...hmmmmmmmmmÉ, pode até ser que haja desses... Mas estão errados, porque filosofar não é apenas inútil, é pernicioso. Quem dera fosse apenas inútil. Eu conheço outra variedade de indivíduos, filosofadores especialmente lamentáveis -- os que pregam contra a indução, indutivando o tempo todo. Senão... vejamos um exemplo que se encontra aqui mesmo (estão por toda parte, é só dar uma olhada em volta que se vê prontamente, mas esse está logo aqui em cima). Aproveito para antidotar efeitos que possa causar em leitores que ainda possam ter salvação.
O que eu posso começar dizendo de algo assim?...
Essa minuetada toda para (des)resumir o mantra "ausência de evidência não é evidência de ausência", aproveitando para, na trama da coisa, tentar engoelar no pobre leitor sem defesas a falácia "isso prova que a minha ausência de evidência prova minha proposição" multiplicada pela inversão de ônus?
...Há uma clara diferença entre 30 linhas de código redundante-volteante labirinteiro enrolador de "alto nível" (filosofia -- e das brabas) e 30 linhas de código de máquina esmiuçador detalhista (ciência -- da boooa!). Mas nem todos têm o instrumental para perceber.
Há que se oferecer, então, alguma chance para quem lê. Considerarei válida esta minha aplicação por alguns desses.
Primeiro vou fazer uma crítica lógica ao argumento que tudo tem uma causa logo não temos liberdade, depois volto aos pontos já contestados por mim mas ainda não compreendidos.
Que tudo tem uma causa não é um argumento. É o que se evidencia por todos os fatos conhecidos e demonstráveis. Disso, pode até resultar a dedução (por parte de quem quiser e se interessar...) de que "não temos liberdade", o que estabelece uma categoria especial para um caso especial, erro filosófico clássico crasso, aquilo a que toda filosofia conduz. "Temos" já é uma petição de princípio. Isso é um argumento, argumento que pode ser usado para propor sua própria negação totalmente insustentada pelos fatos, como tenta-se aqui.
A indução dos fatos evidenciais é de que não há liberdade na natureza, simplesmente, só. Isto (também, a exemplo e extensão dos fatos objetivos fundamentais) não é argumento, apenas aceitação dos fatos. Quem lança mão de argumentos (nessa questão, embora em toda e qualquer outra valha o mesmo) é tão só o que clama pela existência de liberdade humana real. Esse é que tem que apresentar evidência pois a sensação de liberdade afeta todas as máquinas funcionalmente normais e já é contestada evidencialmente. Quem reconhece e aceita a inexistência de liberdade não precisa recorrer a argumentos, já que baseia-se em evidências demonstradas pelos fatos objetivos.
O raciocínio da falta de liberdade embasado pela causalidade está fundamentalmente errado.
Causalidade não é um raciocínio, são os fatos. "Raciocínios" podem ser encontrados em manobras para tentar negá-la.
Ele basicamente é uma cadeia indutiva de "tudo tem uma causa" logo minha ação imediatamente anterior tem uma causa, assim por diante, até o infinito.
A indução de que tudo tem uma causa é, exatamente, que tudo tem uma causa, nada mais. O que vem depois do "logo" é dedução. (...e eu tenho que explicar isso para quem recorre a isso, essa porcaria de "recurso racional"...)
Não precisa ser até o infinito. Dá para parar lá por volta do tubo neural, além do qual qualquer insistência como essa se desnuda em todo o seu patético ridículo. (Claro que é ridícula sempre, mas há os que sonham em sonos muito profundos e demandam despertadores mais potentes para acordar, se houver despertadores potentes o bastante no universo para isso, no caso de tantos.)
Como citado por alguém no fórum, tudo tem uma relação de causa e efeito, nosso cérebro também.. portanto não temos livre arbítrio.
Fica totalmente fora de sentido dizer "o cérebro tem uma relação de causa e efeito". Elementos constituintes cerebrais e os processos envolvidos estão nessa cadeia.
A indução (ou bottom-up logic) tenta criar proposições gerais baseadas em exemplos específicos e lógica dedutiva. Quanto mais eventos são observados mais "provada" fica teoria.
"A" indução não tenta criar nada, cria-se nela. Nada fica "mais comprovado" por "acúmulo indutivo", apenas simplesmente permanece comprovado até evidência em contrário. Sempre foi assim desde o início. A (re)deturpação neofilosofista veio depois. Como único resultado "prático" dessa deturpação veio a possibilidade de uma turba de aloprados contestarem tudo o que é representado por evidências e proporem toda sorte de sandices em hipóteses de que o que se conhece pode ser diferente do que se conhece porque "pode ser que encontremos uma evidência contrariante", "então o que se conhece não é nada porque pode existir o que não se conhece". É para rir muito... O probleminha pequenininho é só que, primeiro, é preciso apresentar-se a evidência contrariante. Esperar por essa evidência também é indutivo, porém tal é a indução estúpida, orquestrada para escapar às evidências diretas pela indução por outras categorias.
