Autor Tópico: A Falácia da Liberação das Armas de Fogo  (Lida 44983 vezes)

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Offline Buckaroo Banzai

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #650 Online: 20 de Maio de 2019, 12:19:11 »
<a href="https://youtube.com/v/svvfsK6ICr0?start=1187" target="_blank" class="new_win">https://youtube.com/v/svvfsK6ICr0?start=1187</a>

Reinaldo Azevedo comenta sobre a liberação do porte de arma. Diz ser um desrespeito a lei e argumenta que pode ajudar aos criminosos.

Offline Entropia

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #651 Online: 20 de Maio de 2019, 19:36:37 »
Um estudo do IBCCrim, encomendado pela Secretaria de Segurança de São Paulo em 1999, comprovou que armas são realmente como um para raio, atraindo maior chance de ser a vítima de um latrocínio ao seu portador.

Pesquisa mostra que pessoas armadas têm mais chance de ser mortas por ladrão do que as desarmadas


Citar
Vítima armada tem 56% mais risco de morte

ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

Pesquisa inédita da Secretaria da Segurança de São Paulo revela que as pessoas que andam armadas têm 56% mais chance de ser mortas por ladrões do que aquelas que circulam desarmadas.
O estudo, encomendado pela secretaria para o núcleo de pesquisa do IBCCrim (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), faz várias estimativas do risco do porte de arma.
Para isso, a pesquisa levou em consideração a população da cidade de São Paulo, de 1998, o número de armas registradas, estatísticas sobre apreensão de armas e boletins de ocorrência de todos os latrocínios (roubo seguido de morte) cometidos na cidade de São Paulo, no mesmo ano.
Segundo o levantamento, 18,2% da população da capital porta arma de fogo legal ou ilegal. Ou seja, 1,8 arma para cada dez habitantes. Em São Paulo, circulariam mais de 1,8 milhão de armas nessas condições.
Segundo o sociólogo e consultor da pesquisa Renato Lima, essa taxa de 18,2% da população armada funciona como uma espécie de "nota de corte". A partir dela, se estabelece a probabilidade de morrer ou sobreviver em um latrocínio.
As taxas acima de 18,2% representam maior risco de morte. Já as taxas inferiores, chance menor de morrer em um confronto.
Como 28,4% das vítimas de latrocínio possuíam armas de fogo, esse valor é 56 pontos percentuais superior à taxa da população que anda armada. Já apenas 13,8% das pessoas armadas conseguiram evitar o latrocínio.
Segundo Ana Sofia Schimidt de Oliveira, coordenadora de Análise e Planejamento da Secretaria de Segurança, apesar de a base da pesquisa ter sido a cidade de São Paulo, "os resultados podem ser generalizados, pois o trabalho não está condicionado a características exclusivas da cidade".
Para cada crime de latrocínio consumado com a vítima armada, foram geradas 2,2 vítimas. Já, quando se considera o total de casos de latrocínio consumados (vítimas armadas ou não), essa proporção é reduzida: 1,5 vítima para cada crime.
"Portanto, nos casos que envolvem vítimas armadas, existe um maior risco, não só dela, mas de outras pessoas morrem", afirma Renato Lima.
O levantamento diz que os dados se aproximam de uma pesquisa coordenada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em que o Brasil aparece como o país onde mais se mata com arma de fogo -88,39% dos homicídios seriam cometidos dessa forma. O levantamento também diz que o Brasil é o país com a maior taxa de pessoas feridas por arma de fogo -247,15 por 100 mil habitantes.

As chances aumentam no mínimo em 56%.

É preciso entender que este estudo fez uma estimativa "por cima" sobre o número de pessoas portando armas em São Paulo.  Consequentemente o risco real deve ser superior ao estimado.


*puxando os cabelos* Minha nossa é cada rodeio estatístico pra tentar descrever fenômenos complexos.

Primeiro de tudo:

- Eles fizeram esse cálculo numa média de 6% de homicídios resolvidos? Como eles garantem que a amostra é representativa?

- Mulheres cometem a maior parte dos infanticídios. Ou seja, significa que uma crianca que mora com mais mulheres tem mais chances de serem assassinadas do que as que moram com mais homens, certo? Claro que Nao!

- Homens representam 95% dos homicídios cometidos. Logo, se você é homem, você tem 19x mais chances de ser um homicida do que eu ma mulher. Também incorreto!

- A pesquisa considera que você "ter uma arma" lhe faz 56% mais vulnerável a latrocínios, sendo que isto está incompleto. Considera-se que ter uma arma é um fato neutro, sem enviesamento. A maior parte das pessoas que vao ter arma serão pessoas que estao relacionadas ao crime. Correlacao nao é causa, nao é porque uma pessoa foi morta em um latrocínio por ter uma arma, significa que ela morreu por causa disso. O fato de você estar envolvido com o crime já traz mais riscos de morrer. A maneira mais correta de analisar isso seria analisar pessoas com porte legal de armas, presumindo-se que elas operam dentro da lei, analisar quantos % dos latrocínios envolvem estas pessoas e comparar com a proporcao de pessoas com porte legal de armas.

Seria uma estimativa "melhor", mas ainda enviesada, posto que muitas pessoas que possuem porte legal sao policiais e agentes relacionados ao judiciario. E estas pessoas sao mais alvo de latrocínio nao exatamente por terem uma arma, mas sim por estarem ligados ao combate ao crime. E, é claro, deve-se garantir que a amostra é representativa.

TL;DR : Conclusao do estudo está equivocada/incompleta

Offline Pedro Reis

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #652 Online: 21 de Maio de 2019, 04:10:06 »
Um estudo do IBCCrim, encomendado pela Secretaria de Segurança de São Paulo em 1999, comprovou que armas são realmente como um para raio, atraindo maior chance de ser a vítima de um latrocínio ao seu portador.

Pesquisa mostra que pessoas armadas têm mais chance de ser mortas por ladrão do que as desarmadas


Citar
Vítima armada tem 56% mais risco de morte

ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

Pesquisa inédita da Secretaria da Segurança de São Paulo revela que as pessoas que andam armadas têm 56% mais chance de ser mortas por ladrões do que aquelas que circulam desarmadas.
O estudo, encomendado pela secretaria para o núcleo de pesquisa do IBCCrim (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), faz várias estimativas do risco do porte de arma.
Para isso, a pesquisa levou em consideração a população da cidade de São Paulo, de 1998, o número de armas registradas, estatísticas sobre apreensão de armas e boletins de ocorrência de todos os latrocínios (roubo seguido de morte) cometidos na cidade de São Paulo, no mesmo ano.
Segundo o levantamento, 18,2% da população da capital porta arma de fogo legal ou ilegal. Ou seja, 1,8 arma para cada dez habitantes. Em São Paulo, circulariam mais de 1,8 milhão de armas nessas condições.
Segundo o sociólogo e consultor da pesquisa Renato Lima, essa taxa de 18,2% da população armada funciona como uma espécie de "nota de corte". A partir dela, se estabelece a probabilidade de morrer ou sobreviver em um latrocínio.
As taxas acima de 18,2% representam maior risco de morte. Já as taxas inferiores, chance menor de morrer em um confronto.
Como 28,4% das vítimas de latrocínio possuíam armas de fogo, esse valor é 56 pontos percentuais superior à taxa da população que anda armada. Já apenas 13,8% das pessoas armadas conseguiram evitar o latrocínio.
Segundo Ana Sofia Schimidt de Oliveira, coordenadora de Análise e Planejamento da Secretaria de Segurança, apesar de a base da pesquisa ter sido a cidade de São Paulo, "os resultados podem ser generalizados, pois o trabalho não está condicionado a características exclusivas da cidade".
Para cada crime de latrocínio consumado com a vítima armada, foram geradas 2,2 vítimas. Já, quando se considera o total de casos de latrocínio consumados (vítimas armadas ou não), essa proporção é reduzida: 1,5 vítima para cada crime.
"Portanto, nos casos que envolvem vítimas armadas, existe um maior risco, não só dela, mas de outras pessoas morrem", afirma Renato Lima.
O levantamento diz que os dados se aproximam de uma pesquisa coordenada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em que o Brasil aparece como o país onde mais se mata com arma de fogo -88,39% dos homicídios seriam cometidos dessa forma. O levantamento também diz que o Brasil é o país com a maior taxa de pessoas feridas por arma de fogo -247,15 por 100 mil habitantes.

As chances aumentam no mínimo em 56%.

É preciso entender que este estudo fez uma estimativa "por cima" sobre o número de pessoas portando armas em São Paulo.  Consequentemente o risco real deve ser superior ao estimado.


*puxando os cabelos* Minha nossa é cada rodeio estatístico pra tentar descrever fenômenos complexos.

Primeiro de tudo:

- Eles fizeram esse cálculo numa média de 6% de homicídios resolvidos? Como eles garantem que a amostra é representativa?

- Mulheres cometem a maior parte dos infanticídios. Ou seja, significa que uma crianca que mora com mais mulheres tem mais chances de serem assassinadas do que as que moram com mais homens, certo? Claro que Nao!

- Homens representam 95% dos homicídios cometidos. Logo, se você é homem, você tem 19x mais chances de ser um homicida do que eu ma mulher. Também incorreto!

- A pesquisa considera que você "ter uma arma" lhe faz 56% mais vulnerável a latrocínios, sendo que isto está incompleto. Considera-se que ter uma arma é um fato neutro, sem enviesamento. A maior parte das pessoas que vao ter arma serão pessoas que estao relacionadas ao crime. Correlacao nao é causa, nao é porque uma pessoa foi morta em um latrocínio por ter uma arma, significa que ela morreu por causa disso. O fato de você estar envolvido com o crime já traz mais riscos de morrer. A maneira mais correta de analisar isso seria analisar pessoas com porte legal de armas, presumindo-se que elas operam dentro da lei, analisar quantos % dos latrocínios envolvem estas pessoas e comparar com a proporcao de pessoas com porte legal de armas.

Seria uma estimativa "melhor", mas ainda enviesada, posto que muitas pessoas que possuem porte legal sao policiais e agentes relacionados ao judiciario. E estas pessoas sao mais alvo de latrocínio nao exatamente por terem uma arma, mas sim por estarem ligados ao combate ao crime. E, é claro, deve-se garantir que a amostra é representativa.

TL;DR : Conclusao do estudo está equivocada/incompleta

Caro Entropia, tem certeza que não é você que está fazendo malabarismos para rejeitar os dados?

Essa pesquisa é de 1999, quando o PT ainda não estava no poder, quando ainda não havia estatuto do desarmamento e nem campanha para um estatuto do desarmamento. Além disso é uma pesquisa do IBCCrim, o que o leva a pensar que houve um interesse em "rodeios estatísticos", quem teria este interesse na época?

Citação de: Entropia
- Eles fizeram esse cálculo numa média de 6% de homicídios resolvidos? Como eles garantem que a amostra é representativa?

Non sequitur.

Se formos confiar no texto da matéria, é dito que a pesquisa considerou todos os BOs de latrocínio registrados no ano anterior. Nesse caso, para efeito dessa pesquisa em particular, o dado relevante é a informação se a vítima estava ou não armada. Se a polícia conseguiu ou não chegar ao autor do latrocínio não faz a menor diferença.

Se a polícia de SP tivesse resolvido 100% dos casos, ou 1%, em quê isso alteraria a conclusão de que estar armado representou maior risco de morte em uma ocorrência de assalto?

Citação de: Entropia
- Mulheres cometem a maior parte dos infanticídios. Ou seja, significa que uma crianca que mora com mais mulheres tem mais chances de serem assassinadas do que as que moram com mais homens, certo? Claro que Nao!


Parece que você não entendeu a metodologia aplicada.

É muito simples: vamos supor que se queira saber se ser destro ou canhoto aumentam ou diminuem a chance de alguém ser vítima de um latrocínio. Ou se é fato neutro e não faz diferença.

Sabemos que 5% da população é canhota, portanto, se não existir nenhuma correlação entre ser vítima de latrocínio e a tendência motora da vítima, vítimas serão destras ou canhotas por puro acaso e portanto é esperado que também cerca de 5% das vítimas sejam canhotas. Isso se a amostra pesquisada for suficientemente grande, como foi o caso daquela pesquisa, englobando todos os BOs registrados.

Mas o que você pensaria ao descobrir que nenhuma vítima de latrocínio, entre centenas de milhares, era canhota? Seria probabilisticamente surpreendente, não? Imediatamente alguém iria procurar uma explicação para este estranho fato, ou seja, uma correlação qualquer entre ser canhoto e ter menos chance de morrer em um assalto.

De maneira idêntica, se 80% das vítimas forem canhotas, sendo que representam apenas 5% da população, deve haver alguma correlação entre ser canhoto e correr maior risco.

