Somente agora vi que existe outro tópico que trata mais do Bolsa-Família. Mas como fui questionado aqui sobre pessoas indevidas estarem recebendo o benefício, mantenho neste tópico a continuação do debate.
O que muito questionei, além do caráter assistencialista que o governo insiste em emprestar ao programa, foi a incompetência e despreparo em gerenciar algo que faz uso de tanto dinheiro e envolve tanta gente.
Porque se fosse bem administrado, aquele vereador
do PT que citei na notícia anterior não teria passado 5 (cinco) anos recebendo indevidamente. Como ele, tem muitos outros.
Lendo o outro tópico, vi que o forista Geotecton apontou uma distorção na aparência dos beneficiários e, por isso, foi alvo de muitas críticas:
E alguém reparou nas aparências das pessoas que correram para sacar o Bolsa-Família?
Será que só eu é quem vê um oportunismo latente nisto?
Sobre isso, vou citar mais um texto:
Segundo consta, essa é cara da miséria profunda do Brasil; de famílias que precisam de R$ 32 a R$ 360 para não ficar na inanição…
Os bolsistas
Vocês deram uma olhadinha nas fotos dos nossos “miseráveis”, que supostamente dependem do Bolsa Família para sobreviver? Uma foto, sei bem, não é estatística, estudo técnico, prancheta contábil, nada disso. E também não chamo, obviamente, a minha percepção de ciência. Estou apenas exercitando o primeiro passo de uma eventual descoberta, que é estranhar o que vejo, fazendo algumas indagações.
Então é essa a cara dos muito pobres? Cada família pode receber do governo, a depender do seu perfil, um mínimo de R$ 32 e um máximo de R$ 306. O Bolsa Família, que reuniu várias bolsas já existentes no governo FHC, foi criado, originalmente, para atender à pobreza extrema.
Quando Lula assumiu o poder, os programas chegavam a 5 milhões de famílias. Hoje, são mais de 13 milhões, atingindo um universo de mais ou menos 40 milhões de… eleitores! Voltem à foto (e procurem outras na rede). Obviamente, esses que correram para a Caixa porque se espalhou a informação de que havia lá um dinheiro inesperado — e não por causa do boato do suposto fim do programa — não constituem a cara da miséria brasileira coisa nenhuma.
É claro que existe pobreza extrema no país e que programas de renda são necessários. Mas será mesmo que deveria atender a tanta gente? A renda oficial, aquela que pode ser controlada pelo Fisco, não costuma ser a renda real das pessoas e das famílias, que encontram caminhos informais para ganhar dinheiro e sobreviver. O que o Bolsa Família faz, isto sim, e vai durar muito tempo, é cevar milhões com o assistencialismo — com evidente desdobramento eleitoral.
Virtuoso ou vicioso?
Aquele espetáculo patético certamente enche os olhos dos populistas: “Ah, finalmente, temos um país mobilizado em defesa de uma causa!” É nada! Temos uma fatia do país organizada para pegar uns trocos oferecidos pelo Estado. Não! Eu não os chamo de aproveitadores ou coisa do gênero. Nada disso! Se o dinheiro está ali, disponível, dentro da mais estrita legalidade, por que não pegar? A questão é saber que país se está construindo assim e para onde isso nos leva. Não me parece que seja para um bom caminho.
Mas como falar contra? Como apontar que há algo de estupidamente errado nisso? Precisaríamos ter partidos que falassem em nome de outros valores, que dialogassem também com quem efetivamente paga a conta. Mas não há! Ao contrário. A oposição acaba empurrada para a defensiva.
Também não estou dizendo que o Bolsa Família deixa o povo vagabundo. Quem afirmava isso era Lula, em 2003. Dizia que as bolsas deixavam os pobres preguiçosos, e eles paravam de plantar macaxeira!!!
Bolsa-Família não enriquece ninguém. Pilantras e fraudes sempre existirão. São casos de polícia.
Mas um programa das dimensões desse aí não pode ser administrado por amadores, por tentativa e erro.
Está parecido com o começo do ENEM, que era uma lambança atrás da outra.
Deveria haver mais seriedade. Deveria haver profissionalismo. E não uma teta estatal gigante e uma multidão multicolorida pendurada nela.