Coreia do Norte prepara funeral grandioso para Kim Jong-ilEnterro de líder norte-coreano está marcado para quarta-feira, enquanto país prepara terreno para seu sucessor, Kim Jong-unO governo da República Popular Democrática da Coreia prepara nesta terça-feira o funeral grandioso de Kim Jong-il de quarta-feira, que se converterá em uma ocasião para celebrar o culto do líder recentemente falecido e o de seu filho e herdeiro, Kim Jong-un, já firmemente instalado no poder.
Militares norte-coreanos levam coroa de flores em homenagem ao líder falecido Kim Jong Il em PyongyangPoucos detalhes foram divulgados sobre o desenrolar das cerimônias previstas para quarta-feira, organizadas 11 dias após a morte do líder incontestável durante 17 anos.
Os observadores esperam uma demonstração bem orquestrada de lealdade a Kim Jong-il e também ao poder que o substituiu, seguindo o modelo já utilizado em 1994 no funeral de Kim Il-sung, considerado o fundador do Estado norte-coreano.
Filho e sucessor do líder morto em 17 de dezembro, Kim Jong-un deverá aparecer em um local central, já que o regime ofereceu diversas mostras de lealdade para garantir uma transição rápida.
Já chamado de "grande sucessor" e "grande camarada", esse homem de menos de 30 anos e sem qualquer experiência política conhecida já foi designado na imprensa norte-coreana como o "comandante supremo" das Forças Armadas e líder do Partido dos Trabalhadores da Coreia.
O jornal do partido, o Rodong Sinmun, publicou o nome de Kim Jong-un em enormes caracteres em sua edição desta terça-feira, um privilégio que até agora estava reservado unicamente a Kim Il-sung e a Kim Jong-il.
"Kim Jong-un, grande sucessor da causa revolucionária e líder esclarecido de nosso partido, do Estado, das Forças Armadas e do povo, está liderando a revolução", afirmou a agência de notícias oficial KCNA ao descrever a última visita do novo líder ao mausoléu em Pyongyang onde repousam os restos de seu pai.
Já doente, Kim Jong-il nomeu Kim Jong-un general de quatro estrelas e vice-presidente da comissão Militar Central em 2010. Pyongyang o promoveu habilmente como "grande sucessor", consciente de que um candidato alheio aos Kim arriscaria a unidade de um regime obsoleto com aspirações de perpetuar-se.
Por enquanto se desconhece se o jovem herdeiro exercerá na prática o poder totalitário que supostamente foi outorgado a ele ou se, pelo contrário, as decisões serão tomadas por veteranos dirigentes do país, como Jang Song-thaek, cunhado do falecido Kim Jong-il.
Muitos especialistas em Seul assinalam nos últimos dias como possível futuro administrador do país Jang, braço-direito de Kim Jong-il e quem sempre esteve próximo aos círculos de poder. No último domingo, ele apareceu pela primeira vez com uniforme de general na televisão norte-coreana.
Outra figura-chave que emerge nesses dias é Cho Ryung-hae, de 61 anos, assessor de Kim Jong-un e quem, da mesma forma que o sucessor, foi elevado a general em 2010.
Cho, cujo pai e ele mesmo mantinham uma estreita relação com o fundador do regime e "presidente eterno", Kim Il-sung, gozaria de uma influência nas elites norte-coreanas similar à de Jang Song-thaek, respeito ao qual goza além de uma categoria superior no partido, como publicou nesta terça-feira o jornal sul-coreano "The Chosun Ilbo".
Os analistas cogitam também o octogenário Kim Yong-nam, presidente da Assembleia Popular da Coreia do Norte, ao que o espanhol Alejandro Cao de Benós, delegado especial do Comitê de Relações Culturais com o Exterior norte-coreano, denominou "a verdadeira autoridade do país".
As futuras relações com o exterior da hermética Coreia do Norte se transformaram em outra das grandes incertezas na comunidade internacional, onde ninguém espera que Pyongyang tome decisões transcendentes até quinta-feira, quando acaba o luto nacional pela morte de Kim Jong-il.
Relações Norte-SulO regime decidiu não aceitar a presença de nenhum representante estrangeiro para participar dos funerais. Duas delegações sul-coreanas não governamentais, enviadas na segunda-feira para apresentar suas homenagens, retornaram nesta terça-feira à Coreia do Sul.
Essas delegações eram lideradas por Lee Hee-Ho, viúva do ex-presidente sul-coreano Kim Dae-jung - que organizou no ano 2000 a primeira cúpula intercoreana com Kim Jong-il -, e Hyun Jung-eun, presidente do grupo industrial Hyundai, pioneiro da cooperação econômica entre os dois países.
As duas mulheres se encontraram brevemente com Kim Jong-un na tarde de segunda-feira para apresentar a ele suas condolências. Em seu retorno a Seul, Lee disse esperar que sua visita ajudasse a melhorar as relações entre a Coreia do Sul e do Norte.
Ao regressar, Lee e Hyun passaram pelo complexo industrial de Kaesong, situado no lado norte da fronteira. Trata-se do último grande projeto econômico bilateral, que sobreviveu às tensões dos dois últimos anos.
As relações são difíceis entre os dois vizinhos, mas o governo sul-coreano tentou reduzir as tensões após o anúncio da morte de Kim Jong-il, ao enviar uma mensagem de "condolências ao povo da Coreia do Norte", por temer que qualquer distúrbio possa levar a um confronto.
Apesar de uma economia em ruínas, que enfrenta dificuldades para alimentar uma população de 24 milhões de habitantes, a Coreia do Norte possui um Exército de 1,2 milhão de homens e também armas atômicas.
Essa capacidade militar faz com que as potências regionais esperem a estabilidade do país. Os países da região multiplicaram as consultas depois do anúncio da morte de Kim, no dia 19 de dezembro.
Depois de uma visita à China, um emissário sul-coreano deve viajar na quarta-feira aos Estados Unidos para analisar a possibilidade de relançar as negociações do Sexteto (as duas Coreias, China, Estados Unidos, Japão e Rússia).
O objetivo dessas negociações é convencer a Coreia do Norte a iniciar um processo de desarmamento de seu arsenal nuclear em troca de ajuda energética. Pyongyang bloqueou o avanço destas negociações em abril de 2009, e realizou seu segundo teste nuclear apenas um mês mais tarde.
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