Autor Tópico: Existe traficante "ético"?  (Lida 27645 vezes)

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Offline Moro

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #125 Online: 13 de Janeiro de 2012, 19:51:21 »
bom mas tem que tirar os caras não? tem alguma sugestão?
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Offline Bob Cuspe

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #126 Online: 13 de Janeiro de 2012, 20:16:54 »
Segue um bom artigo sobre o assunto.

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Experiência Portuguesa Pode Melhorar Combate Ao Crack No Brasil, Dizem Especialistas


Foco deve ser o tratamento dos dependentes; analistas criticam operação na Cracolândia

No final dos anos 1990, quando o consumo de heroína ocupava as ruas de Portugal, o país decidiu tomar uma medida radical e polêmica: descriminalizou o consumo de toda e qualquer droga. O foco da ação do Poder Público deixou de ser a repressão policial ao consumo de entorpecentes, para privilegiar o tratamento de saúde e a assistência social aos usuários.

Leia mais:
Crise econômica deve afetar políticas públicas e aumentar consumo de drogas

Hoje, o país é elogiado pelas estatísticas que apontam queda no uso de drogas. Para alguns analistas do fenômeno, a política portuguesa deveria servir de referência para o Brasil, por exemplo, na luta contra o crack, - em contraposição à repressão policial aos usuários da região conhecida como Cracolândia, no centro de São Paulo.

Mesmo que se resista à descriminalização, como é a posição oficial brasileira, os especialistas defendem que o importante é que a prisão não seja o recurso para tratar o consumidor. A forma, qualquer que ela seja, deve evitar a estigmatização do usuário, disse ao Opera Mundi Jorge Goulão, presidente do IDT (Instituto da Droga e da Toxicodependência). O órgão, que fica sob a alçada do Ministério da Saúde, é o equivalente português da Senad (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas), do Brasil, subordinada ao Ministério da Justiça.

“Penso que a descriminalização não é condição sine qua non para a dissuasão. O que me parece essencial é que o contato do usuário com o sistema (penal ou outro) seja acompanhado por um olhar de profissionais da área da saúde e de apoio social, tendo em vista encontrar respostas para além da mera reclusão, que habitualmente não tem outros resultados que não sejam os do aumento da exclusão e estigmatização”, afirma Goulão.

Com a mudança da lei, em 2000, em vez de enfrentar um processo criminal, os flagrados com drogas para consumo próprio (a quantidade máxima é a necessária para até 10 dias) em Portugal respondem a um processo administrativo nas Comissões de Dissuasão de Toxicodependência.

Combate à estigmatização

As punições, quando ocorrem, são administrativas – não vão para a ficha criminal – e envolvem, por exemplo, impedimento de que o dependente exerça algumas profissões ou frequente determinados locais. Mas a maioria dos processos é suspensa. Assim, em 2010, 62% das decisões das comissões foram pela a suspensão dos processos de não-dependentes, 20% pela suspensão de processos de dependentes que se comprometeram com tratamento e 14% resultaram em punição.

A preocupação em evitar o estigma modela também o modo de operação. O consumidor pode pedir que as cartas sobre o processo não sejam enviadas para sua casa e o “julgamento” é feito em uma sala informal, sem colocá-lo na situação de réu, descreve Gleen Greenwald, constitucionalista norte-americano que escreveu um relatório sobre o modelo português para o Instituto Cato, publicado em 2009.


“A esfera dos procedimentos operativos que acompanha a descriminalização traduz-se numa ferramenta conceitual importante à diminuição da repressão do consumidor e reparadora no sentido de serem propostas novas abordagens ao consumidor/toxicodependente, considerando-se a hipótese de conduzi-lo para tratamento sem estigmatização ou punição”, defende Lúcia Dias, mestre em toxicodependência e patologias psicossociais e autora do livro Drogas em Portugal.

O que não significa que não haja repressão a quem trafica. Em 2010, a maioria (58%) dos presumíveis infratores detidos pela polícia é  traficante-consumidor. Dos processos envolvendo indivíduos que acabaram considerados traficantes, 87% terminaram em condenação.

Reconstrução social

“Claro que há discriminação”, relatou Margarida Marques, de 57 anos, ex-dependente que hoje atua em uma associação de apoio aos usuários de drogas em Portugal.  “Mas não foi isso que me levou a deixar o vício. O que me levou a procurar ajuda foi minha degradação em todos os níveis (fisico, social e espiritual)”. Atribuindo sua recuperação à religião e contrária às políticas de substituição de drogas, ela defende entretanto o apoio terapêutico do Estado ao dependente.

Para além da saúde, o modelo português investe na reconstrução da estrutura social do indivíduo buscando detectar que tipo de problemas individuais podem estar relacionados com o uso de drogas. Foram identificados 1.323 indivíduos com necessidades de apoio habitacional, sendo um terço deles solucionados -- percentual considerado baixo pelo IDT. Houve também atendimento de 43% dos 4.719 casos com necessidades de emprego, 26% dos 2.280 de formação profissional e 44% dos 1.965 de educação.

O trabalho de reinserção, afirmou Goulão, pode ser aplicado mesmo a populações problemáticas como as de consumidores de crack da Cracolândia. “É possível sempre. Claro que não conseguimos com todas as pessoas um sucesso pleno que teria como corolário: habitação, emprego etc., mas é sempre possível ajudar as pessoas mais desorganizadas a fazerem alguns progressos: nos hábitos de higiene, na aproximação com a família, na (re)aprendizagem da vida em grupo, a saberem onde acaba o seu espaço e começa o do ‘outro’”, explicou o presidente do IDT.

“Temos clubes de emprego onde se ensina a procurar anúncios nos jornais, a fazer um currículo, treinam-se as respostas a uma entrevista. Qualquer pequeno progresso é sentido por estas pessoas como um enorme ganho”, contou Goulão.

Referência

Em um artigo que analisa a intervenção planejada pelo Governo Federal em relação ao crack, a cientista política e fundadora do Instituto Igarapé, Ilona Szabo, traça um paralelo entre a crise da heroína na Europa e a de crack no Brasil. Ela sustenta que a saída de Portugal e outros países europeus foi sábia ao retirar “sanções criminais dos usuários como forma de abrir um canal direto para prestar assistência médica e social.”

“O modelo português é um primeiro passo para o Brasil, porque está bem estruturado e documentado”, diz Ilona, que também faz parte do secretariado da Comissão Global e Latino Americana de Políticas sobre Drogas. Nos relatórios do ano passado das comissões, o modelo punitivo em relação às drogas foi declarado falido e a guerra, perdida.

Para o grupo, do qual fazem parte figuras como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Kofi Annan, métodos alternativos como o de Portugal deram melhores resultados do que a “Guerra às Drogas”. O texto global defende “a legalização e a regulamentação da maconha, o fim da criminalização dos usuários de todas as drogas, o investimento de recursos em pesquisa científica e o uso da repressão com ênfase nas estruturas criminosas e não nos cultivadores, mulas humanas e vendedores de pequenas quantidades de droga.”

Mesmo para o crack?

