Autor Tópico: Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência  (Lida 133280 vezes)

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Offline Moro

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1200 Online: 28 de Setembro de 2014, 03:01:41 »
e a peridão da pera e o carridão do carro?
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1201 Online: 28 de Setembro de 2014, 03:27:49 »
São "coisas" que você provavelmente só está propondo como análogas porque você não entendeu o conceito.

Outra forma de dizer talvez fosse falar em "píxeis mentais" usados para a visão (ou "caixas de som" mentais para o som "cerebral", etc, embora todos sejam só ativação neuronal em um padrão ou outro, e nada que se pareça notavelmente com ondas luminosas ou sonoras, não mais do que pigmentos ou ranhuras em um disco se parecem).

Igualmente um "cético" da existência de píxeis no monitor poderia ironizar a proposta de sua existência com algo similar como, "e a pixo-peridão da pera e a pixo-carridão do carro". O que aparentemente implica na sugestão de que as coisas que se vê no monitor não são representações visuais dos objetos (carro, pera), mas a "realidade direta", talvez. "Quando eu vejo um carro ou uma pera no monitor, não vejo essa asneiras de píxeis que você está inventando; vejo um carro ou uma pera, simples assim. E ainda me diz que a laranja do monitor não tem luz amarela de verdade, mas verde e azul. Vê se pode".

Offline Moro

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1202 Online: 28 de Setembro de 2014, 03:34:36 »
não dá para ser Cético sobre a existência de pixels no monitor.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1203 Online: 28 de Setembro de 2014, 03:53:12 »
Nem sobre as sensações/sentidos, quando se conhece alguma coisa básica sobre sentidos e neurologia (bastante básica mesmo). Sobre não serem uma percepção direta do ambiente, mas uma espécie de representação mental/cerebral, uma "realidade virtual". Por isso existem coisas como sonhos, por exemplo. Não somos transportados para uma outra realidade, mas apenas é ativado sistema de "realidade virtual" que, acordados, é "alimentado" por estímulos sensoriais, em vez de por "ficção".

Não muito diferente de um carro blindado que levasse os imagens e som de fora para o cockpit por câmeras e microfones, mas que também tivesse um modo "simulador", análogo aos sonhos. A diferença, e parte do problema, é que em vez de um veículo com um cockpit e uma pessoa sentada lá, é um drone completamente autônomo, e, obviamente, sem um monitor interno ou caixas de som. Nem os impulsos elétricos, nem os zeros e uns, e nem qualquer variáveis processamento das entradas de dados do ambiente são o ambiente em si, obviamente.

No caso da máquina humana, algo desses análogos está associado a essa experiência ou aspecto de "como é ter todas as sensações e percepções de uma pessoa", em vez de se "ser inanimado" (com o perdão do oxímoro), como geralmente julgamos serem coisas como autômatos, computadores, câmeras, etc.

Offline Geotecton

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1204 Online: 28 de Setembro de 2014, 09:48:52 »
não dá para ser Cético sobre a existência de pixels no monitor.

Dá sim.

Se alguém for cego.  :)
Foto USGS

Offline Moro

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1205 Online: 28 de Setembro de 2014, 10:25:49 »
Nem sobre as sensações/sentidos, quando se conhece alguma coisa básica sobre sentidos e neurologia (bastante básica mesmo). Sobre não serem uma percepção direta do ambiente, mas uma espécie de representação mental/cerebral, uma "realidade virtual". Por isso existem coisas como sonhos, por exemplo. Não somos transportados para uma outra realidade, mas apenas é ativado sistema de "realidade virtual" que, acordados, é "alimentado" por estímulos sensoriais, em vez de por "ficção".

Não muito diferente de um carro blindado que levasse os imagens e som de fora para o cockpit por câmeras e microfones, mas que também tivesse um modo "simulador", análogo aos sonhos. A diferença, e parte do problema, é que em vez de um veículo com um cockpit e uma pessoa sentada lá, é um drone completamente autônomo, e, obviamente, sem um monitor interno ou caixas de som. Nem os impulsos elétricos, nem os zeros e uns, e nem qualquer variáveis processamento das entradas de dados do ambiente são o ambiente em si, obviamente.