É difícil contestar essa metodologia porque é amplamente utilizada. Antes de se saber como exatamente o hábito de fumar podia provocar câncer de pulmão, cientificamente já se tinha esta certeza porque a incidência de câncer de pulmão em fumantes não ocorria na mesma proporção em não fumantes. A metodologia para esta inferência seguia rigorosamente a mesma lógica.

Da mesma forma, já que falamos de canhotos, só para dar um outro exemplo, se sabe que ser canhoto favorece de alguma forma o auto rendimento em certos esportes. Não se sabe porque, mas o fato é estatisticamente incontestável e novamente a metodologia é rigorosamente a mesma.

Verificamos que 5% das pessoas são canhotas. Verificamos, como seria de se esperar, que 5%
dos jogadores de futebol nas categorias de base são canhotos. Mas quando se observa uma amostra apenas como jogadores de alto nível, essa taxa é muito maior que 5% e listamos nomes como Pelé (ambidestro), Maradona, Messi, Rivelino...

Uma pesquisa feita em penitenciárias norte-americanos concluiu que ser psicopata aumentam as chances de alguém vir a ser um presidiário. Alguma surpresa nisso? Novamente a conclusão é tirada de uma pesquisa em que se aplica a mesma metodologia de inferência. 1% da população é psicopata, mas 10% da população carcerária apresenta esta condição.

Citação de: Entropia
- Homens representam 95% dos homicídios cometidos. Logo, se você é homem, você tem 19x mais chances de ser um homicida do que eu ma mulher. Também incorreto!

Não. Estatisticamente a afirmação está correta. Mas tem que levar em consideração que não é em qualquer amostra que homens comentem 19 vezes mais homicídios que mulheres. Isso não é verdade se você só considerar os bairros nobres de Rio, São Paulo, Curitiba ou Recife. Mas se você tomar uma amostra correta, a tendência é encontrar ao acaso nessa amostra esta mesma proporção.

Citação de: Entropia
- A pesquisa considera que você "ter uma arma" lhe faz 56% mais vulnerável a latrocínios, sendo que isto está incompleto. Considera-se que ter uma arma é um fato neutro, sem enviesamento. A maior parte das pessoas que vao ter arma serão pessoas que estao relacionadas ao crime.

Você está ignorando o fato mais relevante: LATROCÍNIO! A pesquisa, de maneira inteligente e imparcial, levou em conta apenas casos de latrocínio. E não qualquer tipo de morte por arma de fogo.

Evidentemente estar armado, se não for um fato neutro para alguém ser vítima ou não de um assalto, será pelo menos um fato dissuasor, caso o assaltante perceba de antemão que a vítima está armada. Portanto ou é um fato neutro, ou a conclusão da pesquisa é conservadora é a chance real de ser vítima de um latrocínio é ainda maior que a estimada.

Por conta disso, o seu argumento de que "estar envolvido com o crime já traz mais riscos de morrer" não faz o menor sentido nesse contexto. Porque as pessoas que morrem por estarem envolvidas com o crime não são vítimas de latrocínio. Ladrões não são vítimas de latrocínio, são autores.

Citação de: Entropia
Correlacao nao é causa, nao é porque uma pessoa foi morta em um latrocínio por ter uma arma, significa que ela morreu por causa disso.

Correlação não é causa, mas nesse caso não enxergar a correlação é querer tapar o sol com a peneira. A relação está muito clara: se um bandido armado quiser levar o seu relógio e você entregar o relógio, dificilmente ele irá atirar em você. Mas se você estiver armado e reagir, supõe que suas chances de ser baleado aumentam ou diminuem? Mesmo que você não reaja, só o fato do ladrão perceber uma arma em seu poder já aumenta muito o seu risco.

De modo que as conclusões dessa pesquisa não deveriam surpreender a ninguém. A única surpresa é que surpreendam.

Offline Entropia

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #653 Online: 21 de Maio de 2019, 13:51:07 »
Caro Entropia, tem certeza que não é você que está fazendo malabarismos para rejeitar os dados?

Essa pesquisa é de 1999, quando o PT ainda não estava no poder, quando ainda não havia estatuto do desarmamento e nem campanha para um estatuto do desarmamento. Além disso é uma pesquisa do IBCCrim, o que o leva a pensar que houve um interesse em "rodeios estatísticos", quem teria este interesse na época?

Não entendi porque você meteu política e partidos no meio. O meu comentário é que é simplesmente muito comum usar qualquer estatística simples pra tentar provar alguma coisa hoje em dia, sem considerar que precisam estar controlados para isolar fenômenos.


Non sequitur.

Se formos confiar no texto da matéria, é dito que a pesquisa considerou todos os BOs de latrocínio registrados no ano anterior. Nesse caso, para efeito dessa pesquisa em particular, o dado relevante é a informação se a vítima estava ou não armada. Se a polícia conseguiu ou não chegar ao autor do latrocínio não faz a menor diferença.

Se a polícia de SP tivesse resolvido 100% dos casos, ou 1%, em quê isso alteraria a conclusão de que estar armado representou maior risco de morte em uma ocorrência de assalto?

Non sequitur aonde? Primeiro de tudo, não é dito na matéria que as pessoas estavam armadas na hora do latrocínio. Até porque, por razões óbvias, não é a vítima de latrocínio que faz o B.O. A matéria diz que 28,4% das pessoas que morreram por latrocínio POSSUIAM armas de fogo. Não diz que a vítima estava armada, leia o texto de novo.

Você tem que lembrar que um crime não é resolvido apenas quando se chega no autor. Meu comentário vai no sentido de que muitas pessoas são encontradas mortas e nem se sabe porquê morreram, ou pessoas que se sabe quem matou, mas não sabe porque. Um B.O não é suficiente para estabelecer motivo, terceiros fazem o registro e supõem que motivo foi X ou Y, mas o que determinará o motivo do crime será a investigação.

Importa se são 100% ou 1% porque a amostra precisa ter determinado tamanho para se inferir resultados com certa certeza. E se seus dados tem 50% dos dados deles vindo de apenas um bairro, há problemas de representação da amostra em relação ao total da população. Se os latrocínios estão sobre-representados em um local específico, há mais do que simplesmente "ter arma de fogo" que é relevante para a situação. E outra coisa, B.O é vulnerável a viés de auto-seleção, pega dados apenas de pessoas que se voluntariaram em realizar a denúncia. Novamente, o que garante que a amostra é representativa?



Parece que você não entendeu a metodologia aplicada.

É muito simples: vamos supor que se queira saber se ser destro ou canhoto aumentam ou diminuem a chance de alguém ser vítima de um latrocínio. Ou se é fato neutro e não faz diferença.

Sabemos que 5% da população é canhota, portanto, se não existir nenhuma correlação entre ser vítima de latrocínio e a tendência motora da vítima, vítimas serão destras ou canhotas por puro acaso e portanto é esperado que também cerca de 5% das vítimas sejam canhotas. Isso se a amostra pesquisada for suficientemente grande, como foi o caso daquela pesquisa, englobando todos os BOs registrados.

Mas o que você pensaria ao descobrir que nenhuma vítima de latrocínio, entre centenas de milhares, era canhota? Seria probabilisticamente surpreendente, não? Imediatamente alguém iria procurar uma explicação para este estranho fato, ou seja, uma correlação qualquer entre ser canhoto e ter menos chance de morrer em um assalto.

De maneira idêntica, se 80% das vítimas forem canhotas, sendo que representam apenas 5% da população, deve haver alguma correlação entre ser canhoto e correr maior risco.

É difícil contestar essa metodologia porque é amplamente utilizada. Antes de se saber como exatamente o hábito de fumar podia provocar câncer de pulmão, cientificamente já se tinha esta certeza porque a incidência de câncer de pulmão em fumantes não ocorria na mesma proporção em não fumantes. A metodologia para esta inferência seguia rigorosamente a mesma lógica.

Eu entendi a metodologia, você é que está fazendo saltos em relação a ela. Primeiro que os seus exemplos supõem uma amostra representativa. Se, no seu caso, os 80% das vítimas canhotas estiverem vindo de um bairro perigoso, que possui a maior parte da sua população canhota por qualquer motivo que seja, você tem uma amostra enviesada. E, além do mais, isso é apenas um dado estatístico que não estabelece causalidade. Vejamos que 80% das vítimas são canhotas, LOGO existem razões genéticas para o maior risco de canhotos, pois ser canhoto é algo genético, certo? Errado! Afirmação do consequente.

Usando seu outro exemplo, viu-se que pessoas que fumam possuem mais incidências de cancer de pulmão. Ora, cigarro possui nicotina, logo, nicotina aumenta as chances de câncer de pulmão, certo? Falso! Percebe a questão? A pesquisa afirma que o que causou maior risco pra essas pessoas foi ter uma arma, sendo que isso está incorreto ou incompleto. Existem outros fatores a se considerar, que citem no post anterior.

Várias outras exemplos também existem. Suicídio possui uma maior incidência em homens, logo, homens possuem mais tendência a cometer suicídio do que mulheres, certo? Não se sabe. Pois se verifica que homens usam métodos mais letais para se matar, enquanto mulheres usam métodos mais indiretos, com mais chances de "darem errado".

Ah, e minha pergunta de novo, mulheres cometem a maior parte dos infanticídios, sendo que são 50% da população. Logo, crianças que moram com mulheres tem mais chances de morrer, verdadeiro ou falso?



Não. Estatisticamente a afirmação está correta. Mas tem que levar em consideração que não é em qualquer amostra que homens comentem 19 vezes mais homicídios que mulheres. Isso não é verdade se você só considerar os bairros nobres de Rio, São Paulo, Curitiba ou Recife. Mas se você tomar uma amostra correta, a tendência é encontrar ao acaso nessa amostra esta mesma proporção.
Não, não. O que o dado diz é que, dado um homicídio, existe 95% de chance do autor ser homem, ponto. Não que homens possuem tantas vezes mais chances de cometer homicídios. Até porque, como é sabido, grande parte dos homicídios tem a ver com tráfico de drogas e crime, que envolve uma minoria da população. Ou seja, uma minoria está em grande parte nos dados, o que torna a análise incorreta para generalização para o resto da população. Homicídio não é evento aleatório.

Você está ignorando o fato mais relevante: LATROCÍNIO! A pesquisa, de maneira inteligente e imparcial, levou em conta apenas casos de latrocínio. E não qualquer tipo de morte por arma de fogo.

Evidentemente estar armado, se não for um fato neutro para alguém ser vítima ou não de um assalto, será pelo menos um fato dissuasor, caso o assaltante perceba de antemão que a vítima está armada. Portanto ou é um fato neutro, ou a conclusão da pesquisa é conservadora é a chance real de ser vítima de um latrocínio é ainda maior que a estimada.

Por conta disso, o seu argumento de que "estar envolvido com o crime já traz mais riscos de morrer" não faz o menor sentido nesse contexto. Porque as pessoas que morrem por estarem envolvidas com o crime não são vítimas de latrocínio. Ladrões não são vítimas de latrocínio, são autores.

De onde você tirou que criminosos não são assaltados? O.o. E novamente você diz "vítima armada no momento do assalto" o que não está sendo dito na pesquisa, mas sim "vítima que possui porte de arma" então fica difícil discutir. Mas basta um exemplo, se alguém está num bairro e é assaltado, mas o assaltante verifica que a vítima se trata de um membro de "gangue rival" ou um inadimplente ao tráfico ou traficante de outro local, o assaltante, então, por isso, mata a vítima, não por ela possuir uma arma, mas pelo envolvimento dela com outras coisas.

O mesmo pode ser dito sobre assaltos contra policiais e agentes de justiça, estes não vão morrer por ter uma arma, mas sim irão morrer pois o assaltante estará na frente do seu inimigo natural. Isso irá inflar os dados de latrocínio, sendo que o motivo da morte não foi "ter arma". Mencionei isso anteriormente e você ignorou.


Correlação não é causa, mas nesse caso não enxergar a correlação é querer tapar o sol com a peneira. A relação está muito clara: se um bandido armado quiser levar o seu relógio e você entregar o relógio, dificilmente ele irá atirar em você. Mas se você estiver armado e reagir, supõe que suas chances de ser baleado aumentam ou diminuem? Mesmo que você não reaja, só o fato do ladrão perceber uma arma em seu poder já aumenta muito o seu risco.

De modo que as conclusões dessa pesquisa não deveriam surpreender a ninguém. A única surpresa é que surpreendam.

'Já aumenta o seu risco" como você sabe? Se fosse algo tão óbvio assim, não existiram pesquisas que indicassem o contrário ou que não faz diferença, como já foram postadas várias e vários tópicos daqui.

Quer um contra ponto? Armas podem ser utilizadas para se defender de um assalto ou evitá-lo. Como saber se armas realmente trazem mais riscos sem os dados de crimes que foram EVITADOS por estas armas? Qual a proporção de pessoas que foram assaltadas tem arma de fogo? Se for menor que a média, pode-se concluir que quem está armado tem menos chance de ser assaltado? E assaltos  realizados na residência da vítima, faz diferença?

