Autor Tópico: Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?  (Lida 84749 vezes)

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Offline Johnny Cash

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #825 Online: 25 de Março de 2015, 18:24:05 »
Do ponto de vista prático, o que permite um branco entrar na faculdade com mais facilidade do que um negro?

Offline Gaúcho

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #826 Online: 25 de Março de 2015, 18:29:38 »
Do ponto de vista prático, o que permite um branco entrar na faculdade com mais facilidade do que um negro?

Pelo que eu consegui entender, o branco pobre nunca foi parado em blitz da polícia ou seguido em lojas.
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline DDV

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #827 Online: 25 de Março de 2015, 18:31:26 »
A classe social é basicamente o único fator relevante até a conclusão do ensino médio. Para o acesso e permanência na faculdade, a classe social ainda tem um peso 2,5 vezes maior do que a raça.

Um dado interessante é que, depois de terminada a faculdade, brancos têm três vezes mais chances de ascenderem ao topo da hierarquia do que negros. Como o estudo bem mostrou:

Citar
Os resultados desta análise levaram à conclusão de que para os homens com origens nas classes mais baixas (trabalhadores rurais, trabalhadores manuais urbanos e pequenos empregadores rurais) não há desigualdade racial nas chances de mobilidade ascendente, ou seja, nos estratos mais baixos, brancos, pardos e pretos enfrentam dificuldades semelhantes de mobilidade ascendente. Em contrapartida, homens brancos, pardos e pretos com origens nas classes mais altas (profissionais, administradores e pequenos empregadores; e trabalhadores de rotina, técnicos e autônomos) têm chances de imobilidade e mobilidade descendente distintas. Os brancos têm mais chances do que os pardos e os pretos de imobilidade no topo da hierarquia de classes, enquanto estes últimos têm mais chances de mobilidade descendente. Ou seja, há desigualdade racial nas oportunidades de mobilidade intergeracional para homens com origem nas classes mais altas. Estes resultados revelam que: a desigualdade de oportunidades está presente no topo da hierarquia de classe, mas não na base desta hierarquia.

Analisando os dados, faria mais sentido cota para negros em empresas do que para acessar a faculdade. Os empresários do CC topam?

Eu sou a favor de cotas raciais em empresas e cargos públicos onde não há concurso.

A razão é simples: nesses casos, é possível haver discriminação, dado que o processo de admissão está sujeito a elementos subjetivos e discricionários. Com os vestibulares e concursos isso não ocorre.
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #828 Online: 25 de Março de 2015, 18:32:36 »
Do ponto de vista prático, o que permite um branco entrar na faculdade com mais facilidade do que um negro?

Ele não é parado pela polícia na porta de entrada, para começar.

Offline Sergiomgbr

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #829 Online: 25 de Março de 2015, 18:33:48 »
O branco é rico e o preto é pobre, simples assim. Como as pessoas não vêem?

Logo, políticas que visam amenizar a pobreza devem ter como foco a raça.

Não adianta você querer propor uma falsa dicotomia porque nem dicotomia existe nesse caso. A esmagadora maioria dos pretos são mais pobres que os brancos, atacar somente a pobreza não diminuiria a diferença entre brancos e pretos. Tem que atacar a pobreza e a questão racial juntas.

Ainda bem que o país é multirracial, pois se houvesse apenas uma gradação monorracial de pobreza, pelo visto, a coisa não teria solução.

Na hora de analisarem um currículo, da polícia abordar, de ser seguido em uma loja, a cor da pele tem bastante relevância.  Não somos multirracial no sentido democrático da análise, somos um país majoritariamente segregacionista e racista, e enquanto existirem tantas pessoas resistindo a esse fato, como vocês, esse fardo tende a continuar pesando sobre a vida de todos os brasileiros, ricos ou pobres.

cheguei em casa vou responder os questionamentos feitos pra mim, mas antes de continuar: ninguém falou que racismo não existe, camarada!

Não bata nesse espantalho.

Mas ficam negando o problema, dando a entender que ele é social e não racial. Acho que todos os estudos que eu vi até agora apontam para um problema racial antes do problema social, a discriminação pela cor vem antes da discriminação pela classe social.
Mas se o clamor nuclear dos negros é o de serem preteridos socialmente, uma vez que deixando de sê-los socialmente obviamente o racismo não seria mais um peso, por quê focar em quotas(leia-se resolver problemas) raciais em vez de sociais?
Até onde eu sei eu não sei.

Offline DDV

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #830 Online: 25 de Março de 2015, 18:35:35 »
Já falei lá atrás sobre os esportes populares. Falarei agora sobre a música, conforme este tópico: ../forum/topic=27899.0.html

Vocês não acham que deveria haver cotas para ritmos de origem branca entre as músicas populares mais executadas no ocidente?  :)
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Offline Sergiomgbr

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #831 Online: 25 de Março de 2015, 18:37:23 »
É sintomático que nenhum dos defensores das ações afirmativas ao menos discurse como esse benefício seria extinguido ao longo do tempo,  como educação básica é tão mais eficiente,  que sequer citem os efeitos colaterais,  vivendo em um mundo ideológico alternativo onde realmente a solução são as quotas.  Pintam  tudo de uma cor.. Sem contrapontos e análises,  apenas certezas de pessoas que estão sempre erradas.