“Quanto mais perigosa a droga, mais sentido faz descriminalizar”, disse Glen Greenwald, que vive atualmente no Rio de Janeiro para apresentar as pesquisas que tem feito sobre o modelo português. Para ele, as realidades sociais e culturais dos dois países são bastante semelhantes – com pobreza, catolicismo, conservadorismo e poucos recursos por parte do governo – o que aponta que a política seria eficaz aqui como lá. “É mais eficaz tratar vício em droga como um problema de saúde do que um problema criminal. Isso é tão verdade no Brasil quanto é em Portugal."

“É um mecanismo de limpeza social (que está sendo feito em São Paulo)”, opinou Ilona Szabo, "uma opção fácil de tornar invisível o problema das drogas e não de resolvê-lo. É cruel, uma cultura de que o filho feio a gente esconde.”

Familiarizada com modelos internacionais de combate e tratamento de drogas, Ilona se diz incapaz de antever o resultado da política adotada no Brasil em função da falta de transparência sobre o tratamento que será dado aos usuários de drogas em termos de saúde e assistência social. “Meu medo é que nada disso exista e se esteja apenas levando essas pessoas para algum lugar e dopando. Sem plano e cuidado com reinserção o problema vai voltar e maior.”

A responsabilização dos profissionais da saúde e da assistência social quanto às ações adotadas com os usuários é um dos pontos fortes destacados por Ilona no modelo português.

Diferente das alternativas que deixam nas mãos dos policiais a definição de quem vai ou não para a delegacia por não preverem quantidade e nem terem protocolos de saúde definidos, nesse caso há um profissional que assina o cadastro, cujas informações são protegidas. “Uma comissão de profissionais é responsável pela vida de outra pessoa e assina isso, e os dados são recolhidos pelo assistente social, não pela polícia. O usuário sai do número e vira uma pessoa.”

É um mecanismo mais custoso e trabalhoso, mas visto por ela como mais eficaz. “A política que estamos empregando hoje é enxugar gelo e dar tiro no pé. Estamos muito atrasados e somos preconceituosos em relação ao tema. Aqui bandido bom é bandido morto, mas se não entendermos que a sociedade tem de cuidar de todos os cidadãos, todos somos afetados. Não preciso consumir para ser afetado.”

De baixo para cima

O modelo português começou de forma clandestina, diz o pesquisador Jorge Barbosa em seu artigo “A emergência da redução de danos em Portugal: da clandestinidade à legitimação política”. Nos anos 1980, os técnicos desenvolviam ações pontuais ligadas à saúde porque percebiam, no dia a dia, que faltava apoio nessa área. Foi na crise da heroína e com a explosão de casos de Aids no país que o tratamento se institucionalizou. Um dos primeiros programas foi o do bairro social do Casal Ventoso, em Lisboa. Segundo Barbosa, o projeto encontrou pontos de contato com a população usuária de droga, unidades móveis que faziam programas de substituição da heroína e feitos planos integrados de prevenção às drogas entre governo e sociedade civil.

No Porto, outro programa parecido foi desenvolvido em meio ao sentimento de insegurança e exclusão social gerado pelo consumo de drogas nas ruas. Para se aproximar dos usuários, foram colocadas equipes de rua, gabinetes de apoio, centro de acolhimento, programas de troca de seringas e de substituição de droga e rastreio de doenças infecciosas.

A consolidação de programas de trocas de seringa, estima Barbosa, evitou aproximadamente 6.000 infecções cada 10.000 utilizadores de drogas injetáveis, entre 1993 e 2001. Uma economia de 400 milhões de euros em recursos públicos, calcula.

Com o aumento dos casos de Aids e da criminalidade por conta do consumo de drogas, ocorreu o que Barbosa chama de “cientificação” do debate sobre políticas alternativas em relação ao consumo de drogas, em que o governo chama os especialistas a contribuírem para a busca de soluções. Discutiu-se até legalização e criou-se uma proposta de descriminalização, que virou lei após a análise de uma comissão de estudos em 1999. Tudo isso, não sem críticas de que a política era de resignação perante as drogas ou de medicalização do que era visto como um problema de segurança.

Para Barbosa, o país ainda precisa fazer mais, diversificar a atuação e se adaptar às práticas de consumo para reduzir o problema. Ele critica o fato de não haver prescrição de heroína sob controle médico, troca de seringas nas prisões ou criação de salas de injeção assistida. Para Lúcia Dias, a principal dificuldade do atual modelo é conseguir definir as quantidades-limite que diferenciam um consumidor de um traficante. “É muito difícil precisar e especificar esses valores.”

Sem utopia

Sinais de aumento no consumo de drogas entre populações escolares e de um recrudescimento do fenômeno da cocaína mostram que a estratégia portuguesa, se bem sucedida, não é de todo capaz de zerar o problema do consumo de entorpecentes – assim como parece acontecer com a guerra às drogas.

Para Ilona Szabo, que foi também co-roteirista do documentário Quebrando o Tabu, em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso faz um périplo atrás de soluções de redução de dano em relação às drogas, o Brasil precisa ir além do modelo português. O segundo passo é a legalização e a regulação das drogas para que seja possível controlar substâncias disponíveis em todo o mundo. “Como queremos continuar em um modelo burro de proibir drogas conhecidas? O que é proibido não pode ser regulado, precismos experimentar um modelo pragmático.”

fonte: Opera Mundi
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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #127 Online: 14 de Janeiro de 2012, 01:26:23 »
Essas operações servem apenas para espantar os viciados por alguns momentos. Provavelmente agora a rua Helvétia está tomada por nóias.

Alias, toda essa operação """"Coordenada"""" que nem o Kassab, nem o Alckmin sabem quem comanda está sendo muito criticada pela ineficiência.

Agora não vale mais bomba de gás nem bala de borracha...

Na verdade é isso mesmo, força policial para expulsá-los do local 'A' só faz com que migrem para o local 'B'. Nem albergues nem política de recuperação o estado tem, e quer tirar os caras ? O único que faz é piorar a situação do bairro... claro que os pó-de-arroz do Higienópolis já pediram reforço policial...

--
Si hemos de salvar o no,
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Offline Diegojaf

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #128 Online: 14 de Janeiro de 2012, 06:21:41 »
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13/01/2012 - 20h15
Promotoria recua e diz que ação na cracolândia não é "desastrosa"

AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

O Ministério Público recuou e disse, nesta sexta-feira, que não é possível afirmar, nesse momento, que a ação da polícia na cracolândia seja "desastrosa".


Uma reunião de cerca de quatro horas entre o comando da PM, representantes das secretarias de Assistência Social e da Justiça e promotores, foi realizada hoje para discutir a operação iniciada no dia 3 pela Polícia Militar no centro de São Paulo.

Na terça-feira (10), os promotores de Habitação, Direitos Humanos (Inclusão Social e Saúde) e da Infância e Juventude caracterizam como "desastrosa" a ação, que teria boicotado o trabalho que já estava sendo feito na região.

Um inquérito civil foi instaurado em conjunto por quatro promotorias para investigar a operação.

A principal crítica dos promotores é que a operação foi realizada antes da inauguração do centro de acolhimento para usuários de drogas, localizado na rua Prates, região central. No entanto, após a reunião, os promotores mudaram de ideia.

