Não responde nada. Concordo 100%.
Não entendi muito essa parte de "desmontar em pedaços conceituais mínimos.
"Alma" (ou melhor, "espírito"; alma mais corretamente significaria apenas "corpo físico" mesmo) geralmente tem o significado de ser um "fantasma", algo que é essencialmente uma "cópia" de todas as nossas faculdades quando "encarnados", ou é aquilo que essencialmente/verdadeiramente somos e que fica "usando" nosso cérebro. Mas isso é mais do que precisamos para explicar o problema, tem um monte de conceitos que só "vem de carona" com a propriedade "dotado de experiência subjetiva" que é simplesmente postulada para essa "coisa" de natureza totalmente incógnita.
E essa bagagem desnecessária é geralmente indesejável, e pensar em algo de "natureza incógnita" já é algo que devemos procurar fazer apenas em último caso, desespero mesmo. Se vamos fazer isso, o minimamente decente a ser feito é tentar extirpar essa bagagem extra do conceito até que ficasse o mínimo necessário para dar conta do problema*.
A primeira e mais evidente "gordura" a ser tirada seria a noção de fantasmas desencarnados, consciências flutuantes por aí, perfeitamente dotadas de capacidades sensoriais e etc. Talvez, se há "algo mais", seja algo cuja existência fosse inerentemente ligada ao cérebro, não podendo existir "fora" dele. A outra seria o dessa "coisa" já ser um "eu" irredutível, em vez de um produto da interação de componentes menores, ou de propriedades desconhecidas de componentes menores.
Uma analogia seria como, leigos em programação de computador tentam explicar o sistema operacional. Uma hipótese possível é que fosse uma "alma", algo que simplesmente tem propriedade irredutível de ser um sistema operacional, e pronto, não é explicado por um "funcionamento", simplesmente é isso. Sabemos, mesmo sendo leigos, que um sistema operacional não é essa coisa monolítica com a propriedade irredutível de ser um sistema operacional, e talvez seja esse o caso com a "alma", ou experiência subjetiva.
O que o Chalmers propõe é algo mais ou menso nas linhas de experiência subjetiva ser meio que um "outro lado" de praticamente qualquer interação física. E agora talvez seja distorção minha, mas acho que parte da idéia é de que, embora pudesse existir essa propriedade física que constitui a experiência subjetiva em qualquer interação física, apenas certos sistemas teriam a organização necessária para produzir a experiência que conhecemos -- ou seja, não é como se pedras e calculadoras tivessem "fantasmas", consciências num sentido pleno, com todas as faculdades cognitivas que temos, apenas ficando "presos" em corpos onde não podem usá-las. As coisas seriam inerentemente ligadas ao que (ou "um outro lado do que") há de físico/processual que nos dá essas faculdades.
Não conheço o Chalmers. Tem algum texto na NET que fale sobre?
Eu não tenho nenhum em particular para recomendar, mas se procurar pelos termos "qualia" e "chalmers" deve encontrar bastante coisa.
O básico é a wikipedia mesmo, que ainda pode ter leituras adicionais melhor selecionadas:
http://en.wikipedia.org/wiki/David_Chalmers#Philosophy_of_mindOutra coisa que necessita de uma explicação é o efeito placebo. Efeito placebo é uma coisa aburdamente menosprezada e é simplesmente fantástica. Ocorrem efeitos muito físicos.
É bem interessante, mas nem de longe algo tão misterioso quanto qualia. Aqui parece ter um bocado de coisa a respeito:
http://en.wikipedia.org/wiki/Neural_top_down_control_of_physiology