Nesse tópico estamos debatendo até onde vai o limite da ética ao se fazer animais sofrerem em benefício da "humanidade". Me lembrou esse debate e o título do tópico, "Animais tem direitos?":
E ao meu ver nem há necessidade de se justificar, assim como não há necessidade de justificar qualquer coisa que se faz com suas posses e que não trará danos a outrem.
Mas se se resume a "vou defender a criação de leis que me beneficiem" não há sentido na discussão.
Só existe um porém que você ignora copiosamente. Animal não é objeto, é um ser vivo, dos quais aqueles que geralmente constituem posses, são passíveis de sofrimento. A posse não significa direito de abusar e maltratar, nem em lei, nem em convenção social e nem na fantasia de ninguém nos dias atuais. A posse de um animal não constitui a posse de um objeto puro e simples. Você vem praticando o reducionismo argumentativo desde sua primeira postagem, conotando um valor simples a uma questão muito mais complexa.
E o problema é que a questão continua complexa. Ao contrário do caerus aí em cima, que não justificava o sofrimento dos animais, muitas das pesquisas ajudaram a revolucionar a medicina, mas o problema é não sabemos ao certo qual o tipo de tortura pode vir a existir dentro de laboratórios, e não me passa pela cabeça que não possa existir, impossível não haver diferentes graus de sofrimento e agonia para com os bichos, principalmente os mais inteligentes. Trancafiados, muitos induzidos à doenças, vivissecados, injetados as mais diversas drogas, desprovidos da proteção básica à uma vida natural.
Então entramos naquele limite perigoso da ética, que tanto pode ser uma justificativa plausível e aceitável, como uma inaceitável do ponto de vista da solidariedade humana, nesse caso especificamente.
A mesma linha é usada pelos vegetarianos, sem mudar uma vírgula, o mesmo debate, o do sofrimento para o consumo dos animais. O grande pórem é que pra mim os dois lados tem razão em algum ponto, tantos os defensores dos animais, quanto os defensores das pesquisas. Há humanidade nos dois lados, embora o que mova as pesquisas seja a economia e não a solidariedade em primeiro lugar, mas mesmo assim tem um fim nobre, que é salvar vidas, melhorar a qualidade de vida das pessoas e até dos animais. Mas vamos salvar vidas com sofrimento alheio dos animais?
Quando estamos alienados quanto à essa questão, tomando o antigripal no posto da esquina, a questão ética não tem importância nenhuma, passa alheia, mas quando sabemos disso o debate e a angústia daqueles que se solidarizam com o sofrimento dos animais tem que ser levados em conta também.
Só posso dizer uma coisa diante desse episódio, respeito e admiro muito mais os beagles hoje em dia, muito mais que os próprios cientistas.