Eu não entendo porque isso te causa tanto estranhamento, Buckaroo. Eu simplesmente não consigo levar tudo isso tão a sério.
Bem, não estou dizendo que é exatamente uma questão que "deva ser levada muito a sério"; tem até "elementos" mais sérios, como o que isso implica para a família como "pilar da sociedade", para usar um chavão conservador -- não acho que é algo exatamente apocalíptico, mas tem coisas que vão afetando como a tendência correlata a filhos demais, cedo demais, e as DSTs. Essa seria a única preocupação realmente "séria".
E as sociedades conservadoras estão ou alguma vez estiveram livres dessas preocupações?
Não, o que se pode dizer é apenas que na medida em que esse "conservadorismo" se reflete em comportamento mais "tradicional"/monogâmico, esses problemas tendem a ser menores.
Mas mesmo assim ainda tenho admitir uma certa aversão a certos comportamentos, mas, não é exatamente "da minha conta", cada um que faça o que bem entende, consensualmente, entre adultos (enquanto isso ainda é tido como critério universalmente aceito, ao menos). E é algo compartilhado pela maior parte das pessoas que conheço, mesmo as não exatamente "conservadoras", ainda que talvez por padrões já datados disso. E como apontei em "PS" em outro post, parece que de vez em quando até mesmo pelos que costumam ser os maiores defensores dessas liberdades e geralmente contrários a qualquer tipo de reprovação pública da sexualidade de alguém.
Como a maioria das pessoas tendem a uma certa aversão a falta de deus no coração?
Não sei se é exatamente análogo, talvez seja, bem como a aversão à pedofilia. Em todo caso, não estou "defendendo" tal aversão (à extrema promiscuidade -- também "não estou defendendo" a aversão à pedofilia, ainda que "fosse" defender, mas felizmente ainda não é necessário), apenas coloquei como "explicação" de minhas mensagens, já que você havia mencionado "não entender a preocupação" e tal.
Por isso acho curiosa a postura que se vê de alguns (geralmente na internet e na TV ou entrevistas com famosos), parece uma coisa bem de fachada mesmo. Achar o liberalismo bonito e digno de aplausos, da porta de casa para fora, e em outras famílias.
E achar feio e digno de vaias é menos curioso por quê? É a mesmíssima postura apenas com sinal trocado. Costuma, com bastante frequência, ser coisa só de fachada mesmo.
Não é tão curioso porque é bem menos de fachada -- as pessoas simplesmente não estão quase todas fazendo sexo oral em dezenas de estranhos em praça pública e se fingindo de santos da boca para fora. E é o mais "tradicional", logo já não desperta tanta curiosidade quanto professarem ter o padrão extremo oposto de percepção das coisas.
O que é bonito e digno de aplauso no liberalismo é o exercício da liberdade de escolha, não necessariamente as escolhas, que podem até ser feias e dignas de vaias. Não há nada de hipócrita nisso.
Essa é outra coisa completamente. O que as pessoas disseram aqui foi especificamente "viva a putaria" (sendo que a "putaria" imaginada era quase sem dúvida alguma algo bem mais moderado e "conservador" do que esses casos relatados nos blogs citados), não "viva a putaria, não pela putaria em si, mas por ser, antes de mais nada, um exercício de livre escolha, blablablá".
Também não estou defendendo exatamente "apedrejamentos" ou ostracização, nem nada. No máximo, qualquer que seja a versão civilizada da "defesa" desses valores liberais-conservadores, o que provavelmente é uma "guerra" perdida mesmo.
Nem ninguém está defendendo, ao menos, por aqui, a imposição do liberalismo. Isso é um traço do conservadorismo normalmente.
Não pretendi sugerir que estivessem. Estou só "dando explicações" sobre os meus comentários, que resumidamente foram de "ceticismo" quanto a essa celebração da "putaria", que, aparentemente algo que vale mais para os outros do que para dentro da própria família, ao mesmo tempo em que provavelmente se imagina algo relativamente "moderado"/"conservador", e não casos como os citados -- apesar da lógica que diz que o comportamento é "válido" não estabelece qualquer "grau", nem que só vale nas outras famílias.