Se estar armado aumenta as chances de latrocinio, com o estatuto o número de latrocínios possuiu uma queda? Acho que não, né?

E, no caso, estou impressionado com a simplicidade que as pessoas tratam os fenômenos sociais, como se uma conta ou outra já desse todas as respostas e que não houvessem várias outras variáveis no meio, o que faz justamente ciências sociais não serem ciências de fato.

Offline Pedro Reis

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #654 Online: 22 de Maio de 2019, 13:30:10 »

Não entendi porque você meteu política e partidos no meio. O meu comentário é que é simplesmente muito comum usar qualquer estatística simples pra tentar provar alguma coisa hoje em dia, sem considerar que precisam estar controlados para isolar fenômenos.

E é por isso que você confia nas estatísticas do Bené Barbosa, que tem as campanhas financiadas pela Taurus e Colt?

Foi porque você falou em "rodeios estatísticos", o que passa uma ideia clara de intencionalidade. Fiz notar que, na época da pesquisa, ainda não havia nenhum grupo político que tivesse fazendo do tema bandeira. Além disso o IBCCrim é um instituto especializado em estudos de criminalística, existe para isso, a princípio não tem interesse em volteios estatísticos. Muito menos é provável que tenha cometido os erros metodológicos grosseiros que você está querendo enxergar.

Non sequitur aonde?

Non sequitur. Você levantou uma objeção que é irrelevante e que mais se parece com uma tentativa inconsciente de criar um rodeio estatístico. A exigência de se saber a autoria de um latrocínio para se concluir que houve um latrocínio é tão forçada quanto imaginar que a polícia só pode saber que está lidando com um caso de sequestro depois de prender o sequestrador.

É claro que em casos EXCEPCIONAIS um suposto sequestro pode acabar se revelando um falso sequestro, mas, dentro de uma abordagem estatística, casos excepcionais são praticamente irrelevantes. Igualmente casos de latrocínio são muito fáceis de caracterizar, e mesmo podendo haver um equívoco ou outro, numa população consistindo de todos os BOs registrados em 98 na "pequena" cidade de São Paulo, estes poucos possíveis equívocos serão percentualmente insignificantes.

Primeiro de tudo, não é dito na matéria que as pessoas estavam armadas na hora do latrocínio. Até porque, por razões óbvias, não é a vítima de latrocínio que faz o B.O. A matéria diz que 28,4% das pessoas que morreram por latrocínio POSSUIAM armas de fogo. Não diz que a vítima estava armada, leia o texto de novo.

Ok, vamos ler o texto de novo. Porque primeiro de tudo você está enganado sobre isso.

Citar
Para isso, a pesquisa levou em consideração a população da cidade de São Paulo, de 1998, o número de armas registradas, estatísticas sobre apreensão de armas e boletins de ocorrência de todos os latrocínios (roubo seguido de morte) cometidos na cidade de São Paulo, no mesmo ano.

A intenção foi estimar o número de pessoas andando armadas na cidade de São Paulo. E não, como você está querendo supor, que as vítimas simplesmente possuíam arma de fogo. Isso é óbvio porque, em primeiro lugar, o dado de que a vítima era proprietária de arma de fogo é irrelevante para o tipo de inferência pretendida. Você está imaginando que os técnicos do IBCCrim são imbecis completos, porque isto seria uma imbecilidade total. Se fulano foi vítima de latrocínio na Pça. da Sé e possuía uma arma em casa, escondida em cima do armário, isso foi totalmente irrelevante para concluir se estar portando uma arma contribuiu ou não para que ele tenha sido vítima deste latrocínio.

Além disso o texto que estamos lendo (de novo!) diz claramente que se procurou cruzar dados para fazer esta estimativa. O que é desnecessário se você quer saber apenas o número de proprietários registrados de armas de fogo. Para isso não seria necessária nenhuma estimativa, bastaria consultar os registros.

E ainda tem mais uma coisa, Entropia: você está caindo em contradição. Está dizendo que "um B.O. não é suficiente para estabelecer motivo" (no caso de latrocínio, um crime com características tão evidentes?), e ainda acha que o B.O. não é suficiente para se saber se a vítima estava ou não armada (quando não parece difícil ver se um presunto está ou não com uma arma na mão), mas contraditoriamente está considerando que um B.O. seria confiável para estabelecer que o presunto era proprietário de arma de fogo.

Alguns outros trechos da matéria para reler:

Citar
Segundo o sociólogo e consultor da pesquisa Renato Lima, essa taxa de 18,2% da população armada funciona como uma espécie de "nota de corte". A partir dela, se estabelece a probabilidade de morrer ou sobreviver em um latrocínio. As taxas acima de 18,2% representam maior risco de morte. Já as taxas inferiores, chance menor de morrer em um confronto.


"Confronto". O que você está entendendo que a pesquisa procurou estimar?

Citar
Para cada crime de latrocínio consumado com a vítima armada[/u], foram geradas 2,2 vítimas. Já, quando se considera o total de casos de latrocínio consumados (vítimas armadas ou não), essa proporção é reduzida: 1,5 vítima para cada crime.

Vítima armada. Não vítima proprietária de arma de fogo. E ainda tem mais um dado interessante que lhe passou desapercebido: a MÉDIA de vítimas que aparecem registradas nestes B.Os (em que a vítima do latrocínio estava armada) é superior a média de vítimas nos casos de latrocínio com vítima desarmada. O que caracteriza perfeitamente o confronto: a vítima reagiu, foi tiro pra todo lado, e em vez de morrer apenas a vítima mais pessoas foram atingidas. O que caracteriza também esse risco adicional quanto se tem pessoas armadas reagindo a assaltos.

Se as vítimas não estavam necessariamente armadas, como você quer supor, de que maneira você explicaria essa estranha coincidência de a média de vítimas nestes B.Os ser bastante superior a média nos B.Os considerando apenas vítimas desarmadas?

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Segundo o levantamento, 18,2% da população da capital porta arma de fogo legal ou ilegal.

Porta. Portar arma de fogo não é o mesmo que apenas TER arma de fogo. A estimativa foi de que 18% das pessoas em São Paulo portavam arma em 1998. E como observei anteriormente, esta foi uma estimativa "por cima", com o cuidado de não superdimensionar o risco. Uma vez que esse número parece até claramente exagerado, tornando provável que o risco real fosse superior até aos 56% a mais estimado.

Se você quiser pode até duvidar da competência ou idoneidade de quem fez o estudo, mas eu li o que estava escrito na matéria. Já você parece que inconscientemente tentou interpretar de uma maneira que lhe parecesse mais conveniente.

Você tem que lembrar que um crime não é resolvido apenas quando se chega no autor. Meu comentário vai no sentido de que muitas pessoas são encontradas mortas e nem se sabe porquê morreram, ou pessoas que se sabe quem matou, mas não sabe porque. Um B.O não é suficiente para estabelecer motivo, terceiros fazem o registro e supõem que motivo foi X ou Y, mas o que determinará o motivo do crime será a investigação.


Importa se são 100% ou 1% porque a amostra precisa ter determinado tamanho para se inferir resultados com certa certeza. E se seus dados tem 50% dos dados deles vindo de apenas um bairro, há problemas de representação da amostra em relação ao total da população. Se os latrocínios estão sobre-representados em um local específico, há mais do que simplesmente "ter arma de fogo" que é relevante para a situação. E outra coisa, B.O é vulnerável a viés de auto-seleção, pega dados apenas de pessoas que se voluntariaram em realizar a denúncia. Novamente, o que garante que a amostra é representativa?

Porque não é uma amostra, é uma população. População em estatística é o nome que se dá ao conjunto de todos os dados.

Quando se pega todos os B.Os de latrocínio registrados, tecnicamente não se trata de uma amostra.

Muito do comentado acima nem faz sentido... sobre os registros virem de um determinado bairro, etc. Atente para o fato que a pesquisa não se debruçou sobre nenhuma amostra, mas sim sobre uma "população".

Transcrevendo-se de PESTANA e VELOSA (2010), página 53 “Chamamos população ao conjunto de todos os valores que descrevem um fenômeno que interessa ao investigador.”

E nos casos de latrocínio, que produzem CADÁVERES, ninguém precisa se voluntariar para apresentar denúncia. Há um cadáver, um presunto, o rabecão tem que vir e recolher. Necessariamente gera um B.O.: testemunhas são ouvidas, os parentes da vítima, amigos, é levantado se a vítima tinha passagem pela polícia, sua ficha criminal se houver, etc... É muita forçação de barra achar que para a polícia é difícil entender se foi ou não latrocínio, ou seja, uma tentativa de roubo seguida de morte. Porque nos casos em que a causa do crime é desconhecida não se registra como latrocínio no B.O.

Eu entendi a metodologia, você é que está fazendo saltos em relação a ela. Primeiro que os seus exemplos supõem uma amostra representativa. Se, no seu caso, os 80% das vítimas canhotas estiverem vindo de um bairro perigoso, que possui a maior parte da sua população canhota por qualquer motivo que seja, você tem uma amostra enviesada. E, além do mais, isso é apenas um dado estatístico que não estabelece causalidade. Vejamos que 80% das vítimas são canhotas, LOGO existem razões genéticas para o maior risco de canhotos, pois ser canhoto é algo genético, certo? Errado! Afirmação do consequente.

Todos os B.O.s de latrocínio não é amostra. E se há uma incidência 56% maior em vítimas fatais quando se trata de assaltos a pessoas armadas, que causalidade você acharia razoável supor? A correlação é inquestionável, mas você consegue ver outro motivo?

Tipo: talvez pessoas azaradas, por serem muito azaradas, acabam resolvendo se proteger andando armadas. E por serem azaradas levaram chumbo do assaltante. Teríamos aí uma correlação sem causalidade.

Você levantou outras hipóteses que vale a pena examinar:

1 - Policiais andam armados. Morrem em assaltos não por estarem armados e reagirem, mas por serem policiais.

- Será que o número de policiais vítimas de latrocínio pode ser tão grande a ponto de distorcer a inferência? Não.

- Se policiais reagem a assaltos e morrem por isso, então reagiram antes ou depois de serem identificados pelo assaltante como policiais? Provavelmente reagem antes de serem identificados, portanto morreram por terem reagido. A ação de reagir implicou no mesmo tipo de risco que teria qualquer um, policial ou não.

2 - Poderiam ser bandidos armados que, ao serem assaltados, foram identificados como pertencendo a facções rivais.

- Hipótese especulando sobre uma situação completamente excepcional. Nas periferias e favelas do Brasil, controladas por facções, não se assalta. O ladrão para ser assaltado por outro assaltante, tem que ter saído para assaltar em algum lugar e topou com outro ladrão que o assaltou. Uma situação cômica e improvável. Por isso falei: ladrão não é vítima de latrocínio, é autor.

Honestamente, o que está se parecendo mais com tentativas de "rodeios estatísticos"?

Usando seu outro exemplo, viu-se que pessoas que fumam possuem mais incidências de cancer de pulmão. Ora, cigarro possui nicotina, logo, nicotina aumenta as chances de câncer de pulmão, certo? Falso! Percebe a questão? A pesquisa afirma que o que causou maior risco pra essas pessoas foi ter uma arma, sendo que isso está incorreto ou incompleto. Existem outros fatores a se considerar, que citem no post anterior.

Não, não consigo perceber a questão.

A metodologia é análoga a de um estudo sobre os riscos de fumar. Você pega um grupo de mil fumantes e um grupo de controle de mil não fumantes. Ambos os grupos sendo estatisticamente homogêneos, tendo como única característica diferenciadora o fato de todos fumarem em um grupo e todos não serem fumantes no outro grupo. Acompanha ambos os grupos por 30 anos e verifica a incidência de câncer em ambos os grupos encontrando significativa discrepância.

Não acha que é cientificamente válido inferir que o hábito de fumar aumenta as chances de desenvolver certos tipos de câncer?

Se é por causa da nicotina, se é por causa do alcatrão... isso não é determinado nesse tipo de estudo, mas a relação de causalidade entre fumo e certas doenças fica bastante reforçada pelas evidências. Essa É a QUESTÃO.

Ah, e minha pergunta de novo, mulheres cometem a maior parte dos infanticídios, sendo que são 50% da população. Logo, crianças que moram com mulheres tem mais chances de morrer, verdadeiro ou falso?

A pergunta não tem relação com o que está em discussão. E a resposta seria SIM, se a ÚNICA causa de morte de crianças fosse o infanticídio.