Bicho, eu fiz um tópico pra que sejam apresentadas soluções pras etapas anteriores à universidade. Sabe o que aconteceu? Ta às mínguas.

É que chegamos a um ponto em que ficamos nos repetindo, mais um tópico para falar da mesma coisa é ficar se repetindo ao quadrado.

Não sei se teremos que nos repetir. Pelo menos aqui eu não vi propostas de solução pras etapas fundamental e média. Nem em outros tópicos, na verdade, e nem com essa intensidade. Mas isso pode ser só minha pouca presença no fórum.
O Pedro Reis postou ideias bem interessantes aí retroagindo acho que neste tópico mesmo.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Moro

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #832 Online: 25 de Março de 2015, 18:38:26 »
Racismo existe, de branco com negro, negro com branco, de oriental X contra oriental Y,  vetores de todos os lados.. isso não tem correlação alguma com quotas.

No final o único grave problema do brasil é ter uma imensa camada de população pobre que não consegue ter acesso a escolas de base adequadas para prosseguir o seu caminho e não são amparados por uma família com cultura equiparável aos que desempenham melhor.

Só esse o problema. O racismo é secundário, tão quanto os pobres irão para a Disney, os negros e pobres entrarão em melhores escolas se tiverem o que foi citado acima.

O resto é mentalidade de perseguição racista de quem adora por a culpa em uma elite devido a uma ideologia tosca, elite essa que nem é tão elite nem tem culpa alguma por estarmos nessa situação.

Alias, um dos piores atos que ultimamente fizeram contra os pobres foi perpetrado por eles mesmos, ao votar em imbecis que tem ideologias racistas e segregacionistas como o PT, ideologia essa que além de enquadrar quotas, apoio a ditadores, qualquer coisa pelo poder, ainda se dá o direito de achar que pode entender a complexidade da sociedade e arrumá-la com canetadas sem que uma reforma estruturante seja feita.

Isso é imbecil.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


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I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #833 Online: 25 de Março de 2015, 18:43:01 »

Eu sou a favor de cotas raciais em empresas e cargos públicos onde não há concurso.

A razão é simples: nesses casos, é possível haver discriminação, dado que o processo de admissão está sujeito a elementos subjetivos e discricionários. Com os vestibulares e concursos isso não ocorre.


Eu acho que sou até mais a favor de cotas em universidades do que em empresas, ao menos dependendo do porte.

Em "grandes números" os problemas de eventuais déficits de preparo devem se minimizar (até porque, teoricamente, se houvesse mais vagas, já deveriam absorver todo mundo). Já em empresas, quanto menores forem, maior acaba sendo o efeito. E isso pode causar uma espécie de efeito "bola de neve" em desincentivo ao trabalho ("Fulanegro entrou aqui só porque é negro, ele não faz o trabalho direito" -- e não importa se faz ou não -- "logo, eu também não tenho que fazer"). Também acho que no meio de trabalho isso deve ser um adubo mais significativo ao racismo.


Mas, acho que deveria haver alguma espécie de incentivo "positivo" a contratações com maior "diversidade" (sem o estabelecimento de cotas), acho que talvez encorajasse a um processo de certa forma mais natural/espontâneo, e sem as mesmas falhas. "Prêmios", nomeações para as empresas, deve ser algo interessante para a imagem e motivar maior pressão interna nesse sentido. Também, no sentido de pressão negativa, talvez alguma espécie de "blitz", coisas nas linhas daqueles experimentos de currículos raciais iguais e ver se há grande diferença dos "candidatos" chamados. Multas nesses casos, não sei, ou talvez até algo mais grave se for muito gritante a diferença.





Já falei lá atrás sobre os esportes populares. Falarei agora sobre a música, conforme este tópico: ../forum/topic=27899.0.html

Vocês não acham que deveria haver cotas para ritmos de origem branca entre as músicas populares mais executadas no ocidente?  :)

Totalmente a favor, exceto para polka.

Offline Geotecton

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #834 Online: 25 de Março de 2015, 18:46:37 »
Eu sou a favor de cotas raciais em empresas e cargos públicos onde não há concurso.

A razão é simples: nesses casos, é possível haver discriminação, dado que o processo de admissão está sujeito a elementos subjetivos e discricionários. Com os vestibulares e concursos isso não ocorre.

Eu sou totalmente contrário à ideia de cotas raciais ou sociais em empresas.
Foto USGS

Offline Jack Carver

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #835 Online: 25 de Março de 2015, 19:20:18 »
Estou pendendo mais a concordar aqui.

1.
Citar
A pior defesa que conheço das cotas para negros e índios na Universidade brasileira é a dos que dizem que isso se insere em uma “política educacional compensatória”.  Em geral, essa defesa é feita pela esquerda. O ataque mais perverso que conheço contra as cotas étnicas é o dos que dizem que defendem, ao invés destas, as cotas sociais. Em geral esse ataque vem de parte dos conservadores (sendo que há a parte que não defende cota alguma).

Cota étnica advém de uma política contemporânea, em geral de cunho social-democrata ou, para usar a terminologia americana, mais apropriada ao caso, liberal. Diferentemente, a cota social é esmola, tem o mesmo cheiro da ação de reis e padres da Idade Média, e aparece no estado moderno travestida de política.

