Autor Tópico: Existe traficante "ético"?  (Lida 27646 vezes)

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Offline Moro

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #150 Online: 31 de Janeiro de 2012, 19:51:31 »
Até porque a droga é proibida.

Então porque os usuários não esperam ela ser liberada para então usar?


Pelo mesmo motivo que os consumidores de álcool não esperaram durante a lei seca. É utopia pensar que vão esperar. Bem simples.

Como reforço, muitos pensam que a lei não é razoável a proibição.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

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Offline Moro

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #151 Online: 31 de Janeiro de 2012, 19:53:04 »
Dirigir sob efeito de álcool é crime de menor potencial ofensivo, por isso não entra nas estatisticas e ninguém se importa com isso. As pessoas não são presas por isso.

O meio mais efetivo de combater as drogas não é gastando rios de dinheiro em tratamento de usuários ou em construção de mais presídios e investimento na repressão policial. O meio mais efetivo é um intenso policiamento das fronteiras e uma pressão extremamente pesada e agressiva contra nossos vizinhos, sobretudo Paraguai e Bolívia. O Brasil deveria, inclusive, ameaçá-los com embargos comerciais e até uma ação militar (apenas ameaça retórica para ver se acordam), pois são fonte constante de dor de cabeça para nós. Não só eles são coniventes com o tráfico de drogas como são coniventes com contrabando, tráfico de armas, e furtos de automóveis do Brasil, entre muitos outros delitos graves. Se o problema é dinheiro, deveríamos emprestar para eles conseguirem agir, desde que demonstrem bons resultados.

Quanto a Colombia, a saída é policiar a fronteira, pois o governo colombiano não controla metade do país que está em nas mãos das FARC. Essa sim era uma campanha militar que valia a pena investir para riscar as FARC do mapa.

Com a droga extremamente cara e escassa, as coisas ficariam mais difíceis para traficantes e usuários.

Inclusive isso vem funcionando muito bem com os EUA.
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Offline Dodo

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #152 Online: 31 de Janeiro de 2012, 20:27:19 »
Até porque a droga é proibida.

Então porque os usuários não esperam ela ser liberada para então usar?


Pelo mesmo motivo que os consumidores de álcool não esperaram durante a lei seca. É utopia pensar que vão esperar. Bem simples.

Como reforço, muitos pensam que a lei não é razoável a proibição.

A pergunta que fiz foi mais retórica do que qualquer outra coisa, eu conheço a sua opinião e a de outros foristas sobre as drogas. Há vários tópicos sobre o assunto e centenas de posts, eles despertaram um certo interesse em mim pela maneira como a discussão foi conduzida e então chegou ao fim. Só isso.
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Alfred E. Newman

Offline Geotecton

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #153 Online: 03 de Fevereiro de 2012, 00:26:29 »
[...]
Quanto a Colombia, a saída é policiar a fronteira, pois o governo colombiano não controla metade do país que está em nas mãos das FARC. Essa sim era uma campanha militar que valia a pena investir para riscar as FARC do mapa.
[...]

Eu já acho que seria uma má-ideia, por vários motivos:

01) Desgaste político e diplomático;

02) Despesas militares elevadas e

03) Falta de competência para enfrentar um inimigo nesta condição e neste porte.
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Offline Titoff

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #154 Online: 20 de Junho de 2012, 00:31:09 »
Não que seja esse o motivo, mas lembrei do tópico:

Citar
Tráfico proíbe a venda de crack em favelas do Rio



Boca de fumo na favela Mandela põe aviso de que vai proibir a venda de crack: é como uma farmácia anunciando que não vai vender mais remédios de tarja preta

O tráfico de drogas vai proibir a venda de crack nas favelas do Jacarezinho, Mandela e de Manguinhos. A informação foi publicada na coluna de Ancelmo Gois de hoje com a foto acima. A medida, decidida pela maior facção do tráfico no Rio, ocorre dois meses depois de lançado no Rio o programa "Crack, é possível vencer" -- do governo federal.