"A avaliação que nós tínhamos foi feita foi com base no que a imprensa publicou. Antes não tínhamos informações dos órgãos envolvidos na ação, agora temos. Por isso não dá para dizer se a ação foi desastrosa ou não", afirmou o promotor de Direitos Humanos e de Inclusão Social, Eduardo Valério.

Valério afirmou, ainda, que a Promotoria vai continuar investigando a ação da polícia para identificar se houve algum desvio de conduta ou erro. Na próxima semana, os promotores irão ouvir pessoas envolvidas na operação de diversas áreas, como saúde, assistência social e segurança.

Os secretários municipais de Saúde, Januário Montone, e da Assistência Social, Alda Marco Antônio, e o coordenador estadual de Políticas sobre Drogas, Luiz Alberto Chaves de Oliveira, estavam entre os presentes na reunião.

Ação da Polícia Militar para afastar pessoas que voltaram à rua Helvétia no início da manhã desta sexta-feira
POLÍCIA MILITAR

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Álvaro Camilo, afirmou que a PM não vai mais impedir que os usuários fiquem na região da Luz, desde que não usem drogas.

Ele disse também que, no próximo mês, três bases comunitárias serão instaladas na região da cracolândia.

Ele explicou que, neste momento da operação, a Polícia Militar trabalha para quebrar a logística do tráfico e dar condições para que outros órgãos do poder público possam atuar, buscando a recuperação dos dependentes.

De acordo com a PM, desde a semana passada, agentes de saúde e assistentes sociais começaram a atuar com mais liberdade, sem traficantes impedindo o trabalho. Equipes de limpeza já retiraram mais de 70 toneladas de lixo da região.

"Estamos trabalhando para quebrar a logística do tráfico, e isso leva tempo", afirmou o comandante. Até as 17h desta sexta-feira, 144 pessoas foram presas --105 em flagrante e 39 foragidos recapturados. Mais de 25 kg de drogas foram apreendidos.

Segundo o coronel, os PMs que trabalham na Luz foram orientados a fazer intervenções de forma branda. "As abordagens só são feitas quando a polícia identifica o consumo ou o tráfico de drogas", disse.

A Polícia Militar informou ainda que disponibilizou cinco atendentes do Copom (Centro de Operações da PM) para atuar exclusivamente no recebimento de denúncias sobre a migração de usuários para outros bairros da cidade.

Nesta semana, a PM dobrou seu efetivo na região da Luz. São 287 policiais militares --entre eles, 152 da "Rota-- atuando na segurança da cracolândia e dos bairros próximos.

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1034256-promotoria-recua-e-diz-que-acao-na-cracolandia-nao-e-desastrosa.shtml

Tradução: "Ops, queimamos o filme de centenas de profissionais de diversos órgãos baseados unicamente na versão da imprensa. Infelizmente nossos salários de R$30.000 não nos capacita a utilizar telefones e e-mails, assim, permanecemos praticamente isolados aqui. Malz aê..."
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Offline _Juca_

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #129 Online: 14 de Janeiro de 2012, 08:36:10 »
Falta o básico, na minha opinião, conversa e coordenação política. Política. O governador e o prefeito teriam que buscar apoio nas esferas federais que são de oposição, depois coordenar a ação junto com o ministério público, polícias e equipes de apoio, colocar previamente o plano e a forma de agir na imprensa, depois ir lá e fazer a coisa com o menor grau de violência possível. Pronto, todas as esferas de poder estariam envolvidas e todos saberiam o que podem e o que não podem fazer e como agir para trazer todas as diferentes partes da opinião pública e dos poderes públicos para seu lado. Democracia é isso.

Offline Titoff

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #130 Online: 14 de Janeiro de 2012, 10:21:41 »
Parece que em São Paulo, o prefeito e o governador resolveram agir rapidamente contra o crack depois que o governo federal anunciou seu próprio plano. Não poderiam correr o risco de deixar a oposição agir primeiro e ficar nos holofotes.

Ah, as motivações políticas...

Offline Diegojaf

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #131 Online: 14 de Janeiro de 2012, 10:37:43 »

Acima: Agentes de saúde pública, membros de ONGs e sociólogos trabalhando entre os usuários de crack, demonstrando preocupação com estes... NOT!

Claro, enquanto a polícia ocupa o lugar, agora todo mundo vai, faz churrascão, manifestação, etc. Quando os caras estão lá sozinhos na fissura e roubando até calota quebrada de carro pra ver se consegue uma pedra, ninguém nem lembra, fora quem é constantemente furtado ou assaltado.
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Offline Bob Cuspe

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #132 Online: 15 de Janeiro de 2012, 13:11:14 »
Agora a PM foi liberada para prender usuário de crack portando 1g como traficante.
Política higienista? não... que isso...
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Offline Gaúcho

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #133 Online: 18 de Janeiro de 2012, 13:24:59 »
Haja presídio...
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Offline Diegojaf

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #134 Online: 24 de Janeiro de 2012, 10:45:24 »
Pedra a R$5? Que isso, aqui a R$10 eu tomei anteontem 3 maricas do mesmo cara em 3 ocasiões diferentes.

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Traficantes usam imagem de jogadores de futebol para fazer "marketing" do crack no Rio6

Hanrrikson de Andrade
Do UOL, no Rio de Janeiro


Na tentativa de maximizar os lucros ou supostamente associar à droga uma imagem de "qualidade", os traficantes da principal facção criminosa do Rio de Janeiro passaram a adotar uma estratégia de marketing para impulsionar o comércio de crack e outros entorpecentes nas favelas da capital fluminense: embalagens que estampam rostos de ícones midiáticos, em especial jogadores de futebol. Reportagem do UOL mostrou ontem que antes visto como "coisa de paulista", o crack garante atualmente lucro para traficantes no Rio.


No dia 11 de janeiro desse ano, operação em uma cracolândia do Rio apreendeu papelotes de crack com a foto do jogador Ronaldinho Gaúcho

Antes visto como "coisa de paulista", crack garante lucro para traficantes do Rio


A escolha dos "garotos-propaganda" do narcotráfico é feita de acordo com os valores unitários dos entorpecentes. Na favela de Manguinhos, por exemplo, onde fica uma das principais cracolândias da zona norte da cidade, o crack mais barato –que sai a R$ 5 nas bocas de fumo próximas aos acessos à comunidade–, ainda é personalizado com a imagem do atacante Adriano.

De acordo com a presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead), Analice Gigliotti, os narcotraficantes realmente acreditam que a associação da droga com pessoas famosas é capaz de aumentar os lucros. No entanto, o sucesso crescente do crack estaria ligado principalmente aos preços mais baixos, e não necessariamente a uma ação de marketing.

"Todos, inclusive os traficantes, sabem que o rosto de um famoso é capaz de aumentar a venda do produto. Seja maionese, calcinha ou supermercado, é claro que essa associação pode trazer bons resultados. Isso não significa, claro, que essas celebridades estão endossando o uso do crack ou de qualquer outra droga. O que aumenta mesmo o consumo é o preço do crack", afirma Gigliotti, que também é chefe do setor de dependência química da Santa Casa de Misericórdia do Rio.

A imagem do "Imperador", que passou pelo Flamengo e que atualmente integra o elenco do Corinthians, é uma das mais utilizadas pelos traficantes do Comando Vermelho (CV) desde que a facção introduziu a ideia no cenário mercadológico do crime organizado. A mesma estratégia já foi adotada por traficantes das comunidades da Cidade Alta e do Jacarezinho, ambas na zona norte, e de várias outras favelas.

