Que não existe hard problem.
Invocando Gertrud Stein: o que você percebe é o que você percebe é o que você percebe. Não existe nada de fundamental ou fantasmagórico nisso.
Como?
Lembro de já ter dito antes: existem... módulos no cérebro cuja função é nos convencer que algo é Real. Eles agem durante a vigília, nos indicando o que é verdadeiro. Eles funcionam durante os sonhos, nos fazendo aceitar os eventos oníricos como reais, enquanto dura o sonho. Eles agem de forma defeituosa em esquizofrênicos. Enfim, uma parte de nossa mente nos faz CRER e, assim, a dar significado ao que observamos. Acreditamos que essas percepções têm caráter especial porque nosso cérebro nos força acreditar. Penso eu que esses módulos mentais, juntamente com as associações de ideias são o que nos convencem de que existe algo especial, significativo, em uma percepção. Exigir uma análise dessa sensação é como se perguntar o que está ao sul do polo Sul.
Não sei se existem tais "módulos", e eles não fazem nada para explicar a questão do "problema difícil" da consciência fenomenal. Que eu saiba, nos sonhos, a "credibilidade" se dá não tanto por algo "ativamente" nos fazer crer nas aparências (além das aparências), mas por termos partes mais "inteligentes" dormindo, inativas, quando não são sonhos lúcidos, conscientes de se estar sonhando.
Fora isso, me parece só uma forma de trocar o "problema difícil" da consciência fenomenal pelo "problema difícil" da "crença" na consciência fenomenal, que mantém todas as mesmas características que tinha antes*, mas é só rotulada de "crença" na esperança de que assim, não haja nada para explicar.
* sendo algo que seria eliminado pela navalha de Ockham; faz mais sentido falar que o oculista afere sua acuidade visual, como a fidelidade com que aquilo que sua experiência subjetiva corresponde à realidade exterior, e não que ele mede sua "crença" em uma experiência subjetiva "inexistente" e como essa crença em algo inexistente corresponde à realidade exterior.