A ordem de proibir a venda de crack partiu de chefes do tráfico, que estão presos. A informação vinha circulando pelas comunidades, mas ontem pela primeira vez apareceu o cartaz anunciando a proibição, "em breve", ao lado da cracolândia da favela Mandela, na Rua Leopoldo Bulhões, na chamada Faixa de Gaza. Os traficantes ainda têm ali cerca de dez quilos de crack. Cada pedra custa R$ 10,00. Há informações de que os criminosos temem que a Força Nacional de Segurança ocupe aquelas favelas, como ocorreu na comunidade Santo Amaro, no Catete, onde está há um mês e já apreendeu 1.513 pedras.

-- Gostaria que essa decisão se espalhasse por todas as favelas do Rio porque o crack é uma droga devastadora e tem produzido só dor e sofrimento --  diz o líder do Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, que desde 2009 faz trabalhos sociais na Mandela.

Durante muito tempo o crack era vendido apenas em São Paulo. Dizia a lenda que os traficantes do Rio não queriam produzir "zumbis". Dependentes de crack vivem nas imediações das bocas de fumo, atraindo a atenção da mídia e de operações do poder público. O tráfico no Rio alegava que a clientela de crack -- miserável -- traria problemas à venda de maconha e cocaína, mas capitulou após supostas alianças com a facção paulista, e começaram a oferecer o entorpecente vendido junto com a cocaína.

O combate ao crack virou uma questão de honra para o governo Dilma, que anunciou investimentos da ordem de R$ 4 bilhões no programa lançado em dezembro do ano passado. A grande dificuldade, segundo o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, é a falta de pessoal capacitado para lidar com os dependentes de crack em todo o país. No Rio o programa foi implantado em abril, com a participação do governo do estado e da prefeitura. Só no Estado do Rio, a previsão de verbas da União é de R$ 240 milhões.

De alguma forma a prioridade dada pelo governo ao combate ao crack chegou ao conhecimento dos chefes da maior facção criminosa, que vende a droga nas favelas. Um sinal de que o governo federal vai combater com firmeza o problema pode estar no envio da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) ao Rio, apesar do desinteresse inicial manifestado pelo governo do estado. No domingo fez um mês que integrantes da Força Nacional de Segurança -- a tropa de elite subordinada ao Ministério da Justiça -- ocuparam a comunidade de Santo Amaro, que ainda não foi pacificada, na Zona Sul do Rio. Em um mês de ocupação, a Força Nacional realizou na favela 6.929 abordagens e apreendeu 650 papelotes de cocaína, 1513 pedras de crack, 840 gramas de maconha. Além disso, foram recolhidas munições, explosivos e armas.

Durante 180 dias, serão realizadas ações de polícia ostensiva, judiciária, bombeiros e perícia, em apoio às Secretarias de Saúde, Assistência Social e de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, nas áreas onde serão desenvolvidas as ações de implantação do Programa Crack, é Possível Vencer.

Nas favelas de Manguinhos, traficantes foram informados que a área poderia ser ocupada pela Força Nacional se o crack não fosse retirado de lá. Isso pode ter motivado a decisão dos traficantes. A decisão agradou muitos moradores da favela Mandela. Eles são testemunhas diárias do estrago causado pelo crack na comunidade. No Jacarezinho é possível ver usuários de crack na entrada da favela, mesmo por quem passa no asfalto. As operações policiais têm sido recorrentes, mas o problema está longe de ser resolvido.

Há três anos fazendo trabalhos sociais na favela Mandela, o líder do Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, afirma que tem visto a tragédia causada pelo crack na comunidade. Ele lembra que já teve que solicitar ajuda da Justiça para levar a um abrigo três crianças que eram abandonadas pelos pais, usuários de crack. A ONG Rio de Paz -- que nasceu envolvida cm a redução de homicídios -- tem um projeto social, que prevê a construção de uma padaria-escola e o apadrinhamento de crianças por famílias de classe média -- até a universidade.

http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/posts/2012/06/19/trafico-proibe-venda-de-crack-em-favelas-do-rio-451154.asp

Como disseram, são as "autoridades" tomando medidas.

Offline Gaúcho

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #155 Online: 20 de Junho de 2012, 00:45:00 »
É somente autopreservação. Se eles continuarem vendendo, a FNSP irá ocupar as favelas, e isso é ruim para os negócios.
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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #156 Online: 20 de Junho de 2012, 00:57:23 »
É somente autopreservação. Se eles continuarem vendendo, a FNSP irá ocupar as favelas, e isso é ruim para os negócios.

