Autor Tópico: Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?  (Lida 84729 vezes)

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Offline Barata Tenno

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #325 Online: 20 de Março de 2015, 21:36:36 »
Barata... Você realmente acha que a variável "anos de estudo" basta pra planear a amostra? Acha mesmo que este 'mesmo com a mesma escolaridade' tem relevância epistemológica e estatística sozinhos? Acha mesmo que de um medico formado pela USP se espera a mesma remuneração que um enfermeiro formado pela Uniban? O mundo nem sempre pode ser explicado somando dois mais dois... As vezes os calculos são um tanto mais complexos japa man.

Que legal, você esta fazendo campanha para as cotas em universidades públicas? Interessante.
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline Donatello

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #326 Online: 20 de Março de 2015, 21:40:48 »
Caralho :o O cara bebeu um caminhão de falácias grotescas. Está impossível...

Offline Donatello

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #327 Online: 20 de Março de 2015, 23:19:46 »
Ahh. Minha opinião sobre cotas tah lah na pagina dois. Bem detalhadinha e sem faltar nenhum detalhe do que penso sobre. Não sou simplista como você, não acho que qualquer emenda conserta um soneto mal feito e sei que emendas mal feitas tendem eh a piorar a desgraça. E não vejo o mundo como uma dicotomia entre opressores e oprimidos, pro-cotas ou racistas... Há muito mais tons do que preto e branco nessa paleta, eu pensava que o snow que fosse daltônico :)

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #328 Online: 21 de Março de 2015, 00:39:01 »
Barata... Você realmente acha que a variável "anos de estudo" basta pra planear a amostra? Acha mesmo que este 'mesmo com a mesma escolaridade' tem relevância epistemológica e estatística sozinhos? Acha mesmo que de um medico formado pela USP se espera a mesma remuneração que um enfermeiro formado pela Uniban? O mundo nem sempre pode ser explicado somando dois mais dois... As vezes os calculos são um tanto mais complexos japa man.

Ironicamente já vi esse mesmo tipo de desleixo meteodológico ser usado para defender racismo científico. Apontarem como que médicos negros têm mais pacientes com óbito e esse tipo de coisa.

Se não me engano isso inclusive foi repetido até no contexto de cotas no Brasil, recentemente, ainda que não me lembre se a conclusão de "racismo científico" estava expressa ou se era só receio quanto ao aproveitamento de cotistas, embora quase sem dúvida isso fosse ser taxado de racismo, se não tiver sido muito cuidadosamente fraseado.

Offline Geotecton

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #329 Online: 21 de Março de 2015, 00:41:54 »
Cavalheiros

Peço que moderem o linguajar e pensem bem no que vão escrever porque a situação está caminhando para um festival de cartões.

Este é um aviso.

E será o único.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #330 Online: 21 de Março de 2015, 00:49:01 »
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DIFERENÇAS DE RENDA ASSOCIADAS À COR: BRASIL, 2001*
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Resumo: Este trabalho analisa quanto das diferenças entre
rendimentos de indivíduos de cores diferentes decorre das ca-
racterísticas dos trabalhadores e quanto pode ser atribuído à
discriminação. No diferencial de rendimentos entre negros e
brancos, dos 43,8% que os negros recebem a menos, de 73,2%
a 78,3% são decorrentes das diferenças na qualificação da mão-
de-obra, e o restante permanece inexplicado, podendo ser as-
sociado à discriminação. Do diferencial de rendimentos de
119,4% a favor dos amarelos, quando comparados aos bran-
cos, de 79,6% a 87,9% são atribuídos à diferença nas dotações
dos trabalhadores.

http://revistas.pucsp.br//rpe/article/view/11943/8648



Esse artigo é citado na tese de doutorado "Os aspectos econômicos da discriminação racial no Brasil".



Acho engraçado e esquisito o uso de "amarelos" para asiáticos. Parece coisa vinda do tempo da segunda guerra...

Offline Gabarito

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #331 Online: 21 de Março de 2015, 06:26:56 »
Condeno o ato dos ativistas na universidade, foi estúpido e quem cometeu o ato deve ser tratado como tal.