A cota social não faz sentido, pois o seu pressuposto é o de que há e sempre haverá pobres e ricos e que aos primeiros se dará uma compensação, que obviamente não pode ser universal, para que alguns usufruam da boa universidade destinada aos ricos. É como se dissessem: também há pobres inteligentes que merecem uma chance para estudar. O termo social, neste caso, é meramente ideológico. Não se vai fazer nenhuma ação social com o objetivo de melhoria da sociedade. O que se faz aí é, no melhor, populismo, no pior, a mera prática a esmola mesmo.

Aliás, a cota social trai a Constituição no seu dever de dar escola pública básica gratuita e de boa qualidade para a população. Portanto, trai um princípio liberal básico: o de utilizar da educação pública popular gratuita para amortizar diferenças sociais.

A cota étnica não pode ser posta no mesmo plano da cota social. Todavia, a sua defesa cai na mesma vala da cota social quando se diz que ela visa colocar os negros na universidade, até então dominada pelos brancos, para que se possa compensá-los pela escravidão ou pelo desleixo do estado ou pelo racismo velado ou aberto. Não! Cota étnica não é para isso. Aliás, se fosse, seria uma afronta. O objetivo efetivo da cota étnica é o de colocar um grupo no interior de um lugar em que ele não é visto para que, assim, de maneira mais rápida, se dê o convívio social entre os grupos nacionais, de modo a promover a integração – o que passa necessariamente pelo convívio que pode levar ao conhecimento entre culturas, casamentos, troca de histórias e criação de experiências comuns. A questão, neste caso, é a de promoção de uma nova imagem do grupo minoritário, para ele mesmo e para a sociedade em geral.

Admite-se com a cota étnica que se o estado colocar a escola pública de boa qualidade funcionando, como já ocorreu no passado, ainda assim o negro e o índio poderão não ficar nela com a facilidade do branco pobre. Isso porque essa escola pública gratuita e boa já existiu no Brasil, e ela não acolhia o negro e o índio. Ser pobre é uma coisa, e ser negro e índio é outra coisa. A discriminação do pobre pode ser quebrada por vários elementos existentes na sociedade, inclusive pela aquisição do título de “trabalhador”. Ora, negro trabalhador ou índio trabalhador não muda nada. A discriminação étnica é algo das entranhas da cultura e merece sim uma ação extra que acelere sua quebra, ainda que seja uma ação transitória. As cotas são para isso. Elas são para dar ao branco a oportunidade de ver o negro e o índio em lugares que ele não vê comumente e, então, notar que essas pessoas um tanto diferentes podem estar ali. A mudança do visual da nação é importante para a quebra do preconceito. Negros e índios precisam rapidamente aparecer como médicos, advogados, professores, juízes, empresário etc., para que todos se acostumem com esse visual.

No Brasil há miscigenação. Mas que não se pense que ela é o suficiente. Basta olhar os resultados do IBGE sobre como é que se dão os casamentos no Brasil. A procura de parceiros da mesma cor predomina assustadoramente. Há espaços físicos e institucionais, no Brasil, que não estão disponíveis para determinados grupos étnicos e isso promove uma má visibilidade da nossa população em relação a ela mesma. A população não vê o negro e o índio na universidade e, com isso, não formula o conceito correto de “aluno universitário”: o universitário é o estudante brasileiro de ensino superior. Ora, se você não vê o negro e o índio nesse espaço, o conceito não se forma de modo ótimo; o que é gerado na mentalidade, ainda que não verbalizado de maneira completamente clara, é o seguinte: o universitário é o estudante brasileiro branco de ensino superior. Isso é o pré-conceito a respeito de aluno universitário. Trata-se de uma formulação aquém do conceito – por isso ele é “pré”. Ele pode gerar uma visão errada e, a partir daí, uma discriminação social, em qualquer outro setor da vida nacional.

Assim, para resolver o problema de brancos, negros, índios ou qualquer outro grupo, do ponto de vista social, no sentido de fazer com que todo brasileiro tenha acesso à universidade, a política não é a cota social. Também não é a cota étnica. A política correta é a melhoria da escola pública básica, para que todos possam cursar, depois, o melhor ensino universitário. Agora, para resolver o problema da diminuição do preconceito em qualquer setor e, é claro, não só no campo universitário, uma das boas políticas é ter o mais rápido possível o negro e o índio em lugares onde  esses brasileiros não estão. Portanto, também na universidade; e é para isso que serve a cota étnica. Isso evita a formação de uma mentalidade que se alimente de formulações aquém do conceito – há com isso a diminuição da formação do pré-conceito e, portanto, no conjunto da sociedade, menos ações prejudiciais contra negros e índios.

Foi assim que a América fez. As cotas ampliaram rapidamente o convívio e mudaram a mentalidade de todos.  Mesmo os conservadores mudaram! O preconceito racial que, na época de Kennedy, era um problema para o FBI e, depois, do Movimento dos Direitos Civis, diminuiu sensivelmente nos anos oitenta.  A visibilidade do negro se fez presente diminuindo sensivelmente o que o americano médio – negro ou branco – pensava de si mesmo. Foi essa política que permitiu um país com bem menos miscigenação que o nosso pudesse, mas cedo do que se imaginava, eleger um Presidente negro – algo impensável nos anos 60. Essa política americana de cotas hoje é adotada, não raro, por republicanos, não necessariamente por democratas, e varia de acordo com a universidade e segundo necessidades postas nos debates daquela sociedade.

