Ajudaria a compreensão, se voce fizesse uma análise um pouco mais fragmentada.
Não entendo o que você quer.
Que voce faça como fez nesta postagem: Segmente e analise parte-por-parte.
Não. Quem governou foram os militares mais conservadores, com diferentes graus de apoio da direita política civil e com amplo apoio da população. Eu lembro que meu pai comentou sobre um ensaio de Roberto Campos onde ele defendeu o golpe, mas clamava pela volta da democracia em 1972. E isto apesar dele ter um viés autoritário (no sentido de que o poder maior deveria ser principalmente do Executivo sob os auspícios da tecnocracia) em áreas mais sensíveis, como nas forças armadas e nos ministérios mais importantes.
Sim, isso confirma que a ditadura foi regida e estabelecida pela direita.
E eu, em agum momento, afirmei o contrário?
Bem, eu acho que deixei claro o meu repúdio ao golpe e à ditadura. Mas seria muito esquisito mesmo, se a esquerda não fosse pelo menos acossada.
Porque? porque defendiam no seu idealismo um estado socialista? Muito me estranha que um defensor da democracia como você concorde com esse tipo de repressão da liberdade de expressão e de pensamento.
Agora voce está pensando por mim, _Juca_?
Eu não concordei com nenhuma das decisões tomadas pelos dois lados e que implicaram em danos pessoais ou materiais.
O que eu escrevi, e pensei que estava claro, é que a partir do momento que houve uma ruptura legal e institucional, seria muito difícil, quase impossível, que os detentores do poder não mais violassem qualquer direito individual.
Entendeu agora?
Não havia um golpe se congifurando entre a esquerda, não havia nenhum indício ou evidência de que a esquerda estava armando um golpe de estado ou qualquer tipo de revolução na época. O que havia era o fortalecimento dos movimentos sociais e sindicais que iam de encontro com as reivindicações esquerdistas, tal como hoje.
Concordo na parte em que voce afirma que não havia um movimento revolucionário armado em curso na época do golpe. Mas está claro, ao menos para mim, que a estratégia adotada pela esquerda no Brasil era a de tomar progressivamente o poder pelas vias institucionais para depois fazer uma ruptura com a democracia representativa.
E duvido que pudesse ser de algum modo diferente, se for considerado aquele período histórico, que era o auge da Guerra Fria no embate de EUA e URSS pela supremacia mundial.
Dada a dicotomia reinante naquela época, com a ideologia anti-comunista de um lado e da anti-capitalista do outro, você tem razão. Mas isso não relativiza a culpabilidade dos erros cometidos naquela época.
Concordo. Ele explica, mas não justifica.
Correndo o risco de ser acusado de falacioso, eu não posso deixar de pensar como seria o cenário social e econômico no caso de uma administração esquerdista nos anos 60. No meu entender, ela seria tão ou mais autoritária que a dos militares, talvez descambando para um regime totalitário aos moldes de todos os regimes esquerdistas não-europeus ou até mesmo os europeus sin-Stálin.
Balela. Como eu defendo aqui foi a esquerda quem lutou pela redemocratização, porque eu pensaria que de alguma forma seria diferente?
Balela?
Você pode citar um caso - repito: somente um caso - de regime socialista típico surgido desde os anos 20 e que não tenha resultado em um sistema autoritário ou totalitário com supressão parcial ou total das liberdades individuais?
Em caso de resposta negativa, então eu faço outra pergunta: Porque no Brasil isto seria diferente?
Eu não tenho dúvida que os períodos são complementares em termos de explicação da história do Brasil. Mas em termos de contextos históricos mundiais eles são completamente diferentes.
O golpe foi em 01/04/1964. O EUA tinham uma vantagem militar numérica maciça sobre a URSS, principalmente em vetores nucleares estratégicos e ainda não haviam entrado de "sola" no atoleiro do Vietnã. O poder militar da URSS começava a crescer de forma vertiginosa. A sua ideologia revolucionária se espalhava rapidamente pelo mundo.
Os EUA nunca tiveram vantagem militar maciça sobre a URSS, se tiveram alguma vantagem não foi maciça.
Errado, meu caro _Juca_.
A vantagem militar do EUA era gigantesca no início dos anos 60, sendo que os únicos itens que o EUA ficavam atrás era no número de tanques e obuses autopropulsionados, embora não na qualidade dos equipamentos. Em compensação, tanto a Marinha como a Força Aérea do EUA eram imensamente superiores em número e em qualidade de equipamentos.
No setor nuclear o EUA tinham mais de 20.000 ogivas nucleares distribuídas em mísseis dos tipos ICBM, IRBM, SLBM, ALCM, SLCM e em bombas de queda livre, sendo que todos os seus mísseis já eram de combustível sólido, que pode ser lançado em menos de um minuto após dada a ordem.
Em contrapartida os soviéticos tinham menos de 2.000 ogivas nucleares, a maioria em mísseis do tipo ICBM e IRBM, com pouquíssimos do tipo SLBM e nenhum do tipo ALCM e SLCM. Todos os mísseis soviéticos daquela época eram a combustível líquido e levavam cerca de 30 minutos para serem abastecidos e lançados.
Eis um gráfico precário sobre o balanço nuclear entre EUA e URSS. Eu tenho um material melhor e mais detalhado que está arquivado. Pretendo "desenterrá-lo" ao longo desta semana.
FonteSim. E quase toda a infra-estrutura que temos foi construída ou projetada neste período. E a dívida externa é pequena quando comparada à dívida interna pública hoje. De fato aquela é algo em torno de 10,00% desta.
Sua comparação não em o menor cabimento, não leva em consideração PIB, inflação, valor do dólar, o Brasil foi a default várias vezes nos anos 80, sem condições de pagar nem os juros da dívida.
Voce e o Derfel não entenderam.
Eu escrevi que
hoje a dívida externa é uma fração (cerca de 1/10) da dívida interna pública e não que a dívida externa, quando terminou a ditadura, equivale hoje a 10,00% da dívida interna. No final do regime de exceção, a dívida externa era muito maior que a interna porque foi a única opção de captação visto que o Brasil não tinha credibilidade internacional para a venda de títulos públicos.
Portanto eu não desprezei a contextualização econômica, desconsiderando outros fatores macroeconômicos, seja ele o PIB, a relação PIB/endividamento, o valor e a inflação do dólar, etc.
E mesmo assim, o ponto fundamental permanece intocado: A maior parte da infra-estrutura que se tem hoje no Brasil ainda provem daquela época.
A dívida pública do governo federal hoje é relativamente muito menor que a dívida externa do fim do regime, sem contar que hoje o Brasil é credor internacional e a dívida líquida externa foi zerada a algum tempo. Você entende isso?
O Brasil, de fato, não é credor internacional porque a dívida dos títulos nacionais excede a soma das reservas físicas e o valor de face dos títulos de outros países em nosso poder.
E, SIM!
Eu consigo entender isto!