Geo, eu até agora não vejo relação entre o universo ser físico-químico, assim como nosso cérebro, com o fato de perdermos o livre arbítrio.
Uma coisa que me incomoda é que a afirmação "não temos livre arbítrio porque somos seres físicos-quimicos" traz implicito que se conhece muito a máquina que é o cérebro (o que não é verdade) ou que estamos afirmando algo sobre o que desconhecemos.
Agnóstico, a relação não é entre o universo ser físico-químico, mas determinístico e por consequência, tudo que há nele, inclusive nosso cérebro.
Outra coisa que me incomoda é o fato das observações cotidianas não demonstrarem, de modo algum, a perda do livre arbítrio (salvo para aqueles que esperam que ou se tenha a mente livre de cultura, pre-conceitos etc.. (coisas que nos definem como humanos) ou imaginam que só é livre quem pode fazer o que queira. Mas esse não é o mesmo argumento dos "mecano-fisiquistas", é outra vertente de argumentos).
As observações cotianas 'aparentam' muitas coisas que não conferem com o conhecimento adquirido, e não temos, até onde sabemos, porquê pensar que nesse caso seja diferente. Nada impede de acreditarmos em algo não demonstrado, mas isso cai na sua própria definição de groselha. Cabe a você demonstrar a eficácia do xarope.
Mas note que, como demonstra a parte em negrito, essa foi apenas uma tentativa de demonstrar
por outro caminho como o determismo afeta/pode afetar seu livre-arbítrio no dia a dia. No caso, limitado apenas o universo humano, e somente para efeito de demonstração.
Se alguém de vocês puder apenas me demonstrar como esse determinismo afeta meu livre arbítrio no media a dia, como é essa cadeia de causa efeito, que fundo pratico vocês podem tirar de "não tenho livre arbítrio" sem confrontar com a realidade presenciada e aceita por alguns de vocês eu volto à discussão. Discutir semântica e perda de contato com a realidade não me convém.
Vou tentar por outro caminho.
Você pode aceditar na existência de um deus, qualquer um, por uma hora apenas e depois voltar a ser ateu/agnóstico, somente para exercer seu livre-arbítrio?
Se pode, a liberdade existe. Você pode fazer qualquer escolha, independente de qualquer coisa. Se não, então não há liberdade, apenas uma ilusão dela.
O mesmo vale para qualquer opção imaginada que vá contra suas crenças, sua ética, seus princípios e valores, enfim, quaisquer características determinadas pelas circunstâncias da sua existência.
Achei que tivesse ficado claro. Falha minha. A idéia é que extrapolasse a partir do ponto sugerido e não que se apegasse a ele.
Para mim o argumento dos que negam o livre arbítrio fica meio ilógico:
1- Não sei como o cérebro funciona, sei que é físico químico
2- Ignoro o conceito de livre-arbítrio, que nada tem a ver com física e química (wiki-> Free will is the ability of agents to make choices free from certain kinds of constraints). Isto é, o conceito em si remete a algo observável e testável, não faz nenhuma consideração a interpretação do funcionamento de algo que não sabemos como funciona
3- Entendo que temos livre arbítrio no cotidiano (ou sensação, ou percepção) mas mesmo assim vou ignorar isso e continuar afirmando que não temos livre-arbítrio por causa que o cérebro é apenas físico-químico (o que é claro que é).
Não há problema algum de termos uma descoberta científica que é contra-intuitiva. A questão é que não temos essa descoberta, temos apenas uma constatação do funcionamento básico do cérebro e um salto, um non sequitur científico imenso, até a afirmação que não temos livre arbítrio.
Eu entendo ainda que a afirmação "não temos livre arbítrio porque somos feitos de reações químicas etc.." é uma hipótese ad hoc, não permite previsões adicionais, não permite ser checada, não permite ser refutada.
Por isso que chamo de afirmação de cunho filosófico, não científico.
Acho que são dois fatos inegáveis aqui:
1- Somos seres físico-químicos, apenas
2- Temos livre arbítrio
A hipótese que deveria sair desses dois fatos, no meu ponto de ver, é.. "precisamos entender mais o cérebro, pois o mesmo entrega livre-arbítrio a partir de processos que em primeira análise, deveriam apenas entregar determinadas"
Os argumentos que negam o livre-arbítrio baseiam-se no conhecimento de que o universo é determinístico e consequentemente tudo que nele há. Ilógico é essa inversão do ônus. Como é possível demonstrar a inexistência de algo? Tudo que podemos é argumentar que o conhecimento indica nesse sentido. O ônus cabe a quem afirma o contrário, pois somente o que existe é demonstrável. O resto você já sabe, é groselha.