Vítima armada não é a única causa de morte em assalto. Mesmo uma vítima armada pode ter morrido em um assalto por outro motivo além de estar armada. Mas nada disso explicaria uma distorção de 56% a mais de casos de latrocínio em assaltos onde a vítima portava arma. Os que questionam esse tipo de dado, geralmente o fazem se valendo do mesmo tipo de retórica que durante anos a indústria do tabaco usou contra pesquisas que mostravam evidente relação de causalidade entre fumo e determinadas doenças.

Além do mais, volto a lembrar que nos B.O.s que indicavam vítima armada de latrocínio, a média de vítimas envolvida se verificou bastante superior. O que claramente comprova como causa, a infeliz ocorrência de um confronto armado.

Citação de: Pedro Reis em Ontem às 04:10:06
Não. Estatisticamente a afirmação está correta. Mas tem que levar em consideração que não é em qualquer amostra que homens comentem 19 vezes mais homicídios que mulheres. Isso não é verdade se você só considerar os bairros nobres de Rio, São Paulo, Curitiba ou Recife. Mas se você tomar uma amostra correta, a tendência é encontrar ao acaso nessa amostra esta mesma proporção.
Não, não. O que o dado diz é que, dado um homicídio, existe 95% de chance do autor ser homem, ponto. Não que homens possuem tantas vezes mais chances de cometer homicídios. Até porque, como é sabido, grande parte dos homicídios tem a ver com tráfico de drogas e crime, que envolve uma minoria da população. Ou seja, uma minoria está em grande parte nos dados, o que torna a análise incorreta para generalização para o resto da população. Homicídio não é evento aleatório.

Você não entendeu. Estatisticamente a afirmação estaria correta.

Mas não se poderia, como observei, usar esta inferência para estimar esta proporção em bairros nobres de grandes cidades, por exemplo. Isto seria como esperar que de cada 7 transeuntes na Av. Paulista, um fosse chinês só porque de cada 7 habitantes do planeta um é chinês. Mas continua sendo verdadeiro que um sétimo da população mundial é chinesa.

É o seguinte: se 95% dos homicídios são praticados por homens no Brasil, e se tomarmos uma amostra (atente para o significado estatístico de amostra) desta população, deve-se esperar (caso a amostra tenha sido selecionada corretamente) que para cada mulher que foi ou será homicida na amostra, existam 19 homens nesta amostra que foram ou serão homicidas. Aproximadamente, caso contrário não seria uma boa amostra.

Não estou dizendo nenhuma novidade, é assim que pesquisas eleitorais são feitas e podem inferir que 35% dos votos irão para o candidato X, enquanto 15% para o candidato Y. Considerando-se o total de votos, mesmo existindo grande variação em relação a esta previsão se observarmos zonas eleitorais individuais.

'Já aumenta o seu risco" como você sabe? Se fosse algo tão óbvio assim, não existiram pesquisas que indicassem o contrário ou que não faz diferença, como já foram postadas várias e vários tópicos daqui.

E não é óbvio?

Em 2016 fui assaltado pela 1 vez na vida. Nas circunstâncias em que se deu o assalto, eu teria tido enorme desvantagem caso estivesse armado e tentasse reagir. Mas como não reagi o bandido apertando uma pistola contra o meu peito exigiu: "telefone, telefone..." Cara, eu não estava com celular, dá pra acreditar? Então ele apalpou os bolsos da minha bermuda, encontrou a carteira e foi embora na garupa da moto levando minha habilitação, um bilhete único de transporte e 10 reais. Por sorte nem olhou pra ver o que tinha na carteira.

Mas se em vez de carteira, ele tivesse encontrado uma arma... o que você acha? Meu risco ali teria sido maior, igual ou menor?

Quer um contra ponto? Armas podem ser utilizadas para se defender de um assalto ou evitá-lo. Como saber se armas realmente trazem mais riscos sem os dados de crimes que foram EVITADOS por estas armas? Qual a proporção de pessoas que foram assaltadas tem arma de fogo? Se for menor que a média, pode-se concluir que quem está armado tem menos chance de ser assaltado?

A proporção de pessoas assaltadas portando armas de fogo consta como dado nos boletins de ocorrência. Já a proporção de pessoas circulando com armas de fogo em 1998 na cidade de São Paulo, o estudo tentou estimar, conforme já demonstrado. Essa proporção é que tem que ser confrontada com o dado objetivo obtido nos B.Os para se inferir o grau de risco.

As outras perguntas a gente responde com um pouquinho de matemática e estatística: se você sabe que 10% da população CIRCULA armada e encontra, examinando uma população de B.Os de assaltos, uma taxa bem menor que 10% podemos inferir que de alguma forma portar arma atuou como fator dissuasor. E creio que tenha sido isto que você realmente quis dizer com "menor que a média", mas o curioso e revelador, é que este raciocínio é o mesmo utilizado pela metodologia do estudo que você está questionando. Um raciocínio que pra você só parece fazer sentido se corroborar as conclusões de sua preferência...

Offline Buckaroo Banzai

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #655 Online: 22 de Maio de 2019, 15:02:26 »
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Se estar armado aumenta as chances de latrocinio, com o estatuto o número de latrocínios possuiu uma queda? Acho que não, né?

Esse argumento tem essencialmente a mesma falácia daquele de que, "se a reforma trabalhista é boa para o emprego, por que o desemprego continua subindo?"


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Quer um contra ponto? Armas podem ser utilizadas para se defender de um assalto ou evitá-lo. Como saber se armas realmente trazem mais riscos sem os dados de crimes que foram EVITADOS por estas armas?

Na ausência desses dados, vamos apenas IMAGINAR que isso seja a regra, tendo como base os mocinhos dos filmes de caubói.



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E assaltos  realizados na residência da vítima, faz diferença?

Isso e assaltos a estabelecimentos deve ser onde há maior chance de armas poderem ser usadas defensivamente com resultado positivo. Reação a assalto na rua ou na porta de casa é praticamente fantasia.

E mais fantasioso se torna conforme aumenta a percepção do agressor de sua vítima poder reagir letalmente.

Ainda mais com imbecilidades como a aparente intenção de equiparar em pena assalto com arma de brinquedo a assalto com arma de fogo.

Offline Cinzu

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #656 Online: 22 de Maio de 2019, 16:56:11 »
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E assaltos  realizados na residência da vítima, faz diferença?

Isso e assaltos a estabelecimentos deve ser onde há maior chance de armas poderem ser usadas defensivamente com resultado positivo. Reação a assalto na rua ou na porta de casa é praticamente fantasia.

Estes casos deveriam ser desconsiderados quando o assunto em questão é o porte de armas, assunto bem diferente da posse.
« Última modificação: 22 de Maio de 2019, 16:58:29 por Cinzu »
"Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar"


Offline Sergiomgbr

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #658 Online: 22 de Maio de 2019, 18:45:09 »
Se mais gente estiver armada mesmo havendo chance de alguém ser pego de surpresa o criminoso vai reavaliar sua conduta por ter menos chance de estar de real surpresa.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Fenrir

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #659 Online: 22 de Maio de 2019, 18:50:08 »
pfff
Se assim fosse, haveriam menos roubos nos EUA
E o bandido, na média, tem mais experiência, menos a perder e mais coragem de apertar o gatilho que um john doe qualquer
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Offline Sergiomgbr

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #660 Online: 22 de Maio de 2019, 19:00:04 »
O melhor jeito de prevenir crimes é ter uma polícia eficiente. A melhor polícia, a mais eficiente, é aquela que a sociedade consegue incutir dentro da cuca do próprio bandido.
« Última modificação: 22 de Maio de 2019, 20:35:46 por Sergiomgbr »
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Cinzu

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #661 Online: 22 de Maio de 2019, 20:20:31 »
Se mais gente estiver armada mesmo havendo chance de alguém ser pego de surpresa o criminoso vai reavaliar sua conduta por ter menos chance de estar de real surpresa.

Sim. O vagabundo vai ficar com medo e vai desistir da vida do crime pra ir embora jogar GTA.
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Offline Cinzu

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #662 Online: 22 de Maio de 2019, 20:21:31 »
O melhor jeito de prevenir crimes e ter uma polícia eficiente. A melhor polícia, a mais eficiente, é aquela que a sociedade consegue incutir dentro da cuca do próprio bandido.

Vou até compartilhar de novo porque vale a pena.

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Offline Sergiomgbr

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #663 Online: 22 de Maio de 2019, 20:34:00 »
Se mais gente estiver armada mesmo havendo chance de alguém ser pego de surpresa o criminoso vai reavaliar sua conduta por ter menos chance de estar de real surpresa.

Sim. O vagabundo vai ficar com medo e vai desistir da vida do crime pra ir embora jogar GTA.
Sim, bem isso mesmo.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #664 Online: 22 de Maio de 2019, 21:48:58 »
É de ficar pasmado mesmo. Os defensores de arma para reagir em assalto andando por aí parece que realmente acreditam que andam por aí milhões de "gatilhos mais rápidos do oeste," que ao serem abordados pelo bandido já lhe apontando a arma, conseguiriam sacar a sua e atirar primeiro, ou dissuadi-lo do assalto ao discutir de maneira mais intimidadora com falas de heróis de ação hollywoodianos, enquanto numa daquelas cenas de filmes do John Woo onde um sujeito aponta a arma para a cabeça do outro.

Offline Entropia

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #665 Online: 22 de Maio de 2019, 21:50:36 »
E é por isso que você confia nas estatísticas do Bené Barbosa, que tem as campanhas financiadas pela Taurus e Colt?

Foi porque você falou em "rodeios estatísticos", o que passa uma ideia clara de intencionalidade. Fiz notar que, na época da pesquisa, ainda não havia nenhum grupo político que tivesse fazendo do tema bandeira. Além disso o IBCCrim é um instituto especializado em estudos de criminalística, existe para isso, a princípio não tem interesse em volteios estatísticos. Muito menos é provável que tenha cometido os erros metodológicos grosseiros que você está querendo enxergar.

Wut? De onde você tirou que eu confio em estatísticas de Bene Barbosa e etc? Fez alguma análise estatística pra chegar nesse resultado? Sugiro rever seu método, pois você errou.

Eu já expliquei o que eu quis dizer, se você lesse outros posts meus em assuntos parecidos vai ver que eu sempre questiono estatísticas assim. É algo que sempre faco quando pessoas da área de sociologia, economia e etc vem com estatísticas inferindo causalidade. E eu nao estou questionando metodologia per se, estou questionando a conclusao. E mesmo assim, dizer que nao há erros porque é um instituto especializado é apenas falácia da autoridade. Eu já vi vários institutos especializados na área de CIÊNCIAS EXATAS cometendo erros metodológicos.

Non sequitur. Você levantou uma objeção que é irrelevante e que mais se parece com uma tentativa inconsciente de criar um rodeio estatístico. A exigência de se saber a autoria de um latrocínio para se concluir que houve um latrocínio é tão forçada quanto imaginar que a polícia só pode saber que está lidando com um caso de sequestro depois de prender o sequestrador.

É claro que em casos EXCEPCIONAIS um suposto sequestro pode acabar se revelando um falso sequestro, mas, dentro de uma abordagem estatística, casos excepcionais são praticamente irrelevantes. Igualmente casos de latrocínio são muito fáceis de caracterizar, e mesmo podendo haver um equívoco ou outro, numa população consistindo de todos os BOs registrados em 98 na "pequena" cidade de São Paulo, estes poucos possíveis equívocos serão percentualmente insignificantes.

Novamente, homicídios resolvidos nao terminam quando se encontra o autor. O que eu estou falando é que existem DIVERSOS homicídios que ocorrem que nao se sabe o motivo, basta dar um pequeno google que você saberá disso. É disso que eu estou falando, muitos e muitos crimes ocorrem e a polícia nao sabe dizer o porquê, se é latrocínio, se é passional e  isso É um caso nao resolvido.



Ok, vamos ler o texto de novo. Porque primeiro de tudo você está enganado sobre isso.


A intenção foi estimar o número de pessoas andando armadas na cidade de São Paulo. E não, como você está querendo supor, que as vítimas simplesmente possuíam arma de fogo. Isso é óbvio porque, em primeiro lugar, o dado de que a vítima era proprietária de arma de fogo é irrelevante para o tipo de inferência pretendida. Você está imaginando que os técnicos do IBCCrim são imbecis completos, porque isto seria uma imbecilidade total. Se fulano foi vítima de latrocínio na Pça. da Sé e possuía uma arma em casa, escondida em cima do armário, isso foi totalmente irrelevante para concluir se estar portando uma arma contribuiu ou não para que ele tenha sido vítima deste latrocínio.

Além disso o texto que estamos lendo (de novo!) diz claramente que se procurou cruzar dados para fazer esta estimativa. O que é desnecessário se você quer saber apenas o número de proprietários registrados de armas de fogo. Para isso não seria necessária nenhuma estimativa, bastaria consultar os registros.