Concordamos nesse ponto e eu fico contente que você reconheça isso.


Gabarito, se você quiser é só procurar, pra cada vídeo de negros falando contra cotas, existem dezenas de vídeos falando a favor. Vamos debater os argumentos usados. Ao invés de usar um argumento de autoridade, o que acha de debatermos os argumentos dos vídeos?

Eu sou negro. Acho cotas boas. Ergo, me respeite...

Reconheço que apelei ao argumento de autoridade.
Procurarei evitar isso no futuro.
Também reconheço que existem muitos argumentos contrários razoáveis, mesmo vindos de pessoas que não pertencem ao(s) grupo(s) em questão.
E concordo que debater ideias, venham de onde e de quem vier, é a forma correta para boas conclusões.


Offline Donatello

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #332 Online: 21 de Março de 2015, 09:36:48 »
Quanto às cotas raciais minhas objeções acho que são todas as que já foram feitas, começando pela que vai contra o último argumento do Juca, então:

1- tratamentos desiguais "compensatórios" (afirmação positiva, discriminação positiva, leis compensatórias, seja lá o que for ou como queira se chamar) que se dirigem a um grupo que é ícone/símbolo do que se quer combater e não o próprio objeto tende a construir dois grupos de mais discriminados/privilegiados ainda. Digo, assume-se que a maioria dos pobres é negra e que por isso os negros em geral merecem receber um privilégio e não os brancos, mas como o que se quer combater é a pobreza e não a negritude você acaba gerando duas novas desigualdades/injustiças.

Primeiramente a do branco que sempre foi pobre e oriundo de ascendências pobres e que nunca teve ascendente escravocrata, que de repente é de uma longa família de boias frias no interior das Alagoas, e que foi o primeiro de uma longa sequencia de gerações a ter o diploma de ensino médio... e que agora vai ter que disputar um vestibular mais difícil do que o do seu vizinho em mesmas condições socioeconômicas, porém negro. Segundamente a do negro cuja família nunca foi de escravos, talvez tendo sido até de escravistas, ou que foi bisneto de escravos mas que conseguiu subverter este processo há gerações e hoje é uma típica família de classe média para classe média alta e que vai ter privilégios em relação a branco boia-friazinha e disputar em pé de igualdade com o negro boia-friazinha.

2- Acho válido o medo de que a partir do sistema de cotas qualquer conquista acadêmica de negros (mesmo não cotistas, como eu) passe a ser minimizada culturalmente, o famoso "ahhhh, Medicina? também deve ter passado na cota, assim é fácil" e isso pode sim gerar futuras implicações no acesso destes ao mercado, por exemplo.

3- Se por um lado a classificação étnica por terceiros (aplicada na UNB e na UEZO, entre outras) levaria ao quadro do tópico 1, a auto-classificação (aplicada na UERJ e acho que na Bahia) levaria a loiros de olhos claros de classe média para alta oriúndos de boas escolas particulares da Zona Sul do Rio aplicando a velha lei de gerson (vi um caso exatamente assim na UERJ)

4- São paliativos que tendem a se tornar "direitos naturais" dos "negros" no futuro, mesmo em uma sociedade igualitária, como ocorreram a "tratamentos diferenciados" em relação a mulheres. Depois que o cachorro agarra o osso é difícil de deixar pegar de volta.

Quanto às cotas sociais, eu era a favor por entender que o erro que descrevi no item 1 não ocorria aí, isto é: se você tenta combater a pobreza mirando nos pobres propriamente ditos  e não num símbolo do que é ser pobre então quando os seus intentos são alcançados sobre um indivíduo que foi alvo da discriminação positiva o cara deixa de ser pobre e portanto deixa de poder pleitear aquele benefício; ao mesmo tempo você não teria um grupo de indivíduos que estariam duplamente excluídos e prejudicados por serem do grupo alvo (pobres) mas não carregarem consigo o símbolo/ícone (afro-negritude).

