Osler, na sua resposta a mim muitos dos pontos que você colocou como "contraposição" ao que eu estava dizendo eram afirmados por mim no próprio texto.Por exemplo, quando você diz que os esquemões são comuns no nosso funcionalismo público e que não iriam acabar você está quotando um trecho que eu digo isso mesmo: que são típicos de diversas áreas do funcionalismo e que eu não esperava que acabasse na saúde, apenas percebo claramente que na saúde eles são muito mais, digamos, "avantajados" que em outras áreas do serviço público e deduzo que de alguma forma isto seja puxado pela saturação do mercado médico ("se não topar minhas condições fica sem nenhum pediatra, problema é seu, dona administradora").
Meu ponto é: Não adianta dobrar o número de médicos, provavelmente o esquemão só vai dividir ainda mais o horário - já vi isso acontecer "ao vivo". Isso é um problema crônico do serviço público, e grande especificamente no setor de saúde - com suas variações. A saturação do mercado citada por você pode entrar num papel secundário, mas não é a causa.
Bom, deixa eu só resumir o meu ponto porque na verdade acho que não discordo severamente de nada do que você postou (exceto na parte dos amigos tendo que trabalhar 60 horas para ganhar 10 mil ou 15 mil reais, quanto a isto sugiro que você mostre meus dois últimos posts pra eles, estão cheios de boas ofertas de trabalho,
É a diferença de se olhar apenas o srecortes do jornal e não vivenciar o dia a dia da profissão. A mioria desses anuncios é para esquema de platão, e vai por mim aguentar vida de plantão (sem fazer esquema) é coisa para gente muito nova, fisicamente não dá para manter o ritmo de 3 plantões de 24 horas na semana, além do que a vida fica um buesta assim. Pro incrível que pareça os médicos são como outros seres humanos, e querem trabalhar em bons ambientes, onde tenham perspectiva de aprendizado e crescimento profissional, ou que tenham ganho indireto.
Naõ dou plantão tem uns 20 anos, felizmente, mas encontro meus colegas de turma nas reuniões anuas e a maioria trabalha como cachorro e suam sangue para ganhar esse 10-15 mil reais.
e na parte em que você diz que o CFM não exerce qualquer pressão pública/política no sentido de manter a oferta de profissionais "saudavelmente" reduzida
):
Ué, então é para deixar cursos buestas funcionando? Essa briga é antiga (e eu sempre estive nela), a maioria dessas faculdades denunciadas pelo CFm são caça-níqueis, com baixa formação, e a maioria ligada a algum político. Se o CFM não defender a qualidade da formação do médico, quem vai? O MEC?
a profissão de médico, como você diz, é de mais difícil acesso no mundo todo por uma série de quesitos, não acho que isto deva ser mudado drasticamente. Escrevi neste tópico mais de uma vez que os altos salários que os médicos recebem no Brasil é coerente com os custos e complexidade da profissão, não acho que isto deva ser mudado. No Brasil a qualidade da formação do profissional médico só tem relação direta com a dificuldade do vestibular nas universidades públicas, nas particulares o critério de seleção é fundamentalmente econômico
Existem boas faculdades privadas, as PUCs são um exemplo, e lá também é muito concorrido.
e, portanto, é possível mexer no número de vagas ofertadas nas públicas sem reduzir a qualidade geral do serviço (ao meu ver, muito pelo contrário) desde que a ampliação não reduza muito as notas de corte das faculdades de medicina estatais.
A limitação não é a entrada, se você dobrar o número de alunos que entram a linha de corte ainda vai ficar muito alta. O problema é que as faculdades de medicina precisam resolver muitos problemas para poderem ser capazes de ampliar as turmas, isso não é fácil de fazer. Se dobraramos o número de alunos o ´nivel dos cursos vai cari draasticamente (a menso que se remodelem profundamente os cursos).
O problema brasileiro reside basicamente num acesso muito escasso de médicos por uma parcela enorme da população definida basicamente por critérios socioeconômicos e geográficos. Esta escassez se deve possivelmente ao reduzido número de médicos por população.
O maior problema da oferta de médicso é a baixa atratividade (que é multifatorial).
As possíveis soluções que o articulista enumera são:
I - Elevar os salários a valores estratosféricos até que os médicos achem bom o suficiente para abandonar a cidade, seus amigos, suas famílias, e se embrenhar no meio do mato ou de favelas perigosas do Rio.
10 mil reais com carteira assinada e boas condições de tabalho já atrairiam muita gente (mais que no Mais médicos)
II - Aumentar o número de formandos na área pela abertura de novas vagas.
Acho desejável, porém seria necessário um investimento e reeestruturação dos cursos médicos que não sei se o governo tem interesse em fazer
III - Reduzir as competências exclusivas de quem possui uma matrícula em algum CRM (quando "vocês" estão tentando o oposto)
Milhões de problemas tecnicos, éticos e legais. É uma discussão válida, mas esbarra sempre em quem vai colocar o guizo no gato

Já é feito muita coisa sem entrar na lide medica que otimiza muito o cuidado, como fisioterapia, nutrição, gerontologia, cuidados domiciliares, enfermagem, etc... A questão é que esses profissionais não tem a formaçao tão completa para diagnóstico diferencial, avaliaçaõ de complicações, conhecimnento psobre farmacos, etc... Um enfermeiro pode medir a pressão, um fisioterapêuta pode tratar uma lombalgia, um farmacêutico sabe os remédios para hipertensão e seus efeitos colaterias. mas a Efermeira sabe pela história suspeitar de um feocromocitoma, ou pelo exame uma coartação da aorta? Um fisioterapêuta sabe quando deve pesquisar Mieloma mútliplo para uma lombalgia? Um farmacêutico tem condições de fazer uma anamnese dirigida para perceber que o paciente está com tosse seca ao usar IECA?
Nas situações acima, tendo um erro no processo quem vai pagar? Na minha experiência vai ser o elo mais fraco...
Ele fica com a terceira, eu não creio que seja uma boa: realmente não sei que tipo de competência exclusiva de CRM-portador deveria ser retirada e que ao mesmo tempo fosse significativa a ponto de "folgar" mais médicos. Não não consigo pensar mesmo em nada que hoje só um médico possa fazer e que um enfermeiro devesse poder também. Prescrever remédios de tarja preta ou antibióticos ou antiinflamatórios esteróides? Nããããão. Fazer cirurgias severas? Também não.
Comentei acima
A opção I é problemática principalmente pelo custo aos cofres públicos (provavelmente maior do que criar novos curso) . Além disso, se o problema for escassez de número de profissionais/tamanho da população isso geraria um dilema do tipo cobertor curto.
A carreira de estado pode ser uma solução, mas dái depende mais da analise técnica e da famosa vontade política
Eu aposto na opção II como mais vantajosa e segura mas não disse em momento nenhum que ela não poderia ter custos ou problemas de viabilização, criar e manter infraestrutura é um fato, mas acho que o governo pode, tomando isso por meta, reorganizar seus gastos de modo a viabilizar isso, quem sabe repatriando para as instituições federais a enormidade de dinheiro jogado no lixo via Prouni (eu disse "tomando isso por meta", eu sei que o Prouni é um projeto chave do governo atual, mas se a ampliação do número de médicos passar a ser o alvo eu acho que talvez, quem sabe, este maldito sistema de subsídio a universidades privadas sob a máscara de programa social acabasse ficando na reta pra ser deixado de lado, o que seria matar dois coelhos com um tiro de escopeta só).
Até agora o governo não fez nenhum movimento nesse sentido, fora do plano teórico