A ação em favor da cota social é um modo de não dar prosseguimento à política educacional democrática, como obriga nossa Constituição, que põe em termos de lei maior o Estado na incumbência de fornecer escola pública. Ao mesmo tempo, a cota social atropela a política de luta contra a formação do preconceito racial. Ela desvia a atenção. É uma ação da direita contra a esquerda. A esquerda defende sua política de modo errado ao não lembrar que a cota étnica não é política educacional, é política de luta pela integração e pela ampliação da visibilidade de uma cultura miscigenada para ela mesma.  Cota não é para educar o negro e o índio, é para educar a sociedade! Ao mesmo tempo, a esquerda se esquece de denunciar que cota social, esta sim, quer se passar por política educacional e, na verdade, não é nada disso – é uma atitude ideológica conhecida, que sempre veio da direita que, sabe-se bem, sempre teve saudades de uma época anterior ao tempo da formação do estado moderno, uma época em que a Igreja e os reis saiam às ruas “ajudando os pobres”.

Os que, no nosso parlamento, defendem a cota social e não a cota racial, no fundo imaginam o mesmo que os ricos da Idade Média imaginavam, ou seja, que os pobres existem para que eles possam fazer caridade e, então, como os pobres – de quem o Reino de Céus é dado por natureza, como está na Bíblia – também consigam suas cadeiras junto a Jesus.

Não deveríamos estar debatendo sobre cotas. Afinal, já as usamos em tudo. Por exemplo, fizemos cotas de mulheres para partidos políticos e, com isso, diminuímos o preconceito contra a mulher na política. Por que agora há celeuma em uma questão similar? Ah! É que a cota étnica mexe com os brios dos mais reacionários. No fundo, eles não querem mesmo é ver nenhum negro ou índio em espaços que reservaram para seus filhos.

Todavia, infelizmente, do lado dos negros (os índios aqui, são outro caso), há muitos que não querem a cota étnica como forma de combater o preconceito, mas como um gancho para o proselitismo político que esconde profunda mágoa da sociedade, por ela tê-lo feito sofrer. Mas, afinal, não há como não ter esse indivíduo ressentido em um país em que, não faz muito tempo, vendia negros amarrados e os açoitava em praça pública. Não há como exigir dos que sofrem preconceito que sejam todos fortes o suficiente para superar a mágoa e o ressentimento e, então, entenderem que eles não fazem bom negócio quando invadem lugares públicos para impor situações que podem descaracterizar um tal lugar. Lutas minoritárias às vezes se esquecem disso, e quebram instituições que, depois, não se recuperam mais, e então nem servem mais a ninguém. Todos perdem quando o ressentimento, mesmo que legítimo, não é contido. Mas isso é próprio do omelete da vida.

Paulo Ghiraldelli, 57, filósofo.


2.
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O que é pobre e o que é minoria? Ainda as cotas

Ser pobre é uma coisa, ser preto é outra coisa. Minorias por etnia, orientação sexual e gênero são minorias sociológicas, não são definidas por questões numéricas, e sua inserção no vagalhão pelo reconhecimento[1] tem origem, principalmente, no contexto social norte-americano. O pobre não é nem minoria sociológica e nem minoria numérica, ao menos não no Brasil. Sua luta por reconhecimento teve impulso por conta da mudança cultural advinda da hegemonia da sociedade do trabalho[2], algo originário da Europa.

A luta das minorias se insere no contexto da política liberal americana. Por sua vez, a luta dos pobres se insere no contexto da luta dos trabalhadores, organizados em geral pela política da social democracia europeia. Essas lutas se fundiram segundo geografias e história no decorrer do final do século XIX e durante todo o século XX. As esquerdas em geral, o que inclui os liberais americanos, tenderam a ampliar e substituir a palavra “pobre” pela palavra “trabalhador”, e depois realizar uma revolução semântica ao manterem o nome “trabalhador” na jogada e ao mesmo tempo dizer que esse nome poderia servir de guarda chuvas para mulheres, pretos, gays etc.

Durante todo o século XX o nome “trabalhador”, em geral visto como pobre, saiu da condição subalterna e até mal vista para a condição de qualificativo salvador. Uma vez acossado pela polícia, o pobre passou a responder, na tentativa de se safar: “Sou trabalhador”. O burguês (nos termos marxistas a “classe média”) que havia sido o trabalhador perante o nobre, nunca conseguiu falar isso sem causar profunda má impressão. Ele copiou o modo do nobre e procurou deixar de trabalhar, fazendo sua empresa funcionar o mais independentemente possível dele, sonhando poder fazer parte de uma aristocracia que se orgulhava de não ter nada ligado ao mundo chamado de “profissional”. Diferentemente, o pobre usou do crescente qualificativo “trabalhador” e “bom profissional” para exigir livre trânsito e dignidade em uma sociedade hegemonizada não só pelo trabalho, mas também e principalmente pelo valor moral positivo adquirido pelo trabalho.