E a maconha e a cocaína provavelmente são mais interessantes para a venda.
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja.

Offline Titoff

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #157 Online: 20 de Junho de 2012, 06:39:22 »
É somente autopreservação. Se eles continuarem vendendo, a FNSP irá ocupar as favelas, e isso é ruim para os negócios.

É o que andaram dizendo, mas faz sentido isso? Se ficarem só com outras substâncias, o Estado fará vista grossa? (não que realmente faça muita diferença...)

Offline Gaúcho

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #158 Online: 20 de Junho de 2012, 08:26:42 »
É somente autopreservação. Se eles continuarem vendendo, a FNSP irá ocupar as favelas, e isso é ruim para os negócios.

É o que andaram dizendo, mas faz sentido isso? Se ficarem só com outras substâncias, o Estado fará vista grossa? (não que realmente faça muita diferença...)

Não que seja vista grossa, mas é que

Citação de: reportagem
[...]O combate ao crack virou uma questão de honra para o governo Dilma[...]

Citação de: reportagem
[...]Um sinal de que o governo federal vai combater com firmeza o problema pode estar no envio da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) ao Rio[...]

como a reportagem mostra, o programa de combate ao crack pode mobilizar a FNSP, o que não acontece com as outras drogas, por não serem consideradas tão graves a saúde pública quanto o crack, devido ao seu alto grau de dependência e rápida degeneração da saúde do indivíduo.
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Offline Geotecton

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #159 Online: 20 de Junho de 2012, 08:36:59 »
É somente autopreservação. Se eles continuarem vendendo, a FNSP irá ocupar as favelas, e isso é ruim para os negócios.

É o que andaram dizendo, mas faz sentido isso? Se ficarem só com outras substâncias, o Estado fará vista grossa? (não que realmente faça muita diferença...)

Não que seja vista grossa, mas é que

Citação de: reportagem
[...]O combate ao crack virou uma questão de honra para o governo Dilma[...]

Citação de: reportagem
[...]Um sinal de que o governo federal vai combater com firmeza o problema pode estar no envio da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) ao Rio[...]

como a reportagem mostra, o programa de combate ao crack pode mobilizar a FNSP, o que não acontece com as outras drogas, por não serem consideradas tão graves a saúde pública quanto o crack, devido ao seu alto grau de dependência e rápida degeneração da saúde do indivíduo.

Eu, por outro lado, já acho que a "letalidade da droga" é menos importante do que a "visibilidade" porque o crack é vendido mais para a classe mais pobre ao passo que a maconha e a cocaína são vendidas mais para as classes média e alta, que são "alvos" mais indigestos para o Estado.
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Offline Gaúcho

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #160 Online: 20 de Junho de 2012, 09:23:53 »
Você acha que o Estado não "pega mais pesado" com a maconha e a cocaína por estes terem um público mais "seleto"? É uma teoria interessante.

Sei lá, eu realmente acho que o crack é um problema de saúde pública gravíssimo, e que por este motivo merece uma atenção especial, apesar de eu achar que o problema causado pelo tráfico, financiado principalmente pela venda de maconha e cocaína, seja um problema ainda maior e que mereceria uma atenção ainda mais especial à dada ao caso do crack.

De qualquer maneira, eu não vou reclamar que o governo tenha um plano para combater pelo menos um dos problemas: antes um do que nenhum.
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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #161 Online: 20 de Junho de 2012, 10:33:20 »
Pelo menos aqui na minha cidade, quem fuma maconha ou usa cocaína causa menos problema para a polícia e para o próprio tráfico, ao passo que os usuários de crack (os homens, porque a grande maioria das mulheres se prostitui para manter o vício) são a maioria dos detidos por furto, roubos, arrombamentos etc. Sem falar que, ao serem presos, acabam dedurando os seus fornecedores, traficantes pequenos, quase tão pé-de-chinelo quanto seus clientes.
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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #162 Online: 20 de Junho de 2012, 20:38:08 »
Você acha que o Estado não "pega mais pesado" com a maconha e a cocaína por estes terem um público mais "seleto"? É uma teoria interessante.