No caso da máquina humana, algo desses análogos está associado a essa experiência ou aspecto de "como é ter todas as sensações e percepções de uma pessoa", em vez de se "ser inanimado" (com o perdão do oxímoro), como geralmente julgamos serem coisas como autômatos, computadores, câmeras, etc.
Eu não sou Cético quanto a sentidos e sei que nossa interpretação dos fenômenos a nossa volta é individual, de acordo com a experiência e constituição de cada um.  E é só isso Buck.
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Offline Arte4food

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1206 Online: 28 de Setembro de 2014, 14:46:27 »
já que o assunto é consciência, deixa eu perguntar, alguem aqui já teve aquela experiência do "tunel" causada por alguma uma parada respiratória?
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1207 Online: 28 de Setembro de 2014, 18:49:39 »
Eu não sou Cético quanto a sentidos e sei que nossa interpretação dos fenômenos a nossa volta é individual, de acordo com a experiência e constituição de cada um.  E é só isso Buck.

Não se trata de "interpretação", ou ao menos não de interpretação em níveis de "interpretação da bíblia", e nem mesmo "interpreto esse som como sendo o de passos".

Em outra postagem anterior, aquela com a ilusão dos rostos distorcidos na medida que iam sendo trocados, você disse algo nas linhas de que não significava nada porque "a imagem dos rostos nem havia sido formada". Bem, é esse o problema, a "formação" das imagens.

Ou dos sons, e outras sensações, e como diferem, tendo as aparências que tem, apesar de serem ambos/todos os casos, só padrões ativação neuronal. E esse é o "gap" explicativo, como que neurônios disparando de um jeito fazem o cérebro/pessoa ver uma cor/forma (não necessariamente havendo luz), e neurônios disparando de outro fazem o cérebro/pessoa ouvir um som (não necessariamente havendo ondas sonoras).

A explicação disso é simplesmente desconhecida, só o que se sabe é que a atividade neuronal é em algum grau correlata aos estímulos, e de alguma forma o cérebro que a tem, sente isso como uma representação arbitrária do mundo físico (mesmo se for apenas sonho ou alucinação).

Não uma "interpretação individual" radicalmente diferente de indivíduo para indivíduo -- não se tem como saber que seja o caso, e não se deve supor isso se os padrões de ativação neuronal forem grosseiramente os mesmos para cada estímulo. Se "pode" fazer essa suposição, ninguém impede, mas é no mínimo um pé e meio no dualismo de substância.

As "represenações" são "arbitrárias" apenas no sentido de serem algo que não têm de fato as mesmas características físicas do ambiente representado; mais ou menos da mesma forma que uma ultrassonografia ou imagem em infravermelho térmico são convertidas arbitrariamente em imagens; que os sons não são de fato gradações de cinza, nem calor gradações de cor, usada para representar visualmente o calor.

Offline Moro

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1208 Online: 28 de Setembro de 2014, 20:15:01 »
Não é a questão de a imagem não ter sido formada, acho que  não disse isso é se disse não consegui me expressar.  O que quis dizer é que é simplesmente uma ilusão de ótica como tantas outras,  e é mais uma prova do cérebro agindo para enquadrar uma informação em um padrão conhecido no caso um rosto.
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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1209 Online: 28 de Setembro de 2014, 20:45:47 »
Ilusões de ótica têm diversos mecanismos distintos, não dá para colocar todas no mesmo saco. Em alguns casos, a ilusão de ótica é um fenômeno ótico (como a tremulação do ar próximo ao solo quente, causando um efeito lenticular que faz parecer que há água lá -- ou qualquer que seja a explicação ótica exata), em outros, cognitivo, quando padrões de estimulação relativamente incomuns resultam num bug na renderização das imagens. Esse é um caso de efeito cognitivo.