E ainda tem mais uma coisa, Entropia: você está caindo em contradição. Está dizendo que "um B.O. não é suficiente para estabelecer motivo" (no caso de latrocínio, um crime com características tão evidentes?), e ainda acha que o B.O. não é suficiente para se saber se a vítima estava ou não armada (quando não parece difícil ver se um presunto está ou não com uma arma na mão), mas contraditoriamente está considerando que um B.O. seria confiável para estabelecer que o presunto era proprietário de arma de fogo.

Alguns outros trechos da matéria para reler:

Citar
Segundo o sociólogo e consultor da pesquisa Renato Lima, essa taxa de 18,2% da população armada funciona como uma espécie de "nota de corte". A partir dela, se estabelece a probabilidade de morrer ou sobreviver em um latrocínio. As taxas acima de 18,2% representam maior risco de morte. Já as taxas inferiores, chance menor de morrer em um confronto.


"Confronto". O que você está entendendo que a pesquisa procurou estimar?

Citar
Para cada crime de latrocínio consumado com a vítima armada[/u], foram geradas 2,2 vítimas. Já, quando se considera o total de casos de latrocínio consumados (vítimas armadas ou não), essa proporção é reduzida: 1,5 vítima para cada crime.

Vítima armada. Não vítima proprietária de arma de fogo. E ainda tem mais um dado interessante que lhe passou desapercebido: a MÉDIA de vítimas que aparecem registradas nestes B.Os (em que a vítima do latrocínio estava armada) é superior a média de vítimas nos casos de latrocínio com vítima desarmada. O que caracteriza perfeitamente o confronto: a vítima reagiu, foi tiro pra todo lado, e em vez de morrer apenas a vítima mais pessoas foram atingidas. O que caracteriza também esse risco adicional quanto se tem pessoas armadas reagindo a assaltos.

Se as vítimas não estavam necessariamente armadas, como você quer supor, de que maneira você explicaria essa estranha coincidência de a média de vítimas nestes B.Os ser bastante superior a média nos B.Os considerando apenas vítimas desarmadas?

Citar
Segundo o levantamento, 18,2% da população da capital porta arma de fogo legal ou ilegal.

Porta. Portar arma de fogo não é o mesmo que apenas TER arma de fogo. A estimativa foi de que 18% das pessoas em São Paulo portavam arma em 1998. E como observei anteriormente, esta foi uma estimativa "por cima", com o cuidado de não superdimensionar o risco. Uma vez que esse número parece até claramente exagerado, tornando provável que o risco real fosse superior até aos 56% a mais estimado.

Se você quiser pode até duvidar da competência ou idoneidade de quem fez o estudo, mas eu li o que estava escrito na matéria. Já você parece que inconscientemente tentou interpretar de uma maneira que lhe parecesse mais conveniente.

É lógico que eu acho que os autores do estudo sao imbecis e idiotas completos, até porque se uma pessoa questiona um estudo, é lógico que esta pessoa acha que quem fez um estudo é burra. Discordância é sempre um juízo de valor.   |(

Nao precisa fazer tanto esforco assim, vamos ver o dado que mais interessa no estudo:


Citar
Como 28,4% das vítimas de latrocínio possuíam armas de fogo, esse valor é 56 pontos percentuais superior à taxa da população que anda armada. Já apenas 13,8% das pessoas armadas conseguiram evitar o latrocínio.


Possuir =/= Estar armado na hora do crime
Ter porte de arma =/= Estar armado toda hora, em específico na hora de um crime.

É o que o texto diz, se o que eles queriam dizer é que estava armada na hora do crime, poste o estudo na íntegra aqui e se verifica. Caso contrário, a estimativa apenas diz que essas pessoas tinham uma arma e/ou tinham porte de arma, nao que estavam armadas quando foram mortas. E B.O nao é investigacao, é apenas comunicacao de fato que possui presuncao inicial de verdade, investigacao vem APÓS o B.O e é claramente sabido que muitos B.Os morrem aí mesmo, sem nada depois. Ou seja, seus comentários de "achar arma no corpo do morto" nao se aplicam necessariamente a um B.O, que é um ato administrativo.


Porque não é uma amostra, é uma população. População em estatística é o nome que se dá ao conjunto de todos os dados.

Quando se pega todos os B.Os de latrocínio registrados, tecnicamente não se trata de uma amostra.

Muito do comentado acima nem faz sentido... sobre os registros virem de um determinado bairro, etc. Atente para o fato que a pesquisa não se debruçou sobre nenhuma amostra, mas sim sobre uma "população".

Transcrevendo-se de PESTANA e VELOSA (2010), página 53 “Chamamos população ao conjunto de todos os valores que descrevem um fenômeno que interessa ao investigador.”

E nos casos de latrocínio, que produzem CADÁVERES, ninguém precisa se voluntariar para apresentar denúncia. Há um cadáver, um presunto, o rabecão tem que vir e recolher. Necessariamente gera um B.O.: testemunhas são ouvidas, os parentes da vítima, amigos, é levantado se a vítima tinha passagem pela polícia, sua ficha criminal se houver, etc... É muita forçação de barra achar que para a polícia é difícil entender se foi ou não latrocínio, ou seja, uma tentativa de roubo seguida de morte. Porque nos casos em que a causa do crime é desconhecida não se registra como latrocínio no B.O.

What the fuck. Amigo, eu sei o que é populacao, mas você aparentemente nao. Populacao é o conjunto de todos os dados, sim, é e nesse caso a populacao é todos os casos de latrocínio e nao todos os B.Os de latrocínio.

do mesmíssimo trecho que você colou aqui, só que completo:

Citar
O conceito de população pode, por vezes, ser um conceito um pouco abstrato e mal definido, como por exemplo o conjunto de acidentes, num determinado dia e num determinado cruzamento. Transcrevemos PESTANA e VELOSA (2010), página 53 “Chamamos população ao conjunto de todos os valores que descrevem um fenómeno que interessa ao investigador. De um modo geral, a população é conceptualizada por um modelo”.
O objetivo da Estatística é o estudo de populações. A uma característica comum, à qual se possa atribuir um número ou uma categoria, podendo assumir valores diferentes de unidade observacional para unidade observacional, chamamos variável. Sendo então o nosso objetivo o estudo de uma (ou mais) característica(s) da população, costuma-se identificar população com a variável que se está a estudar, dizendo que a população é constituída por todos os valores que a variável pode assumir.  Por exemplo, relativamente à população portuguesa, se o objetivo do nosso estudo for a característica altura, diremos que a população é constituída por todos os valores possíveis para a variável altura.

 B.O é uma COMUNICACAO do fato, B.O de latrocínio só seria populacao se todos os latrocínios fossem comunicados, o que claramente nao é verdade, já que existem crimes que a polícia nao sabe ou sabe mas nao consegue enquadrar o que é. B.O É uma amostra, que já, em princípio, está sujeita a viés de auto-selecao.

E você está claramente dando uma esticada no conceito de B.O, como você pode ver aqui nesse link que vou mostrar, B.O é apenas a comunicacao de um fato que possui presuncao de verdade. É antes da investigacao, antes de julgamento, de escuta de testemunhas e o diabo a quatro. É basicamente alguém que comunicou o que ela viu, acha que aconteceu, a enquadracao real é dada pela justica APÓS o B.O, quando se inicia o TCO. Ou seja, tudo o que você falou aí é suposicao sua do que aconteceu nesses casos, sendo que nem investigacao pode ter tido, como já é extremamente comum aqui no Brasil, onde crimes sao reportados e nada acontece.

Citar
O B.O serve como “pontapé inicial” dado à Polícia pelo comunicante para a investigação dos fatos comunicados. Presta-se fielmente à descrição do fato, registrando horários, determinados locais, relacionando objetos, descrevendo pessoas envolvidas, identificando partes entre inúmeras outras informações relevantes juridicamente.
O B.O, como ato administrativo, goza de presunção de veracidade sobre os fatos nele descritos. Tal presunção, todavia, é apenas “juris tantum” (relativa), tendo em vista que são declarações unilaterais feitas pelo “comunicante”, podendo a presunção de verdade ser afastada por prova apta a indicar o contrário.

Apesar da autoridade policial registrar o B.O. constando o artigo de lei que determina o crime, não necessariamente o processo será baseado neste enquadramento, uma vez que os fatos serão apurados no decorrer da investigação ou processo criminal, tendo a participação do promotor de justiça, advogado e juiz responsável.         

https://www.meuadvogado.com.br/entenda/boletim-de-ocorrencia-qual-sua-finalidade.html
https://luchtenbergeguilherme.jusbrasil.com.br/artigos/481084769/boletim-de-ocorrencia-e-coisa-seria



Todos os B.O.s de latrocínio não é amostra. E se há uma incidência 56% maior em vítimas fatais quando se trata de assaltos a pessoas armadas, que causalidade você acharia razoável supor? A correlação é inquestionável, mas você consegue ver outro motivo?

Tipo: talvez pessoas azaradas, por serem muito azaradas, acabam resolvendo se proteger andando armadas. E por serem azaradas levaram chumbo do assaltante. Teríamos aí uma correlação sem causalidade.

Nao está dito que se trata de pessoas armadas no momento do crime, só postando o estudo na íntegra pra saber, mas como se trata de um B.O e nao uma investigacao, apenas assume-se que é verdade que foi latrocínio. Mas tirando isso do meio, primeiro de tudo, porque um bandido mataria uma pessoa em um assalto?

Ela tentou reagir?
Ela era policial?
Ela era agente de justica, advogado, juiz. Ou do exército?
O assaltante a matou apenas por sadismo?
Matou porquê pensou que a vítima ia reagir?
Matou porquê um terceiro veio interferir?
Matou porquê a vítima gritou/correu, etc?
Matou porquê a vítima era conhecida por ser algum tipo de "inimiga" do crime? Inadimplente nas drogas? Traficante rival? Amigo de algum inimigo?
Estava armada?

Todas essas podem ser causas de latrocínios que podem estar em conjunto ou nao da pessoa estar armada, ou ter porte de armas, que seja. Para você garantir que a causa "estava armada" é a dominante nesse caso, deve-se provar que as outras sao desprezíveis, o que nao foi feito.

Você levantou outras hipóteses que vale a pena examinar:

1 - Policiais andam armados. Morrem em assaltos não por estarem armados e reagirem, mas por serem policiais.

- Será que o número de policiais vítimas de latrocínio pode ser tão grande a ponto de distorcer a inferência? Não.

- Se policiais reagem a assaltos e morrem por isso, então reagiram antes ou depois de serem identificados pelo assaltante como policiais? Provavelmente reagem antes de serem identificados, portanto morreram por terem reagido. A ação de reagir implicou no mesmo tipo de risco que teria qualquer um, policial ou não.

Nossa! Como é que você sabe disso? O.o. É improvável pra você que a maioria das vítimas de latrocínio ou pelo menos grande parte seja policial? Por que? De onde você tirou isso? Vamos checar isso, Dr. Google?

Número de latrocínios em 2017, RJ:
120
https://extra.globo.com/casos-de-policia/estado-do-rio-registra-em-2017-maior-numero-de-latrocinios-da-historia-21541434.html
Número de policiais mortos no RJ: 138, principal causa? Latrocínio

Citar
O número de PMs mortos em 2017 chegou a 138, quatro a mais do que os números contabilizados até então. A principal causa, segundo um estudo do Ministério Público do Rio de Janeiro revelado com exclusividade pela GloboNews, foi o latrocínio ou provável latrocínio. A média é de uma morte a cada dois dias e meio.
Os dados também contabilizaram mortos em suicídios, disparos acidentais e acidente em serviço. O estudo revela que 111 deles estavam na ativa, e que 7 de cada 10 PMs mortos estavam de folga.
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/latrocinio-e-principal-causa-de-morte-de-pms-no-rj-diz-estudo-do-mp.ghtml

Ou seja, CLARAMENTE os dados podem estar inflados com morte de PMS. Ainda por cima a maior parte deles estava de folga. Quando há menos possibilidade de reacao, entao sua análise também está provavelmente equivocada, mas você fala como se fosse verdade absoluta.


2 - Poderiam ser bandidos armados que, ao serem assaltados, foram identificados como pertencendo a facções rivais.

- Hipótese especulando sobre uma situação completamente excepcional. Nas periferias e favelas do Brasil, controladas por facções, não se assalta. O ladrão para ser assaltado por outro assaltante, tem que ter saído para assaltar em algum lugar e topou com outro ladrão que o assaltou. Uma situação cômica e improvável. Por isso falei: ladrão não é vítima de latrocínio, é autor.

Honestamente, o que está se parecendo mais com tentativas de "rodeios estatísticos"?

Nao se assalta em favelas controladas pelo tráfico? QUE PRESUNCAO, MEU AMIGO! Te digo logo, onde eu moro nao só as favelas sao dominadas pelo tráfico, mas existem vários assaltos por dia, nao sei DE ONDE você tirou essa história. Evidência anedótica X100000.

