Não se responde a uma pergunta de "acreditas em X?" com "Não sei". As pessoas ou acreditam ou não acreditam.
Esta é uma falsa dicotomia, uma pessoa que nunca ouviu falar de X, não tem qualquer noção do que seja X, não tem por consequência qualquer opinião e crença sobre X. Ele é um indivíduo sem crença sobre X.
Crença é um estado mental de convicção, onde uma preposição é intimamente aceita como verdadeira ou falsa, a dúvida é ausência de convicção, e/ou qualquer sensação intima a considerar uma proposição como verdadeira ou falsa, é por isso também, a ausência de crença. O cético pirrônico é movido pela dúvida constante, sendo ele, um outro exemplo de indivíduo sem crença.
Um ateu é alguém que não acredita em deus. Dizer que um ateu é alguém que acredita que deus não existe é erróneo.
As duas sentenças dizem exatamente a mesma coisa.
É o mesmo que chamar a alguém não coleccionador de selos apenas porque essa pessoa não colecciona selos.
Um não colecionador de selos e uma pessoa que não coleciona selos é exatamente a mesma coisa dita de formas diferentes.
Ninguém diz "sou um não coleccionador de selos". Apenas diz que não colecciona selos e não quero saber se há selos às cores, os preços, quem está estampado neles, etc. Simplesmente não faço colecção.
Não importa se ninguém fala assim sobre selos, o que importa é que um não colecionador de selos é o mesmo que alguém que não coleciona selos.
O agnosticismo me parece ser um termo frequentemente compreendido apenas de forma parcial, por isso vou expor aqui como entendo a posição daquele que se declara agnóstico, e creio que será mais fácil se começar apontando aquilo que o agnosticismo não é: ele não é a posição de alguém que está indeciso, em cima do muro, ou mesmo de alguém cauteloso em afirmar algo sobre o qual não tem certeza.
eu não disse que se trata de alguém que esteja indeciso, pois isso induz a ideia de que esta pessoa esta inclinada a se decidir, não é o caso do agnóstico.
Não é uma espécie de “caminho do meio” entre o ateísmo e o teísmo.
depende do que se quer dizer com caminho do meio.
Da mesma forma, ele não pressupõe a existência de Deus ou entidade sobrenatural alguma para em seguida dizer que não temos como saber nada sobre essa entidade.
Se ele pressupõe a existência de uma entidade divina, ele é um teísta.
O que o agnosticismo afirma é que não pode haver certeza acerca da natureza última das coisas no mundo, ou seja, ele é contrário a todo dogmatismo que tente descrever quaisquer aspectos da realidade como uma certeza indubitável e infalível. Se afirmo conhecer de forma inquestionável e infalível que a única explicação para o universo é Deus, estou sendo dogmático. Da mesma forma, se afirmo que o universo pode ser completamente explicado pela ciência, qualificando como falso ou desprezível tudo o que não se enquadrar em seu método rigoroso, além de demonstrar grande desconhecimento sobre a natureza do conhecimento científico, também estou sendo dogmático. Assim, não é a natureza da justificação que se dá a uma afirmação que a torna dogmática, mas sim o ato de fazer de qualquer conhecimento ou crença, por melhor justificado que esteja, uma certeza infalível e indubitável. A posição agnóstica recusa-se a qualificar qualquer crença ou conhecimento acerca do mundo de forma dogmática.
Não, o agnosticismo se limita aos assuntos religiosos e metafísicos, neste ponto, ele não admite qualquer solução para aquilo que não possa ser provado segundo métodos positivistas de investigação cientifica, como por exemplo, a existência de Deus.
No entanto, um agnóstico pode admitir soluções para outros assuntos, como por exemplo, a crença de que a terra seja de fato um planeta que orbita o sol, e não o contrário.
Thomas Huxley, o cientista e pensador que criou o termo agnosticismo, deixou claro que este termo fora criado para se referir as questões propostas pela religião e pela filosofia metafísica, como a questão da existência de Deus. Thomas Huxley era um positivista, e considerava questões como essas ininvestigáveis, mais ao contrário dos ateus, que consideravam a inexistência de Deus um fato, e dos teístas que consideravam sua existência um fato, ele preferiu se abster do debate não admitindo nenhuma solução, pois nenhuma delas poderia ser provada mediante a metodologia cientifica positivista de investigação.
Assim, o agnóstico é aquele que, além de reconhecer a incapacidade de se provar algo, é também aquele que não manifesta opiniões sobre a questão (ausência de crenças).
Assim, no sentido acima exposto, o agnosticismo pouco tem a ver com o teísmo ou com o ateísmo,
De fato.
embora não seja incompatível com nenhum deles,
Na verdade o é, se tant o teísta e o ateísta manifestam opiniões sobre a existência de deus(es), aceitando-a ou negando-a, o agnóstico não manifesta opinião alguma. Ou seja, se uma opinião é manifestada, no sentido de negar (não acreditar) ou aceitar (acreditar) (n)a existência de deus(es), mesmo que admita-se não poder prova-la, deixou-se de ser agnóstico, e passou a ser teísta ou ateísta, conforme a sua crença(opinião).
O fato de não ser possível justificar uma proposição ou afirmação não me impede de tomá-la por verdadeira,
Mas o impede de ser agnóstico, caso esta afirmação seja a de que deus(es) existem ou não. Pelos motivos já explicados acima.
até porque em nosso cotidiano fazemos isso com uma frequência muito maior do que gostaríamos de admitir. Portanto, os que partilham da crença em Deus poderiam ser chamados de agnósticos teístas sem qualquer incoerência. Da mesma forma, pode-se crer que Deus não exista, que não passe de uma criação humana, não tendo qualquer existência independente do próprio homem, o que se pode chamar de postura agnóstica e ateísta.
Não se a definição de agnosticismo for a por mim aqui exposta.
Muitas pessoas usam, erroneamente, a palavra agnosticismo com o sentido de um meio-termo entre teísmo e ateísmo, ou ainda, que se trata de uma pessoa sem posicionamento sobre crenças. Isso é estritamente incorreto,
Não possui crenças no sentido de negar ou aceitar a existência de deus(es), mas pode muito bem possuir crenças sobre outras questões, como exemplificado por mim acima.
teísmo e ateísmo separam aqueles que acreditam em divindades daqueles que não acreditam em divindades. O agnosticismo separa aqueles que acreditam que a razão não pode penetrar o reino do sobrenatural daqueles que defendem a capacidade da razão de afirmar ou negar a veracidade da crença teística.
Sim, o agnóstico acredita que o conhecimento de questões improváveis não pode ser alcançado, e é por isso mesmo que ele não manifesta crença no sentido de aceitar e/ou negar como verdadeiro qualquer afirmação categórica sobre a existência de deus(es).
Alguém que admita ser impossível ter o conhecimento objetivo sobre a questão — portanto agnóstico — pode com base nisso não ver motivos para crer em qualquer deus (ateísmo fraco), ou pode, apesar disso, ainda acreditar em algum deus por fé (fideísmo). Nesse caso pode ser ainda um teísta, caso acredite em conceitos sobrenaturais como propostos por alguma religião ou revelação, ou um deísta (deísmo), caso acredite na existência de algo consideravelmente mais vago.
Ótimo, então o cara pode ser deísta, fideísta ou ateísta fraco, mas não o pode ser alguma dessas posições mais agnóstico, pois como fixado por mim, o agnosticismo não se trata somente de reconhecer que uma questão (metafisica-religiosa) é improvável, mas também de não manifestar opinião sobre ela.
Abraços!