É uma hipótese plausível porque em Curitiba, ao menos, o principal 'público-alvo' dos agentes estatais são os consumidores de crack e, num segundo lugar muito distante, os usuários de maconha. A classe mais alta consome cocaína adoidada e dificilmente voce lê alguma notícia de que algum membro dela tenha sido preso por consumire tal produto.


Sei lá, eu realmente acho que o crack é um problema de saúde pública gravíssimo, e que por este motivo merece uma atenção especial, apesar de eu achar que o problema causado pelo tráfico, financiado principalmente pela venda de maconha e cocaína, seja um problema ainda maior e que mereceria uma atenção ainda mais especial à dada ao caso do crack.

É grave mas parte de uma decisão individual que, no meu entender, o Estado não deveria interferir. 


De qualquer maneira, eu não vou reclamar que o governo tenha um plano para combater pelo menos um dos problemas: antes um do que nenhum.

Então a hipocrisia deveria ser deixada de lado, e o mesmo enfoque deveria ser dado para duas drogas que fazem muito mais estrago para a população: Cigarro e bebida alcoólica.
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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #163 Online: 20 de Junho de 2012, 21:08:17 »
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É grave mas parte de uma decisão individual que, no meu entender, o Estado não deveria interferir.

É uma decisão individual que atinge o coletivo. Um usuário dependente de crack faz qualquer coisa para sustentar o vício, inclusive assaltar e matar pessoas que não têm nada a ver com a "decisão individual" dele, como você, sua esposa, seus filhos, eu, etc.

O Estado devia interferir "para ontem".

Citar
Então a hipocrisia deveria ser deixada de lado, e o mesmo enfoque deveria ser dado para duas drogas que fazem muito mais estrago para a população: Cigarro e bebida alcoólica.

A comparação de cigarros e bebidas alcoólicas com o crack é completamente desproporcional. O grau de dependência e a velocidade com que o crack mata o indivíduo nem podem ser comparados com os de cigarros e bebidas. Sem contar que isso é um grande tu quoque.
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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #164 Online: 20 de Junho de 2012, 21:15:04 »
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É grave mas parte de uma decisão individual que, no meu entender, o Estado não deveria interferir.
É uma decisão individual que atinge o coletivo. Um usuário dependente de crack faz qualquer coisa para sustentar o vício, inclusive assaltar e matar pessoas que não têm nada a ver com a "decisão individual" dele, como você, sua esposa, seus filhos, eu, etc.

O Estado devia interferir "para ontem".

Discordo. A intervenção do Estado deve se restringir aos indivíduos-usuários que prejudiquem outras pessoas.


Citar
Então a hipocrisia deveria ser deixada de lado, e o mesmo enfoque deveria ser dado para duas drogas que fazem muito mais estrago para a população: Cigarro e bebida alcoólica.
A comparação de cigarros e bebidas alcoólicas com o crack é completamente desproporcional. O grau de dependência e a velocidade com que o crack mata o indivíduo nem podem ser comparados com os de cigarros e bebidas.

Faça a contagem de mortos e feridos para cada substância e voce verá que todas são gravíssimas. O que as diferencia é apenas a percepção e opinião que a sociedade possui sobre elas.


Sem contar que isso é um grande tu quoque.

Pode ser. Mas não deixa de ser um fato.
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Offline Barata Tenno

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #165 Online: 20 de Junho de 2012, 21:21:51 »
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É grave mas parte de uma decisão individual que, no meu entender, o Estado não deveria interferir.
É uma decisão individual que atinge o coletivo. Um usuário dependente de crack faz qualquer coisa para sustentar o vício, inclusive assaltar e matar pessoas que não têm nada a ver com a "decisão individual" dele, como você, sua esposa, seus filhos, eu, etc.

O Estado devia interferir "para ontem".

Discordo. A intervenção do Estado deve se restringir aos indivíduos-usuários que prejudiquem outras pessoas.


Citar
Então a hipocrisia deveria ser deixada de lado, e o mesmo enfoque deveria ser dado para duas drogas que fazem muito mais estrago para a população: Cigarro e bebida alcoólica.
A comparação de cigarros e bebidas alcoólicas com o crack é completamente desproporcional. O grau de dependência e a velocidade com que o crack mata o indivíduo nem podem ser comparados com os de cigarros e bebidas.