Eu estou apenas colocando dúvidas na conclusao, que parece ser precipitada para mim, visto que nao considera outros fatores e com um mero cálculo chega a uma conclusao de que "armas trazem mais risco"

Citar
Não, não consigo perceber a questão.

A metodologia é análoga a de um estudo sobre os riscos de fumar. Você pega um grupo de mil fumantes e um grupo de controle de mil não fumantes. Ambos os grupos sendo estatisticamente homogêneos, tendo como única característica diferenciadora o fato de todos fumarem em um grupo e todos não serem fumantes no outro grupo. Acompanha ambos os grupos por 30 anos e verifica a incidência de câncer em ambos os grupos encontrando significativa discrepância.

Não acha que é cientificamente válido inferir que o hábito de fumar aumenta as chances de desenvolver certos tipos de câncer?

Se é por causa da nicotina, se é por causa do alcatrão... isso não é determinado nesse tipo de estudo, mas a relação de causalidade entre fumo e certas doenças fica bastante reforçada pelas evidências. Essa É a QUESTÃO.

Cara, estudos sobre riscos de fumar nao vem só via análise estatística, de onde você tirou isso? Eles primeiro partem desses dados, depois ISOLAM variáveis prováveis de causar dano, e chegam a conclusao de que cigarro faz mal. Apenas a análise estatística é INSUFICIENTE pra dizer que é o cigarro que está causando câncer. A explicacao de cigarro causar câncer e provas vem nao só de dados estatísticos, mas de explicacoes e experimentos bioquímicos. Correlacao =/= causa

Citar
A pergunta não tem relação com o que está em discussão. E a resposta seria SIM, se a ÚNICA causa de morte de crianças fosse o infanticídio.

Claro que tem, é a mesma conclusao que o estudo chega com base nos dados. O estudo diz : 28% dos latrocínios envolviam pessoas que tem porte de armas enquanto que sao 18% da populacao, logo armas trazem mais riscos.

Eu digo: Mulheres sao a maioria dos casos de infanticídio sendo que sao 50% da populacao, logo criancas vivendo com mulheres correm mais risco.

Aí você responde "Se a ÚNICA CAUSA FOR ESSA". Pronto! Exatamente meu ponto! As mortes via latrocínio por pessoas que tem porte de armas só veio EXCLUSIVAMENTE porque portavam arma?


Vítima armada não é a única causa de morte em assalto. Mesmo uma vítima armada pode ter morrido em um assalto por outro motivo além de estar armada. Mas nada disso explicaria uma distorção de 56% a mais de casos de latrocínio em assaltos onde a vítima portava arma. Os que questionam esse tipo de dado, geralmente o fazem se valendo do mesmo tipo de retórica que durante anos a indústria do tabaco usou contra pesquisas que mostravam evidente relação de causalidade entre fumo e determinadas doenças.

Além do mais, volto a lembrar que nos B.O.s que indicavam vítima armada de latrocínio, a média de vítimas envolvida se verificou bastante superior. O que claramente comprova como causa, a infeliz ocorrência de um confronto armado.

Tabaco fazer mal possui comprovacoes nao apenas estatísticas como químicas/bioquímicas. Aqui nao há qualquer "teoria" que explique satisfatoriamente isolando variáveis o porquê dos dados do B.O. E eu já mostrei que PMS podem estar inflando as estatísticas, logo seu "nao tem outra coisa que explicasse a distorcao de 56%". Tem sim, você afirma coisas muito fácil sem dados.

Você não entendeu. Estatisticamente a afirmação estaria correta.

Mas não se poderia, como observei, usar esta inferência para estimar esta proporção em bairros nobres de grandes cidades, por exemplo. Isto seria como esperar que de cada 7 transeuntes na Av. Paulista, um fosse chinês só porque de cada 7 habitantes do planeta um é chinês. Mas continua sendo verdadeiro que um sétimo da população mundial é chinesa.

É o seguinte: se 95% dos homicídios são praticados por homens no Brasil, e se tomarmos uma amostra (atente para o significado estatístico de amostra) desta população, deve-se esperar (caso a amostra tenha sido selecionada corretamente) que para cada mulher que foi ou será homicida na amostra, existam 19 homens nesta amostra que foram ou serão homicidas. Aproximadamente, caso contrário não seria uma boa amostra.

Não estou dizendo nenhuma novidade, é assim que pesquisas eleitorais são feitas e podem inferir que 35% dos votos irão para o candidato X, enquanto 15% para o candidato Y. Considerando-se o total de votos, mesmo existindo grande variação em relação a esta previsão se observarmos zonas eleitorais individuais.

Tá, e você se desviou do questionamento principal. O fato de 95% dos autores de homicídios ser homens nao implica em dizer que Homens tem 19x mais chances de serem homicidas do que mulheres, esse é o ponto. Justamente pelo fato de que esse conjunto de dados está descrevendo em sua maior parte pessoas que tem envolvimento com o crime. Ou seja, nao se pode generalizar esse dado para dizer que pessoas comuns homens tem 19x mais chance de serem homicidas do que mulheres.





E não é óbvio?

Em 2016 fui assaltado pela 1 vez na vida. Nas circunstâncias em que se deu o assalto, eu teria tido enorme desvantagem caso estivesse armado e tentasse reagir. Mas como não reagi o bandido apertando uma pistola contra o meu peito exigiu: "telefone, telefone..." Cara, eu não estava com celular, dá pra acreditar? Então ele apalpou os bolsos da minha bermuda, encontrou a carteira e foi embora na garupa da moto levando minha habilitação, um bilhete único de transporte e 10 reais. Por sorte nem olhou pra ver o que tinha na carteira.

Mas se em vez de carteira, ele tivesse encontrado uma arma... o que você acha? Meu risco ali teria sido maior, igual ou menor?

Nao sei, de que maneira sua evidência anedótica serve pra um caso generalizado? O que você acha é irrelevante, leia essas pesquisas que dizem o contrário do que você propôs, suas hipóteses sao baseadas em "eu acho" e senso comum.

Citar
Bom... Estudo diz que o uso da arma para defesa tem menos chance de sofrer danos do que pessoas que chamam a polícia...
http://www.usnews.com/news/articles/2013/06/25/study-using-guns-for-defense-leads-to-fewer-injuries
Dá pra baixar o pdf em:
http://www.nap.edu/catalog/18319/priorities-for-research-to-reduce-the-threat-of-firearm-related-violence


A proporção de pessoas assaltadas portando armas de fogo consta como dado nos boletins de ocorrência. Já a proporção de pessoas circulando com armas de fogo em 1998 na cidade de São Paulo, o estudo tentou estimar, conforme já demonstrado. Essa proporção é que tem que ser confrontada com o dado objetivo obtido nos B.Os para se inferir o grau de risco.

As outras perguntas a gente responde com um pouquinho de matemática e estatística: se você sabe que 10% da população CIRCULA armada e encontra, examinando uma população de B.Os de assaltos, uma taxa bem menor que 10% podemos inferir que de alguma forma portar arma atuou como fator dissuasor. E creio que tenha sido isto que você realmente quis dizer com "menor que a média", mas o curioso e revelador, é que este raciocínio é o mesmo utilizado pela metodologia do estudo que você está questionando. Um raciocínio que pra você só parece fazer sentido se corroborar as conclusões de sua preferência...

Nao, nao, eu nao inferi nada. Eu simplesmente citei algo que QUESTIONA a conclusao do estudo que você citou. Se você tem dados X que, em tese mostram que armas trazem mais riscos e dados Y que mostram que trazem menos risco, significa que a conclusao nao é tao simples ou trivial assim, como você faz parecer.

E você nao respondeu outros questionamentos meus sobre o porquê de latrocínios terem aumentado após o estatuto, sendo que supostamente armas influenciam e muito nesse tipo de crime? Só pra clarificar, nao estou inferindo que nao teve impacto, mas sim que em uma análise "por cima" meio que nesse quesito os dados nao se sustentam(o problema está justamente nesse "por cima", pra mim)


----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Esse argumento tem essencialmente a mesma falácia daquele de que, "se a reforma trabalhista é boa para o emprego, por que o desemprego continua subindo?"

Acertou! Da mesma forma que eu nao posso afirmar que o estatuto do desarmamento teve algum impacto nos latrocínios pois se observa um aumento deles. Nao posso afirmar também que armas trazem mais riscos por estarem proporcionalmente mais representadas em vítimas de latrocínio. Existem N variáveis que podem influenciar nisso.

Na ausência desses dados, vamos apenas IMAGINAR que isso seja a regra, tendo como base os mocinhos dos filmes de caubói.

Sua falácia é... Espantalho. Nao inferi em nenhum momento que armas ajudariam categoricamente a evitar assaltos, mas sim que é insuficiente analisar apenas latrocínios, quando PODE SER que armas estejam evitando roubos em si em uma proporcao maior.


Citar
E assaltos  realizados na residência da vítima, faz diferença?

Isso e assaltos a estabelecimentos deve ser onde há maior chance de armas poderem ser usadas defensivamente com resultado positivo. Reação a assalto na rua ou na porta de casa é praticamente fantasia.

E mais fantasioso se torna conforme aumenta a percepção do agressor de sua vítima poder reagir letalmente.

Ainda mais com imbecilidades como a aparente intenção de equiparar em pena assalto com arma de brinquedo a assalto com arma de fogo.

Nao sei como vocês conseguem afirmar com tanta categoria alguma coisa, sendo que existem diversos estudos conflituosos nesse sentido.
« Última modificação: 22 de Maio de 2019, 21:54:54 por Entropia »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #666 Online: 22 de Maio de 2019, 22:30:57 »

Na ausência desses dados, vamos apenas IMAGINAR que isso seja a regra, tendo como base os mocinhos dos filmes de caubói.

Sua falácia é... Espantalho. Nao inferi em nenhum momento que armas ajudariam categoricamente a evitar assaltos, mas sim que é insuficiente analisar apenas latrocínios, quando PODE SER que armas estejam evitando roubos em si em uma proporcao maior.



Citar
E assaltos  realizados na residência da vítima, faz diferença?

Isso e assaltos a estabelecimentos deve ser onde há maior chance de armas poderem ser usadas defensivamente com resultado positivo. Reação a assalto na rua ou na porta de casa é praticamente fantasia.

E mais fantasioso se torna conforme aumenta a percepção do agressor de sua vítima poder reagir letalmente.

Ainda mais com imbecilidades como a aparente intenção de equiparar em pena assalto com arma de brinquedo a assalto com arma de fogo.

Nao sei como vocês conseguem afirmar com tanta categoria alguma coisa, sendo que existem diversos estudos conflituosos nesse sentido.

Duvido que haja qualquer indício disso senão pelos estudos mais mequetrefes, patrocinados ou por astroturfing mal-disfarçado ou algo mais escancaradamente interessado em vendas de armas.

É uma questão de lógica até, as chances estão necessariamente a favor do assaltante.

E também necessariamente, a reação a assalto aumenta as chances de vitimação letal. Assim como a percepção dos assaltantes sobre as vítimas potenciais que sondam terem maiores chances de reagir letalmente.

É lógica, não tem como contra-argumentar. Para que isso fosse falso, então a realidade teria que ser regida por alguma espécie de proteção divina aos Homens de Bem, ou uma lei da física que garante que o mocinho vence no final. Isso ou um monte de assunções não-mágicas variando do "muito dúbio" ao completo absurdo.

"O bandido está sempre com mais medo que a vítima, e então sua reação tende a ser mais lenta;"

"o bandido não espera a reação, portanto é a reação que detém o verdadeiro efeito surpresa;"

"o criminoso é por definição um covarde, e hesita em matar ao máximo, dessa forma, assim que ele suspeite que uma potencial vítima incauta está armada, ele a descartará;"

"o bandido jamais atacará a uma pessoa que saiba estar armada, pois, por ser covarde, não acredita que poderá rendê-la sem que ela reaja e o mate antes, mesmo que surpreendesse a vítima, e teme até mesmo tentar matá-la antecipadamente, uma vez que pode errar e então ser morto."

Nada disso quer dizer que não possa haver casos bem sucedidos, vai haver até caso de gente que reage desarmado e é bem sucedido.

<a href="https://www.youtube.com/v/ykJ7pyr87Qc" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/ykJ7pyr87Qc</a>

Citar
https://www.independent.co.uk/news/uk/crime/former-soldier-disarms-robber-corner-shop-swindon-antony-wolfe-james-gowland-a8807641.html

<a href="https://www.youtube.com/v/V_YA--Hugjc" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/V_YA--Hugjc</a>

[...] The 61-year-old was alerted by neighbours to the armed robbery and ran straight into the shop to take on the gunmen.

