Ué, Lorentz, você não sabe da qualidade do ensino público? Pelo andar da carruagem vai demorar bastante. E sim, apoio as cotas até que a desigualdade diminua a um nível tolerável.
A saúde pública também é uma lástima. Deve haver cotas para negros no atendimento a fim de reduzir a disparidade racial na saúde?
Na saúde pública o acesso é universal, no ensino público não. O bom ensino público é reservado majoritariamente aos mais ricos e brancos e o pior também majoritariamente aos mais pobres e pardos/negros
A realidade é outra:
- O ensino público fundamental e médio têm +- vagas para todos, o superior não.
- Daí, decorre que o ensino superior necessita avaliar os candidatos, aceitando apenas os de melhor desempenho no teste de conhecimentos.
- Alguns cursos (medicina, por exemplo) são muito caros. Isso tira as faculdades particulares de medicina do alcance de grande parte da população de classe média, que no entanto pode bancar escolas particulares de nível fundamental e médio (mais baratas).
- Como consequência, nesses cursos mais concorridos (mais caros, com menos vagas, mais complexos) haverá uma grande demanda mesmo por pessoas de classe média +. A altíssima concorrência acaba gerando uma peneira muito rigorosa, de sorte que apenas a nata da nata entre os melhores alunos passam nesses cursos.
- Bons alunos puxam para cima as notas de qualquer escola ou faculdade, mesmo que as instalações e recursos da mesma sejam inferiores a de uma particular, onde os alunos são "menos selecionados".
Resumindo: a baixa oferta de vagas de alguns cursos, aliado ao fato de serem caros (fora do alcance de muita gente de classe média) faz com que o vestibular seja uma peneira muito fina, o que faz os alunos desses cursos serem os melhores (esforço, dedicação, disciplina, paciência, inteligência, suporte familiar, etc) e faz o curso ter bom desempenho nas avaliações.
Se as universidades públicas oferecessem vagas para todos os interessados, a mesma discrepância existente entre escolas públicas e particulares existiria. Provavelmente em cursos mais delicados e perigosos (como medicina) haveria um controle de qualidade maior pelo governo, o que na prática impediria uma oferta muito grande de vagas e o mesmo raciocínio anterior se aplicaria.