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Dizer que a bíblia esteja “cheias de mediunidade!” e não dar exemplos é mostra de que está mesmo forçando barra. Apoie sua afirmação com ilustrações que a corroborem.
vou apenas comentar para não ficar muito massante:
1) espirito de adivinhação:
Paulo mandou que saisse um de uma mulher!
2) José prevendo sete anos de fome no egito!
3) Rei Davi descrevendo toda crucificação de Jesus com riquezas de detalhes em salmos 23
4) incorporação
Rei Saul possuido por um espirito do mal
5) Jesus expulsando demonios
6) Medium de Endor incorporando o espirito de Samuel
A mulher lhe respondeu: Tu bem sabes o que Saul fez, como exterminou da terra os necromantes e os adivinhos; por que, então, me armas um laço à minha vida, para me fazeres morrer? 1 Samuel 28:9
7) O homem ou mulher que consultar os mortos ou for feiticeiro, certamente será morto. Serão apedrejados, e o seu sangue será sobre eles. Levítico 20:27
Criaturo, fica você soltando textos a esmo, sem ter noção do que eles efetivamente reportam. Está apenas confirmando o que lhe falei, de que utiliza a tática do “se parece é”, que consiste em contabilizar qualquer aparência de mediunidade e reencarnação na Bíblia como demonstração de que esses ensinos constem dos testamentos.
Conforme lhe falei antes: nos tempos do V.T., nos períodos de apostasia (em relação a Javé, claro), é provável que a consulta a necromantes fosse praticada, mas depois que Javé se impôs como o deus único, somente ele era autorizado a responder aos rogos do povo. Com isso, a necromancia (evocar mortos para deles obter informações do futuro) tornou-se atividade proibida. Sendo assim, as poucas referências que achar à mediunidade não consignam ensino, tampouco a prática, entre os israelitas.
Vamos examinar o que apresentou, que numerei de 1 a 7, para melhor esclarecimento.
1) “espirito de adivinhação”
Atos 16:
16 Ora, aconteceu que quando íamos ao lugar de oração, nos veio ao encontro uma jovem que tinha um espírito adivinhador, e que, adivinhando, dava grande lucro a seus senhores.
17 Ela, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: São servos do Deus Altíssimo estes homens que vos anunciam um caminho de salvação.
18 E fazia isto por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Eu te ordeno em nome de Jesus Cristo que saias dela. E na mesma hora saiu.
19 Ora, vendo seus senhores que a esperança do seu lucro havia desaparecido, prenderam a Paulo e Silas, e os arrastaram para uma praça à presença dos magistrados.
20 E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, estão perturbando muito a nossa cidade.
21 e pregam costumes que não nos é lícito receber nem praticar, sendo nós romanos.
Este evento, Criaturo, não significa que a Bíblia esteja “cheia de mediunidades” conforme assevera. A simples leitura mostra seu equívoco.
O relato diz que a mulher tinha “espírito de adivinhação”. Que espírito seria esse, o de um morto? Provavelmente não. Na atualidade parapsicólogos e boa parcela dos espíritas concordaria que a vidente tivesse o dom da precognição (que também é ideia fantasiosa).
No grego, a palavra utilizada para especificar a capacidade da sensitiva era píton (phyton), um termo genérico para qualquer tipo de arte divinatória, incluindo as sacerdotisas dos oráculos, dos quais o mais famoso era o de Delfos. Certamente, os gregos não pensavam em espíritos de mortos quando viam a arte da moça em ação.
Seja como for, ainda que espírito de falecido fosse (embora não seja), observe que Paulo não validou aquele procedimento e “expulsou” a entidade, fazendo com que ela tivesse sua habilidade bloqueada. Isso é demonstrativo de que a pregação apostólica não agasalhava mediunidade.
2) “José prevendo sete anos de fome no egito!”
Nada no relato das atividades místicas (ou parapsicológicas) de José indicam a ação de espíritos lhe passando informações privilegiadas. José seria um clarividente, na concepção moderna.