The retired teacher and ex-soldier managed to take the weapon from Gowland. To find out whether it was loaded Mr Wolfe pointed it at his head and asked: “If I pulled this will it blow your head off?”

Out-chucknorrised Chuck Norris.


<a href="https://www.youtube.com/v/x88N7Hpb0pw" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/x88N7Hpb0pw</a>


"Logo armas nem são tão perigosas e não é arriscado reagir!"


Offline Sergiomgbr

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #667 Online: 22 de Maio de 2019, 22:58:14 »
Esses estudos sobre estatisticas relativas ao uso de armas são coisa dessa turma truculenta que gosta de impor suas ideologias atropelando o direito alheio. São sempre estudos enviesados.

 Pessoas pró armas só reagem à alienação de seus direitos, mesmo aqueles cujos interesses incluem a promoção do uso de armas. Simplesmente não é preciso fazer apologia ao uso de armas, como não e preciso fazer apologia ao uso de roupas ou à alimentação
« Última modificação: 22 de Maio de 2019, 23:50:14 por Sergiomgbr »
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Pedro Reis

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #668 Online: 22 de Maio de 2019, 23:44:42 »

Na ausência desses dados, vamos apenas IMAGINAR que isso seja a regra, tendo como base os mocinhos dos filmes de caubói.

Sua falácia é... Espantalho. Nao inferi em nenhum momento que armas ajudariam categoricamente a evitar assaltos, mas sim que é insuficiente analisar apenas latrocínios, quando PODE SER que armas estejam evitando roubos em si em uma proporcao maior.



Citar
E assaltos  realizados na residência da vítima, faz diferença?

Isso e assaltos a estabelecimentos deve ser onde há maior chance de armas poderem ser usadas defensivamente com resultado positivo. Reação a assalto na rua ou na porta de casa é praticamente fantasia.

E mais fantasioso se torna conforme aumenta a percepção do agressor de sua vítima poder reagir letalmente.

Ainda mais com imbecilidades como a aparente intenção de equiparar em pena assalto com arma de brinquedo a assalto com arma de fogo.

Nao sei como vocês conseguem afirmar com tanta categoria alguma coisa, sendo que existem diversos estudos conflituosos nesse sentido.

Duvido que haja qualquer indício disso senão pelos estudos mais mequetrefes, patrocinados ou por astroturfing mal-disfarçado ou algo mais escancaradamente interessado em vendas de armas.

É uma questão de lógica até, as chances estão necessariamente a favor do assaltante.

E também necessariamente, a reação a assalto aumenta as chances de vitimação letal. Assim como a percepção dos assaltantes sobre as vítimas potenciais que sondam terem maiores chances de reagir letalmente.

É lógica, não tem como contra-argumentar. Para que isso fosse falso, então a realidade teria que ser regida por alguma espécie de proteção divina aos Homens de Bem, ou uma lei da física que garante que o mocinho vence no final. Isso ou um monte de assunções não-mágicas variando do "muito dúbio" ao completo absurdo.

"O bandido está sempre com mais medo que a vítima, e então sua reação tende a ser mais lenta;"

"o bandido não espera a reação, portanto é a reação que detém o verdadeiro efeito surpresa;"

"o criminoso é por definição um covarde, e hesita em matar ao máximo, dessa forma, assim que ele suspeite que uma potencial vítima incauta está armada, ele a descartará;"

"o bandido jamais atacará a uma pessoa que saiba estar armada, pois, por ser covarde, não acredita que poderá rendê-la sem que ela reaja e o mate antes, mesmo que surpreendesse a vítima, e teme até mesmo tentar matá-la antecipadamente, uma vez que pode errar e então ser morto."

Nada disso quer dizer que não possa haver casos bem sucedidos, vai haver até caso de gente que reage desarmado e é bem sucedido.

É uma determinação resoluta em se negar algo absolutamente evidente. A recomendação número 1 de todas as polícias em qualquer parte do mundo é NUNCA REAJA A UM ASSALTO.

Como se não bastassem as pesquisas, é como se este conselho não fosse baseado em imenso conhecimento empírico acumulado. Porque um especialista em segurança, não só no Brasil, jamais diz: Ande armado e seja rápido no gatilho.

Veja mais um estudo enviesado. Note a imensa desproporção nos dados. Desproporção esta, naturalmente, sempre enviesada por variáveis ocultas, misteriosas...

Citar
Três a cada quatro vítimas que reagem a assalto em SP e no Rio morrem ou ficam feridas

Cristina Christiano, Diário de S.Paulo, , e
05/10/2009 - 00:00 / Atualizado em 10/11/2011 - 14:24

SÃO PAULO - Quem sai às ruas armado, pensando estar protegido, corre sério risco de se tornar a próxima vítima. É o que revela pesquisa inédita feita por uma empresa especializada em análise e gestão de riscos, responsável pela segurança de famílias abastadas do Brasil e do exterior. Segundo o estudo, de cada quatro pessoas armadas que reagem a assalto na Grande São Paulo e na Grande Rio, só uma consegue escapar ilesa.

O empresário Ricardo Chilelli, um dos responsáveis pelo levantamento feito pela RCI - First-Security Intelligence Advising, explica que foram analisados 6.402 processos de assaltos ocorridos nas regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro, nos últimos sete anos. Desse total, 79% dos casos aconteceram no trânsito.

Segundo o estudo, a maioria das vítimas - 97% - não reagiu. Entre elas, o índice foi de um morto a cada 700 assaltos e, de ferido, um a cada cem.

Das 3% restantes que reagiram , 0,25% tinham armas. Nesse caso, houve uma morte e dois feridos a cada quatro assaltos. Já entre desarmadas ou que fizeram gestos interpretados por ladrões como reação, o índice foi de um morto a cada 16 roubos e um ferido a cada sete.

O resultado da pesquisa não surpreende o delegado Marco Antonio Desgualdo, diretor do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).

- O ladrão vê a pessoa como vítima até determinado momento. Ao perceber que ela está armada, já encara como inimiga - diz.

Desgualdo argumenta que não adianta andar armado para se defender, porque a pessoa nunca estará 24 horas atenta ao que acontece ao seu redor.

- Em algum momento, ela se distrai e o bandido, que sempre usa o fator surpresa, ataca - alerta.

O delegado lembra que a tendência de quem anda armado, principalmente em situações de perigo, é levar a mão ao local onde está a arma.

- E nisso o ladrão atira.

Segundo o delegado, quando o ladrão aponta a arma, ele não controla mais a impulsividade.

- É fração de segundos. Ele é tomado pela ira e perde o controle. Quando percebe o que fez, não tem mais volta.

Ricardo Chilelli lembra que, devido à impulsividade, o risco de a vítima morrer em um farol é absurdamente maior que em sequestro.

- Ninguém é assaltado por acaso. O risco aumenta ou cai de acordo com a vulnerabilidade de cada um.

Offline Pedro Reis

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #669 Online: 22 de Maio de 2019, 23:56:30 »
https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2014/09/Reagir-a-assaltos-so-da-certo-em-10-dos-casos-diz-especialista-4589913.html

http://portalbo.com/materia/Reagir-a-um-assalto-pode-custar-sua-vida

Dicas de segurança da Polícia Civil do Paraná.

Citar
Dicas de Segurança


Preste atenção a estas dicas para evitar a ação de bandidos em algumas situações do seu dia-a-dia:

Assalto em veículo

* Estacionar em lugar movimentado e iluminado.
* Usar sistema de alarme, chave geral e correntes na direção.
* Evitar armas e documentos no porta luvas.
* Ao estacionar ou parar em cruzamentos, principalmente a noite, observe pessoas suspeitas nas proximidades.
* Som, rodas e certos acessórios despertam a atenção de marginais.
* Evite deixar objetos de valor no interior de seu carro.
* EM CASO DE ASSALTO, NÃO REAJA.


O destaque em maiúsculas na recomendação é do texto original.

http://www.policiacivil.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=111

https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2014/09/Reagir-a-assaltos-so-da-certo-em-10-dos-casos-diz-especialista-4589913.html

https://www.midiamax.com.br/policia/2018/com-tres-casos-de-reacao-a-assalto-especialistas-alertam-bandidos-nao-tem-nada-a-perder/

Mais estudos enviesados...

https://veja.abril.com.br/brasil/estar-armado-dobra-a-chance-de-ser-agredido-em-assalto/

Então quer dizer que não é óbvio que portar uma arma, mesmo sem a vítima reagir, não representa um risco adicional, não é?

Citação de: Revista Veja


Brasil

Estar armado dobra a chance de ser agredido em assalto

Pesquisa inédita com 78 000 pessoas mostra que portar arma durante um roubo aumenta a chance de a vítima ser agredida em 88%

Por Kalleo Couraaccess_time 6 set 2015, 19h15

Portar arma traz falsa sensação de segurança, indica estudo

Portar arma traz falsa sensação de segurança, indica estudo (Getty Images/VEJA)

Uma pesquisa inédita no país, conduzida pelo sociólogo e especialista em segurança pública Claudio Beato, coordenador do Centro de Estudos em Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais, prova com dados pela primeira vez o que especialistas em Segurança Pública inferiam: o porte de arma para defesa própria cria uma falsa sensação de segurança, mas traz mais riscos do que benefícios ao cidadão.

Leia também:

‘O estatuto do desarmamento nunca alcançou seu objetivo’


CCJ da Câmara aprova porte de arma para agentes de trânsito

Rio: sancionada lei que proíbe porte de arma branca

Embora quatro em cada dez pessoas afirmem que possuem arma de fogo para se prevenir ou se proteger de criminosos, as chances de um cidadão ser vítima de uma agressão – um tiro, uma coronhada ou mesmo socos e chutes – aumenta em 87% se ele estiver armado quando for assaltado. Mesmo policiais armados tiveram 89% mais chance de serem agredidos do que alguém desarmado.

“É ilusório acreditar que a arma pode proteger a vítima de um roubo – mesmo que a pessoa seja muito bem treinada. Quando ela percebe a ação do criminoso, já está com a arma apontada para o rosto. Existe ainda o risco de latrocínio, que não foi possível aferir nessa pesquisa”, afirma Beato.

Os índices foram calculados com base em 78 000 questionários respondidos por brasileiros de várias cidades em todas as regiões do país. Foram comparadas as respostas daqueles que haviam sido assaltados e não possuíam armas e as daqueles que haviam sido assaltados e possuíam armas.

Além de inédito, o dado joga luz no debate sobre um projeto de lei que pretende revogar o estatuto do desarmamento, sob o argumento de que o cidadão teria o direito de se armar para se defender.

O relatório sobre o PL 3.722/2012 será apresentado na quinta-feira, dia 10 de setembro, e a expectativa é que ele seja votado numa comissão especial até o fim do mês. “Não acredito neste dado. Quem considerar que é mais arriscado portar um armamento, que não tenha arma, mas quem quiser defender a sua vida e estiver preparado para isso tem que ter o direito de fazê-lo”, afirma o deputado Rogério Peninha Mendonça (PMDB-SC), autor do projeto.

Outro estudo publicado em maio deste ano, o Mapa da Violência 2015 – Mortes Matadas por Armas de Fogo, mostrou que, na ocasião, a restrição do porte de armas foi responsável por anular uma tendência de crescimento anual dos homicídios de 7,2%, além de reduzir o número de assassinatos nos primeiros anos de implantação.

Qualquer que seja a metodologia, quando os estudos não são patrocinados pela Taurus as conclusões convergem.

https://noticias.uol.com.br/opiniao/coluna/2015/09/01/portar-arma-nao-aumenta-chances-de-defesa-em-caso-de-assalto.htm



Offline Geotecton

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #670 Online: 23 de Maio de 2019, 00:04:07 »
[...]
Então quer dizer que não é óbvio que portar uma arma, mesmo sem a vítima reagir, não representa um risco adicional, não é?
[...]

Mesmo que seja, permanece a questão mais importante: o indivíduo deve ter o direito de adquirir uma arma se assim desejar. E de portá-la, se quiser.
Foto USGS


Offline Pedro Reis

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #672 Online: 23 de Maio de 2019, 02:02:39 »
Citação de: Entropia
Wut? De onde você tirou que eu confio em estatísticas de Bene Barbosa e etc? Fez alguma análise estatística pra chegar nesse resultado? Sugiro rever seu método, pois você errou.

Eu já expliquei o que eu quis dizer, se você lesse outros posts meus em assuntos parecidos vai ver que eu sempre questiono estatísticas assim. É algo que sempre faco quando pessoas da área de sociologia, economia e etc vem com estatísticas inferindo causalidade. E eu nao estou questionando metodologia per se, estou questionando a conclusao. E mesmo assim, dizer que nao há erros porque é um instituto especializado é apenas falácia da autoridade. Eu já vi vários institutos especializados na área de CIÊNCIAS EXATAS cometendo erros metodológicos.