Diferentemente os títulos “mulher”, “negro” e “gay” não ganharam a chance do nome “trabalhador”. O século XX continuou a ser o século do trabalho tanto quanto havia sido o século XIX, ou até mais. Nunca foi o século da mulher, muito menos do negro ou do gay obviamente, ainda que tenha sido nesse século, principalmente após a II Guerra Mundial, que esses grupos minoritários começaram a poder colocar na mesa da história seu modus vivendi como um prato apresentável. Todavia, se a polícia acossa um pobre, longe dele ser bobo de dizer, ao invés de “sou trabalhador”, algo como “sou gay”, ou lembrar “sou mulher” ou “sou negro”. Se puder conseguir fazer isso no futuro não será por legislação somente positiva, como foi a que fez o nome “trabalhador” ganhar prestígio, mas por legislação negativa: leis contra descriminação da mulher, contra violência doméstica, contra homofobia e leis contra o racismo. O trabalhador foi empurrado pelo século passado, e com ele o pobre; já o negro, a mulher e o gay não tiveram tal sorte. A hegemonia do valor do trabalho na sociedade moderna, que se associou à revolução semântica provocada na e pela palavra “trabalhador”, não viu surgir nada parecido com ela mesma, por isso definiu uma época, os chamados tempos modernos.

Quando entendemos essa sociologia simples, entendemos então as leis que, no mundo liberal, procuram diminuir a distância social entre pobres e ricos através da educação pública, obrigatória e gratuita no âmbito do Ocidente. O pobre trabalhador, uma vez profissional, ganhou uma escola para ir, uma instituição então transformada, que aglutinou o Humanismo ao saber profissional em vários níveis, inclusive transformando não só o perfil da escola básica, mas principalmente o perfil da Universidade, uma instituição medieval criada para a atividade intelectual variada, mas jamais a atividade profissional.

Assim, a escola pública, obrigatória e gratuita passou a contar nas sociedades liberais modernas como um elemento central para a chamada aquisição de saberes de formação da “cidadania”, tendo esta noção incorporada a questão relativa ao trabalho. O cidadão passou a ser o cidadão-trabalhador. Em alguns lugares essa escola abarcou o resto da aristocracia, a burguesia rica e o trabalhador urbano relativamente não braçal. Em outros lugares uma tal diluição de diferenças classistas não foi possível de ser buscada segundo uma heterotopia[3], e houve a divisão entre escola particular e pública (em vários níveis verticais e horizontais), ou então divisões no interior do próprio sistema escolar público. As diferenças entre pobres e ricos, em termos de valor moral, ou diminuíram ou realmente se inverteram. Na condição de trabalhador o pobre começou a mostrar para o rico que nem só para ir para o Céu este teria que ver um camelo passar pelo buraco da agulha, mas também para ficar na terra e ser bem visto a tal proeza camelística talvez tivesse de ocorrer.

Mas a carga pejorativa com as minorias continuou. E isso até mesmo dentro do movimento dos trabalhadores organizados pela esquerda. Mulheres, negros e gays foram convidados para o campo do movimento dos trabalhadores, mas nem sempre foram acolhidos. Em alguns momentos as minorias tiveram de se opor às esquerdas, mostrando o quanto “a classe trabalhadora” que seria “universal” na conta do marxismo não estava agindo de modo universal ao fazer do trabalho um rótulo de petrificação, e não um campo estratégico capaz de abarcar todos os discriminados injustamente. Afinal, Marx colocou no limite de sua projeção uma sociedade sem estado e não só sem exploração do trabalho, mas de certo modo sem trabalho. Desse modo, ser trabalhador, em termos filosóficos, não deveria ter tanta importância assim, não deveria ser algo maior que ser mulher, negro e gay, distinções que, numa sociedade sem classes, sem trabalho humano espoliativo, poderiam muito bem continuar a existir.

Nesse contexto é que as esquerdas no mundo todo começaram a considerar as minorias e lutar por leis de proteção de identidade, por ações de fomento ao orgulho, por atividades de proteção de chances, tudo no sentido de tornar as minorias menos sofridas no contexto da sociedade moderna do trabalho. Essas ações todas não possuem cinquenta anos. Na verdade, em alguns lugares, menos de vinte anos. A política de cotas para negros e índios na universidade, que implica em uma política étnica, se insere nesse contexto. A cota étnica é instrumento antes de fomento de integração e quebra de preconceito do que ajuda individual para negros. Essa política nada tem a ver com a política de cota social para pobres, porque o pobre se integrou na condição positiva de “trabalhador”, e porque as sociedades liberais, desde o seu início – inclusive nos textos de Adam Smith e outros, muito antes dos textos dos socialistas – embutiram na própria estrutura estatal a função de criar e manter escolas estatais públicas e gratuitas para todos.

Essa escola poderia ter feito o papel de integradora entre o branco e o negro. Mas não fez. No Brasil, quando foi boa, não trouxe para seu interior o negro. Agora, uma vez ruim, o negro está nela, mas não consegue termina-la e, se consegue, não possui nível competitivo para ir para a boa universidade pública. Desse modo, inúmeros espaços profissionais continuam sendo lugares brancos no sentido físico e também e principalmente no sentido moral. Há advogados pobres e ricos, professores pobres e ricos, médicos pobres e ricos, apresentadores de TV pobres e ricos. Não existem nesses lugares profissionais os negros. A cota étnica é para que esse lugares profissionais tenham alguns negros, quebrando a visualidade branca do local, gerando um país que não estranhe o negro nesses lugares. Isso quebra a reprodução de preconceitos. O preconceito é mantido exatamente porque nunca se espera ver um médico negro. A população precisa se acostumar com um negro no Supremo Tribunal Federal sem exigir dele o comportamento dócil da senzala.

