Eu não faço, senão por minúcias como processos no cérebro, o que acho que nem deve ser importante na maior parte do tempo...
Se o cérebro é você, não há porque dizer que ele te tira o arbítrio dele mesmo.
Esta conclusão está um passo adiante, porque parte do pressuposto que o livre-arbítrio existe, quando isto é justamente o que estamos questionando.
No raciocínio determinista a consciência é como o resultado de equações realizadas no inconsciente. Toda idéia, pensamento, emoção, enfim, tudo o que é percebido, já chega pronto, resolvido e não pode ser modificado, exceto por um novo resultado, já calculado no inconsciente e que também não é livre, mas sujeito aos estímulos recebidos.
Por exemplo (somente especulando), você está ao balcão de uma lanchonete tomando um café antes de ir para o trabalho planejando as tarefas do dia quanto uma mulher no período fértil se aproxima. Sem que você se dê conta seu cérebro detecta a presença dela, digamos, pelo olfato e envia o sinal para que você colha mais dados. Sem saber que obedece a uma ordem, você olha em volta para observar o movimento e a vizualiza. Conforme a atratividade visual o cérebro envia uma nova ordem para que você prossiga, se aproximando, puxando conversa ou para que aborte a missão. Ele pode, inclusive, emitir uma ordem para que você se aproxime, mas por qualquer outro fator que entre na equação, por exemplo, a urgência das tarefas que te esperam, emitir em seguida, uma ordem contrária.
Supondo que o cérebro funcione exatamente dessa forma, em todas as circunstâncias, a consciência simplesmente recebe e executa ordens, que o cérebro envia automaticamente em resposta aos estímulos do ambente. Portanto não há livre-arbítrio. Somente ação-reação. É o meio que determina o que se passa no cérebro. Que determina quem você é, o que pensa, o que sente, o que planeja, decide e executa a cada instante.
A física rege simplesmente a maneira como o cérebro funciona, não é algo externo ao funcionamento dele para ser culpada de lhe tirar o livre arbítrio.
Exato, e no entanto, são os estímulos externos que determinam que decisões o cérebro irá tomar, em conjunto, claro, com as informações já gravadas anteriormente nele, por cada experiência anteriormente vivida.
A máquina tomadora de decisão é o cérebro que funciona (como tudo) regido por leis. Um computador também é restringido pela física mas existe um nível de discussão, a do software, onde não faz sentido pensar que a física está limitando ou interagindo de determinada maneira. É outra granularidade de discussão. A granularidade da discussão do livre arbítrio não deveria envolver discussão de leis de física.
A máquina está permanentemente conectada, recebendo dados do meio e respondendo automaticamente. Reagindo ao meio como uma bola de bilhar reage a uma tacada.