Segundo informações do 16º BPM (Olaria), os criminosos utilizavam uma técnica simples de impressão para reproduzir a imagem do jogador, que aparecia em uma foto de péssima qualidade vestindo a camisa da Internazionale de Milão, clube pelo qual se destacou no futebol italiano.

No mesmo período, nas favelas de Manguinhos e do Jacarezinho, as embalagens de pedras vendidas a R$ 10 exibiam a imagem do ex-jogador Ronaldo, que hoje é membro do comitê organizador da Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

Se no mercado publicitário os ícones midiáticos são constantemente substituídos, a mesma lógica foi incorporada pelo tráfico de drogas.
Quando o atacante Adriano deixou o Flamengo, em 2010, já em fase de declínio na carreira, e Ronaldo anunciou sua aposentadoria, no ano seguinte, os criminosos começaram a buscar outros personagens.

O volante Willians, destaque do Flamengo na conquista do Brasileirão de 2009, foi o escolhido por traficantes do Arará, no complexo de Manguinhos, para ser o garoto-propaganda da embalagem de crack mais cara, a de R$ 25. Em uma operação realizada pela PM em agosto do ano passado, foram apreendidas cerca de 5.000 pedras de crack com a imagem do jogador.

Já em 2011, a bola da vez no mercado publicitário do crime organizado foi o atacante Ronaldinho Gaúcho, também do Flamengo. Já foram apreendidas pela polícia embalagens de crack com a foto do "R10" em pelo menos três favelas da capital fluminense, principalmente no Jacarezinho –nas quais ele estampava a embalagem da pedra vendida a R$ 10.

Um agente do 22º BPM (Maré) afirmou ao UOL que durante uma incursão para reprimir o tráfico em Manguinhos, os policiais localizaram em um imóvel abandonado vários adesivos rosas com a inscrição "Ronaldinho Gaúcho, o melhor crack do mundo". O decalque estava em meio a um farto material utilizado para "endolar" o crack. Na comunidade, o entorpecente que exibe a imagem do atacante flamenguista é vendido a R$ 5.


Qualidade gráfica
Na última operação realizada pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Smas) na cracolândia do Jacarezinho, há quase duas semanas, policiais civis encontraram 42 envelopes de crack com a imagem de Ronaldinho.

A qualidade da reprodução da imagem do atacante flamenguista, pela qual se nota a preocupação em criar uma identidade visual do produto, mostra que os traficantes estão investindo cada vez mais nesse tipo de associação.

Segundo a polícia, a iniciativa se dá não só pela popularidade do esporte, mas pela semelhança fonética entre “crack”, o entorpecente, e o adjetivo “craque”, utilizado para rotular os jogadores acima da média.

"Tática é antiga"
De acordo com a ex-chefe de inteligência da Polícia Civil do Rio, Marina Maggessi, a estratégia de marketing do narcotráfico carioca é utilizada desde o início dos anos 2000, quando a facção Comando Vermelhou passou a demonstrar publicamente sinais de identificação com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

"Essa tática é antiga, eles sempre fazem isso. Há muito tempo atrás, os traficantes do CV diziam que o crime no Rio tinha ligações com as Farc, por exemplo. Mas eles nem sabiam o que significava isso. Apenas carimbavam no papelote e saíam por aí dizendo que eram parceiros das Farc. Todas as favelas tinham o carimbo, é uma estratégia", explica.

Maggessi lembra que a moda se popularizou com rapidez depois que os criminosos do Comando Vermelho passaram a utilizar a imagem de Osama bin Laden, ex-líder terrorista morto no ano passado pelo Exército americano.

"Toda vez que a mídia anunciava uma apreensão de cocaína com a imagem do Osama bin Laden, era publicidade para eles [traficantes]", disse.

Desde o atentado ao World Trade Center em Nova York, em 2001, a principal facção criminosa do Rio passou a utilizar a imagem e o nome de Osama bin Laden como o pioneiro de uma estratégia de marketing que incluía não só a personalização das embalagens de drogas, mas a divulgação de músicas funk (os chamados "proibidões") que exaltavam tal associação.

No funk "Comando Vermelho da Unidos do Borel", de autoria de MC Frank (que foi preso no fim de 2010 sob acusação de apologia ao crime e ao tráfico de drogas), há versos que homenageiam o líder terrorista, tais como "Um monte de homem-bomba estilo Osama bin Laden" (em referência à postura dos integrantes da quadrilha nos confrontos com policiais e criminosos rivais) e "Borel é vários bicos, tipo Afeganistão".

A favela do Borel está situada no bairro da Tijuca, na zona norte, e atualmente conta com uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

Outros famosos
Imagens de ícones midiáticos como a cantora inglesa Amy Winehouse –morta no ano passado– e a atriz Vera Fischer também já foram utilizadas pelo narcotráfico carioca. Ambas já tiveram problemas com o uso de drogas e passaram por clínicas de reabilitação.

Em agosto desse ano, a PM apreendeu durante uma incursão na favela de Manguinhos mais de cem papelotes de cocaína com a inscrição "Amy House", em alusão ao nome da artista inglesa. Os envelopes contavam ainda com uma foto colorida da cantora.

Segundo informações do 22º BPM (Maré), o objetivo dos criminosos seria criar uma ideia de que a cocaína comercializada em Manguinhos teria uma "qualidade melhor" em comparação com as favelas concorrentes.

A imagem de Vera Fischer também foi utilizada com o mesmo propósito no mesmo período da operação em Manguinhos. A atriz, que começou a usar cocaína depois dos 30 anos, foi internada em uma clínica de reabilitação em julho do ano passado. Os criminosos aproveitaram a repercussão em torno do drama pessoal de Fischer e a transformaram em garota-propaganda da droga.

"Traficante também lê jornal", disse a ex-chefe de inteligência da Polícia Civil, Marina Maggessi.

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/01/24/traficantes-usam-imagem-de-jogadores-de-futebol-para-fazer-marketing-do-crack-no-rio.htm
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #135 Online: 24 de Janeiro de 2012, 11:02:12 »
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Antes visto como "coisa de paulista", crack garante lucro para traficantes nas favelas do Rio6

Hanrrikson de Andrade
Do UOL, no Rio de Janeiro


Jadson Marques/AE

Operação em novembro do ano passado apreende armas e pedras de crack em favela na zona norte do Rio de Janeiro
O desenvolvimento recente da estrutura econômica do tráfico de drogas no Rio de Janeiro mostra que o crack se transformou em uma real fonte de renda para os chefes das favelas da capital. A forma petrificada da cocaína vem ganhando lugar de destaque na vitrine do narcotráfico fluminense, já que se estabelece com preços mais baixos para criminosos e usuários, e tem maior poder de vício em comparação com outras drogas.

Antes considerado "coisa de paulista" pelos traficantes cariocas, o crack já é capaz de movimentar nas favelas cariocas mais de R$ 1,5 milhão por mês, segundo estimativas de delegacias especializadas da Polícia Civil –esse valor, porém, ainda é muito inferior aos lucros obtidos com a venda de maconha e cocaína. Os cálculos dos investigadores levam em consideração o valor do produto e o consumo médio de um viciado.