Aí, num futuro próximo, essa carruagem pode dispensar as cotas étnicas e continuar com a escola pública de boa qualidade como o elemento integrador par excelência. Pode-se então cumprir o desiderato do liberalismo.

Bem, se é assim, podemos compreender facilmente que a escola para o pobre não pode e não deve ser uma escola com portas abertas a partir de cotas sociais. O pobre não é minoria nem numérica e nem sociológica, ele se integrou ao campo do “trabalhador”. O melhor para uma sociedade liberal é que pobres e ricos possam frequentar a mesma escola pública, obrigatória e gratuita que os da minha geração puderam cursar, entrando então na universidade pública ou pagando boas universidades comunitárias. Quebrar esse princípio liberal por meio da cota social é uma temeridade. Ao mesmo tempo, não se quebra o princípio liberal de igualdade perante a lei ao se criar a cota étnica. Ela visa não a melhoria do negro individualmente ou lhe dar chances negadas a outro grupo, ela é uma ação emergencial de quebra de preconceitos de modo que a lei liberal de igualdade de oportunidades possa existir de modo melhor, e que a escola pública básica, se voltar a ser boa, não expulse o negro por preconceito, como ocorreu no passado, quando tal escola pública básica foi boa. A lei de cota étnica não é parte de uma política educacional, mas de uma política cultura e étnica.

Paulo Ghiraldelli, 57, filósofo.

Post Scriptum. Se depois dessa série de artigos (mais de cinco em uma semana) que fiz sobre cotas étnicas as pessoas ainda teimarem em não entender a necessidade delas, essas pessoas, sinceramente, precisam de cotas. Cotas para uma escola que cuide do retardo mental que elas possuem. Há ainda uma outra chance para os que estão com esse retardo, mas querem tentar mais uma vez antes da internação: o livro Filosofia política para educadores, agora digital e mais barato.

[1] Conceito que ganhou espaço a partir do célebre capítulo de Hegel a respeito da “dialética senhor e do escravo” na Fenomenologia do Espírito.

[2] Noção elaborada pelos clássicos do pensamento social: Marx, Durkheim e Weber.

[3] O conceito é de Foucault e refere-se ao local interior a outro, mas que tem suas regras próprias, diferentes daquelas próprias do espaço que o abarca, sendo essa sua legislação interior vista como permitida pela instituição maior o que o abarca. A Academia de Platão foi uma das primeiras heterotopias.


3.
http://ghiraldelli.pro.br/politica-de-cotas-para-negros/
O Brasil é um país de sabotadores profissionais.

“Dêem-me controle sobre o dinheiro de uma nação e não me importa quem faz as suas leis. - Mayer Amschel Rothschild

Offline Johnny Cash

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #836 Online: 25 de Março de 2015, 19:26:39 »
Ô Jack Carver, resume aí. Esses textos corroboram ou vão de encontro a quais dos pontos colocados anteriormente? Ou são totalmente novos?

Offline Johnny Cash

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #837 Online: 25 de Março de 2015, 19:33:24 »
Estou pendendo mais a concordar aqui.

1.
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[...]
Os que, no nosso parlamento, defendem a cota social e não a cota racial, no fundo imaginam o mesmo que os ricos da Idade Média imaginavam, ou seja, que os pobres existem para que eles possam fazer caridade e, então, como os pobres – de quem o Reino de Céus é dado por natureza, como está na Bíblia – também consigam suas cadeiras junto a Jesus.

[...] É que a cota étnica mexe com os brios dos mais reacionários. No fundo, eles não querem mesmo é ver nenhum negro ou índio em espaços que reservaram para seus filhos


Eu devia ter esperado o resumo. Mas não adianta, sou curioso...

Fui ler e li isso. Mais do mesmo do que já teve nessas 34 páginas de debate...

Quem é anti-cota não quer ver negro ou índio no mesmo lugar que reservou pros próprios filhos? Ô Carver, embasa melhor isso aí, trás os números aí.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #838 Online: 25 de Março de 2015, 19:47:21 »
Meio esquisito esse texto, lendo "por cima".


Não acho lá essas coisas cotas para mulheres no meio político também, embora tenha um pouco mais de sentido/menos problema (não tem um "nível mais baixo" de admissão) e talvez seja mais prático do que um sistema de fiscalização para a mesma coisa, mesmo cotas raciais (talvez até sociais, acho).

O problema está mais em supor que a diferença em carreirs políticas já se deva à discriminação e/ou que necessariamente prejudique às mulheres ou aos negros, como se as pessoas precisassem de líderes "iguais" nesse sentido um tanto não-igualitarista de "iguais". Criam-se esses "nichos" políticos, que se beneficiam com a polarização social, em vez de terem enfoques mais universalistas, de políticas "para todos". Fica sempre um temor de algo meio análogo à divisão de poderes do Apartheid, só mais "solta", não necessariamente chegando perto de algo tão dramático... mas qualquer passo nessa direção é temeroso.

Offline Skeptikós

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #839 Online: 25 de Março de 2015, 19:47:28 »
Estou pendendo mais a concordar aqui.

1.
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[...]
Os que, no nosso parlamento, defendem a cota social e não a cota racial, no fundo imaginam o mesmo que os ricos da Idade Média imaginavam, ou seja, que os pobres existem para que eles possam fazer caridade e, então, como os pobres – de quem o Reino de Céus é dado por natureza, como está na Bíblia – também consigam suas cadeiras junto a Jesus.