3) “Rei Davi descrevendo toda crucificação de Jesus com riquezas de detalhes em salmos 23”
O salmo 23 não alude à crucificação. Você deve ter errado a referência... Mesmo que ache a indicação que considere correta, já lhe adianto: seria mais um exemplo de (suposta) clarividência profética, nada de mediunidade!
4) “incorporação
Rei Saul possuido por um espirito do mal”
Nos tempos do rei Saul a ideia de alguém possesso por espírito, nos moldes que atualmente alguns acreditam, não era conhecida. A crença em possessões demoníacas tomou forma mais tarde. Naquela época, o povo vivia sob uma teocracia (Deus no governo), e Satanás e equipe ainda não estavam presentes: tudo o que acontecia, de bom ou de mau, provinha do divino. Se você conferir em I Samuel 16, verá e entenderá que o “espírito” que atormentava Saul era “maligno” e, mesmo assim, fora enviado por Deus.
14 Ora, o Espírito do Senhor retirou-se de Saul, e O ATORMENTAVA UM ESPÍRITO MALIGNO DA PARTE DO SENHOR.
Esse espírito maligno seria, nos dias que correm, classificado como “demônio”. Psicologicamente entende-se que Saul estivesse mentalmente perturbado. A mediunidade fica distante desse episódio.
5) “Jesus expulsando demonios”.
Você mesmo já disse: “demônios”, demônios não são espíritos de mortos, mas anjos rebelados. Nada de mediunidade...
Até aqui, Criaturo, tá difícil você achar eventos mediúnicos na Bíblia... vamos ver se tem melhor sorte nos outros itens que relacionou...
6) “Medium de Endor incorporando o espirito de Samuel”
Neste caso sim, houve uma sessão mediúnica das antigas, que pouco difere das atuais, ou seja, a simulação está implícita. Primeiro, corrija sua apreciação: não houve “incorporação”, a narrativa não faculta essa leitura. Saul perguntou à vidente o que “ela via” e recebeu uma vaga descrição que foi suficiente para que o rei admitisse que fosse Samuel presente. Bem parecido com as sessões de Chico Xavier e seguidores, quando o pretenso espírito diz: “mamãe querida, estou com saudades, o avô Basso está aqui comigo e manda lembranças, cheguei debilitado, mas agora estou melhor” e basta para que o recebedor “identifique” o comunicador como o parente procurado.
6a) “A mulher lhe respondeu: Tu bem sabes o que Saul fez, como exterminou da terra os necromantes e os adivinhos; por que, então, me armas um laço à minha vida, para me fazeres morrer?” 1 Samuel 28:9
Então, Criaturo, você mesmo dá corda para se enforcar: note que a apreciação do acontecimento é inteiramente negativa. Não há como, com base na busca angustiada de Saul por uma orientação, conceber que a mediunidade fosse prática comum entre os judeus durante a égide de Javé.
7) “O homem ou mulher que consultar os mortos ou for feiticeiro, certamente será morto. Serão apedrejados, e o seu sangue será sobre eles. Levítico 20:27”
Isso não demonstra que fosse comum aos judeus consultar os mortos. A razão da proibição era que Deus não queria que seu povo copiasse os costumes dos povos vizinhos, pois ele, Javé, era o único que podia responder às evocações. Basta ler um trechinho maior e poderá constatar:
“22 Guardareis, pois, todos os meus estatutos e todos os meus preceitos, e os cumprireis; a fim de que a terra, para a qual eu vos levo, para nela morardes, não vos vomite.
23 E NÃO ANDAREIS NOS COSTUMES DOS POVOS QUE EU EXPULSO DE DIANTE DE VÓS; porque eles fizeram todas estas coisas, e eu os abominei.
24 Mas a vós vos tenho dito: Herdareis a sua terra, e eu vo-la darei para a possuirdes, terra que mana leite e mel. Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos separei dos povos.