Até meados dos anos 2000, o uso de crack se limitava principalmente aos moradores de rua, e o lucro era mínimo. "Os chefões do Rio sempre falaram que o crack é 'coisa de paulista', o negócio deles era vender cocaína", afirma a ex-chefe de inteligência da Polícia Civil do Rio, Marina Maggessi.

"O crack deixava o viciado fora de controle e não dava retorno para os grandes chefes do tráfico, já que era muito barato. Essa droga ficava restrita principalmente a São Paulo, que tem uma criminalidade totalmente diferente em relação ao Rio. Lá, o crack é uma questão de varejo, não há atacadistas", afirma Maggessi, que hoje é deputada federal.

Em área nobre
Atualmente, o crack está presente não só nas chamadas cracolândias cariocas, mas também nas áreas mais nobres da cidade, tais como a zona sul e a Barra da Tijuca, na zona oeste. De acordo com a presidente da Abead (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas), Analice Gigliotti, aproximadamente 40% dos usuários de crack pertencem à classe média.

"O índice de usuários de crack na classe média e nas classes mais altas está em torno de 40%. O perfil do viciado nessas camadas sociais é diferente em relação aos indivíduos que acabam experimentando o crack por esta ser uma droga mais barata. São pessoas que já usavam cocaína e acabam migrando para o crack, que tem um efeito mais intenso e viciante", explica Gigliotti, que também é chefe do setor de dependência química da Santa Casa de Misericórdia do Rio.

"Já os indivíduos mais pobres se viciam em crack em função da acessibilidade. No alto do morro, eles podem comprar uma pedra a R$ 2 ", disse.

Em 2009, um assassinato aparentemente cometido pelo efeito alucinógeno do crack surpreendeu os moradores do bairro do Flamengo, na zona sul. O músico Bruno Kiglierman, filho do poeta Luiz Fernando Prôa, estrangulou a estudante Bárbara Calazans, 16, sua vizinha em um prédio de classe média alta. Eles eram amigos e tinham combinado de visitar o complexo cenográfico de uma emissora de TV do Rio.

A jovem acordou cedo e se dirigiu ao apartamento do músico, onde havia marcado o encontro. Sob efeito da droga, Kiglierman apertou o pescoço da vítima até que ela não pudesse mais respirar. Bárbara foi atacada porque teria pedido ao amigo que parasse de usar crack.

Pontos de venda se multiplicam
Segundo a polícia, os pontos de venda da droga estão se multiplicando pela zona sul. A poucos minutos da residência de Bruno Kiglierman, na favela Santo Amaro, no Catete, é possível comprar pedras de crack por R$ 5, conforme apurou a reportagem do UOL.

O morro em questão é controlado por traficantes do Comando Vermelho (CV) –segundo Maggessi, a única facção que comercializa o crack em todo o Rio.

Testemunhas afirmam que lideranças da favela costumam designar adolescentes iniciantes no mundo do crime –a maioria menor de idade– para vender drogas no asfalto, em especial nos bairros vizinhos da zona sul e na boêmia e turística região da Lapa.

Em dezembro do ano passado, uma operação conduzida pela Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat) desarticulou uma quadrilha formada por dez jovens, sendo quatro menores, que improvisou uma espécie de boca de fumo na escadaria Selarón, na Lapa, tradicional ponto turístico do bairro.

O bando era chefiado por um adolescente de 18 anos, identificado como Pablo Carlos Rebello, que se dizia um "guerreiro do Comando Vermelho". O jovem é filho de Wilton Quintanilha, o Abelha, que gerenciou o crime organizado na comunidade do Santo Amaro até 2001, quando foi preso. Atualmente, ele cumpre pena na penitenciária federal de segurança máxima em Catanduvas, no Paraná.

"Os jovens, alguns deles menores, moram nas imediações da Lapa. Eles se abasteciam no morro do Santo Amaro e quem fazia essa intermediação era o Pablo. Eles vendem maconha, crack e cocaína principalmente nas escadarias da Lapa para turistas que frequentam o local", afirmou a delegada da Deat, Renata Teixeira.

Rota do crack
As grandes apreensões de maconha e cocaína, angariadas principalmente pela expansão das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) na capital, aceleraram o processo de crescimento da oferta de crack. Atualmente, as comunidades cariocas que mais lucram com a droga são a do Jacarezinho e a de Manguinhos, na zona norte –ambas possuem duas das principais cracolândias do município.

Como o preço das pedras é baixo –variam entre R$ 2 e R$ 25– e o vício é intenso, o que torna o consumo excessivo, o lucro dos criminosos em relação ao valor pago para os fornecedores pode ultrapassar os 100%. Em todo o país, a indústria do crack já movimenta diariamente cerca de R$ 20 milhões, segundo dados divulgados pela Polícia Federal e pela Comissão de Segurança da Câmara dos Deputados.

O delegado da Polícia Federal em Volta Redonda (123 km do Rio), Pedro Paulo Simão, afirmou ao UOL que a maior parte do crack consumido no Rio é oriunda da cidade paulista de Taubaté (130 km de São Paulo) e de cidades do Vale do Paraíba e do interior de Minas Gerais.

A proximidade com a região sul fluminense e a falta de fiscalização facilitam o negócio. No Rio, a droga é recebida em municípios como Resende e Itatiaia, no interior do Estado, antes de ser transportada por fornecedores locais –principalmente pela rodovia Presidente Dutra, que faz a conexão entre Rio e São Paulo, e é considerada a principal porta de entrada de todos os tipos de entorpecente.

"Todas as drogas passam por São Paulo e vêm ao Rio por via terrestre. Cerca de 90% chegam pela Dutra", afirma Marina Maggessi.

Operação contra o Comando Vermelho
O avanço do tráfico de crack na região sul fluminense levou a PF a desencadear a operação Timburibá, em 2009. Em nove meses de investigação, a polícia identificou 34 suspeitos de participação na quadrilha, entre os quais criminosos que possuem ligações com a facção Comando Vermelho (CV).

De acordo com a Polícia Federal, a ação resultou na prisão de 24 pessoas envolvidas com o comércio da droga, das quais 18 foram denunciadas pelo Ministério Público. Os julgamentos estão em curso.

"Essa operação começou com o objetivo de investigar o tráfico de cocaína e maconha, principalmente nas cidades de Resende e Itatiaia. A droga normalmente vem do Vale do Paraíba, em especial da região de Taubaté, e descobrimos a partir de interceptações telefônicas que, além da maconha e da cocaína, havia crack em um volume bem maior do que acontecia anteriormente", disse Pedro Paulo Simão.

Segundo o delegado, escutas telefônicas feitas pela inteligência da Polícia Federal mostraram que a facção Comando Vermelho (aliada do PCC, iniciais de Primeiro Comando da Capital, facção que atua em São Paulo) tentou instalar uma base criminosa no município de Resende (163 km do Rio).

"Na deflagração da operação Timburibá, prendemos dois elementos que tinham ligações com o Comando Vermelho. Na verdade, a ação da PF foi articulada justamente para impedir que essa facção se instalasse na região", afirmou Simão.