Bom, não haver erros é uma suposição significativamente diferente. Na verdade você supôs que
o IBCCrim considerou que o número de pessoas circulando armadas é exatamente o mesmo número de possuidores de armas. O que realmente teria sido de uma estupidez espantosa.

E para isso você se pegou no trecho da matéria que fala em "possuir arma", o que poderia significar
estar de posse da arma no momento do crime. E de fato, todo o contexto do texto, como demonstrei indica que o estudo se baseou em uma estimativa do número de paulistanos circulando armados em 1998. E na verdade, obviamente, só isto faria algum sentido.

Falácia de autoridade é julgar que alguém tem razão simplesmente por ser um especialista. É
diferente de reconhecer a improbabilidade de um cardiologista não saber quais são os sinais
característicos de um infarto do miocárdio.

Citação de: Entropia
Novamente, homicídios resolvidos nao terminam quando se encontra o autor. O que eu estou falando é que existem DIVERSOS homicídios que ocorrem que nao se sabe o motivo, basta dar um pequeno google que você saberá disso. É disso que eu estou falando, muitos e muitos crimes ocorrem e a polícia nao sabe dizer o porquê, se é latrocínio, se é passional e  isso É um caso nao resolvido.

Sim, suponhamos que sim. Mas por que estes crimes não resolvidos teriam sido registrados como latrocínio?

Aqui temos um fato objetivo que independe deste: você examina todos os B.O.s registrados como latrocínio e observa que o total daqueles que reportam a vítima estar armada (dado de fácil verificação) mostram uma frequência superior em X% à nota de corte estimada. Quando, se fosse fator neutro, seria razoável esperar que esta frequência fosse aproximadamente a mesma da nota de corte.

Ora, como haver homicídios não resolvidos e que não se determina a causa, invalida o fato de que esta estatística sugere maior risco a quem porta uma arma durante um assalto? Você pode supor que muitos destes casos não resolvidos tenham sido latrocínios não contabilizados, mas por que imaginar que nestes latrocínios não reportados deveríamos esperar um padrão diferente?

Além disso você insiste em ignorar um dado bastante significativo: a média de vítimas nos casos em que se determinou que havia vítima armada é bastante superior a média que se observa nos casos de latrocínio nos quais nenhuma vítima estava armada. O que isto poderia significar senão o maior risco que implica portar uma arma durante um assalto?

Citação de: Entropia
Possuir =/= Estar armado na hora do crime
Ter porte de arma =/= Estar armado toda hora, em específico na hora de um crime.

É o que o texto diz, se o que eles queriam dizer é que estava armada na hora do crime, poste o estudo na íntegra aqui e se verifica. Caso contrário, a estimativa apenas diz que essas pessoas tinham uma arma e/ou tinham porte de arma, nao que estavam armadas quando foram mortas. E B.O nao é investigacao, é apenas comunicacao de fato que possui presuncao inicial de verdade, investigacao vem APÓS o B.O e é claramente sabido que muitos B.Os morrem aí mesmo, sem nada depois. Ou seja, seus comentários de "achar arma no corpo do morto" nao se aplicam necessariamente a um B.O, que é um ato administrativo.

Não é o que o texto diz. Isso é o que diz o trecho que você pinçou, o texto diz claramente o contrário. Agora, porque você pinçou o trecho ambíguo e não o que fala clara e explicitamente em vítimas armadas?

E baseado em quê, exatamente, você considera pouco provável que a informação da vítima portar uma arma conste de um boletim de ocorrência? Quando parece justamente pouco provável que algo assim seja omitido. Se uma arma é recolhida juntamente com o corpo, isso não deve ser registrado?

Mas suponha que você tenha razão: que raramente se registre um dado tão irrelevante quanto a vítima de latrocínio estar armada... Sabe o que isto significaria? Que o número vítimas armadas é então maior que o registrado e levado em consideração nessa pesquisa. O que evidentemente só poderia indicar que o risco real é ainda superior ao que foi estimado.

Citação de: Entropia
What the fuck. Amigo, eu sei o que é populacao, mas você aparentemente nao. Populacao é o conjunto de todos os dados, sim, é e nesse caso a populacao é todos os casos de latrocínio e nao todos os B.Os de latrocínio.

Ok. Mas então você parece estar acreditando que nem todos os latrocínios foram reportados e que se tivesse sido levado em conta todos os latrocínios, os dados poderiam ter apresentado um padrão diferente. Mas... por quê?

Se não há nenhum motivo para imaginar que os B.O.s só são registrados em determinados bairros, ou só para vítimas de determinadas profissões, ou o que seja, o que nos levaria a supor que os latrocínios não reportados apresentem um padrão significativamente diferente daqueles que foram reportados e que indiquem conclusões diametralmente opostas?

Veja:

Citar
Segundo Ana Sofia Schimidt de Oliveira, coordenadora de Análise e Planejamento da Secretaria de Segurança, apesar de a base da pesquisa ter sido a cidade de São Paulo, "os resultados podem ser generalizados, pois o trabalho não está condicionado a características exclusivas da cidade".

O que esta coordenadora da Análise e Planejamento da Secretaria de Segurança está dizendo é que não há motivo para imaginar uma tendência específica, divergente do padrão geral, quando se examina esta amostra. Mas na verdade, note que aquele estudo que eu citei no post anterior e que foi publicado em O Globo, parece demonstrar que de fato essa pesquisa estima um risco bem
inferior ao real. Certamente porque a nota de corte foi conservadoramente superestimada.

Citação de: Entropia
O B.O serve como “pontapé inicial” dado à Polícia pelo comunicante para a investigação dos fatos comunicados. Presta-se fielmente à descrição do fato, registrando horários, determinados locais, relacionando objetos, descrevendo pessoas envolvidas, identificando partes entre inúmeras outras informações relevantes juridicamente.
O B.O, como ato administrativo, goza de presunção de veracidade sobre os fatos nele descritos. Tal presunção, todavia, é apenas “juris tantum” (relativa), tendo em vista que são declarações unilaterais feitas pelo “comunicante”, podendo a presunção de verdade ser afastada por prova apta a indicar o contrário.

Apesar da autoridade policial registrar o B.O. constando o artigo de lei que determina o crime, não necessariamente o processo será baseado neste enquadramento, uma vez que os fatos serão apurados no decorrer da investigação ou processo criminal, tendo a participação do promotor de justiça, advogado e juiz responsável.         

https://www.meuadvogado.com.br/entenda/boletim-de-ocorrencia-qual-sua-finalidade.html
https://luchtenbergeguilherme.jusbrasil.com.br/artigos/481084769/boletim-de-ocorrencia-e-coisa-seria

E a você parece que esta descrição do que seria e da finalidade de um B.O., deve levar à suposição
de que encontrar uma arma junto ao corpo é um dado relevante para constar no boletim da ocorrência, ou o contrário?

Citação de: Entropia
Ela tentou reagir?
Ela era policial?
Ela era agente de justica, advogado, juiz. Ou do exército?
O assaltante a matou apenas por sadismo?
Matou porquê pensou que a vítima ia reagir?
Matou porquê um terceiro veio interferir?
Matou porquê a vítima gritou/correu, etc?
Matou porquê a vítima era conhecida por ser algum tipo de "inimiga" do crime? Inadimplente nas drogas? Traficante rival? Amigo de algum inimigo?
Estava armada?

Todas essas podem ser causas de latrocínios que podem estar em conjunto ou nao da pessoa estar armada, ou ter porte de armas, que seja. Para você garantir que a causa "estava armada" é a dominante nesse caso, deve-se provar que as outras sao desprezíveis, o que nao foi feito.

Mas Entropia, você está ignorando seletivamente que a maioria destas suposições listadas são independentes da pessoa estar armada ou não. Ou seja, as chances de ocorrerem não dependem da vítima estar ou não armada. Portanto por qual razão estes fatores deveriam estar enviesando apenas os dados de B.Os de latrocínio que reportam vítimas armadas?

E você continua supondo que os boletins não registraram o fato da vítima estar ou não armada, o que é gritantemente absurdo. Se fosse verdade, que critério teria sido usado na pesquisa para separar dois distintos conjuntos de boletins de ocorrência? Será que os pesquisadores adotaram o critério de considerar todas as vítimas pardas e negras como armadas, e todas as caucasianas como desarmadas?

Não enxerga que para negar fatos auto evidentes você se agarra a suposições absurdas?!

Apenas no caso de policiais se poderia argumentar que a vítima estar armada foi casual, e que muito forçadamente este policial não morreu por reagir, mas sim por qualquer outro motivo diferente que não teve nada a ver com portar uma arma. Só neste caso, de todos que você imaginou acima, poderia haver uma mera coincidência entre a vítima portar uma arma e o desfecho do crime.

Entende o que estou a dizer? Porque se você quer levar em consideração que algumas mortes ocorrem fortuitamente a vítimas armadas porque a vítima gritou/correu, ou porque um terceiro veio interferir, ou foi por sadismo, ou porque o bandido interpretou algum movimento como reação, etc... então por que estes fatores que levaram a um desfecho trágico, deveriam ser mais prováveis de ocorrer com vítimas armadas do que com desarmadas? É claro que não podem ser mais ou menos prováveis porque não apresentam nenhuma relação imaginável com o fato de portar uma arma. Portanto não haveria nenhuma razão para supor que estes fatores poderiam estar enviesando os dados, pois são igualmente prováveis de ocorrerem tanto em caso de vítimas armadas como desarmadas.

Mas no caso de morte de policiais você mesmo traz dados bastante interessantes:

Citação de: Entropia
Citar
O número de PMs mortos em 2017 chegou a 138, quatro a mais do que os números contabilizados até então. A principal causa, segundo um estudo do Ministério Público do Rio de Janeiro revelado com exclusividade pela GloboNews, foi o latrocínio ou provável latrocínio. A média é de uma morte a cada dois dias e meio.
Os dados também contabilizaram mortos em suicídios, disparos acidentais e acidente em serviço. O estudo revela que 111 deles estavam na ativa, e que 7 de cada 10 PMs mortos estavam de folga.
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/latrocinio-e-principal-causa-de-morte-de-pms-no-rj-diz-estudo-do-mp.ghtml
Ou seja, CLARAMENTE os dados podem estar inflados com morte de PMS. Ainda por cima a maior parte deles estava de folga. Quando há menos possibilidade de reacao, entao sua análise também está provavelmente equivocada, mas você fala como se fosse verdade absoluta.

Ok. Então vamos imaginar que latrocínios onde as vítimas eram PMs inflaram os dados... Porém eram PMs à paisana, em dia de folga. Isso confirmaria ou refutaria a hipótese de que portar uma arma representa maior risco durante um assalto?

Veja bem, se estes policiais estavam à paisana, não fardados, então é mais provável que tenham sido mortos por portarem uma arma e reagirem, ou porque não reagiram e foram identificados como PMs?

Esta é uma questão que te coloquei no post anterior.

Ora, o que estes dados estão provando, mais uma vez, é o risco de se reagir a um assalto. Levando-se em conta a evidente situação de desvantagem em relação ao agressor. Se até para policiais treinados significa um risco tão grande a ponto de ser a principal causa de morte, entre todas as outras em uma profissão tão perigosa, como você quer convencer a alguém que um cidadão comum estará mais protegido que um policial experiente ao utilizar uma arma para evitar um assalto?

Offline Pedro Reis

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #673 Online: 23 de Maio de 2019, 02:10:42 »
[...]
Então quer dizer que não é óbvio que portar uma arma, mesmo sem a vítima reagir, não representa um risco adicional, não é?
[...]

Mesmo que seja, permanece a questão mais importante: o indivíduo deve ter o direito de adquirir uma arma se assim desejar. E de portá-la, se quiser.

Mas esta é uma outra discussão. E totalmente diferente.

O Entropia poderia estar dizendo: "Não aceito entregar meus bens passivamente a um vagabundo qualquer. Eu tenho o direito de tentar a sorte arriscando minha própria vida. Porque prefiro morrer como um homem a viver como um rato... e etc e tal..."

Então seria uma outra discussão, com outros pontos, e muito mais subjetiva.

Mas ele quer se convencer, e a outros, que mesmo o latrocínio sendo a principal causa de mortes entre policiais no RJ (no ano de 2017, creio eu), portar uma arma representa segurança efetiva, e uma pessoa nesta situação estaria mais protegida do que aquela que decide pela prudência de não reagir.

O que contraria a lógica, o bom senso e também todo o conhecimento empírico.

Offline Geotecton

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Re:A Falácia da Liberação das Armas de Fogo
« Resposta #674 Online: 23 de Maio de 2019, 07:31:02 »
Na vida em sociedade, os direitos dos indivíduos devem ser restritos na medida que sujeitem aos demais a riscos/externalidades.

Então proiba a venda de automóveis.
Foto USGS

 

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