25 Fareis, pois, diferença entre os animais limpos e os imundos, e entre as aves imundas e as limpas; e não fareis abomináveis as vossas almas por causa de animais, ou de aves, ou de qualquer coisa de tudo de que está cheia a terra, as quais coisas apartei de vós como imundas.
26 E SEREIS PARA MIM SANTOS; PORQUE EU, O SENHOR, SOU SANTO, E VOS SEPAREI DOS POVOS, PARA SERDES MEUS.
27 O homem ou mulher que consultar os mortos ou for feiticeiro, certamente será morto. Serão apedrejados, e o seu sangue será sobre eles.”
Em resumo, Criaturo dos céus, as referências à mediunidade na Bíblia são circunstanciais e não consignam ensino, muito menos indicam que a prática fosse comum aos judeus de antanho.
MONTALVÃO: Proibir algo sob pena de morte para nós soa exagerado, mas para os antigos era aceitável e comum. O valor que hoje boa parte do mundo dá a vida não é o mesmo ao longo da história.
A proibição não tinha nada a ver com a prática disseminada. É admissível que nos tempos de cultos a outros deuses a consulta aos mortos fosse admitida, porém quando o culto a Javé se impôs toda atividade concorrente foi banida. Aos israelitas proibiu-se buscar em outros deuses, ou junto aos mortos, respostas para seus problemas.
Somente Javé podia responder ao clamor do povo, por intermédio dos profetas. Isso está muito claro nos textos proféticos. Portanto, não cabiam articulações com espíritos nas rotinas religiosas do povo judeu.
CRIATURO: aceitavel para o violentos deus dos exércitos hebreus!
ciumento não aceitava concorrências de outros deuses!
boa parte dos deus dos exercitos de moises era de general politico tentando se manter no poder usando o nome de Deus em vão!
isso fica bem claro quando bateu um cagaço no hebreus ao verem o tamnho e poder dos nefelins, ai moises disse o deus dos exercitos esta mandando ele ira adiante de nós, ai sim atacaram!
Nossa, como embola o meio de campo, o ataque e a defesa!
Pois é isso mesmo: Deus se mostrava ciumento, não admitia concorrência, nem de outros deuses, nem de espíritos de mortos. Por isso a consulta aos defuntos não era admitida.
Os hebreus não toparam com nefilins, pois estes (dentro da mitologia judaica) estariam extintos desde o dilúvio. Quando os israelitas foram espiar a terra de Canaã, para ver o que lhes esperava, depararam uma tribo de homens de elevada estatura, que eram conhecidos por “anaquins”, ou seja, “filhos (ou descendentes) de Anaque”. Então, ligaram aqueles à lenda dos nefilins que, ao que tudo indica, lhes era de conhecimento.
A história dos nefilins tem gerado controvérsias teológicas. Alguns religiosos apregoam a literalidade da cópula de anjos com seres humanos, cujo resultante foi a geração de “gigantes” (coitadas das parturientes!).
Outros defendem que os “filhos de Deus” eram os descendentes de Seth, o filho bom de Adão e Eva, e as “filhas dos homens” geração de Caim. Os “gigantes” seriam os heróis antigos: homens de grandes feitos, daí “gigantes”.
O fato é que anjos, mesmo que pudessem se esfregar em xerecas humanas nada gerariam, pois são de natureza diferente. Além disso, soube-se depois que a espécie angélica não é ligada a sexo: Jesus corrigiu a má interpretação, ao ensinar que anjos são assexuados.
O filósofo judeu-alexandrino, Fílon, defendia que a transa foi possível porque os “anjos” eram de mesma categoria que os homens, constituiriam uma classe de almas sem corpo, que viviam entre a matéria e o reino de Deus. Estavam ali (mais próximos da matéria que da espiritualidade) por terem tendências licenciosas. Podiam descer à Terra e ocupar corpos.
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Provavelmente, Fílon desconhecesse o esclarecimento dado por Jesus...