"Teoricamente" não, apenas em discurso.
Na prática, brancos tão ou mais pobres e com a maior parte das mesmas desvantagens pode ficar sem vaga apesar de desempenho igual ou superior.
É "duplipensar" ver isso apenas como "justo com negros" e não injusto com os brancos pobres prejudicados.
O branco pobre perde a vaga à qual está tão ou mais qualificado, por que? Porque há já brancos ricos demais com curso superior.
Levando ainda em consideração que a maior parte dos problemas sociais não é associado a raça, mas sim a classe, a coisa deveria logicamente ser considerada particularmente injusta, bem como racista.
Há ainda outros efeitos colaterais embutidos aí, inclusive relacionados à perpetuação da percepção de negros como menos capacitados do que brancos.
Na universidade? Mas, ao concluir o curso superior não há corte na aprovação. Ao final, quem mereceu o canudo, fez por onde.
Durante o curso, a percepção entre os alunos. Iisso será difícil de evitar sempre que houver disparidade de aproveitamento, o ideal seria uma relativa paridade entre os alunos que têm contato -- Sowell fala algumas coisas nesse sentido, de que acaba sendo melhor para um cotista ou alguém que seria cotista ir para um curso mais leve onde teria aproveitamento mais aproximado da média do que demorar mais para concluir e ficar num nível mais baixo que outros.
E mesmo após a formatura, já que embora legalmente equivalente independentemente do aproveitamento, não implica em diferenças mais ou menos em continuidade ao que havia no curso -- o que é análogo a maior prestígio de umas universidades em relação às outras, mas seria com negros, de qualquer universidade, porque se "imaginará" que as chances são de ter havido entrada facilitada e um aproveitamento algo aquém de um branco médio da mesma instituição.
Eu sinceramente espero que essas possibilidades sejam demasiadamente otimistas e não se concretizem. Isso no entanto será o caso na medida em que as cotas se aproximam de ser desnecessária pela aproximação da nota de corte com não-cotistas, e de quanto menos se aproxima de haver uma "lacuna" entre cotistas brancos e étnicos.
Você entendeu, né? É difícil quando alguém se faz desentendido. Negros em geral tem acesso precário à educação muito mais que brancos, logo essas provas tendem à excluí-los e veremos com muito pouca frequencia suas matrículas nessas escolas. É uma forma de negar acesso.
Negros tem em geral acesso mais precário à saúde e saneamento do que brancos, e logo os problemas de saúde os atingem mais.
Mas não seria resolvido com a ascensão profissional-financeira proporcionado aos negros/pardos através das ações afirmativas?
O "através das ações afirmativas" é petição de princípio, ou, "nisso que uns apostam", e que não parece exatamente seguro a todos, embora sem dúvida alguma seja seguro apostar em popularidade ao se ser favorável a essa política.
Também meio que deixa de lado a questão da ascenção econômica daqueles sem formação superior. Será que se esperamos que logo a totalidade dos então pobres tenham curso superior, toda a nação sendo essencialmente uma elite? O quanto é realmente sensato esperar que a ampliação do acesso aos "provavelmente já não muito pobres" vá mudar o cenário geral, em especial para os mais pobres, onde se encontram proporcionalmente mais negros, diga-se de passagem?
Esse grupo, então, poderia optar por pagar planos de saúde ou se mudar para um lugar melhor. O problema ao meu ver está na falta de acesso às oportunidades em adquirir conhecimentos para galgar uma posição melhor na sociedade, e as cotas nas universidades( étnicas e sociais ) vêm como um antídoto de curto prazo( na mesma geração ) p/ o problema.
Sei que tudo isso não precisaria acontecer se o nosso ensino público básico e médio fossem de primeiro mundo.
Pois eu acho que não precisa ser "de primeiro mundo" para melhorar significativamente (deve haver exemplos de países e regiões pobres com resultados melhores), e que esse pensamento só atrasa uma solução verdadeira e permanente, é praticamente desistência. E que qualquer coisa no sentido dessas melhoras (e "paliativos" como cursos preparatórios públicos) seriam muito menos problemáticos do que cotas; no que as cotas "fazem sentido" ainda seria melhor pensar nelas como uma solução provisória enquanto não simplesmente se aumenta as vagas para que haja tantas quantas forem necessárias para absorver todos acima de uma nota de corte "funcional".