Indução não é nem se baseia em lógica, nem há nada de baixo a cima nem de cima a baixo nisto. De baixo a cima e de cima a baixo são arbitrações filosóficas que não podem ser comprovadas por nenhuma evidência física. Não tem baixo, não tem cima, em lugar nenhum aí. O que é geral e o que é particular não pode ser demonstrado como tal. Apenas, INDUTIVAMENTE, é verificado que, de onde quer que se parta, seguindo, sistematicamente encontram-se coisas diferentes, ou melhor, o diferente, no caminho. A única ideia que poderia não ser indutiva seria, exatamente, a de que tudo que se sabe como é é e continuará sendo invariavelmente. Mais um paradoxo dos que se encontra nessas bobagens.
Só que existe a questão dos 100.000 cisnes brancos. Mesmo observando que 100.000 cisnes são brancos nada indica que o próximo será branco. A indução então não encontra respaldo nem na lógica (a afirmação que todos os cisnes são brancos não são suportadas pelas premissas) nem na experiência (não foram observados todos os cisnes).
Está aí! E isso ainda por cima é ensinado como coisa séria...
É claro que indução não é respaldada por lógica nem há sentido e interesse nisso pois não se baseia em lógica, se baseia em fatos.
É claro que indução se baseia em experiência e é respaldada por ela; tudo de real(ista) é. A "lógica" de que quantas porcarias quaisquer de quaisquer características quaisquer podem não ter todas as mesmas características quaisquer não pode ser deduzida a priori de nada além da experiência anterior de que tal generalização falhou em outros exemplos. Até os anti-indutivistas se baseiam em indução e não o percebem pela primariedade infantil de pensamentos não próprios mas doutrinados de filosofadores erigidos a sacerdotes, oráculos sagrados do que seria o "verdadeiro pensamento". Não se pode apresentar uma evidência física sequer de porque os tais "representantes da realidade na Terra" estariam certos, mas, como foram e são hábeis na enrolação rasa, oferecendo ideias que agradam crentes, uma multidão de seguidores os idolatra. É assim mesmo o comportamento religioso fanático. Quando alguém ousa criticar os líderes espirituais, uma reação de defesa imediata se desencadeia, do tipo "já fomos preparados para desviadores como vocês e temos todas as respostas prontinhas em nosso manual sagrado para dar". hahaha... aaaaacrentes de todo e qualquer tipo são sempre engraçados.
Essa bobagem primária infantil dos tantos cisnes de uma suposta cor só poderia ser desenvolvida por um apedeuta científico que confunde (ou cria tal confusão) um problema de gradualidade, de medida, de escala, com um problema de categorias. 1.000.000 de cisnes brancos ou quantos forem só são brancos por um arredondamento arbitrário induzido por limitação resolutiva. Com observação suficiente, nenhum deles será da mesma cor que qualquer outro. Esse é o problema científico da realidade, que a realidade "impõe" a essas máquinas. Uma máquina criança pouco dotada tende a "querer" (nem faz ideia do que faz, de fato) simplificar as coisas por categorias e acredita que está fazendo um grande trabalho nesse arredondamento crasso e raso. Está só volteando. Mesmo quando pensa que cresce, a máquina criança mantém tudo em categorias, como as que seriam a mecânica newtoniana e a einsteniana. Esquece que a realidade não é nem uma nem outra; que as leis de Newton não são *jamais* representativas da realidade e que só a limitação instrumental permite acreditar, em qualquer momento, que são. Por indução, a einsteiniana não é diferente.
Deve-se entender que apresentam-se dois tipos básicos de sistemas (bastante arbitráveis): pode-se chamar de sistemas combinatórios e sistemas físicos fundamentais. E não se deve abordar um ou outro de forma totalmente estanque, mas faz-se assim mesmo. Sistemas combinatórios podem ser estabelecidos em regras rígidas, arrendondando-se quaisquer resultados finais, como no caso de genotipia sem considerações fenotípicas. Pode-se dizer que um genótipo bem fundamental estabelece que cor um cisne tem, independentemente de quaisquer variações ulteriores. Em sistemas assim, as regras são claramente delineáveis e os resultados totalmente previsíveis -- pode-se entender o que determina a cor dos cisnes em seu conjunto total de possibilidades. Não é aí que está o "problema" (que problema, diabos?! indução é solução) da indução. Mas o infante Popper não era um pensador científico, não podia entender isto e fez uma bela borrada querendo exemplificar uma coisa por uma analogia com outra sem qualquer cabimento. Do "cisne branco ao preto" (como "problema") não tem equivalência nem mesmo similaridade com um problema como o de Newton a Einstein, nem com qualquer coisa que possa estar associada ao "problema da liberdade".
