Encontrei esta interessante colocação sobre os Fariseus X reencarnação num site espírita português:
Continuando com flávio Josefo: -------------------------------.
[Josefo] “A opinião dos saduceus é que as almas morrem com os corpos; que a única coisa que nós somos obrigados a fazer é observar a lei é um ato de virtude não querer exceder em sabedoria aos que no-la ensinam. Os desta seita são em pequeno número, mas é composta de pessoas da mais alta condição. Nada se faz, quase que sempre segundo seu parecer, porque quando eles são elevados aos cargos contra sua vontade e às honras, eles são obrigados a se conformar com o proceder dos fariseus, pois que o povo não permitiria que se opusessem aos mesmos.”
“Os saduceus, ao contrário, negam absolutamente o destino e creem que, como Deus é incapaz de fazer o mal, Ele não se incomoda com o que os homens fazem. Dizem que está em nós fazer o bem ou o mal, segundo nossa vontade nos leva a um ou a outro e as almas não são nem castigadas nem recompensadas num outro mundo. Enquanto os fariseus são sociáveis e vivem em amizade uns com os outros, os saduceus são naturalmente rudes e vivem mesmo grosseiramente entre si, como se fossem estrangeiros.”
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A divergência religiosa entre fariseus e saduceus, relatada em Lucas capítulo 20, indiretamente, demonstra que o pensamento reencarnacionista estava fora das cogitações religiosas daqueles dias.
27 Chegaram então alguns dos saduceus, que dizem não haver ressurreição, e perguntaram-lhe:
28 Mestre, Moisés nos deixou escrito que se morrer alguém, tendo mulher mas não tendo filhos, o irmão dele case com a viúva, e suscite descendência ao irmão.
29 Havia, pois, sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem filhos;
30 então o segundo, e depois o terceiro, casaram com a viúva;
31 e assim todos os sete, e morreram, sem deixar filhos.
32 Depois morreu também a mulher.
33 Portanto, na ressurreição, de qual deles será ela esposa, pois os sete por esposa a tiveram?
34 Respondeu-lhes Jesus: Os filhos deste mundo casaram-se e dão-se em casamento;
35 mas os que são julgados dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os mortos, nem se casam nem se dão em casamento;
36 porque já não podem mais morrer; pois são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição.
37 Mas que os mortos hão de ressurgir, o próprio Moisés o mostrou, na passagem a respeito da sarça, quando chama ao Senhor; Deus de Abraão, e Deus de Isaque, e Deus de Jacó.
38 Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele todos vivem.
Observem: os saduceus renegavam a ressurreição: para eles, a alma morria juntamente com o corpo. Essa doutrina era motivo de controvérsia entre fariseus e saduceus, visto que os do farisaísmo defendiam a ressurreição e seus opositores negavam. Nesse quadro dispomos de elementos concretos para verificar a leitura incorreta dos espíritas, quando fazem dos fariseus adeptos do reencarnacionismo.
Espíritas, fazendo eco ao ensino de Kardec (ensino esse, por sinal, muito equivocado), alegam que os judeus antigos falavam de ressurreição, mas queriam se referir a reencarnação. E porque chegam a tal conclusão? Por acharem que os hebreus concebiam a volta à vida num “novo corpo”, situação que caracterizaria reencarnação. No entanto, a questão proposta pelos saduceus rebate muito bem essa incorreta suposição.
Os saduceus pretendiam embaraçar a Jesus e fazê-lo admitir que a ressurreição seria inviável, então lhe propuseram situação que, acreditavam, demonstraria a dificuldade de se acreditar em existência após a morte.
Portanto, na ressurreição, de qual deles será ela esposa, pois os sete por esposa a tiveram?
Vejam: na ressurreição os sete homens, e a mulher, teriam a mesma identidade que tiveram em vida. Aqui fica claro que não se cogitava de “ressurreição em outro corpo [carnal]”, conforme insistem os espíritas em afirmar. Aquelas pessoas, se ressuscitassem, ressuscitariam na mesma e única personalidade que possuíram.
O problema que os saduceus pretendiam ressaltar relacionava-se ao casamento da mulher que, em vida, fora esposa de sete homens diferentes. Se houvesse a mínima cogitação reencarnacionista na mente daqueles homens a questão proposta pelos saduceus não poderia ser apresentada.
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[Josefo] “Essênios
Os essênios, a terceira seita, atribuem e entregam todas as coisas, sem exceção, à providência de Deus. Creem que as almas são imortais, acham que se deve fazer todo o possível para praticar a justiça e se contentam em enviar as suas ofertas ao templo, sem lá ir fazer os sacrifícios, porque eles o fazem em particular, com cerimônias ainda maiores. […] o seu número é de mais de quatro mil. [...] Essa maneira de viver é quase igual à dos que chamamos plistes e vivem entre os dácios.
Desprezam os males da terra, vencem os tormentos com a constância e preferem a morte à vida, quando o motivo é honroso. A guerra que travamos contra os romanos fez ver de mil modos que sua coragem é invencível. Eles sofreram o ferro e o fogo, tiveram quebrados todos os ossos, mas não disseram uma palavra [...] para abrandar a crueldade dos carrascos.
Ao contrário, zombavam deles, sorriam e morriam alegremente, porque esperavam passar desta vida para a melhor e acreditavam firmemente, que, como nosso corpo é mortal e corruptível e nossas almas, imortais e incorruptíveis, de uma substância etérea, muito sutil, encerrada no corpo, como numa prisão, onde uma inclinação natural as atrai e retém, mas apenas se veem livres destes laços carnais, que as prendem em dura escravidão, elevam-se ao ar e voam com alegria.
Nisto estão de acordo com os gregos, que julgam que as almas felizes têm sua morada além do Oceano, numa região onde não há chuva, nem neve, nem calor excessivo; mas um doce zéfiro a faz sempre agradável; e que, ao contrário, as almas dos maus, têm por morada lugares gelados, agitados por contínuas tempestades, onde eles gemem eternamente em sofrimentos infinitos.
É assim, parece-me, que os gregos querem que seus heróis, aos quais dão o nome de semideuses, morram nas ilhas a que chamam de felizes e as almas dos ímpios estejam sempre atormentadas no inferno, como eles dizem, de Sísifo, Tântalo, Ixion e Títio."
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Pois bem: se os essênios fossem adeptos da reencarnação Josefo teria no texto acima ocasião para falar a respeito. Mas, ao contrário, faz paralelo entre a concepção grega do hades e os ensinos essênios a respeito do destino dos homens: os bons vão para lugares felizes, os maus para regiões de sofrimento: céu e inferno, portanto; e nada de reencarnação...
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[Josefo]: “Esses mesmos essênios julgam que as almas são criadas imortais, para se darem à virtude e se afastarem do vício; que os bons se tornam melhores nesta vida pela esperança de serem felizes depois da morte e que os maus, que imaginam poder esconder neste mundo suas más ações, por isso, são castigados com tormentos eternos. Tais os seus sentimentos com relação à excelência da alma, dos quais não se afastam uma vez persuadidos. [...].”
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Entende-se que, na idealização essênia, as almas foram criadas para viver virtuosamente e que durante a vida terrena têm a possibilidade de mostrar sua opção por uma existência imaculada (a de “serem felizes depois da morte”). Aqueles que falham são condenados a suplícios infindos; os demais desfrutam perene felicidade. O conceito de céu e inferno se mostra presente também nos ensinos dos essênios.
Vê-se, pois, que, nem de longe, é possível supor que os judeus apaniguassem pensamentos reencarnacionistas.