[...] É que a cota étnica mexe com os brios dos mais reacionários. No fundo, eles não querem mesmo é ver nenhum negro ou índio em espaços que reservaram para seus filhos


Eu devia ter esperado o resumo. Mas não adianta, sou curioso...

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Ao se chegar neste tipo de argumento perdeu todo o meu respeito em relação a todo o resto. Então quer dizer que quem é contra cotas é racista? Pelo amor de Deus né Ghiraldelli! E isto vindo justamente de um filósofo? A que nível chegamos em!
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Skeptikós

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #840 Online: 25 de Março de 2015, 19:56:55 »
Citação de: Paulo Ghiraldelli
(...)
Post Scriptum. Se depois dessa série de artigos (mais de cinco em uma semana) que fiz sobre cotas étnicas as pessoas ainda teimarem em não entender a necessidade delas, essas pessoas, sinceramente, precisam de cotas. Cotas para uma escola que cuide do retardo mental que elas possuem.
Parece ser frequente na retórica do Ghiraldelli usar ataques gratuitos como ultimo "argumento" em seus discursos. É mole, primeiro ele insinua que aqueles que discordam do sistema de cotas raciais discordam por que são racistas, e depois afirma que aqueles que não conseguem ver as necessidades das cotas raciais são retardados mentais.  :no:
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Offline Moro

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #842 Online: 25 de Março de 2015, 20:05:37 »
Mas ele citou foucault
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Offline Jack Carver

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #843 Online: 25 de Março de 2015, 20:11:47 »
Eu devia ter esperado o resumo. Mas não adianta, sou curioso...

Fui ler e li isso. Mais do mesmo do que já teve nessas 34 páginas de debate...

Quem é anti-cota não quer ver negro ou índio no mesmo lugar que reservou pros próprios filhos? Ô Carver, embasa melhor isso aí, trás os números aí.
Ôpa, Johnny, eu teria que ler umas 30 páginas do tópico pra saber se já postaram o ponto de vista do escritor. Só resolvi compartilhar.
Acho que, o que tu selecionou do texto, foi uma alfinetada com alvo específico mesmo(preconceituosos); quem já leu alguma coisa do tal filósofo sabe como ele gosta de fazer isso(na esquerda inclusive - é comumente acusado de elitista).

Os mesmos números são esperados também de quem diz que as cotas éticas traz o efeito inverso, ou seja, mais preconceito. Abs.

Ao se chegar neste tipo de argumento perdeu todo o meu respeito em relação a todo o resto. Então quer dizer que quem é contra cotas é racista? Pelo amor de Deus né Ghiraldelli! E isto vindo justamente de um filósofo? A que nível chegamos em!
Não deveria.

----------------
PS: Mas o Olavão é formado em qual(is) Universidade(s)?
« Última modificação: 25 de Março de 2015, 20:19:48 por Jack Carver »
O Brasil é um país de sabotadores profissionais.

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Offline Lorentz

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #844 Online: 25 de Março de 2015, 20:13:47 »
Ao se chegar neste tipo de argumento perdeu todo o meu respeito em relação a todo o resto. Então quer dizer que quem é contra cotas é racista? Pelo amor de Deus né Ghiraldelli! E isto vindo justamente de um filósofo? A que nível chegamos em!

Não sei, não. Mas eu acho que tem muitos filósofos ruins no Brasil. Ao invés de estudarem marxismo dentro da filosofia, me parece que filosofia é uma sub-disciplina do marxismo, e daí são gerados nossos filósofos.
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Offline Sergiomgbr

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #845 Online: 25 de Março de 2015, 20:21:35 »
Ao se chegar neste tipo de argumento perdeu todo o meu respeito em relação a todo o resto. Então quer dizer que quem é contra cotas é racista? Pelo amor de Deus né Ghiraldelli! E isto vindo justamente de um filósofo? A que nível chegamos em!

Não sei, não. Mas eu acho que tem muitos filósofos ruins no Brasil. Ao invés de estudarem marxismo dentro da filosofia, me parece que filosofia é uma sub-disciplina do marxismo, e daí são gerados nossos filósofos.
Ou então, filósofos ruins = pleonasmo, ou,  filósofos bons = deuses, dizem que existem mas nunca ninguém viu um?
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #846 Online: 25 de Março de 2015, 20:23:59 »

Os mesmos números são esperados também de quem diz que as cotas éticas traz o efeito inverso, ou seja, mais preconceito. Abs.

Acho que talvez seja até capaz de haver alguns números sobre isso, em especial se considerar outros países. Mas por pura lógica, não é difícil de esperar outra coisa? Pois se a "tese central" do racismo é de uma capacidade inferior, e o que se está fazendo é justamente baixar o nível de admissão para que consigam entrar mais. Não é nem um pouco surpreendente que seja visto e promovido como "confirmação" disso. O que até tende a se confirmar posteriormente em algum grau (mas não chega a ser linear) na medida em que esse grau de preparo inicial reflete-se em algo no desempenho posterior.