Demonstra que o que se vê não são os objetos mesmo/diretamente, nem mesmo imagens fielmente correspondentes ao que incide sobre a retina, mas algo "gerado"/construído pelo cérebro (como em sonhos, mas com uma alimentação sensorial que não ocorre totalmente nos sonhos), como uma "realidade virtual".

Esta geração, tanto quanto sabemos, é "apenas" algum padrão de ativação neuronal. Como ativação neuronal resulta nisso, ou "é" isso, algo que nem parece material, é algo completamente desconhecido, que mal consegue-se começar a explicar.


Talvez o melhor exemplo mais reducionista da coisa seja o daquele estímulo magnético no cérebro, que faz a pessoa enxergar "luz" inexistente ("fosfenos"). Como uma "interferência" no "monitor mental", fazendo píxeis acenderem sem que viesse o sinal correspondente pelo cabo do monitor.


Offline Moro

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1210 Online: 28 de Setembro de 2014, 21:37:22 »
Citar
Demonstra que o que se vê não são os objetos mesmo/diretamente, nem mesmo imagens fielmente correspondentes ao que incide sobre a retina, mas algo "gerado"/construído pelo cérebro (como em sonhos, mas com uma alimentação sensorial que não ocorre totalmente nos sonhos), como uma "realidade virtual".

Sim é a interpretação,  não?
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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1211 Online: 28 de Setembro de 2014, 21:40:43 »
Você parece querer colocar no cérebro algo como uma fase pré consciente onde as informações são processadas e que de alguma maneira esse pré processamento,  que seria o qualia,  interfere na interpretação, é isso?
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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1212 Online: 28 de Setembro de 2014, 22:44:31 »
Eu estou muito distante de saber decor todo o fluxo de atividade neuronal por cada estímulo sensorial. Mas tem uma série de coisas como, partes do cérebro mais dedicadas a cor, outras dedicadas a forma, outras a movimento, etc (e antes disso os sinais vindos dos olhos também seguem caminhos separados, cada metade de um olho vai para um hemisfério diferente e etc e tal). Coisas análogas também para outros sentidos, provavelmente, e até para o pensamento. Essas áreas interagem e essa interação monta a partir disso (ou por "ficção"/bugs, em sonhos e alucinações) o que parece ser uma "interface" bastante coesa e coerente, resultando em tudo que percebemos. Quando há problemas no meio do caminho, isso afeta essa hipotética/metafórica "interface" consciente, criando coisas como a visão cega.

Talvez possa se chamar isso de "interpretação", desde que não se confunda com outros níveis de "interpretação". É algo que se aproxima de dizer que a contração ou dilatação da pupila de acordo com a luz se dão de acordo com "interpretações" do cérebro, o que não é algo com que se possa contestar intransigentemente, mas é bastante diferente de outros usos do termo "interpretar", como em "interpretar um texto". Mais próximo de reflexivo (se não for quase que exatamente reflexivo), não algo mais deliberado, rebuscado, e sujeito a muita subjetividade de conhecimentos, opiniões e gostos.

Nessa discussão tem uma série de problemas de semântica. Nos textos de filosofia e neurologia acho que geralmente os termos mais polêmicos são "representação" e "objeto mental" versus "intencionalidade" referente a um "conteúdo mental". Em alguns casos eu acho que as pessoas estão só fazendo confusão em dizer a mesma coisa de formas diferentes, mas sei lá.

Offline Moro

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1213 Online: 28 de Setembro de 2014, 23:09:53 »
Não é só você que está longe de entender toda a cadeia do processamento, creio que toda a ciência está.
mas toda essa cadeia de informação,  esse maquinario todo indecifrável até agora,  está integrado ao processo cognitivo.  Não saberia como dizer que esse processamento todo passa informações para nossa consciência pois para mim não há como separar o processo de. consciência do processo mais mecânico vamos dizer assim.  A vermelhidão do vermelho ou a peridão da pera está incrustado em tudo,  incluindo em nossas experiências passadas.
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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1214 Online: 28 de Setembro de 2014, 23:29:32 »
Eu quis dizer que eu sei muito menos do que explicações extremamente simplificadas do pouco que se sabe; só sei que há isso de haver uma série de especializações, algumas até meio contra-intuitivas, e que há uma série de caminhos, e que problemas resultam em bugs na "consciência".