Faça a contagem de mortos e feridos para cada substância e voce verá que todas são gravíssimas. O que as diferencia é apenas a percepção e opinião que a sociedade possui sobre elas.


Sem contar que isso é um grande tu quoque.

Pode ser. Mas não deixa de ser um fato.

Então o estado tem que esperar o cara matar alguém para ai fazer alguma coisa?

E o alcool e cigarro matam mais em números absolutos, proporcionalmente o crack mata muito mais.
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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #166 Online: 20 de Junho de 2012, 21:27:33 »
Então o estado tem que esperar o cara matar alguém para ai fazer alguma coisa?

Todos os usuários de crack apresentam o mesmo comportamento agressivo?

E, especificamente para a sua pergunta: Somente há crime depois do ato praticado. Ou não?


E o alcool e cigarro matam mais em números absolutos, proporcionalmente o crack mata muito mais.

Talvez (escrevi 'talvez' porque não conheço as estimativas). Mas o custo para a sociedade é muito maior com o alcóol e o cigarro do que com o crack.
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Offline Barata Tenno

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #167 Online: 20 de Junho de 2012, 21:34:05 »
Então o estado tem que esperar o cara matar alguém para ai fazer alguma coisa?

Todos os usuários de crack apresentam o mesmo comportamento agressivo?

E, especificamente para a sua pergunta: Somente há crime depois do ato praticado. Ou não?


E o alcool e cigarro matam mais em números absolutos, proporcionalmente o crack mata muito mais.

Talvez (escrevi 'talvez' porque não conheço as estimativas). Mas o custo para a sociedade é muito maior com o alcóol e o cigarro do que com o crack.

Sim, a maioria dos viciados em crack recorre ao crime para obter dinheiro para a droga e seguindo seu raciocinio não deveria ser proibido beber e dirigir, só seria preso quem cometesse alguma infração.

Novamente o custo absoluto do alcool e do cigarro é maior, proporcionalmente o crack da muito mais gasto. Só a internação leva 3 meses e tem uma taxa de reicidencia de até 80%
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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #168 Online: 20 de Junho de 2012, 21:38:24 »
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Discordo. A intervenção do Estado deve se restringir aos indivíduos-usuários que prejudiquem outras pessoas.

O problema, Geo, é que um usuário de crack, mais cedo ou mais tarde vai prejudicar alguém. Mais tarde se tiver dinheiro e bens para ir sustentando o vício por algum tempo e mais cedo se não tiver condições de sustentá-lo.

Eu não sei se você já conheceu algum usuário de crack e teve a oportunidade de conversar com um, mas se já teve ou um dia tiver, ele lhe falou/vai falar exatamente o que eu estou falando: quando ele está na fissura querendo comprar uma pedra, ele não pensa em absolutamente mais nada, e perde completamente a noção de certo ou errado, fazendo o que for para conseguir dinheiro para mais uma pedra, mesmo que ele precise roubar ou até mesmo matar alguém pra isso.

Sua política de "esperar acontecer para punir" serve para cerveja, que é algo completamente diferente do crack e não transforma as pessoas em zumbis sem consciência de certo ou errado. Para o crack, esse é uma política completamente equivocada, pois você já está sabendo que vai acontecer algo, e simplesmente esperar isso acontecer para tomar uma ação é praticamente uma omissão.

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Offline Geotecton

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #169 Online: 20 de Junho de 2012, 21:45:19 »
Sim, a maioria dos viciados em crack recorre ao crime para obter dinheiro para a droga...

Certo. Mas voce obteve tal informação de qual fonte?


e seguindo seu raciocinio não deveria ser proibido beber e dirigir, só seria preso quem cometesse alguma infração.

Mas não é proibido beber e dirigir e sim beber além de um certo limite e dirigir.


Novamente o custo absoluto do alcool e do cigarro é maior, proporcionalmente o crack da muito mais gasto. Só a internação leva 3 meses e tem uma taxa de reicidencia de até 80%

Certo Barata, eu não discordo da gravidade no uso do crack.