A vida das pessoas, para mim, não se resume nem aos seus erros nem aos seus acertos e muito menos a suas preferências/condutas sexuais. Conheço muita "vadia" e "cafajeste", sexualmente falando, que são muito melhores, do meu ponto de vista, sob vários aspectos que realmente me importam, do que puritanos.
É verdade... talvez no futuro se veja discussões sobre isso com frases como "conheço muito 'pedófilo' e 'zoófilo', sexualmente falando, que são muito melhores, do que mesma-idade-ófilos e mesma-espécie-ófilos".
Não é um "declive escorregadio", não estou sugerindo que "se as pessoas continuarem aceitando essas surubas, logo isso vai ser aceito também", pode bem ser independente, a aceitação universal das surubas a céu aberto ser "contida" espontaneamente à espécie humana, de adolescentes para cima. Mas é também verdade que muitos argumentos sobre a liberação mais abrangente já são feitos e são também defensáveis por lógicas idênticas, sem exagero.
Como se a pedofilia, institucionalizada, inclusive, por casamentos forçados, e zoofilia não fossem um problema em sociedades conservadoras, talvez principalmente nelas.
Por que esse "como se"? Onde ficou sugerida essa comparação implícita, sugerindo que tudo seria melhor em sociedades conservadores? Pois eu não fiz. Estou falando apenas observado no presente e em tempos recentes, e atentando ao fato de que coisas a que mais pessoas, mesmo as mais liberais, ainda têm uma forte repulsa, poderiam igualmente vir a ser largamente aceitas na sociedade, tal como talvez ou certamente sejam em certas sociedades tradicionais. Talvez justamente essa aceitação em sociedades tradicionais seja uma "chave" para a aceitação em outras, a defesa do relativismo cultural/moral.
O que me causa estranhamento é importância que se dá a sexualidade, principalmente, a alheia.
Bem, como disse antes, não dou tanta importância, senão no que puder haver as consqüências sociais já mencionadas (e ainda assim, é "importância de coisas que se discute na internet"; nem passa pela minha cabeça fazer qualquer "ativismo" por "valores tradicionais" nem nada, longe de mim, não tenho nem planos de "fazer a minha parte", seria até mais "parte do problema", na visão de alguns), ainda que, também tenha sim esse "incômodo" em ver o grau de "avanço" e pensar em como as coisas podem continuar "avançando", como acabei de dizer. Não te dá mesmo nem um incomodozinho leve pensar nisso?
E as consequências sociais do conservadorismo não te incomodam nem um pouquinho?
Claro.... você por acaso já viu outros posts meus pelo fórum?
De repente eu estou parecendo algum panfletário da TFP, é isso?
Desde que li as mesmas preocupações com a decadência moral nos diálogos socráticos, há uns vinte anos, e depois em outros textos de diferentes épocas, que deixei de sentir esse incomodozinho. Percebi que é um traço humano essa tendência meio apocalíptica de ver a decadência moral em marcha acelerada combinada a uma certa romantização do passado: os deploráveis modos de hoje, serão os bons tempos de amanhã.
Bem, talvez esse alívio seja ilusório, ao menos no que concerne as conseqüências reais, como a maior incidência de patologias sociais associadas à "decadência moral" (oh! que horror! Usar tal termo reaça! *desmaio*)
Mas, como disse, nem isso é lá bem uma "tremenda preocupação", nem o que havia me chamado mais a atenção, que seria a postura aparentemente "de fachada", quanto aos aspectos teoricamente/logicamente potencialmente "inócuos", mas que mesmo assim comumente despertam ainda uma reação moral natural. Só uma fração negligenciável de quem tem essa [im?]postura mais liberal vai de fato agir de acordo, mostrando para a filha, filho, esposa ou esposo grandes oportunidades de trabalho na área de prostituição de luxo, e coisas assim, que se poderia esperar de uma atitude tão liberal quanto o discurso.
(E sim, conservadores serão menos conservadores e tradicionalistas do que posam ser, e seja lá o que mais forem de condenável também... como anti-intelectuais, é o que vem agora... e todas as facetas perigosas disso, etc. "Eles também")