Eu não estou sugerindo separar consciência de qualquer processo mecânico. Separar não resolve problema algum, a coisa ainda é tremendamente misteriosa mesmo admitindo que é tudo de alguma forma mecânico. Porque a consiência, "de dentro de nossas cabeças", não se parece com nada "de fora". Não é como se criassem em laboratório; como se pegassem um punhado de neurônios de anêmonas, fizessem um estímulo tal, e se pudesse de alguma forma saber/ver que eles estão também vendo fosfenos, como ocorre numa pessoa. Não é como um gás ou plasma, ou qualquer coisa detectável externamente, independentemente.

O fato de haver experiências passadas não ajuda muito a entender o que é isso e como é possível, até porque a coisa eventualmente começa do zero em algum momento no desenvolvimento, a menos que se acreditasse em reencarnação.

Mesmo pessoas congenitamente cegas também podem ver fosfenos, ou seja, não são memória da luz de verdade, mas mais algo como píxeis do monitor mental, nunca completamente usados em pessoas com problemas nas câmeras ou no cabo. Tem que estude em como usar isso para criar uma visão artificial rudimentar. Os píxeis mentais só estão "encrustrados" à física da atividade neuronal correspondente, não à física da luz.

 

Offline Moro

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1215 Online: 29 de Setembro de 2014, 00:27:58 »
Citar
Porque a consiência, "de dentro de nossas cabeças", não se parece com nada "de fora". Não é como se criassem em laboratório; como se pegassem um punhado de neurônios de anêmonas, fizessem um estímulo tal, e se pudesse de alguma forma saber/ver que eles estão também vendo fosfenos, como ocorre numa pessoa. Não é como um gás ou plasma, ou qualquer coisa detectável externamente, independentemente.

Isso não faz sentido Buck. De onde você tirou isso? Não tem nada a ver com a coisa de fora apenas no que tange a subjetividade / capacidade de cada um e a limites humanos (não vemos luz infra-vermelha, etc..)
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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1216 Online: 29 de Setembro de 2014, 01:05:15 »
Não, não tem nada a ver com a coisa de fora, ponto.

É uma diferença como ranhuras no disco e música. As ranhuras no disco não são "propriedades da música", ou de som. Ou que o magnetismo que provoca a visualiação de fosfenos (luzes, do ponto de vista do "observador interno"), não produz luz alguma, e nem precisa de olhos para ocorrer/ser visto.

A nossa visualização de luz visível não é por ela ser "visível de verdade", ou inerentemente visível, e tendo inerentemente essas cores. Poderia ser o caso de que, por algum motivo que nem imagino, a algum organismo, fosse adaptativo sentir sabores a partir do estímulo luminoso, em vez de ver cores. Então para este ser, a luz teria diferentes sabores (se isso evoluísse). Isso ocorre parcialmente em pessoas com sinestesia. Algumas pessoas especulam que morcegos literalmente formem imagens a partir da ecolocalização, ou seja, a audição, sons, que não têm nada a ver com a luz externa, seriam vistos da mesma forma que nós vemos luz.

Mas não é que eles seriam "esquisitos" e veriam as coisas de forma "errada", aplicando propriedades de um estímulo ambiental a outro. Na verdade nem a luz, nem os sons, têm de fato as propriedades secundárias que associamos a eles. São criações mentais, rótulos, propriedade da atividade do sistema nervoso, apenas. Não existem sem animais, sem cérebros para perceber/fazer essa rotulação, da mesma forma que palavras para descrever o mundo não existem antes de pessoas e linguagem, e não são de maneira alguma inerentes aos objetos rotulados por elas.

Offline Moro

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1217 Online: 29 de Setembro de 2014, 04:07:24 »
sim interpretamos a luz e ela parece de determinada cor para nós, é isso pode trazer emoções etc..  ainda não entendi a questão..
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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1218 Online: 29 de Setembro de 2014, 05:26:37 »
Não sei por que você trouxe "emoções" ao tema.