A ação de 2009 conseguiu "eliminar inicialmente" a presença do CV em Resende, porém um dos homens presos durante a operação, que seria supostamente a liderança da facção na região, conseguiu um habeas corpus. De acordo com a PF, há indícios de que esse suspeito voltou a chefiar o narcotráfico no município.

A Polícia Federal não conseguiu identificar os fornecedores, mas acredita que o tráfico de crack na região pode estar ligado ao PCC. "Sabemos que essa droga vem de fora do país e passa por São Paulo, provavelmente distribuída pelo PCC. Não foi possível descobrir a origem, mas é fato que ela já era repassada por alguém de São Paulo.”

Nos dois anos anteriores à ação, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu cerca de 45 quilos de crack durante operações de fiscalização na rodovia Dutra, número que foi considerado “assustador” pelas autoridades da região.

Ascensão do crack
A forma impura e petrificada da cocaína ganhou espaço na lógica de mercado do narcotráfico do Rio a partir de 2008, justamente o ano no qual a Secretaria de Segurança Pública (Seseg) colocou em pauta a questão do policiamento comunitário com o início da política de pacificação. A primeira UPP, a do morro Santa Marta, na zona sul, foi inaugurada em dezembro daquele ano.

De acordo com a ex-chefe de inteligência da Polícia Civil, Marina Maggessi, a primeira apreensão de crack registrada pelas forças de segurança ocorreu em 2003. Cinco anos depois, o entorpecente já era comercializado em dez favelas da capital, todas dominadas pela facção Comando Vermelho, segundo investigações da época.

No decorrer de 2008, mais de 300 comunidades passaram a dispor da droga. A proliferação do crack pelas favelas da capital fluminense se deu com mais rapidez nas áreas limítrofes com a Baixada Fluminense. Naquele ano, a polícia apreendeu cerca de 14 quilos de crack, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP).

No ano seguinte, o volume de crack confiscado pelas forças policiais já era quase sete vezes maior –foram quase 80 quilos da droga. Em 2010, a polícia apreendeu quase 200 quilos.

A chamada epidemia do crack também pode ser ilustrada através das estatísticas do disque-denúncia. As primeiras informações passadas à central telefônica da Polícia Civil só foram registradas em 2004 –na época, 27 ligações. Já em relação a 2010, a polícia recebeu mais de 2.500 denúncias a respeito de possíveis ocorrências envolvendo o crack.

Uma recente investigação da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) descobriu que, em 2010, os grandes fornecedores baixaram os preços das cargas de pedras de crack em mais de 30%. Os principais compradores ainda são os traficantes das favelas do Jacarezinho e de Manguinhos/Mandela, ambas na zona norte.

No mesmo período da investigação da Dcod, o núcleo que atende dependentes químicos na Universidade Federal Fluminense (UFF) mostrou que o número de pessoas viciadas em crack dobrou em um espaço de 16 meses, no Rio.

Segundo estimativas da Comissão de Segurança da Câmara dos Deputados, há aproximadamente 1,5 milhão de usuários de crack em todo o país.

Guerra entre facções
O crack chegou efetivamente ao Rio de Janeiro três anos antes da primeira apreensão, quando a quadrilha chefiada por Fernandinho Beira-Mar, o CV, viu na forma impura da cocaína uma oportunidade de lucro extra.

"Foi uma grande surpresa para a polícia do Rio a primeira apreensão de crack, afinal, nós não tínhamos essa droga. Os grandes chefes nunca deixaram entrar. Mas com as prisões e as mortes dos líderes, o comando das favelas ficou a cargo de garotos, que já entravam no esquema viciados na própria cocaína", afirma Marina Maggessi.

A cada carregamento de cocaína pura comprada, os fornecedores exigiam que um percentual de crack fosse adquirido. "Onde há cocaína, há crack", resume Maggessi. Os jovens personagens do alto escalão da facção Comando Vermelho não hesitaram em colocar a droga no mercado, porém a lucratividade ainda era inexpressiva.

Os traficantes mais experientes, por sua vez, sabiam que a disseminação do crack poderia atrapalhar os negócios. As facções rivais Amigos dos Amigos (ADA) e Terceiro Comando Puro (TCP) –chefiadas por criminosos dissidentes do CV e que já compreendiam a lógica do crime com noções semiempresariais– abdicaram do comércio de crack a fim de não frear a venda de cocaína.

"Apenas o CV vendia o crack porque eles não se preocupavam com a questão do entorno da favela. Aquela imagem dos viciados perambulando como zumbis afasta o usuário de cocaína, que é a droga que realmente dá lucro para esses criminosos. As chances de alguém passar ileso por essas cracolândias é praticamente nula. Essa era a filosofia das facções rivais, ADA e TCP", diz Maggessi.

A ex-chefe de inteligência da Polícia Civil conta que, na recente inauguração de um centro cultural do grupo AfroReggae, em Vigário Geral, no subúrbio do Rio, os traficantes da facção TCP colocaram uma faixa na entrada da favela com a seguinte inscrição: "Aqui não vendemos crack".

Além do aspecto mercadológico, a proibição teria se tornado um fator de orgulho para os rivais do Comando Vermelho, na visão da policial.

No entanto, segundo estatísticas do disque-denúncia, a polícia recebeu em 2008 informações sobre indivíduos consumindo crack nas favelas da Rocinha, do Vidigal, da Cruzada São Sebastião e da Mineira, todas dominadas à época pelos Amigos dos Amigos (quadrilha até pouco tempo chefiada por Antônio Bonfim Lopes, o Nem); e nas comunidades da Chumbada e de Senador Camará, controladas pelo Terceiro Comando Puro.

O disque-denúncia não esclarece, contudo, se as informações eram verdadeiras –os dados consolidados dizem respeito apenas ao número geral de denúncias.

A central telefônica da Polícia Civil recebeu ainda uma série de chamadas sobre supostos "traficantes independentes" atuando no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. De acordo com a polícia, o número de pessoas que resolvem revender a droga por conta própria é crescente no Rio.

Atualmente, acredita-se que apenas os territórios dominados pelas milícias, algumas raras favelas controladas pelas facções ADA e TCP, e, em tese, as comunidades pacificadas, não comercializam o crack.

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/01/23/antes-visto-como-coisa-de-paulista-crack-garante-lucro-para-traficantes-nas-favelas-do-rio.htm
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.


Offline Diegojaf

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #137 Online: 29 de Janeiro de 2012, 12:46:45 »
Ô povinho "ignorantiu". Tá na hora da revolução, comandada por nós, da área de Humanas da PUC pra ensinar às pessoas o que é certo e direito...

http://www1.folha.uol.com.br/poder/1040936-policia-na-cracolandia-e-aprovada-por-82-em-sp.shtml

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Offline DDV

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #138 Online: 29 de Janeiro de 2012, 13:00:37 »
Pelo o que Bob Cuspe, Titoff e outros maconhistas postam aqui, eu achava que as drogas eram algo bem mais popular...

Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Offline Titoff

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #139 Online: 29 de Janeiro de 2012, 13:31:11 »
Pelo o que Bob Cuspe, Titoff e outros maconhistas postam aqui, eu achava que as drogas eram algo bem mais popular...