Alardeia-se muito que os cotistas têm desempenho aproximado, e algumas vezes superior. Já disse algumas vezes que isso é positivo, e até algo interessante de ser analisado para talvez desenvolver alguma alternativa. Mas imagine agora que talvez sob maior escrutínio, se detecte que os cotistas brancos é que estão sendo os principais responsáveis pela parte boa, e há uma defasagem entre negros e pardos? Isso não é inesperado de decorrer simplesmente das diferenças iniciais (as notas de corte mais baixas para os cotistas negros/pardos e índios), não requer realmente uma explicação racista, mas é um "prato cheio" para quem quer essa conclusão*.

Acho que quem imagina o contrário não deve ter tido quase nenhum contato com pensamento racista.



* Isso "não aconteceria" com um critério apenas sócio-econômico, a tendência seria maior dos negros/pardos/índios ficarem em paridade de acordo com o resto dos cotistas de mesmo nível econômico, mesmo que os brancos ficassem mais numerosamente na frente por serem mais numerosos entre os "não tão pobres". Por outro lado detectar isso requeriria um refinamento nos dados econômicos que provavelmente não se tem.

Offline Johnny Cash

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #847 Online: 25 de Março de 2015, 20:28:29 »
Eu devia ter esperado o resumo. Mas não adianta, sou curioso...

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Quem é anti-cota não quer ver negro ou índio no mesmo lugar que reservou pros próprios filhos? Ô Carver, embasa melhor isso aí, trás os números aí.
Ôpa, Johnny, eu teria que ler umas 30 páginas do tópico pra saber se já postaram o ponto de vista do escritor. Só resolvi compartilhar.
Acho que, o que tu selecionou do texto, foi uma alfinetada com alvo específico mesmo(preconceituosos); quem já leu alguma coisa do tal filósofo sabe como ele gosta de fazer isso(na esquerda inclusive - é comumente acusado de elitista).

Os mesmos números são esperados também de quem diz que as cotas éticas traz o efeito inverso, ou seja, mais preconceito. Abs.

Vai mostrar os números ou não vai?

Você espera que todo mundo leia esses textassos mas não pode se inteirar do debate? Traz uma acusação desse naipe pra cá e não quer fundamentá-la? Você acredita nisso?

Alfinetada o c4cete, está escrito que quem é contra cota racial não quer índio e negro no mesmo lugar que os filhos. Qual é fundamentação pra essa ideia? Você disse antes que está pendendo a concordar. Além da alegoria anterior sobre reis filantropos.

Todos os outros foristas bem ou mal estão se desdobrando para defender os próprios pontos, para construção e avanço do tema você deveria fazer o mesmo.

Offline Skeptikós

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #848 Online: 25 de Março de 2015, 20:29:34 »
Eu devia ter esperado o resumo. Mas não adianta, sou curioso...

Fui ler e li isso. Mais do mesmo do que já teve nessas 34 páginas de debate...

Quem é anti-cota não quer ver negro ou índio no mesmo lugar que reservou pros próprios filhos? Ô Carver, embasa melhor isso aí, trás os números aí.
Ôpa, Johnny, eu teria que ler umas 30 páginas do tópico pra saber se já postaram o ponto de vista do escritor. Só resolvi compartilhar.
Acho que, o que tu selecionou do texto, foi uma alfinetada com alvo específico mesmo(preconceituosos); quem já leu alguma coisa do tal filósofo sabe como ele gosta de fazer isso(na esquerda inclusive - é comumente acusado de elitista).

Os mesmos números são esperados também de quem diz que as cotas éticas traz o efeito inverso, ou seja, mais preconceito. Abs.

Ao se chegar neste tipo de argumento perdeu todo o meu respeito em relação a todo o resto. Então quer dizer que quem é contra cotas é racista? Pelo amor de Deus né Ghiraldelli! E isto vindo justamente de um filósofo? A que nível chegamos em!
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PS: Mas o Olavão é formado em qual(is) Universidade(s)?
Mais honestamente, o respeito eu perdi pela pessoa (na verdade já tinha perdido, eu e ele já debatemos em grupos de filosofia no Facebook e mais de uma vez ele partiu para ataques contra a minha pessoa simplesmente pelo fato de eu não concordar com os seus argumentos).

Aliás foi eu quem já havia postado o ponto de vista dele la na atrás no meio do tópico (Resposta #617), e diga-se de passagem, pelo menos o vídeo dele defendendo este sistema de cotas raciais que publiquei la atrás não atacava ninguém (pelo que me lembro). Além disso postei além de seu vídeo, outros dois vídeos (um com Thomas Sowell e outro com o Pirula) com argumentos contrários aos dele e que demonstram o por que esta nova linha de raciocínio falha, assim como as suas antecessoras falharam (política educacional e reparação histórica).

Abraços!
« Última modificação: 25 de Março de 2015, 20:32:43 por Skeptikós »
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Offline Skeptikós

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Re:Cotas RACIAIS. Qual sua opinião?
« Resposta #849 Online: 25 de Março de 2015, 20:33:44 »
Ao se chegar neste tipo de argumento perdeu todo o meu respeito em relação a todo o resto. Então quer dizer que quem é contra cotas é racista? Pelo amor de Deus né Ghiraldelli! E isto vindo justamente de um filósofo? A que nível chegamos em!

Não sei, não. Mas eu acho que tem muitos filósofos ruins no Brasil. Ao invés de estudarem marxismo dentro da filosofia, me parece que filosofia é uma sub-disciplina do marxismo, e daí são gerados nossos filósofos.
Acho que ele não chega a ser um marxista.
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
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