Também entendia que um sujeito que tirasse 80 num vestibular tendo estudado a vida inteira numa escola estadual típica da vida e nunca tendo cursado sequer um CNAzinho não podia ser acusado de menos mérito/competência do que um outro que, tendo tirado 93 na mesma prova, houvesse estudado num Notre Damme tendo cursado Instituto Goethe desde o 7 aninhos de idade; portanto para mim era válida a idéia de que tratar desiguais de fora igual contribuia para perpetuar a desigualdade.

Só que em 2002 eu ainda era um quase adolescente, com a típica inocência da idade, e achava mesmo (não sei se achava, mas se não achava, não levava muito em consideração a possibilidade contrária) que só as pessoas de fato caracterizadas como alvo pelo edital se inscreveriam naquele sistema. Tomei um choque de realidade logo nos primeiros vestibulares quando começaram a sair nos jornais denúncias de meninas de classe média alta, pais com altas patentes da Marinha, oriúndas do Colégio MIlitar, loiras, passando nas cotas raciais e sociais da UERJ.

2 anos depois ingressei na UERJ e vi que era verdade, que a imensa maioria dos cotistas não respondem aos critérios socioeconomicos previstos nos editais, eu era, mas na época eu estava absolutamente dentro dos critérios estabelecidos (uma excessão) e mesmo assim minha nota no vestibular tinha ficado acima da nota de corte para não cotistas. Então passei a acreditar que o sistema de cotas para pobres só faria sentido se houvesse filtros eficientes e punição eficaz a quem fraudasse as normas, disse isso várias vezes aqui no fórum e era o que eu repetia toda vez que tocava no assunto, mas... que merda... eu estava propondo?

Os critérios para acesso a cotas são os seguintes

1 apresentar comprovante de endereço em seu nome ou algo que valha (nome dos pais, nome de terceiro com declaração do terceiro de que você mora lá)
2 apresentar comprovante de renda próprio e das pessoas que VOCÊ DECLAROU que vivem contigo ou declaração de próprio punho dizendo que não possui renda ou que possui renda informal especificando o valor
3 em caso de cotas raciais, autodeclaração de negritude (que dependendo do sistema pode ou não ser verificada por terceiros)
4 em caso de cotas sociais, histórico escolar comprovando ter se formado em escola pública

A questão chave é que nenhum adolescente de classe média ou classe média alta precisa fraudar nada para se adequar a estes critérios, os filhos do Agnóstico, os filhos do Barata e os filhos do Snow (só para citar 3 foristas que não fazem questão de omitir que são "bem de vida") podem perfeitamente se candidatar como cotistas raciais aqui na estadual do Rio, quando estiver na época, sem nenhuma dificuldade ou ilegalidade. Se derem a sorte de conseguirem vagas para os pimpolhos em algum CPII, IFSP ou Colégio Militar da vida ainda poupam um dinheirão, dão uma formação de altíssimo padrão aos filhotes e ainda podem botar os mesmos pra concorrer em qualquer universidade cotista do país.

Bota a conta de luz da casa de praia no próprio nome, declara morar sozinho lá (até onde eu saiba não é tecnicamente fraude), declara não ter renda e viver de ajudas eventuais de parentes (não é fraude e, provavelmente, nem mentira), declara ser negro (ou apresenta o histórico do IFSP). Pronto, passou em Direito com 54 pontos enquanto os honestos fizeram 70 pontos e ficaram reprovados. Aliás, este é um outro ponto, ao ser um meio facílimo e sem riscos para aplicação da Lei de Gerson as cotas reforçam e muito no imaginário popular esta ideia tão brasileira do jeitinho, da malandragem safada.

Quanto ao Prouni eu sou contra por todos os motivos citados (conheço pessoalmente gente de boas condições financeiras, uma filha de professores universitários e um filho de advogados e morador de um amplo ap em Copacabana, que usou do tipo de artifício para se formar em faculdades relativamente bem conceituadas - e muito caras - como Puc-Rio e UCAM, totalmente grátis através do PROUNI) e fundamentalmente pelo fato de que o PROUNI na verdade é um projeto de subsídio estatal à universidades privadas, a balela de aumento da oferta de ensino para os mais pobres é só a desculpa para o derrame de verbas na compra de milhares de vagas no atacado e a preço superfaturado até para o varejo (as universidades particulares cobram do MEC o preço de tabela, que este paga bonitinho, mas a maioria dos alunos na verdade não pagam o preço de tabela, já que muitas possuem descontos de convênio, de pagamento antecipado, de diploma anterior, de transferência, o escambau).

