Se a população for desarmada, reduzirmos drasticamente o número de armas em circulação, controlarmos melhor as fronteiras fazendo acordos com nossos vizinhos para isso, certamente ficará muito mais caro e difícil comprar uma arma de fogo. Hoje em qualquer esquina com um punhado pequeno de notas de 50 qualquer zé mané compra uma arma de fogo. O sujeito fica muito mais macho e na primeira discussão no bar da mesma esquina, vai pregar fogo no camarada que lhe ofendeu. É o que acontece.
De acordo com o estudo "
Homicídios por Armas de Fogo no Brasil: Taxas e números de víítimas antes e depois da Lei do Desarmamento" da Confederação Nacional de Municípios, que já foi citado:
páginas 5 e 6: "Os números deste trabalho mostrarão que, cada vez mais, homicídios são cometidos com armas de fogo no Brasil, alcançando 7 em cada 10 a partir de 2003. [...] O aumento progressivo do uso de armas, como veremos abaixo, demonstra que a acessibilidade proporcionada pelo tráfico ilegal vem se incrementando e se banalizando no país, mesmo após o lançamento do Estatuto do Desarmamento em 2003."
página 6: "Com base nos registros do SIM/DATASUS/MS, constata-se que, de 1996 a 2008, o percentual de uso de armas na prática de homicídios subiu 12%. Em 1996, 59% dos homicídios foram praticados com armas de fogo. Como se pode ver na tabela 3, esse percentual no uso de armas não pára de crescer, atingindo 71% das mortes intencionais ocorridas no ano de 2008. Mais à frente veremos também que o uso de armas nas regiões metropolitanas é ainda mais intenso, chegando a ser responsável por 79% das mortes em 2007 e 2008. Em algumas capitais, como Maceió, o envolvimento de armas na prática de homicídios passa de 90%.
[...]é possível constatar como as armas de fogo aparecem como instrumento principal de execução dos homicídios em um período de 13 anos. Há uma evolução constante, que não é interrompida com a promulgação do Estatuto do Desarmamento no final de 2003."
página 9: "Todos esses e outros dispositivos previstos no Estatuto do Desarmamento buscaram proporcionar um maior controle do fluxo de fornecimento e acesso a armas legais no país, visando uma posterior diminuição de crimes. No entanto, no que se refere ao fluxo de comércio e de uso de armas ilegais, não se observa políticas públicas tão contundentes, nem mesmo uma tentativa expressiva de controle por parte dos governos e do sistema penal (política e justiça). Como já mencionado acima, a proporção no uso de armas na prática de crimes aumenta a cada ano, demonstrando nitidamente a facilidade de acesso a armas ilegais
por parte da população civil."
pagina 16: "Enquanto a proporção de homicídios praticados em regiões metropolitanas vem caindo, a proporção de uso de armas nos crimes que ocorrem nesses espaços está aumentando a cada ano. Além disso, se compararmos o percentual de crimes praticados com armas no Brasil com o percentual de uso das regiões metropolitanas, vemos que as armas são muito mais usadas nesse segundo tipo de espaço social."
página 19: "A análise da evolução das taxas de homicídios por armas de fogo por estado mostra que existe um grupo de 13 estados em que há um crescimento constante na prática de crimes com armas, quais são: Alagoas, Paraná, Pará, Bahia, Paraíba, Goiás, Rio Grande do Sul, Ceará, Rio Grande do Norte, Amazonas, Maranhão, Santa Catarina e Piauí.
Apenas os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Roraima apresentam quedas significativas ao longo do período, possivelmente impulsionadas pelas políticas de segurança aplicadas nas capitais."
página 23 e 24: "O que se vê, é que o tão aclamado estatuto do desarmamento foi mais uma lei inócua, que conseguiu tirar de circulação uma quantidade de armas legais, mas não passou perto ao menos da tentativa de lidar com o tráfico de armas ilegais.
Em qualquer estado e em qualquer capital, o uso de armas aumenta a cada ano.
Armas brancas vão sendo deixadas de lado e armas de fogo cada vez mais ganham espaço no mundo do crime, mostrando que comprar um revólver ilegalmente é quase tão fácil quanto comprar uma faca no supermercado. Isso foi provado acima, quando vimos que 7 a cada 10 homicídios são praticados com arma de fogo. Nas regiões metropolitanas chega a 8 em cada 10. Em algumas capitais, se aproxima ou ultrapassa 9 em cada 10, como é o caso de Maceió, Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Vitória e Florianópolis.
[...]O primeiro obstáculo que surge na observação das taxas nacionais é o fato das estimativas anuais de população do IBGE terem, muitas vezes, uma margem de erro muito grande. [...]
O segundo equívoco que pode ser cometido ao se dizer que as taxas nacionais sofreram leve queda e se mantém agora estáveis (embora em níveis altíssimos) seria refletir essa situação para todo o território nacional. Devido à heterogeneidade dos espaços e à existência de realidades culturais e socioeconômicas completamente diferentes dentro deste país, podemos notar que neste imenso universo existe Estados com taxas de primeiro mundo, como é o caso de Santa Catarina, e estados com taxas maiores ou iguais a países em guerra, como é o caso de Alagoas.
As taxas nacionais não refletem as diferentes e opostas tendências de oscilação das taxas nas diversas partes do país, pois, como mostrado no estudo, existe um grupo grande de capitais e de estados que sofrem um aumento em suas taxas a cada ano.
Resultados positivos foram encontrados apenas nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Roraima, que apresentam quedas significativas ao longo do período, possivelmente impulsionadas pelas políticas de segurança aplicadas nas capitais e suas regiões metropolitanas. E é em razão dessas políticas isoladas, aplicadas com força em apenas algumas partes do país, que a taxa nacional acabou sofrendo leve queda.
Quando analisamos as capitais de forma isolada temos que Maceió, Porto Velho, João Pessoa, Curitiba, Salvador, Porto Alegre, São Luis e Fortaleza estão em um grupo de risco, com aumento progressivo na prática da violência com armas de fogo. Esse crescimento mostra que em tais capitais impera a precariedade de políticas públicas de combate ao crime. Do lado oposto, seguindo uma tendência de queda, está Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Vitória e Boa Vista. Embora Vitória e Recife estejam sofrendo quedas progressivas, ainda figuram entre as capitais com as maiores taxas do país, perdendo apenas para Maceió.
E como já era de se esperar, os dois municípios com as maiores taxas do país estão localizados em regiões de fronteiras internacionais – Guaíra e Foz do Iguaçu, ambas do Paraná mostrando mais uma vez a força das redes internacionais de tráfico de armas, drogas e pessoas, que entram e circulam pelo país. Além disso, esse ranking municipal também mostra a intensidade do crime e do tráfico em cidades do interior de Pernambuco, que plantam maconha, bem como do interior do Rio de Janeiro."
O desarmamento não diminuiu o número de crimes nem a quantidade de armas utilizadas nos crimes.Haverá com certeza menos crimes envolvendo armas de fogo e isso quer dizer menos poder para quem quiser cometer um crime e menos letalidade, inclusive e sobretudo nas disputas pessoais. A partir daí, é possível fazer muitas conjecturas. Haverá menos violência, isso da pra dizer com certeza.
Errado.
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