Olha Buck, você falou muito complicado. A vermelhidão do vermelho é vermelha pois assim ocorre sua representação,
Assim se "explica" qualquer coisa: "isso é assim porque assim é".
Representação é uma das hipóteses, mas ela não é de maneira alguma completa, não se sabe "de que é feita" essa representação. Obviamente tem bases em neuroatividade, mas não é de maneira alguma óbvio, ou entendido como, que neurônios disparando de um jeito X produzirão uma experiência subjetiva ou outra.
tanto que dautônicos, com problemas na representação, pois a percepção eles têm, não conseguem ver a "vermelhidão" de uma cor específica.
Na verdade a maioria dos daltônicos têm um déficit na diferenciação das cores já na "entrada". E isso não nos diz nada sobre suas representações mentais das cores, apenas que certas cores serão indistintas, mas você não tem como dizer qual é se vêem verde e vermelho ambos como verde, ou como vermelho, por exemplo. A melhor generalização seria que veriam a coisa de acordo com o fotorreceptor que têm, mas não é de forma alguma uma assunção segura (mais a seguir).
Ao mesmo tempo, alguns tipos de daltônicos são capazes de fazer distinções entre tonalidades de cores indistintas aos não-daltônicos, então talvez os "rótulos mentais" das cores que não vêem estejam sendo usados para essas, não sabemos. É uma possibilidade, se não supomos que a experiência interna tenha como fator causal importante qualquer propriedade física dos fotorreceptores que faltam.
Talvez dê para bisbilhotar no padrão de atividade neuronal e inferir ser igual a um ou outro (desconheço se é possível esse tipo de observação tão minociosa), mas ainda assim, o conhecimento disso se dará apenas por correlação e generalização, não se observa diretamente a experiência subjetiva, a não ser pelo indivíduo que a tem, e não se sabe porque um dado padrão resulta numa experiência, e não em outra.
Isso ainda supondo ser algo realmente universal, isso é, que todas pessoas tem a mesma "paleta" e outros análogos sensoriais, em vez de representações trocadas. A "universaliade" é a assunção mais parcimoniosa, mas é só isso, uma generalização razoável, não se tem evidência alguma. E se tem até alguma leve sugestão das coisas não serem "tão" universais assim. Aparentemente a vivência das pessoas faz pode criar um "daltonismo" em nível "neuronal", mesmo sem diferenças nos fotorreceptores (como no daltonismo mais comum propriamente dito), ou sem lesões cerebrais (como em "daltonismos" mais raros). Pessoas de diferentes culturas conseguem distinguir cores que a nós "ocidentais" parecem idênticas, ao mesmo tempo em que não conseguem distinguir cores que nos são nitidamente diferentes.
Tópico sobre isso:
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Sei lá Buck, veja um monitor, por exemplo. Existe um mecanismo que constrói os códigos que queremos que eles construam.
O problema é que no caso da experiência subjetiva estamos falando de um monitor "interno", um aparente "teatro cartesiano", "invisível", com "píxeis" incógnitos que só "acendem" para as pessoas donas dos cérebros.
Um píxel é um trequinho emitindo fótons. O nosso "píxel mental" que representa é... bem... aquilo que vemos. Não é uma parte bioluminescente interna no cérebro, recriando a telinha. E só isso que se sabe a respeito, além de estar correlacionada a algum padrão de atividade neuronal, que é presumidamente sua causa, de alguma forma, desconhecida.