Hoje estou na UFRJ, não sou cotista, e tenho colegas cotistas cujo padrão de vida é obviamente incompatível com os critérios.

Não é que nenhum pobre seja beneficiado com as cotas, tenho, por exemplo, um colega de turma que de fato é pobre, negro inclusive, e é cotista... mas mesmo sendo bastante pobre, ele teve a oportunidade de fazer o ensino médio na Fiocruz, uma das escolas públicas mais conceituadas do país, passou em segundo lugar no vestibular, estaria lá com ou sem cota.

Mesmo que o sistema de cotas tenha feito justiça a alguns, minha observação me faz acreditar que ele funciona muito mais como uma forma de facilitar o acesso dos espertos do que de promover uma disputa igualitária, então não por uma razão ideológica, mas por uma questão pragmática, eu sou contra cotas, radicalmente contra cotas, no Brasil, pelo menos.

Offline Geotecton

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #333 Online: 21 de Março de 2015, 09:42:23 »
Caro Donatello

Com um ou outro senão, é o que eu penso sobre as cotas.
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Offline Gabarito

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #334 Online: 21 de Março de 2015, 10:04:53 »
Parabéns Donatello van Djick!
A sua análise e apresentação de ideias estão impecáveis!
Junto-me a Geotecton na concordância do que você pensa sobre o assunto.
Destaco o ponto em que os direitos atuais conquistados à custa de mais desigualdades acabarão por se consolidar em privilégios permanentes no futuro.

Offline DDV

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #335 Online: 21 de Março de 2015, 10:34:12 »
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DIFERENÇAS DE RENDA ASSOCIADAS À COR: BRASIL, 2001*
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RODOLFO HOFFMANN
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Resumo: Este trabalho analisa quanto das diferenças entre
rendimentos de indivíduos de cores diferentes decorre das ca-
racterísticas dos trabalhadores e quanto pode ser atribuído à
discriminação. No diferencial de rendimentos entre negros e
brancos, dos 43,8% que os negros recebem a menos, de 73,2%
a 78,3% são decorrentes das diferenças na qualificação da mão-
de-obra, e o restante permanece inexplicado, podendo ser as-
sociado à discriminação. Do diferencial de rendimentos de
119,4% a favor dos amarelos, quando comparados aos bran-
cos, de 79,6% a 87,9% são atribuídos à diferença nas dotações
dos trabalhadores.

http://revistas.pucsp.br//rpe/article/view/11943/8648



Esse artigo é citado na tese de doutorado "Os aspectos econômicos da discriminação racial no Brasil".



Acho engraçado e esquisito o uso de "amarelos" para asiáticos. Parece coisa vinda do tempo da segunda guerra...


No abstract diz que os brancos recebem 43,8% a mais do que os negros, e os amarelos recebem 119,4% a mais do que os brancos.

E aí Barata? Os 43,8% a menos que os negros recebem em comparação aos brancos certamente é devido à discriminação racial (só pode ser, tem que ser). E os 119,4% a menos que os brancos recebem em comparação aos amarelos, se deve ao quê? Discriminação contra os brancos?
 
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Donatello

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #336 Online: 21 de Março de 2015, 12:06:36 »
O que eu acho esquisito é este "permanece não explicado podendo ser associado a discriminação". Me lembrei daquela engraçada fala do Neil de Grasse Tyson sobre discos voadores... ( se nunca viu joga no Google).