 :biglol:

Agora, falando sério, não acompanhei como foram as operações em SP, mas quantos destes sabiam como de fato tinham se desenrolado as operações? Ser simplesmente a favor que "a polícia combata o tráfico" é muito fácil e lógico (que chuto que é como muitos podem ter interpretado a pergunta).

Saber que a polícia é "apenas" uma das partes envolvidas na operação e logística orquestradas pelo governo e que, se for feita só para os holofotes, tende só a varrer para baixo do tapete temporariamente, exige uma análise e leituras mais amplas.

Ad populum não garante que a coisa tenha sido feita da maneira melhor possível.

Offline Tupac

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #140 Online: 30 de Janeiro de 2012, 17:03:56 »

1-Não sei também o que você pensa.. que o cara vende droga e sai matando pessoas inocentes na rua, por causa da droga?

1-...A relação unívoca entre droga-violência está LONGE de ser verdade, alias é mentirosa.

2- ...Não, sem todos esses componentes, nada disso que você vê existiria, e sua afirmação cairia por terra. Quem financia essa merda toda é o nosso voto.. e também a grana dos usuários.


3- ...Todos nós agimos de maneira a deixar um rastro de merda. A primeira coisa a fazer, ao menos, é não ser Hipócrita.

1- Sim, é exatamente assim que acontece. Não é segredo algum que existem roubos à inocentes, que em muitos casos acabam em vitima morta, ocorrem em função da droga. Exemplo: Quadrilhas roubam carros para trocar por drogas*, mas por que fazem isso? Qual o intuito de roubar um carro e trocar por drogas, se eles poderiam vender os carros e eliminar um fator extra de risco? Porque a venda de drogas é muito mais lucrativa. Com um, dois, carros já é possível adquirir uma quantidade bem grande de droga, que é diretamente proporcional ao lucro que farão. Quem é que financia essa merda toda (by Capitão)? Quem é uma parte fundamental - eu disse e repito: fundamental - para que essas quadrilhas prefiram trocar carros roubados por droga?

2- Sim, é uma cadeia de ramificações complexas. Passa pela nossa cultura do mais "esperto", pela nossa leniência, pelo nosso comodismo e também por não querer aceitar as consequências dos próprios atos. Não ser afeito a entender as responsabilidades que uma decisão carrega consigo. O usuário financia sim, e é parte fundamental nessa cadeia de ramificações. É um problema que precisa de soluções múltiplas interligadas, mas querer, em razão dessa intricada rede, diminuir a extrema importância que os usuários tem é, em minha opinião, um erro crasso.

3- De acordo. Tento, assim como foi dito por você, minimizar meu impacto. Eu não baixo músicas, vejo tudo no youtube, rádio uol, letras.terra. Eu não uso (mais) sistema operacional pirata (ganhei um notebook da faculdade com windows 7 home basic, uma galera, que ganhou notebook também, na outra semana já estava com windows 7 ultimate no lugar, porque daria pra customizar mais, além de possuir efeitos bonitinhos. Preferi não faze-lo. E pra usar um sistema bom com efeitos melhores do que o windows 7 e melhor nível de customização posso usar distros Linux. Enfim, ultimamente, o que uso de pirata são filmes e séries, mas estou reduzindo isso também...). Não suborno ninguém, não uso drogas, praticamente não bebo (e se bebo, nunca dirijo, mesmo que tenha sido um único copo americano de cerveja - única coisa que ainda bebo). Todos precisam ser iguais a mim? Não. Não precisam. Mas é bom que aceitem suas responsabilidades como elas são: Suas, com todas as implicações que acarretam.



===========EDIT==============
*Esqueci as fontes:

Preso na PB trio acusado de roubar carros e trocá-los por droga na Bolívia, um deles é filho de ex-prefeito

Quadrilha é presa acusada de roubar carros e trocar por drogas na Bolívia

Menor que matou federal integra quadrilha que troca carros por drogas

COVARDIA: Bandidos matam estudante para roubar carro e trocar por droga

Lei na Bolívia pode aumentar roubo de carros em MT

Quadrilha roubava carros na Bahia e trocava por drogas na fronteira em MS

Policiais da DERFV prendem integrante de quadrilha que rouba carros...de residências e troca por drogas

p.s. Sim, o surfista bon vivant financia essa po*$a.

« Última modificação: 30 de Janeiro de 2012, 17:21:59 por Tupac »
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida."
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Offline Vento Sul

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #141 Online: 30 de Janeiro de 2012, 19:14:44 »
Eu li todos os tópicos, e cheguei a conclusão pelo debate que o título do tópico
Citar
Existe traficante "ético"?
deveria ser
Existe consumidor de drogas "ético"?

bem pelo menos é o que foi mais discutido.

Tem gente aqui que é pela legalidade a qualquer preço, como se todas leis fossem justas. Será que são assim em suas vidas? Duvido? 
Outros relacionaram a batida das asas da borboleta com o furacão na Indonésia.
Apenas me fizeram lembrar de uma piadinha...      "Eu tenho muita influência junto ao Prefeito da minha cidade, é que uma vez um vizinho meu atropelou o cachorro do motorista deste prefeito"   :hihi:

Os que colocaram todos parâmetros na mesa deram um bom panorama da situação. Realmente respeitar as leis nos tira de situações embaraçosas, vivemos mais tranquilos, mas não com a consciência tranquila. A simplicidade só existe na teoria, a prática é complexa e tem infinitas nuances. 

Está chovendo, minha mulher pediu um café e pipoca, será que isto vai influenciar o aquecimento global :?:


« Última modificação: 30 de Janeiro de 2012, 19:48:49 por zambest »
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Resumindo: Ou acreditamos em mágica ou não!
 
 
 
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Offline Moro

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #142 Online: 30 de Janeiro de 2012, 22:49:56 »

1-Não sei também o que você pensa.. que o cara vende droga e sai matando pessoas inocentes na rua, por causa da droga?

1-...A relação unívoca entre droga-violência está LONGE de ser verdade, alias é mentirosa.

2- ...Não, sem todos esses componentes, nada disso que você vê existiria, e sua afirmação cairia por terra. Quem financia essa merda toda é o nosso voto.. e também a grana dos usuários.


3- ...Todos nós agimos de maneira a deixar um rastro de merda. A primeira coisa a fazer, ao menos, é não ser Hipócrita.

1- Sim, é exatamente assim que acontece. Não é segredo algum que existem roubos à inocentes, que em muitos casos acabam em vitima morta, ocorrem em função da droga. Exemplo: Quadrilhas roubam carros para trocar por drogas*, mas por que fazem isso? Qual o intuito de roubar um carro e trocar por drogas, se eles poderiam vender os carros e eliminar um fator extra de risco? Porque a venda de drogas é muito mais lucrativa. Com um, dois, carros já é possível adquirir uma quantidade bem grande de droga, que é diretamente proporcional ao lucro que farão. Quem é que financia essa merda toda (by Capitão)? Quem é uma parte fundamental - eu disse e repito: fundamental - para que essas quadrilhas prefiram trocar carros roubados por droga?

