabalho infantil escravo, onde as crianças são espancadas e até mortas. Duvido.
Comprar um carro importado mais barato, contribuindo "estatisticamente" para um enfraquecimento da indústria nacional e do emprego, não é tão grave quanto isso, nem tão grave quanto comprar qualquer coisa de uma gangue violenta nos moldes das gangues dos traficantes de drogas. E, nesse caso em questão, é até debatível se é um mal em si, uma vez que há dinheiro indo parar nas mãos de gente de algum país mais pobre, e você tem mais dinheiro para gastar em outras coisas que considera mais importantes para você e sua família, e esse dinheiro também vai parar nas mãos de outras pessoas, quando, comprando um carro nacional, ficaria mais concentrado. É uma questão complexa. Outras podem ser menos. Mas cada questão é uma questão individual, e pode até valer a lógica de que "não tem nada demais", ou que é um mal menor, mas isso não faz com que possa ser generalizado para todas as outras questões. assim como um papel de bala jogado no chão não causa uma enchente, não faz com que seja mesmo correto jogar lixo na rua, ou que seja correto uma indústria jogar lixo tóxico no rio ou no lago. Mesmo que as pessoas vão, sim, tender a jogar lixo na rua (ainda que isso varie, e hajam populações mais e menos porcas), e empresas também, tendam sim, a preferir poluir se isso for mais barato, se não houver prejuízo para o seu bolso, ou para sua imagem (que eventualmente acarrete em prejuízo no bolso).