Offline Donatello

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #337 Online: 21 de Março de 2015, 12:12:41 »
E por outro lado eu fico pensando que as diferenças entre amarelos e brancos ainda também não estão totalmente elucidadas podendo estar associadas aos aspectos nutricionais das algas vermelhas comestíveis.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #338 Online: 21 de Março de 2015, 13:19:19 »
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rendimentos de indivíduos de cores diferentes decorre das ca-
racterísticas dos trabalhadores e quanto pode ser atribuído à
discriminação. No diferencial de rendimentos entre negros e
brancos, dos 43,8% que os negros recebem a menos, de 73,2%
a 78,3% são decorrentes das diferenças na qualificação da mão-
de-obra, e o restante permanece inexplicado, podendo ser as-
sociado à discriminação. Do diferencial de rendimentos de
119,4% a favor dos amarelos, quando comparados aos bran-
cos, de 79,6% a 87,9% são atribuídos à diferença nas dotações
dos trabalhadores.

http://revistas.pucsp.br//rpe/article/view/11943/8648



Esse artigo é citado na tese de doutorado "Os aspectos econômicos da discriminação racial no Brasil".



Acho engraçado e esquisito o uso de "amarelos" para asiáticos. Parece coisa vinda do tempo da segunda guerra...


No abstract diz que os brancos recebem 43,8% a mais do que os negros, e os amarelos recebem 119,4% a mais do que os brancos.

E aí Barata? Os 43,8% a menos que os negros recebem em comparação aos brancos certamente é devido à discriminação racial (só pode ser, tem que ser). E os 119,4% a menos que os brancos recebem em comparação aos amarelos, se deve ao quê? Discriminação contra os brancos?

O abstract teria que discriminação poderia ser apenas atribuída a 10-20% dessa diferença, o estudo já é racista e assume que os amarelos são uma casta geneticamente "mais dotada", para o restante.

Evidentemente a ciência burguesa usa os amarelos como uma prova de cientificidade, de que "não seriam racistas", de neutralidade. Muito conveniente que estes sejam uma minoria ínfima para a qual podem apontar como prova de que não existe um problema, validando assim o status quo.

Offline Barata Tenno

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #339 Online: 21 de Março de 2015, 13:27:46 »
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racterísticas dos trabalhadores e quanto pode ser atribuído à
discriminação. No diferencial de rendimentos entre negros e
brancos, dos 43,8% que os negros recebem a menos, de 73,2%
a 78,3% são decorrentes das diferenças na qualificação da mão-
de-obra, e o restante permanece inexplicado, podendo ser as-
sociado à discriminação. Do diferencial de rendimentos de
119,4% a favor dos amarelos, quando comparados aos bran-
cos, de 79,6% a 87,9% são atribuídos à diferença nas dotações
dos trabalhadores.

http://revistas.pucsp.br//rpe/article/view/11943/8648



Esse artigo é citado na tese de doutorado "Os aspectos econômicos da discriminação racial no Brasil".



Acho engraçado e esquisito o uso de "amarelos" para asiáticos. Parece coisa vinda do tempo da segunda guerra...


No abstract diz que os brancos recebem 43,8% a mais do que os negros, e os amarelos recebem 119,4% a mais do que os brancos.

E aí Barata? Os 43,8% a menos que os negros recebem em comparação aos brancos certamente é devido à discriminação racial (só pode ser, tem que ser). E os 119,4% a menos que os brancos recebem em comparação aos amarelos, se deve ao quê? Discriminação contra os brancos?
 

Well, segundo o estudo, existe sim uma descriminação positiva com o amarelos e relação a brancos e negros. Eles tendem a ser os preferidos. A diferença entre amarelos e brancos ainda é menor que a diferença entre brancos e negros, mas ainda sim existe.

Dados educacionais:
Negros e pardos representam 49,4%, índio 0,3%, amarelos 2,1% e brancos 45,9%.

Em 2003, no censo para revelar a cor dos alunos de graduação da Universidade de São Paulo (USP), verificou-se que, 1,3% dos estudantes matriculados no segundo semestre de 2001 eram negros, 8,34%, pardos, 79,54% brancos, 9,84% amarelos e 0,48% indígenas (Corrêa,2003).