2- Sim, é uma cadeia de ramificações complexas. Passa pela nossa cultura do mais "esperto", pela nossa leniência, pelo nosso comodismo e também por não querer aceitar as consequências dos próprios atos. Não ser afeito a entender as responsabilidades que uma decisão carrega consigo. O usuário financia sim, e é parte fundamental nessa cadeia de ramificações. É um problema que precisa de soluções múltiplas interligadas, mas querer, em razão dessa intricada rede, diminuir a extrema importância que os usuários tem é, em minha opinião, um erro crasso.

3- De acordo. Tento, assim como foi dito por você, minimizar meu impacto. Eu não baixo músicas, vejo tudo no youtube, rádio uol, letras.terra. Eu não uso (mais) sistema operacional pirata (ganhei um notebook da faculdade com windows 7 home basic, uma galera, que ganhou notebook também, na outra semana já estava com windows 7 ultimate no lugar, porque daria pra customizar mais, além de possuir efeitos bonitinhos. Preferi não faze-lo. E pra usar um sistema bom com efeitos melhores do que o windows 7 e melhor nível de customização posso usar distros Linux. Enfim, ultimamente, o que uso de pirata são filmes e séries, mas estou reduzindo isso também...). Não suborno ninguém, não uso drogas, praticamente não bebo (e se bebo, nunca dirijo, mesmo que tenha sido um único copo americano de cerveja - única coisa que ainda bebo). Todos precisam ser iguais a mim? Não. Não precisam. Mas é bom que aceitem suas responsabilidades como elas são: Suas, com todas as implicações que acarretam.



===========EDIT==============
*Esqueci as fontes:

Preso na PB trio acusado de roubar carros e trocá-los por droga na Bolívia, um deles é filho de ex-prefeito

Quadrilha é presa acusada de roubar carros e trocar por drogas na Bolívia

Menor que matou federal integra quadrilha que troca carros por drogas

COVARDIA: Bandidos matam estudante para roubar carro e trocar por droga

Lei na Bolívia pode aumentar roubo de carros em MT

Quadrilha roubava carros na Bahia e trocava por drogas na fronteira em MS

Policiais da DERFV prendem integrante de quadrilha que rouba carros...de residências e troca por drogas

p.s. Sim, o surfista bon vivant financia essa po*$a.



coloque agora os crimes que não são relacionados a drogas
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Offline Dodo

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #143 Online: 31 de Janeiro de 2012, 00:18:20 »
Na minha cidade 70% dos que estão cumprindo pena chegaram lá por causa das drogas: ou vendiam, ou eram receptadores ou então usuários ( e pra manter o vício o cara rouba até a mãe). Nas outras cidades a porcentagem é diferente? Os crimes NÃO relacionados a drogas são maioria?
« Última modificação: 31 de Janeiro de 2012, 00:22:46 por Dodo »
Você é único, assim como todos os outros.
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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #144 Online: 31 de Janeiro de 2012, 09:19:58 »
Até porque a droga é proibida.

Mas uma estatística boa para se conhecer é quanto são presos sob efeito do alcool, crime relacionado ao uso de drogas (não contendo posse), e outros.

Arrisco que crime sobre influencia de alcool, incluindo acidentes de transito, devem ser bem maiores.
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Offline Dodo

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #145 Online: 31 de Janeiro de 2012, 09:39:44 »
Até porque a droga é proibida.

Mas uma estatística boa para se conhecer é quanto são presos sob efeito do alcool, crime relacionado ao uso de drogas (não contendo posse), e outros.

Arrisco que crime sobre influencia de alcool, incluindo acidentes de transito, devem ser bem maiores.

Maiores que crimes relacionados à droga (roubo, execuções, tráfico)?
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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #146 Online: 31 de Janeiro de 2012, 09:42:33 »
Dirigir sob efeito de álcool é crime de menor potencial ofensivo, por isso não entra nas estatisticas e ninguém se importa com isso. As pessoas não são presas por isso.

O meio mais efetivo de combater as drogas não é gastando rios de dinheiro em tratamento de usuários ou em construção de mais presídios e investimento na repressão policial. O meio mais efetivo é um intenso policiamento das fronteiras e uma pressão extremamente pesada e agressiva contra nossos vizinhos, sobretudo Paraguai e Bolívia. O Brasil deveria, inclusive, ameaçá-los com embargos comerciais e até uma ação militar (apenas ameaça retórica para ver se acordam), pois são fonte constante de dor de cabeça para nós. Não só eles são coniventes com o tráfico de drogas como são coniventes com contrabando, tráfico de armas, e furtos de automóveis do Brasil, entre muitos outros delitos graves. Se o problema é dinheiro, deveríamos emprestar para eles conseguirem agir, desde que demonstrem bons resultados.

Quanto a Colombia, a saída é policiar a fronteira, pois o governo colombiano não controla metade do país que está em nas mãos das FARC. Essa sim era uma campanha militar que valia a pena investir para riscar as FARC do mapa.

Com a droga extremamente cara e escassa, as coisas ficariam mais difíceis para traficantes e usuários.
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline Dodo

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #147 Online: 31 de Janeiro de 2012, 10:07:08 »
Até porque a droga é proibida.

Então porque os usuários não esperam ela ser liberada para então usar?

« Última modificação: 31 de Janeiro de 2012, 10:13:08 por Dodo »
Você é único, assim como todos os outros.
Alfred E. Newman

Offline Diegojaf

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #148 Online: 31 de Janeiro de 2012, 11:09:21 »
Até porque a droga é proibida.

Então porque os usuários não esperam ela ser liberada para então usar?


Porque o baseado do cara vale mais do que coisas irrelevantes como seguranca publica... Ele nao pode esperar pela legalizacao.

OT: Adorei esse celular. :P
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Offline Titoff

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #149 Online: 31 de Janeiro de 2012, 12:46:23 »
Dirigir sob efeito de álcool é crime de menor potencial ofensivo, por isso não entra nas estatisticas e ninguém se importa com isso. As pessoas não são presas por isso.

O meio mais efetivo de combater as drogas não é gastando rios de dinheiro em tratamento de usuários ou em construção de mais presídios e investimento na repressão policial. O meio mais efetivo é um intenso policiamento das fronteiras e uma pressão extremamente pesada e agressiva contra nossos vizinhos, sobretudo Paraguai e Bolívia. O Brasil deveria, inclusive, ameaçá-los com embargos comerciais e até uma ação militar (apenas ameaça retórica para ver se acordam), pois são fonte constante de dor de cabeça para nós. Não só eles são coniventes com o tráfico de drogas como são coniventes com contrabando, tráfico de armas, e furtos de automóveis do Brasil, entre muitos outros delitos graves. Se o problema é dinheiro, deveríamos emprestar para eles conseguirem agir, desde que demonstrem bons resultados.

Quanto a Colombia, a saída é policiar a fronteira, pois o governo colombiano não controla metade do país que está em nas mãos das FARC. Essa sim era uma campanha militar que valia a pena investir para riscar as FARC do mapa.

Com a droga extremamente cara e escassa, as coisas ficariam mais difíceis para traficantes e usuários.

Veja sobre as consequências da "ajuda" dos EUA ao exército mexicano para combater os cartéis.

Uma síntese:
http://maierovitch.blog.terra.com.br/2009/07/27/guerra-as-drogas-no-mexico-mais-de-7700-mortos-em-ano-e-meio/
« Última modificação: 31 de Janeiro de 2012, 12:51:16 por Titoff »

 

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