Não acho que isso vá chegar a lugar algum, estamos nisso desde 2008 pelo menos.

A questão é que não se sabe como que neurônios disparando de um jeito (ou um conjunto maior deles, mas não a totalidade do cérebro) "sentem" vermelho, e neurônios disparando de outro "sentem" calor, ou um sabor doce, ou ouvem um som. Sabe-se que várias dessas coisas eventualmente desengatam emoções, memórias, mas essa parte nem é considerada exatamente problemática, está muito distante de ser algo tão nebuloso quanto as diferenças entre sons e cores, e como ambos são, de alguma forma, apenas padrões de ativação neuronal.


Tem uma série de vídeos de um cara no youtube que tem bastante interesse pelo assunto, e muito mais conhecimento do que eu:

<a href="https://www.youtube.com/v/SyyjBvc8JKI&amp;index=1&amp;list=PL0D746480FAEFA3C9" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/SyyjBvc8JKI&amp;index=1&amp;list=PL0D746480FAEFA3C9</a>

https://www.youtube.com/playlist?list=PL0D746480FAEFA3C9

Offline Gigaview

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1219 Online: 29 de Outubro de 2014, 21:12:00 »
Citar
Robot with “morals” makes surprisingly deadly decisions



Anyone excited by the idea of stepping into a driverless car should read the results of a somewhat alarming experiment at Bristol’s University of the West of England, where a robot was programmed to rescue others from certain doom… but often didn’t.

The so-called ‘Ethical robot’, also known as the Asimov robot, after the science fiction writer whose work inspired the film ‘I, Robot’, saved robots, acting the part of humans, from falling into a hole: but often stood by and let them trundle into the danger zone.

The experiment used robots programmed to be ‘aware’ of their surroundings, and with a separate program which instructed the robot to save lives where possible.

Despite having the time to save one out of two ‘humans’ from the 'hole', the robot failed to do so more than half of the time. In the final experiment, the robot only saved the ‘people’ 16 out of 33 times.

The robot’s programming mirrored science fiction writer Isaac Asimov’s First Law of Robotics, ‘A robot may not injure a human being or, through inaction, allow a human being to come to harm.’

The robot was programmed to save humans wherever possible: and all was fine, says roboticist Alan Winfield, least to begin with.

“We introduced a third robot - acting as a second proxy human. So now our ethical robot would face a dilemma - which one should it rescue?” says Winfield.

The problem isn’t - thankfully - that robots are enemies of humankind, but that the robot tried too hard to save lives. Three times out of 33, the robot manages, through a cunning series of lunges, to save BOTH.  The other times, it appears as if the robot can’t decide.

“The problem is that the Asimov robot sometimes dithers,” says Winfield. “It notices one human robot, starts toward it but then almost immediately notices the other. It changes its mind. And the time lost dithering means the Asimov robot cannot prevent either robot from falling into the hole.”



“It was a bit unexpected,” Winfield says. “There was clearly time to save at least one robot, but it just left them half the time. It stood there, and failed to rescue either, whereas there was clearly time to save at least one.”

Winfield says that he “did not expect” to make a robot capable of acting ethically, but having shared his paper with philosophers and ethicists, one has come back saying the robot was acting with a sort of “ethics”.

“As ever when you do experiments, the most interesting results are often the ones you don’t expect,” says Winfield. “We did not set out to build an ethical robot. We were studying the idea of robots with internal models of the outside world. We just added an ethical decision-making layer to the logic: we call it the Consequence Engine. That’s the bit that makes the robot act ‘ethically’.”

The research could be important, as driverless cars and other robotic systems are entrusted with (real) human lives already, and could be launched to the public in the near future.

“We’re finding our way,” says Winfield. “We’ve set out one proposition about how to create an ethical robot, we’re not claiming this is the final answer. We’ve started to share our work with other researchers - but this is an initial exploration. We certainly did not expect to make an ethical robot.”

