Desculpem me intrometer, mas acho que tudo é bem mais simples.
O
Destino pode ser definido como uma sucessão inevitável de acontecimentos, que subjuga tudo que existe. Assim, todo e qualquer acontecimento (inclusive o mental) pode ser explicado por relações de causalidade.
A todo
efeito é atribuída uma
causa.
É a ideia filosófica do Determinismo (Laplace, Espinoza, Nietzsche).
Supondo que todo efeito está completamente determinado pela causa (determinismo mecanicista), o
Destino é uma cadeia causal totalmente explicado pelas condições iniciais do Universo. A partir do momento inicial do
Big Bang (t>0), o Universo evolui segundo um "caminho" traçado pelas condições desse momento.
Em última análise, as leis da Física seriam necessárias e suficientes para estabelecer esse
Destino e permitiriam prever como seria o futuro.
Porém nem tudo é tão simples (nem tão difícil) quanto parece.
Podemos supor que um efeito não está totalmente contido na causa, simultaneamente interagindo causalmente com outros efeitos, o que pode dar origem um nível de realidade diferente do nível das causas anteriores.
Assim é a interação entre indivíduos que formam um outro nível de realidade, que chamamos de sociedade.
Nesse caso, o
Destino não é totalmente estabelecido por causas passadas e sim determinado no presente ou na simultaneidade dos processos, pelo menos parcialmente.
E onde fica o
Livre Arbítrio? Pois é... não fica!
Aceitas essas premissas "determinísticas" simplesmente
não existe o
Livre Arbítrio!
O
Livre Arbítrio é apenas uma ilusão, com grande reforço emocional, claro.
A ideia que utilizamos nosso
Livre Arbítrio para tomar decisões está intimamente associada ao conceito de liberdade, onde a alma, a vontade, o desejo e a escolha existem em um universo à parte, separado do
universo causal.
Nesse universo somos totalmente livres e as nossas decisões baseiam-se também nas nossas vontades e desejos. Podemos decidir entre diferentes opções, até mesmo de forma independente das causas, até mesmo sabendo que teremos consequências nefastas no futuro. Muitas vezes, o componente emocional de nosso
EU é preponderante e subjuga o racional. Assim nossas decisões nos dão essa sensação de liberdade de escolha, de
Livre Arbítrio. Somos independentes da ideia determinística (causa-efeito).
A situação emocional de culpabilidade, originada por decisões "erradas", leva muitas pessoas a procurar a Religião (visando obter a orientação e o perdão Divino) ou meios "esotéricos" ("as cartas não mentem jamais..."
). Quanto maior nossa insegurança quanto ao futuro decorrente de nossas decisões, maior será nossa necessidade emocional de "ajuda" para decidir.
Mas será isso mesmo?
Uma pedra jogada ao ar poderia "pensar" que tem
Livre Arbítrio e "pode" decidir onde irá cair.
Da mesma forma, a água da chuva que escorre montanha abaixo já tem seu "caminho" traçado antes mesmo de começar a chover.
Até que ponto somos como a pedra ou a água da chuva?