Mas o meu enfoque básico é que há uma hipocrisia em não se proibir também o tabaco e as bebidas alcoólicas.
« Última modificação: 20 de Junho de 2012, 22:28:27 por Geotecton »
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Offline A Mosca

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #170 Online: 20 de Junho de 2012, 22:15:18 »
Acredito que, assim como ocorreu com a maconha, no passado, há uma abominação, uma demonização, que impede que o problema seja encarado com a devida seriedade. Quando eu era criança, lembro que diziam que a maconha matava em 6 meses de uso regular... O que não era um fato. Não duvido que o crack leve o sujeito a óbito e bem rápido. No dia seguinte ao consumo de algumas poucas pedrinhas, tem-se uma sensação de que fora trucidado em uma briga. Deduzo que muito do mal estar deva-se às cinzas de cigarros usadas ao "dar um pipoco na lata". No entanto, algo curioso é que dos usuários de crack quais conheci e que faleceram (e não foram poucos), desconheço sequer um que tenha sido por overdose. Todos exterminados, senão pelo próprio tráfico, por pseudojusticeiros. Outra é que dificilmente o usuário de crack não será de cigarro, álcool, maconha e, com menor frequência, cocaína. Depende muito do dinheiro que ele tenha em mão; se muito e bobear, vai de tudo em uma só noitada...
Se alumia, então é lanterna...

Offline Diegojaf

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #171 Online: 20 de Junho de 2012, 22:21:41 »
Sim, a maioria dos viciados em crack recorre ao crime para obter dinheiro para a droga...

Certo. Mas voce obetve tal informação de qual fonte?

Volte uma página e você vai ver o comportamento padrão de um usuário.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Barata Tenno

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #172 Online: 20 de Junho de 2012, 22:27:07 »
Sim, a maioria dos viciados em crack recorre ao crime para obter dinheiro para a droga...

Certo. Mas voce obetve tal informação de qual fonte?

http://www.comunidadesegura.org/pt-br/MATERIA-Crack-fator-de-risco-para-a-violencia-urbana

Crack motiva um em cada quatro crimes no DF


e seguindo seu raciocinio não deveria ser proibido beber e dirigir, só seria preso quem cometesse alguma infração.

Mas não é proibido beber e dirigir e sim beber além de um certo limite e dirigir.
Mas se o que importa é o crime e não a prevenção então libera qualquer quantidade e só prende quem matar alguém

Novamente o custo absoluto do alcool e do cigarro é maior, proporcionalmente o crack da muito mais gasto. Só a internação leva 3 meses e tem uma taxa de reicidencia de até 80%

Certo Barata, eu não discordo da gravidade no uso do crack.

Mas o meu enfoque básico é que há uma hipocrisia em não se proibir também o tabaco e as bebidas alcoólicas.

Bebidas alcoolicas e tabaco tem impostos que podem suprir os custos médicos se aumentados na medida necessária e no caso do alcool, só uma pequena porcentagem dos consumidores causam problemas violentos.
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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #173 Online: 20 de Junho de 2012, 22:27:38 »
Sim, a maioria dos viciados em crack recorre ao crime para obter dinheiro para a droga...

Certo. Mas voce obteve tal informação de qual fonte?

Volte uma página e você vai ver o comportamento padrão de um usuário.

 :ok:
Foto USGS

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Re:Existe traficante "ético"?
« Resposta #174 Online: 20 de Junho de 2012, 22:31:59 »
http://www.comunidadesegura.org/pt-br/MATERIA-Crack-fator-de-risco-para-a-violencia-urbana

Crack motiva um em cada quatro crimes no DF

Depois vou ler com mais cuidado.


Mas se o que importa é o crime e não a prevenção então libera qualquer quantidade e só prende quem matar alguém.

Então voce concorda que o princípio da prevenção também deve ser aplicado às drogas socialmente aceitas?


Bebidas alcoolicas e tabaco tem impostos que podem suprir os custos médicos se aumentados na medida necessária e no caso do alcool, só uma pequena porcentagem dos consumidores causam problemas violentos.

Elas tem impostos porque são legalizadas. Isto poderia ser feito o mesmo com a maconha e a cocaína por exemplo.

E, volto a insistir, eu concordo que há uma situação potencialmente grave no consumo de crack.
« Última modificação: 20 de Junho de 2012, 22:48:37 por Geotecton »
Foto USGS

 

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