Alguns trechos do estudo:

Citar
"As desvantagens dos negros no mercado de trabalho (inserção,
informalidade, etc.) decorrem, em parte, de diferenças em atributos
pessoais, como a educação, pois os negros obtêm níveis de escolari-
dade consistentemente inferiores aos brancos de mesma origem
social
(Hasenbalg e Silva, 1999)"


Citar
Como mais de um terço do diferencial de rendimentos existentes
entre brancos e negros decorre das diferenças na esfera educacio-
nal, pode-se supor que se as médias do nível de escolaridade não
fossem diferentes entre ambos, o diferencial de rendimentos entre
eles diminuiria cerca de 37,2% a 41,5%. Nesse caso, a política de
cotas para negros terem acesso às universidades pode vir a ser um
instrumento eficaz de diminuição das desigualdades de renda, pois
são ações afirmativas que visam corrigir desigualdades históricas en-
tre pessoas ou grupos quanto ao acesso às oportunidades como a
educação e o emprego

Citar
Se a parte “inexplicada” (associada às diferenças nos coeficien-
tes do vetor ) na decomposição de Blinder-Oaxaca (equações 7 ou 8)
for considerada uma medida da discriminação, seríamos levados a
afirmar que no Brasil existe discriminação a favor dos amarelos.
Parece mais razoável admitir que aquela parcela “inexplicada” na
diferença de rendimentos entre amarelos e brancos se deve a carac-
terísticas culturais e pessoais de difícil mensuração (ambição, valo-
rização do ensino e do associativismo, etc.) à imperfeição das medi-
das utilizadas (ausência, por exemplo, de uma medida da qualidade
da escolaridade) e ao fato de a regressão não incluir variáveis relati-
vas ao
background
familiar. É possível, até, que se tivéssemos boas
medidas para tudo isso pudéssemos captar a existência de alguma
discriminação contra os amarelos.

No caso do contraste negros
versus
brancos, a proporção
“inexplicada” na decomposição de Blinder-Oaxaca é substancial-
mente maior, refletindo o fenômeno da discriminação. Mas é muito
provável que parcela substancial dessa parte “inexplicada” da dife-
rença de rendimentos também esteja associada a características
pessoais e culturais, que não foi possível medir, e não a atitudes e
decisões discriminatórias dos brancos contemporâneos. Nesse sen-
tido, aquela parcela “inexplicada” na decomposição de Blinder-
Oaxaca seria uma superestimativa da discriminação
stricto sensu.
Por outro lado, a idéia de discriminação pode incluir as conseqüên-
cias atuais da maneira como os negros participaram da sociedade
brasileira ao longo de toda sua história. Neste caso, a menor escola-
ridade dos negros, em comparação com a dos brancos, também é
resultado da discriminação (histórica), ou seja, considerar apenas a
parte “inexplicada” da decomposição de Blinder-Oaxaca constitui
uma subestimação da discriminação.
A conclusão é que a decomposição de Blinder-Oaxaca é útil como
instrumento de análise, mas nos fornece apenas limites para deter-
minados componentes daquilo que denominamos “discriminação”

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Offline Skeptikós

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Militantes negros interrompem aula na USP para promover "debate" sobre racismo.
« Resposta #340 Online: 21 de Março de 2015, 19:24:49 »
Vídeo de bate-boca sobre cotas para negros em universidades durante aula na USP repercute no Facebook

Obs: Tentei carregar o vídeo no youtube mas por algum motivo não foi possível.
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Gabarito

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Re:Militantes negros interrompem aula na USP para promover "debate" sobre racismo.
« Resposta #341 Online: 21 de Março de 2015, 20:45:38 »
Skeptikós, amigão, parece que você chegou um pouquinho atrasado.
Esse quiproquó já vem rolando há algum tempo.

Sugiro a moderação fundir esse tópico recém criado por Skeptikós ao já existente, de forma a unificar o debate.