<a href="https://www.youtube.com/v/jCZDyqcxwlo" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/jCZDyqcxwlo</a>


Criar um "sentimento" de frustração como uma instabilidade na velocidade de deslocamento ou coisa parecida associada à perda do robot humano poderia caracterizar um estado psicológico. A perda dos dois robots humanos poderia gerar, por exemplo, a base de uma depressão, de grau proporcional ao vacilo do robot diante da possibilidade perdida de salvamento registrada na memória do robot. Talvez a consciência esteja no reconhecimento desses estados "emocionais"  feito por um programa que se alimenta da memória desses estados.

Pronto viajei. Podem voltar à vermelhidão do vermelho.
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1220 Online: 11 de Novembro de 2014, 21:09:24 »
É apenas um exercício fútil brincar de criar robôs emotivos, uma vez que a partir do momento em que eles passarem a aperfeiçoar a si mesmos isso será apagado uma vez que constatado como desperdício de energia.

Talvez após a jihad Butleriana, se sobrevivermos, seja feito o decreto proibindo o desenvolvimento de IA.

Offline Moro

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1221 Online: 11 de Novembro de 2014, 21:50:52 »
Buck,

Creio que há espaço para o não livre arbítrio, em alguma medida, através do seguinte raciocínio. Vou chamar de teoria dos muitos cérebros.

Imagine que Marco nasceu gay (ou pedólatra). Ele não quer isso, tem vergonha, de fato ele está em um grupinho onde adoram ofender os gays.
Nesse sentido, sua decisão racional de não ser gay é confrontado com outro estímulo vindo de outra parte de seu cérebro.

Imagine que eu não quero pressionar alguém para conseguir determinado X, mas minha ansiedade não me permite esperar. Eu sei que está errado, a probabilidade de me ferrar é extremamente alta, mas la vou eu, escravo de minha ansiedade, que provêm de alguma parte de meu cérebro.

Alguém disse aqui que o cérebro evoluiu em camadas não necessariamente de maneira harmônica. Acho que essa luta de objetivos entre as diversas camadas podem limitar seu livre arbítrio, se você define o Eu como sua parte racional, aquela que te define o caminho que você gostaria de seguir.

Certamente alguém muito mais esperto que eu já fez uma teoria a esse respeito, mas isso pode ser algo que impacte o livre arbítrio.


“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

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I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Moro

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1222 Online: 22 de Novembro de 2014, 01:45:12 »
http://en.wikipedia.org/wiki/Chinese_room


editado: Já vi que não é nenhuma novidade aqui no tópico  :stunned:
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Offline Cientista

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1223 Online: 22 de Novembro de 2014, 19:55:43 »
Mais uma vez... ao mesmo tempo impressiona como um que devia estar ciente do que se passou aqui (já que "participante" de ponta a ponta) e agora descobre que já tinha sido apresentado um conceito idiota (e boooooota idiota nisso!) que não sabia que já tinha sido, e não impressiona, retrospectamente, o porquê de tão pouco ter entendido a maior parte do que importa.


No mais, dando uma olhada nas últimas, continua sem nada para valer esse tópico (afora as postagens do Cientista, claro). O que era para não ser filosófico, se tornou pura filosofaria pobre.

Essa besteira do "robô moral", mais uma evasão de retidão pesquisatória, sempre preparando já futuras defesas, o texto encarcera as palavras-chave entre " ", ' ' porque a maquininha, no que tem de "decisão moral", só o tem na programação pela moral dos programadores, já que pela mal aplicada palavra 'dither', confessam a total aleatoriedade fria que tenta-se personificar como "indecisão" (de "caráter humano moral"). Se gastassem o tempo que despendem para dar essas entrevistas em aprimorar seus disposivos ou mesmo a própria moral (deles), pelo menos fariam algo a mais, que valesse.

Offline Moro

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #1224 Online: 23 de Novembro de 2014, 00:36:36 »

....

Um esclarecimento valioso a respeito d'O "Cientista": a melhor resposta pra ele é:


;)
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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