Hume afirma que a indução está logicamente errada mas é um "psicologismo útil" para a evolução e acumulação do conhecimento humano.
"Psicologismo útil" é para entrar nos anais da gargalhologia. Muito boa essa!
Que interessa se algo está "logicamente errado"? Tudo está. O que importa é se está funcionalmente correto; se dá para construir/justificar (preponderantemente construir) equivalentes maquinais com o/fundamentando-se no "algo" teórico. Entenda-se isto como uma extensão do princípio 'máquina de Turing', que poderia ser declarado como "se a teoria é 'maquinal-realizável'", coisa muito simples.
Kant faz algo parecido, categoria a indução como um "enunciado sintético a priori" (não obtido pela experiência nem dedução) e o coloca basicamente no mesmo nível de um axioma. kant cita especificamente a causalidade como sendo um enunciado sintético a priori.
Kant... Como alguém ainda pode falar de e sobre esse sujeito?... Esse não vale a menção. Não há uma coisa que se aproveite desse cara.
Os positivistas levaram a indução ao extremo. Mas também aceitavam que o número de casos positivos diz apenas sobre o grau de suporte (probabilidade indutiva) mas não pode ser utilizado para provar nada.
"Positivistas" aqui seriam pirrônicos que, diante de evidências que contrariassem ou alterassem os fatos previamente verificados e conhecidos, se recusariam irredutivelmente a aceitá-las? Ah, não...! Depois fica esclarecido, desculpe...: Eles "também aceitavam que fatos não provam nada" pois poderia haver fatos desconhecidos no fiofó da galinha universal? E aí abriram a porteira da especulação da existência de todo tipo de ovo antes mesmo da poedura?
Mais para os anais...
...mas, peraí! Se (até) os tais positivistas obstinados "aceitavam que acúmulos evidenciais não provam *nada* (pô, esse "nada" já não é um exagerinho, não? Que tal, assim, "não provam tudo"? Não fica melhor? Só uma sugestãozinha inocente, não precisa aderir; que eu também não quero fanáticos atrás de mim, podendo todos esses ficarem para os Aristos e Popps & Cia)", para que alguém precisava desse infante logo aqui embaixo?
Quem encontrou a solução do problema foi Popper. Enunciados universais não podem ser provados, apenas refutados. Não bastam cem mil cisnes brancos para provar a teoria, mas basta um negro para refuta-la.
Taí!
Esse é outro...
Quer dizer que é o salvador da pátria dos descamisados da lógica?!
Mais para os anais!
...mas, que "solução"?! Para que "problema"?!!!!
Não há nunca houve problema nenhum aí!
Daí veio o que todos nós conhecemos. A refutabilidade ou falseabilidade.
Ah, é verdade! E isso mudou o mundo!
(...e o pior é que mudou mesmo. Para pior; de novo novamente!)
A afirmação de que não temos liberdade porque tudo tem uma causa e efeito que vêm desde as sinapses e reações químicas e físicas não dá suporte à conclusão que não temos liberdade.
Ora, mas é claro que nããão! Dá suporte é para a conclusão de que há liberdade! Peticionêmo-la logo e encerremos isso!
O que é necessário se fazer para provar que não temos liberdade?
Nada. Isso já está evidenciado pelos fatos. Para contestar isso, são necessários outros fatos. Aqueles que estariam lá no fiofó da galinhona. Procure quem for crente o bastante para isso.
É preciso surgir evidência de que há a tal liberdade na natureza, no universo. Se tal se mostrar, ainda restará demonstrar que tal aplicar-se-ia ao sistema cognitivo humano. Para qualquer pensador científico, é bastante claro que, se houvesse demonstrada a tal liberdade na natureza, ela não abrangeria um sistema específico e limitado como a máquina humana.
Fazer um enunciado claro sobre o que é a liberdade
No contexto aqui: contrariação dos processos/estruturas naturais conhecidos representados pelas leis físicas estabelecidas por eles.
Propor uma maneira de falsear a afirmação de que não temos liberdade
Isso é uma piada (também, não seria novidade...)? Outra pros anais... Não é preciso propor nada. É automático que qualquer fato que contrarie o que é conhecido... contraria o que é conhecido. Mas é preciso o fato se apresentar. Enquanto isso, o que é conhecido é o que é conhecido; e só se contesta isso por indução (daquela do tipo estúpida, claro).
Verificar a hipótese
Que hipótese?! (A de que a sensação ilusória de liberdade assentar-se-ia sobre liberdade real?)
...Mas essa é boa demais! Essa é para a capa da publicação! Obrigado!!!
É sempre divertido ver alguém pegar o manual e seguí-lo de A a Z. Belo procedimento indutivo!
30+30 linhas de argumentos anti-indutivistas baseados todos em indução. Indutivando o tempo todo.
E a mesma ladainha religiosa popperiana de sempre. Nada novo...