Offline Skeptikós

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Re:Militantes negros interrompem aula na USP para promover "debate" sobre racismo.
« Resposta #342 Online: 21 de Março de 2015, 21:40:09 »
Concordo com a sua proposta de fusão, eu até pesquisei sobre tópicos de racismo no fórum antes de postar este aqui, para avaliar se não seria melhor posta-lo em um tópico já existente ao invés de criar um novo, acabei não achando um tópico adequado, mas este que tu sugeriu parece ser.

Abraços!
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Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Moro

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #343 Online: 21 de Março de 2015, 21:48:17 »
Baratta, nos EUA especificamente em Sao Francisco, muitos alunos americanos de escolas públicas estão evitando as escolas com concentração de chineses e indianos pois esses dois grupos formam uma elite estudantil e suas interações com os americanos ficam parecendo um bullying em relação ao tema.

A concentração de indianos em empresas de tecnologia em cargo alto é completamente desproporcional ao tamanho da comunidade nos EUA,

Protegeremos os americanos dos indianos?


Outro ponto sobre cotas, eles acabam dando benefícios para um estrato sobre outro estrato em detrimento de um grupo de pessoas. Eu sou uma delas.

Eu pago muito imposto, vim de família de professores, paguei minhas escolas, estudei a noite, tive tantos desafios para estar onde estou que nem me lembro mais... e NUNCA fiz nada contra um negro nem me sinto responsável por nada que de mal pode ter acontecido desde que eram escravos (algo que teve a participação de negros também).

Não tenho porque pagar.. não acho que meus filhos têm que ter menos chance de entrar em escolas públicas.. simplesmente não acho justo.


Além disso.. não funciona. E como bem disse o Donna, há muito mais tons aí do que simplesmente "desempenham pior/melhor" .. logo.."quota"

Vai gostar assim de quota na casa do baralho.
« Última modificação: 21 de Março de 2015, 22:22:54 por Bahadur »
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

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Offline Lorentz

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Re:Militantes negros interrompem aula na USP para promover "debate" sobre racismo.
« Resposta #344 Online: 21 de Março de 2015, 22:06:36 »
Parece que para muitos estudantes a universidade é como se fosse um clube, onde pertencer àquele meio é mais importante que atingir o objetivo de estar lá. Inclusive, muitos reclamam que não tem tempo livre para estudar mais, e assim conseguir competir com quem faz cursinho para entrar na universidade, apoiando assim as cotas. Mas será que é produtivo entrar numa universidade sem o devido preparo?

Esses alunos mais "engajados" ideologicamente estudam? Se não, poderiam ceder a vaga para quem quer estudar e tem condições para isso.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #345 Online: 21 de Março de 2015, 22:35:16 »
As pessoas falam cada coisa na internet que fica sempre aquela dúvida expressa na lei de Poe.

Citar
Na verdade é racismo sim, mas toda moeda tem dois lados, e cabe aos pretos, pardos, e indígenas, se revoltarem e tomarem dos brancos o que lhes foi tirado. Devemos fazer com os descendentes de europeus (infelizmente também tenho ascendentes portugueses), exatamente o que eles fizeram conosco. Só assim se fará a justiça, mesmo que pouco a pouco, e pessoa por pessoa. =]

Comentário no artigo:

http://g1.globo.com/platb/yvonnemaggie/2011/11/18/racismo-e-censo/

Offline Pasteur

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #346 Online: 21 de Março de 2015, 22:44:33 »
UFBA - Medicina



Gari - RJ

Offline Lorentz

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #347 Online: 21 de Março de 2015, 23:34:54 »
Se dermos a todos esses garis a possibilidade de cursar medicina, eles conseguirão concluir o curso?
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Offline Geotecton

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #348 Online: 21 de Março de 2015, 23:36:18 »
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Offline Pasteur

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #349 Online: 22 de Março de 2015, 01:04:01 »
E há algo de errado com a nossa sociedade. Seria injustiça histórica, racismo?  Que tal deixarmos por algum tempo as cotas raciais e sociais até minimizarmos essa distorção gritante?  Se há falhas nos sistemas de cotas, o correto é criar mecanismos para corrigí-las e não suspendê-las.
« Última modificação: 22 de Março de 2015, 01:30:48 por Pasteur »

 

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