Da leitura de dois livros e a leitura incompleta de um terceiro, dou meus pitacos sobre a nossa máquina tomadora de decisões. Infelizmente, no momento, concluo a ideia com uma dúvida.
1. Estamos sujeitos a um conjunto grande, mas limitado de circunstâncias.
2. Nosso cérebro é, em grande medida, um categorizador. Foi evolutivamente saudável termos, diante de circunstâncias comuns, o mesmo tipo de resposta que se padronizou durante a nossa história evolutiva: qualquer resposta rápida, intrínseca, tem vantagem sobre a lucubração lenta e reflexiva. Assim, não há inovação a cada situação, não inventamos novas respostas quando ameaçados, desejosos por sexo ou famintos: há sempre um conjunto possível de respostas e de reações esperadas. Veja, isso não exclui o pensamento científico que propulsiona a humanidade: pois o pensamento crítico e reflexivo, em si, é uma postura padrão. É por ele que eu mudo a configuração duma paisagem, invento proteções contra presas e inimigos e reflito sobre os ensinamentos de algum deus ou sobre o que há após a morte.
3. Ainda que muito de nossas respostas talvez estejam incrustadas no DNA, outras, principalmente as de cunho social, que trata das nossas relações com outros de nós mesmos, surgem da nossa interação quotidiana e da cultura onde estamos imersos: são os valores, a moral e regras de convivência que aprendemos. Aqui há uma polêmica: não se sabe ao certo o quando o DNA parametriza os valores. Dessa forma, o conjunto de valores possíveis de admitirmos respeitaria a vontade gênica, mas isto ainda é polêmico, delicado e incerto.[1]
4. Assim, teríamos três conjuntos de informações municiando o cérebro com informações sobre respostas possíveis a cada situação com a qual nos deparamos: o DNA, o hábito ou o ambiente.
5. Cumpre, antes, definir o determinismo como a crença filosófica de que
todos os eventos, inclusive os futuros, ações, a cognição humana, decisões, e comportamento são necessariamente causados por eventos precedentes combinados com as leis da natureza[1]. O contrário disto, é a
geração espontânea dos eventos, ações, decisões e cognição humana, bem como do comportamento. Alguma outras perspectiva?
6. Assim, haveria uma ilusão de escolha. As respostas que surgiriam, nossas reações ou decisões, atitudes ou pensamentos, adviriam da avaliação e busca do que parecesse conveniente, necessário, aceitável e/ou anteriormente experimentado num determinado momento (respostas passadas e aprovadas tendem a se repetir: é o hábito).
7. Obscuro é o como da interação destas variáveis surgiria a decisão, o comportamento, algum pensamento etc. Necessariamente ela é condicionada por causas anteriores (determinismo), mas como se forma o condicionamento no momento quando se forma? É uma disposição de variáveis sobre o qual apenas se especula.
Os itens 6 e 7 estão sendo pesquisados ou não encontrei resposta ainda.
Utilizei-me muito do futuro do subjuntivo pois é meramente uma hipótese formada em cima de leituras esparsas. Surgindo novas ideias ou correções eu mudo o que escrevi. Estou tentando formar um pensamento sobre o assunto.