No texto abaixo se enfatiza os imensos obstáculos e as limitações que a mente humana impõe aos esforços ingentes da materialização de espíritos ante um público heterogêneo e até mesmo descrente.
E porque revelasse minha profunda curiosidade científica, o orientador prosseguiu:
- Trata-se de serviço de elevada responsabilidade, porquanto, além de exigir todas as possibilidades do aparelho mediúnico, há que movimentar todos os elementos de colaboração dos companheiros encarnados, presentes às reuniões destinadas a esses fins. Se houvesse perfeita compreensão geral, respeito aos dons da vida, e se pudéssemos contar com valores morais espontâneos e legitimamente consolidados no espírito coletivo, essas manifestações seriam as mais naturais possíveis, sem qualquer prejuízo para o médium e assistentes. Acontece, porém, que são muito raros os companheiros encarnados dispostos às condições espirituais que semelhantes trabalhos exigem. Por isso mesmo, na incerteza de colaboração eficiente, as sessões de materialização efetuam-se com grandes riscos para a organização mediúnica e requisitam número dilatado de cooperadores do nosso plano.
- Compreendo - intervim, valendo-me de pequena pausa do generoso instrutor. - Muitas vezes, quando envolvidos na carne, não sabemos conduzir a pesquisa intelectual!...
- Certíssimo! - exclamou o meu interlocutor, benevolente - se a indagação científica estivesse acompanhada de seguros valores do sentimento, do caráter, da consciência, outras seriam as realizações em vista da luz de espiritualidade acesa para o caminho, mas quase sempre somos assediados pela exigência repleta de pretensões e daí os fracassos inevitáveis.
Este meu texto abaixo, respeitosamente dedico aos companheiros Montalvão e Gorducho:
Para se desenvolver o pensamento, a fé, e as potencialidades mente/alma, torna-se necessário longo tempo no amadurecimento destas questões.
As reencarnações nos propiciarão o progresso do espírito; a inteligência se apura e com isto as percepções se ampliam.
Tempo, meus amigos, tempo.
Criaturas existem que adentram os planos extra-físicos e de lá retornam sem qualquer proveito. São como as crianças cujo olhar e interesse se restringem aos folguedos ou guloseimas.
Assim como o desenvolvimento biológico e intelectual do homem perpassa a infância, a juventude, a idade adulta e a senectude, também numa analogia simples o mesmo ocorre com os espíritos, apenas em diferente escala de tempo.
Para o homem contamos os anos que se somam na idade, já para os espíritos se contam as experiências acumuladas nas reencarnações sucessivas e laboriosas.
Então existem, sim, almas ainda na fase da infância, que pouco proveito retiram de suas passagens pelo extra-físico, como existem aquelas outras dotadas de grande sabedoria, acumulada ao longo dos séculos.
A experiência humana seria extremamente proveitosa e a Terra seria um paraíso de trabalho e progresso crescentes, se a marcha da evolução dependesse apenas daquela linha de tempo que separa a infância, da maturidade.
Infelizmente existem os desvio acentuados na conduta moral motivados pelas paixões, de onde decorrem a perversidade e os crimes.
Instauram-se os tribunais da consciência e os réus comparecem no proscênio planetário estigmatizados pelas marcas do corpo físico ou nos desequilíbrios acentuados da mente.
Vítimas e algozes, tanto aqui no plano físico, quanto lá no invisível, protagonizam cenas e imagens que a sensibilidade se angustia, ante a visão despreparada.
Todo desequilíbrio, como ensina a nossa física, é uma busca pela compensação da força resultante, assim também todas as dores e sofrimentos não passam de processo de cura, drástico, sim, mas eficiente e inevitável.
O que se quer dizer é que nem todos os homens se encontram no mesmo momento preparados para o contato com determinadas verdades.
Não bastam os muitos livros, a inteligência sagaz e uma cultura refinada. Os grandes gênios da guerra os possuíam com sobras.
As Religiões se esforçam por mostrar que a vida prossegue altiva, estuante, embora claudique pela argumentação dogmática.
Deixam elas transparecer que os planos etéreos de Deus somente podem ser objetivamente conhecidos após nossa morte.
Loucura e delírio caracterizam as mentes que se aventuram em afirmativa diferente.
Não é assim que acreditamos?
Acaso algum entre os mortos voltou para testemunhar sua experiência?
Acaso se pode com uma simples ponte transpor a fronteira que separa a nossa matéria concreta e real daquela inefável e eterna bem aventurança?
Imaginar tal possibilidade seria próprio dos alienados e dos crentes fanáticos.
Mas, surpreendentemente, o inimaginável, o inalcançável está postado diante de nós.
As mediunidades são pontes de comunicação, mente a mente, homens e espíritos.
As materializações são as tais pontes que concretizam o inefável ante o olhar assombrado da criatura terrena.
Os céus escancaram suas portas... com uma restrição: - olhos de ver, ouvidos de ouvir.
E como reagimos ao que, no linguajar comum rotularíamos como "milagres"?
Com ceticismo, descrença, pilhérias, ironias.
Como disse antes, é imperativo se aguardar a ação do tempo, que cedo ou tarde, aqui ou lá, produz sempre os "olhos de ver, ouvidos de ouvir".